ID: 62141785
04-12-2015
Tiragem: 27481
Pág: 12
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Diária
Área: 25,50 x 30,00 cm²
Âmbito: Informação Geral
Corte: 1 de 3
Hospital quer
mais médicos
nas urgências
e vai pagar
por doente
Amadora-Sintra. Ordem dos Médicos pede
regras e avaliação, mas acredita que nenhum
clínico se vai arriscar a tratar sem segurança
DIANA MENDES
Durante o período da gripe há médicos que vã() ser pagos pelo número de doentes atendidos e não à
hora, que é o regime habitual. Esse
será um dos modelos que o hospital Amadora-Sintra prevê para o
período de inverno, para garantir
que não há falhas nas urgências e
captar os clínicos necessários para
dar resposta ao aumento da procura. No ano passado, foram várias as
situações de rutura. Só no Amadora-Sintra, houve dias em que o
tempo de espera superou 20 horas.
Vários peritos do setor acreditam
que a qualidade do atendimento
será mantida e que o modelo pode
atrair mais médicos nesta época.
De acordo com o plano de contingência deste hospital - que já
está a pagar a médicos verbas à
parte para dar resposta a mais
doentes internados -, há um reforço global da oferta, seja ela de camas, de recursos humanos ou com
base em acordos com outras unidades. Em relação às equipas médicas há novidades, como a contratação de médicos de família ou o
aumento dos pagamentos.
A unidade admite a "contratação
de médicos com pagamento por
doente observado e não por hora",
o que pode ser mais compensador,
mesmo em relação ao pagamento
de horas extra. Resta saber se será
para aplicar no serviço de observação, onde estão sobretudo médicos
da casa, ou zona da triagem-que é
o mais provável, que é onde estão a
trabalhar os médicos de empresas
que por vezes têm deixado escalas
desfalcadas
O DN contactou o hospital, que
referiu que este é um dos modelos
permitidos pelos despachos do an-
tenor executivo. Mas não avançou
com o valor previsto para estes
atos, até porque "podem não ser
necessários caso haja uma época
da gripe sem grandes problemas".
Previsto está o "pagamento por
doente, o reforço da remuneração
ou o recurso a médicos de família",
admite fonte oficial. "São tudo situações contempladas pela lei e
que têm como objetivo prevenir as
situações que ocorreram em 2014.
Temos de nos munir dos mecanismos necessários." Até aqui, apesar
de já ter havido dias complicados,
o serviço tem estado bem.
Médicos recebem extra por cama
A unidade já está a pagar mais diVIGILÂNCIA
Um país ainda sem
sinais de gripe
> O último relatório do
Instituto Nacional de Saúde
Dr. Ricardo Jorge (INSA)
é claro. Não há atividade gripal. Na última semana, de 9
a 15 de novembro, não foram
detetados casos de gripe.
E a mortalidade está dentro
do que seria de esperar.
Raquel Guiomar, virologista
do INSA, adianta, porém, que
"os vírus já caracterizados
parecem ser semelhantes aos
que estão contemplados
na vacina", o que é positivo
na prevenção. Com uma taxa
de incidência de 4,7 casos por
cem mil habitantes, segundo
a rede de médicos-sentinela,
as equipas e os horários das
unidades devem apenas ser reforçados quando necessário.
nheiro aos médicos que estão a dar
apoio a um novo serviço de internamento aberto desde dia 2 de novembro. O internamento geral 2
conta com quase 30 profissionais
sem contar com os médicos, que
vêm da medicina interna e de outras áreas médicas. E recebem um
pagamento adicional. Segundo um
clínico, "os médicos foram contactados para saber se estavam interessados. E além de assistirem os
doentes habituais recebem um pagamento por cama para também
observarem os doentes deste serviço, o que significa que o podem fazer no mesmo tempo de serviço".
O bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, não criticou o modelo, se for bem aplicado.
"É um tipo de pagamento que pode
ser explorado, porque facilita a
contratação de médicos. Pode ser
mais vantajoso do que o pagamento por hora. O modelo atual foi desregulado e não há quem queira fazer mais urgências, porque a remuneração é baixa."
Sobre os riscos para o atendimento, diz não os equacionar.
"Não acredito que um médico
queira atender um doente rapidamentes() para ganhar mais uns euros. Desde logo porque se cometer
um erro é sua responsabilidade e
qualquer erro pode pôr em causa a
sua vida profissional." No entanto,
admite que possam surgir "perversidades", como os médicos "chamarem mais os doentes menos
graves e mais rápidos. É por isso
que têm de ser definidas regras
13$ rápido
Hospital Amadora-Sintra
quer pagar urgências
à peça aos médicos, ou
seja, por doente atendido.
Objetivo será garantir que
há escalas reforçadas
no período mais crítico do
inverno e na quadra festiva.
Ordem dos Médicos não
acredita que haverá falta
de qualidade e crê que o
sistema pode ser atrativo.
Fonte da unidade diz que
medidas são em caso de
necessidade e estão dentro
da legalidade.
Reforço de escalas,
inclusão de médicos de
família e contratualização
de camas no exterior
podem aliviar hospitais.
para que o modelo seja exequível.
Na essência, o seu objetivo é que
haja mais doentes atendidos e com
menos esperas".
Ana Escovai, professora e membro do Observatório Português dos
Sistemas de Saúde, diz que esta
medida mostra que "os hospitais se
estão a adaptar ao mercado. Estão
a tomar medidas transitórias para
dar resposta à falta de recurso".
