COMÉRCIO EXTERIOR
O fato mais importante do comércio exterior brasileiro em 1999 foi a desvalorização do Real no início do
ano, que ocorreu em virtude do elevado déficit comercial do período1995-98, somado à deterioração do
cenário externo após as crises asiática e russa.
O efeito mais forte da desvalorização foi a expressiva queda nas importações, que passaram de US$ 57,6
bilhões em 1998 para US$ 49,2 bilhões em 1999. O valor das exportações, crescente entre 1990 e 1997,
diminuiu um pouco em 1998 e, apesar da desvalorização da moeda, continuou decrescente em 1999 (-6%).
Dentre os motivos para essa queda podemos citar a defasagem temporal entre a desvalorização cambial e
os efeitos sobre o aumento das exportações e a existência de fatores exógenos impeditivos ainda
conseqüencia da crise financeira internacional iniciada no final de 1997, que provocou escasseamento de
linhas de financiamento externo, redução da demanda internacional e queda dos preços das principais
commodities da nossa pauta de exportação até o final do primeiro semestre de 1999.
A balança comercial do Estado de São Paulo apresentou um déficit de 5,8 bilhões de dólares em 1999.
Apesar de elevado, houve sensível melhora em relação ao período 1995-98, quando atingiu um déficit
médio de quase 9,0 bilhões de dólares por ano. A desvalorização cambial, ao encarecer o produto
importado, provocou a uma redução expressiva das importações paulistas (17%); as exportações,
entretanto, mantiveram-se estáveis desde 1997, e não conseguiram, em 1999, transformar o ganho de
competitividade advindo da desvalorização em aumento do valor exportado (Tabela 1).
Entre os itens que sofreram redução no valor exportado, os materiais de transporte foram os que mais
contribuíram para o decréscimo das vendas externas paulistas, devido à diminuição da exportação de
veículos e suas partes (capítulo 87 da Nomenclatura Comum do Mercosul) em 31% do valor exportado,
especialmente para o Mercosul. Os veículos e suas partes, que em 1998 representavam 18% do valor das
exportações totais do Estado, passaram a representar 13% em 1999. O Mercosul absorveu 44% dessas
exportações, os Estados Unidos 22% e o México 14%. No ano anterior o Mercosul havia respondido por
57% das vendas externas do capítulo 87. Por outro lado, as exportações de aviões e suas partes, que já
vinham registrando altas taxas de crescimento desde 1997, continuaram aumentando, e em 1999 houve
uma variação positiva no seu valor da ordem de 42%, que levou esse grupo a alcançar 9,4% das
exportações do Estado. É importante lembrar que grande parte do valor dos aviões é composta por partes
importadas. Ainda assim o saldo comercial desse grupo subiu para 902 milhões de dólares (Tabela 3). As
exportações de aviões destinaram-se em sua maioria aos Estados Unidos (65%), seguido do Reino Unido
(9%) e da França (8%).
Dentre os produtos alimentícios, destacam-se os açúcares e produtos de confeitaria (capítulo 17), que
responderam, em 1999, por 7,9% das exportações estaduais. Esses produtos tiveram um significativo
aumento do valor exportado (9,7%), apesar da continuada queda dos preços internacionais.
Além dos aviões e dos açúcares, entre os produtos que aumentaram o valor exportado em relação ao ano
anterior estão carnes, combustíveis, café, máquinas e aparelhos elétricos e suas partes. O café e as
máquinas e aparelhos elétricos haviam passado em 1998 por decréscimos na exportação.
As vendas externas de suco de laranja congelado item em que São Paulo responde pela quase totalidade
das exportações brasileiras e representa 6,8% das exportações paulistas
tiveram em 1999 pequena
redução de 2,9% no valor exportado ocasionada pela diminuição do volume embarcado. O suco de laranja
foi uma das únicas commodities que tiveram aumento de preço em 1999.
O crescimento dos últimos três anos na exportação de aviões levou a Embraer a ocupar o primeiro lugar no
ranking das empresas exportadoras paulistas. Seguem-se a ela três empresas montadoras do setor
automobilístico − Ford, Volkswagen e General Motors − e três empresas agroindustriais − Cooperativa de
Produtores de Cana, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo, Sucocítrico Cutrale, e Citrosuco
Paulista.(Tabela 7).
As empresas exportadoras responsáveis por cerca de 58% do valor exportado encontram-se concentradas
na Região Metropolitana de São Paulo. Essa informação reflete a localização de grandes empresas
industriais do complexo metalmecânico, químico e agroindustrial nessa região. Segue-se em importância a
Região Administrativa de Campinas, com 13% do valor exportado. Os demais 30% encontram-se dispersos
pelo restante do Estado, com destaque para as regiões de Governo de São José dos Campos  pela
presença da Embraer  e de Araraquara, cada uma concentrando cerca de 5% do valor exportado em
1997. (Tabela 9)
Quando analisadas as exportações do Estado, segundo os blocos de destino, verifica-se que o Nafta
passou a ocupar o primeiro lugar (29,4%), seguido dos países da Aladi (28,5%), do qual o Mercosul faz
parte, e da União Européia (21,5%) (Tabela 2). A reação defensiva dos parceiros do Mercosul diante da
desvalorização brasileira ocasionou a redução das exportações para o bloco, que deixou de ocupar o
primeiro lugar, diminuindo sua participação de 26% para 20%. Os Estados Unidos e a Argentina foram os
principais países de destino das exportações, absorvendo 25% e 16% das exportações paulistas,
respectivamente.
Os principais capítulos de produtos importados por empresas sediadas no Estado são as máquinas e
aparelhos elétricos (37,1% do valor importado), produtos químicos e conexos (20,6%), produtos minerais
(6,3%), plásticos e suas obras (5,9%) e materiais de transportes (7,6%), compostos principalmente por
partes e peças para as indústrias automobilística e aeronáutica. Todos esses importantes grupos citados
apresentaram queda das importações em 1999.
Os principais blocos de origem das importações paulistas foram a União Européia (33,4%) e o Nafta
(32,1%). A Aladi, que inclui o Mercosul, foi origem de apenas 11,4% do valor das importações paulistas,
sendo que 8,5% foram oriundos do Mercosul. O Estado de São Paulo apresentou saldo negativo na conta
de comércio com o Nafta, a União Européia e a Ásia, mesmo com o aumento de vendas para esses países.
Já o saldo comercial do Estado de São Paulo com o Mercosul foi positivo, apesar da queda nas vendas. O
item mais prejudicado foi o de materiais de transporte (em especial o capítulo 87  veículos e suas partes),
cujas exportações para esse mercado caíram quase 50% em 1999. Outro item muito importante nas vendas
para o Mercosul, máquinas e aparelhos, material elétrico, etc., apresentou um ligeira redução.
Os principais grupos de produtos importados do Mercosul são cereais, produtos das indústrias químicas e
conexas, matérias têxteis e suas obras, máquinas e aparelhos, material elétrico, etc. e material de
transporte.
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