20 MAI | 2014
Luís Filipe Sá
com Quarteto Ruggeri
19:30 SALA 2
Luís Filipe Sá piano
Maria Kagan violino
Tiago Afonso violino
Joana Pereira viola
Feodor Kolpashnikov violoncelo
1ª Parte
Johannes Brahms
Quarteto com piano nº 1, em Sol menor, op.25
[1861; c.40min.]
1. Allegro
2. Intermezzo: Allegro ma non troppo
3. Andante con moto
4. Rondo alla zingarese: Presto
2ª Parte
Robert Schumann
Quinteto com piano em Mi bemol maior, op.44
[1842; c.30min.]
1. Allegro brillante
2. In modo d’una marcia. Un poco largamente
3. Scherzo: Molto vivace
4. Finale: Allegro ma non troppo
Durante o período Romântico, as formações com piano
e instrumentos de cordas, com base nos instrumentos
que formam o quarteto de cordas, ganharam uma predo‑
minância sem precedentes no repertório de música de
câmara. No século XVIII, o piano era ainda um instru‑
mento recente e em evolução e foi muitas vezes empa‑
relhado com instrumentos de sopro, como no caso dos
célebres quintetos de Mozart ou Beethoven. No entanto,
quer na formação de Trio com piano (piano, violino e vio‑
loncelo), com a qual Beethoven inaugurou o seu catálo‑
go compositivo, quer na formação de Quarteto com pia‑
no (piano, violino, viola e violoncelo), para a qual Mozart
deixou duas obras­‑primas, ou até mesmo na de Quinte‑
to com piano (piano e quarteto de cordas), onde se con‑
tam doze exemplares da pena de Luigi Boccherini, todos
estes géneros são oriundos do século XVIII e do Classi‑
cismo. Com a evolução do próprio piano ao longo do sé‑
MECENAS PROGRAMAS DE SALA
culo XIX, no sentido de se transformar num instrumento
de grande sonoridade e possibilidades polifónicas de ca‑
rácter orquestral, este tipo de formação instrumental foi
abordada por quase todos os grandes compositores do
Romantismo e assumiu características muito próprias.
Em ambas as obras apresentadas neste programa, exem‑
plos maiores dentro do repertório, existe um princípio inte‑
grador das partes que as distingue efectivamente da escrita
concertante. A entrada dos instrumentos em simultâneo e
os diálogos constantes em jogos de pergunta e resposta, a
alternância regular de protagonismos entre os instrumen‑
tos, que tanto tocam as vozes condutoras como fazem os
acompanhamentos, situam as obras na tradição camerís‑
tica. A própria estrutura geral, com a divisão em quatro an‑
damentos, corresponde à evolução do género da sonata ins‑
trumental e da sinfonia orquestral e não do concerto.
O Quarteto nº 1 de Brahms é considerado uma obra
de juventude. Foi estreado pela pianista Clara Schumann
em 1861 e desde o início obteve reacções entusiásticas,
sobretudo pelo brilhante Rondo à húngara que no seu ca‑
rácter improvisado evoca a tradição cigana.
No ano de 1843 foi igualmente Clara Schumann a es‑
trear publicamente o Quinteto com piano que o seu mari‑
do compôs no ano anterior, mas a obra já tinha sido alvo
de uma estreia privada com o virtuoso Felix Mendelssohn
ao piano. Contando com uma introdução justamente céle‑
bre e grandiosa no seu carácter, o quinteto é extremamen‑
te equilibrado na qualidade dos seus quatro andamentos,
contando com uma marcha fúnebre como segundo an‑
damento. O terceiro andamento é um brilhante scherzo
onde triunfam as escalas em delirantes ritmos perpétuos
de extrema dificuldade. O quinteto encerra com um anda‑
mento pleno de carácter e extremamente dialogante, mar‑
cado por ritmos de dança, pontuado por reprises variadas
de temas contrastantes e coroado por passagens de intrin‑
cado contraponto e virtuosismo delirante.
rui pereira [2014]
MECENAS CASA DA MÚSICA
APOIO INSTITUCIONAL
MECENAS PRINCIPAL
CASA DA MÚSICA
Luís Filipe Sá piano
QUARTETO RUGGERI
Luís Filipe Sá foi discípulo de Maria Teresa Xavier, na
classe da qual concluiu, com distinção, o Curso Supe‑
rior de Piano no Conservatório de Música do Porto, e de
Helena Moreira de Sá e Costa, tendo sido igualmente bol‑
seiro da Fundação Calouste Gulbenkian. Actuou em re‑
citais e concertos em Portugal, Espanha e França. De‑
senvolveu uma vasta actividade no âmbito da ópera e da
música coral sinfónica, quer como pianista, quer como
maestro assistente do maestro Ivo Cruz, em estreita rela‑
ção com o Círculo Portuense de Ópera onde foi, durante
mais de uma década, Maestro Titular do Coro, tendo sido
também membro do seu Conselho Artístico. Há mais de
vinte anos que colabora, como pianista convidado, com
a agora Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música.
Exerceu funções docentes no Conservatório de Música
de Braga (1980­‑90) e no Conservatório de Gaia, e lecciona
desde 1990 na Escola Superior de Música e Artes do Es‑
pectáculo do Instituto Politécnico do Porto.
O Quarteto Ruggeri é formado maioritariamente por so‑
listas da Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Músi‑
ca. Tendo em comum ideias musicais e vontade de rea‑
lizar música em conjunto, decidiram juntar­‑se em 2011
para criar um quarteto de cordas. O principal objectivo
do Quarteto Ruggeri é elevar esta formação de cordas ao
mais alto nível com linguagem individual e estilo próprio
de expressão, permitindo ao público em geral ouvir ao
vivo obras­‑primas escritas para esta formação. Pretende
também criar um compromisso entre a forma mais clás‑
sica desta formação e outros estilos musicais, onde não
se prevê o aparecimento de um quarteto de cordas.
Após a sua estreia na Casa da Música, o Quarteto Ru‑
ggeri, tem­‑se apresentado em inúmeros espectáculos e
eventos dentro e fora da sua Casa. Recentemente actuou
no prestigiado Festival de Música de Câmara do já desa‑
parecido pianista virtuoso Sviatoslav Richter em Mosco‑
vo − Rússia.
O Quarteto Ruggeri frequentou o curso de aperfeiçoa‑
mento com a violoncelista Natalia Gutman.
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Luís FiLipe sá com Quarteto ruggeri