Professor de Direito processa faculdade por cortes salariais Universidade de Lisboa. Menezes Leitão espera resposta do Tribunal Administrativo há um ano Diário de Noticias, 27-03-12 O professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa Luís Menezes Leitão processou a própria faculdade onde exerce atividades pelos cortes sofridos no ordenado e nos subsídios de Natal e de férias, previstos para toda a administração pública. O caso remonta a há um ano mas ainda continua pendente e o advogado ainda espera a resposta do Tribunal Administrativo de Lisboa (TAL), que desde Janeiro de 2011 não reage a esta ação intentada pelo professor de Direito do Trabalho e de Direitos Reais. “Não é nada contra a faculdade, mas sim contra a medida e diz a lei que a impugnação tem de ser feita contra a instituição legítima que neste caso é a Faculdade de Direito”, explica o próprio Luís Menezes Leitão, em declarações ao DN. Em causa um corte considerado pelo professor universitário e excandidato a bastonário da Ordem dos Advogados de “confisco do Estado devido à forma como este pretende favorecer os credores nas parcerias público-privadas”, diz o advogado. “Juridicamente é o que a lei chama de favorecimento dos credores e acho que alguém deve suscitar esta questão”, sublinha. António Pragal Colaço & Associados – Sociedade de Advogados Rua Rodrigues Sampaio, n.º 96, R/C Esq. 1150-281 Lisboa Tel.: 21 355 39 40 / Fax: 21 355 39 49 [email protected] / www.apcolaco.com 1 O advogado avança que é caso único no leque de professores que a Faculdade de Direito emprega quaseduzentos professores em que se incluem assistentes, auxiliares, associados, catedráticos e jubilados -, mas que não o é se “compararmos com casos de outros funcionários públicos”, explica ao DN. Eduardo Vera-Cruz Pinto, diretor da Faculdade de Direito de Lisboa, assumiu ao DN ter conhecimento do caso e considera que “o professor tem toda a legitimidade de intentar esta ação e a faculdade não se opõe nem censura qualquer exercício dos direitos de cada um. Mas estes cortes foram-nos impostos”, sublinha o professor, em declarações ao DN. Os funcionários públicos e reformados vão ter uma quebra real no rendimento de 17,4 pontos percentuais em 2012 devido, em grande parte, à eliminação dos subsídios de Natal e férias. Desde 2000, em doze anos a perda do poder de compra de quem trabalha para o Estado chega aos 35 pontos percentuais. São 350 euros por cada mil euros de salário. Os dados, do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE), recordaram ainda que o Governo vai executar o maior esforço de redução da despesa com pessoal da Administração Pública em 2012 de toda a União Europeia, alertando para os problemas que se colocam aos trabalhadores do Estado num cenário de contração da economia e níveis de desemprego recorde “No meu caso, desde janeiro de 2011 sofri um corte de 8% no meu salário da faculdade”, explica Luís Menezes Leitão. “E depois temos os António Pragal Colaço & Associados – Sociedade de Advogados Rua Rodrigues Sampaio, n.º 96, R/C Esq. 1150-281 Lisboa Tel.: 21 355 39 40 / Fax: 21 355 39 49 [email protected] / www.apcolaco.com 2 cortes dos subsídios de Natal e de férias e por isso esta ação existe para dar o exemplo daquilo que o Estado está a fazer-nos”, sublinhou o professor. Da parte do Tribunal Administrativo de Lisboa, diz o advogado, “ainda não sei nada e estamos ainda a aguardar avanços no processo”. Menezes Leitão também não é caso único no mundo jurídico. O advogado Castanheira Barros entregou no Pleno do Supremo Tribunal Administrativo (STA), no início de março, um recurso a impugnar a redução destas remunerações. O argumento baseia-se no facto de esta redução de salários resultar de uma norma administrativa, constante do Orçamento do Estado para 2011, mas que se “dirige a um grupo indeterminado e indeterminável de destinatários”, adiantou o advogado, à agência Lusa, na altura. Em Portugal – perante este cenário de asfixia – regista-se a maior quebra de poder de compra desde 1985. INSATISFAÇÃO Provedor recebeu 15 mil queixas O provedor de Justiça já recebeu 15 mil queixas de funcionários da administração pública e de organizações relativas a estes cortes salariais. Alfredo de Sousa manifestou “preocupação” e “incerteza” com as soluções encontradas no Orçamento para 2012 mas decidiu abster-se de tomar qualquer iniciativa. Num parecer, o provedor justifica a decisão António Pragal Colaço & Associados – Sociedade de Advogados Rua Rodrigues Sampaio, n.º 96, R/C Esq. 1150-281 Lisboa Tel.: 21 355 39 40 / Fax: 21 355 39 49 [email protected] / www.apcolaco.com 3 de se abster com o facto de se “encontrar já pendente, no Tribunal Constitucional, um processo de fiscalização com idêntico propósito”. No documento, o provedor de Justiça considera que, perante este cenário, se está perante “uma efetiva crise da Constituição, num momento percecionado pelos cidadãos como de grande afetação dos seus direitos” ainda mais no caso de suspensão dos subsídios dos aposentados. António Pragal Colaço & Associados – Sociedade de Advogados Rua Rodrigues Sampaio, n.º 96, R/C Esq. 1150-281 Lisboa Tel.: 21 355 39 40 / Fax: 21 355 39 49 [email protected] / www.apcolaco.com 4