O pagamento por ato, mais usado no sistema privado ou em complemento de outras formas de remuneração, "pode ser mais atrativo para os médicos. E não me parece que tenha como objetivo acelerar o atendimento. Deve é ser
monitorizado e visto como algo
transitório". No futuro, caso resulte, esta modalidade de pagamento
até pode ser usada noutras unidades, caso haja bons resultados".
Outras medidas e hospitais
Outras medidas são o atendimento dos doentes pouco urgentes em
áreas específicas, ou zonas de internamento, como prevê o Centro
Hospitalar e Universitário de Coimbra. O pagamento mais alto por
hora na Amadora, nos dias complicados (de 24 a 27 de dezembro e de
31 de dezembro a 3 de janeiro), está
previsto noutras unidades também, como o aumento de camas e
a contratualização de camas para
os casos sociais e cuidados continuados. Na Amadora, pretende-se
ainda fazer mais cirurgia de ambulatório e ter um hospital de dia para
os doentes crónicos.
ID: 62141785
04-12-2015
Inverno passado
com pico de gripe
gerou o caos
nas urgências
PROBLEMAS Os problemas começaram no período de Natal do ano
passado, com urgências de vários hospitais do pais a terem
dificuldade em dar resposta ao
elevado número de doentes.
O hospital Amadora-Sintra foi um
dos casos mais graves ainda em
dezembro de 2014, com os tempos de espera na urgência a ultrapassarem as 20 horas. Em Janeiro último, os problemas agrovoram-so oom os miKlIcos a não
dar resposta à procura. Um pico
de gripe acentuou o caos e houve
oito inquéritos a mortes em
macas nas urgências, incluindo
casos no São José em Lisboa,
São Sebastião em Santa Maria da
Feira e em Peniche. O Ministério
da Saúde justificou-se com a
vaga de frio existente e a Invulgar afluência aos serviços.
Houve situações em que direções clínicas, como no São João
(Porto), pressionaram o governo
com ameaças de demissão.
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Linha Saúde 24 vai devolver chamadas se
atendimento demorar. Equipa terá reforço
GRIPE Serviços dedicados
e visitas a lares são medidas
para garantir que o número
de casos e a mortalidade
sejam menores em 2015-16
O diretor-geral da Saúde apelou
ontem aos cidadãos para que recorram mais à linha Saúde 24 antes
de se deslocarem a um serviço de
saúde. E garantiu que "o atendimento das chamadas será sempre
rápido. Se houver pressão em determinadas horas, a linha vai devolver as chamadas aos utentes",
garantiu Francisco George.
Durante um encontro com jornalistas para analisar os serviços de
saúde para o inverno, o responsável referiu que "as equipas vão ser
reforçadas se houver mais procura.
Temos tido reuniões frequentes
com a administração da linha, de
forma a garantir que o atendimento será rápido". A Associação Nacional das Farmácias também participou num e assinou estas decisões. E caberá aos farmacêuticos
aproveitar todas as oportunidades
para recordar aos utentes que podem sempre ligar para a linha antes de ir para uma unidade de saúde. "Os utentes saberão qual a mais
indicada e até os horários dos centros de saúde mais próximos", acrescentou a subdiretora-geral da Saúde, Graça Freitas, referindo-se ao
alargamento de horários sempre
que for necessário.
Visitas aos lares de idosos
Os lares de idosos vão ser alvo de visitas pedagógicas por parte dos delegados de saúde. O objetivo é verificar se os mesmos têm os meios
necessários e se estão preparados
para lidar com as infeções respiratórias e com os casos de gripe previstos para esta época.
Francisco George anunciou que
"serão feitas visitas pedagógicas
pelos delegados de saúde em todos
os principais lares, sejam da segurança social ou privados". O objetivo é verificar "se implementaram
as medidas de prevenção necessárias, se têm médico ou enfermeiro
contactável, caso seja necessário,
e verificar o ambiente, nomeadamente se há o distanciamento necessário entre as camas dos doentes ou se estão preparados para o
frio". O nível de vacinação, que já
abrange 90% dos idosos em lares,
também será avaliado. Esta deve
ser uma prioridade e quem quiser
pode vacinar-se até à primavera.
Regiões avaliam planos locais
Luís Cunha Ribeiro, o presidente
da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, diz que
na próxima semana vai "haver reuniões com os hospitais e agrupamentos de centros de saúde IAM)",
para garantir que os planos estão
de acordo com as prioridades regionais e nacionais. Medidas específicas, como as do Amadora-Sintra, ficam a cargo dos hospitais, que
têm autonomia. O pagamento por
doente é uma opção "peculiar",
mas ao contrário do que vem no
documento, em que a situação foi
aprovada pela ARS, "tem de ser autorizada pelo Ministério da Saúde".
ID: 62141785
04-12-2015
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Médicos
vão receber
por doente
para
garantir
urgências
Gripe. Em vez de pagar à hora, Amadora-Sintra
faz contas por doente atendido. Está previsto
no plano de contingência para evitar ruturas
Para garantir que não haja falhas
nas urgências, o plano de contingência prevê remunerações mais
elevadas, pagamentos por doente e
o recurso a médicos de família.
Peritos consideram que não se perde
qualidade no atendimento mas
defendem que deve haver regras.
Na fase crítica da gripe no ano passado, o tempo de espera no Amadora-Sintra chegou a ultrapassar
20 horas. PORTUGAL PÁGS. 12 E 13
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Hospital quer mais médicos nas urgências e vai pagar por doente