CENÁRIO MACROECONÔMICO No cenário externo o tema mais importante do mês de outubro foi a paralisação do governo dos EUA e a ampliação do teto da dívida do tesouro americano. Após sucessivas demoras e negociações frustradas, às vésperas da data limite, republicanos e democratas conseguiram assinar um acordo, mesmo que com escopo reduzido e prazos bem curtos. Ou seja, embora uma crise tenha sido evitada no curto prazo, ela foi apenas postergada, e já no início de 2014 os mercados financeiros deverão voltar a assistir a este mesmo episódio. O fato é que com isto muito provavelmente o banco central americano (Fed) só deverá promover o início da saída da política de afrouxamento monetário depois de resolvida esta questão, mesmo com dados apontando para uma melhora gradual da economia. Na Europa, aparentemente as economias começam a se estabilizar e mostram algum tipo de recuperação, e, portanto aos poucos vemos alguns países saindo da recessão, embora com crescimento ainda muito anêmico. Finalmente, na China os dados continuam a dar suporte ao cenário de estabilização do processo de desaceleração econômica que vinha ocorrendo. Já no cenário interno, dois temas tiveram impacto relevante nos mercados. Em primeiro lugar, a decisão do COPOM e as sinalizações do BC via comunicado e ATA deram a entender que o ciclo de alta de juros deve ser maior, e se estender por um período mais longo. Com isto, as curvas de juros passaram por um forte ajuste e apontam para um final de ciclo somente no início de 2014. Nesta situação, a economia brasileira atingiria patamares de dois dígitos, 10% ou mais. Em segundo lugar, a deterioração fiscal passou a frequentar as manchetes dos noticiários, e por consequência, voltaram a tona as discussões sobre um eventual rebaixamento do “rating” soberano, tema que já estamos comentando há algum tempo. Isto ajudou a impulsionar ainda mais os riscos e os prêmios das curvas de juros. A medida que o evento Copa do Mundo e as eleições se aproximam, fica cada mais difícil enxergar uma reversão desta tendência de piora do quadro fiscal. CARTA DO GESTOR Outubro foi marcado pela volta da volatilidade nos mercados. Até a metade do mês tínhamos um mercado definido, seguindo a tendência apresentada em setembro, com a curva de juros caindo refletindo o otimismo nos mercados por conta da continuidade do programa de incentivos norte americano (QE3). Próximo ao fim do mês, começou o stress nos mercados, com o banco central americano (FED) deixando em aberto a possibilidade do fim dos incentivos ainda em 2013. No cenário doméstico, o governo divulgou uma piora expressiva do resultado fiscal, adicionando mais risco aos mercados de renda fixa, câmbio e renda variável. Devido ao momento de incerteza e de alta volatilidade, optamos por reduzir a exposição em ativos mais voláteis como a NTN-B de vencimento 2050 e na ponta longa da curva de juros futuros. No mercado de câmbio, continuamos com nossas posições compradas para proteção dos fundos multimercados. Na Renda Variável, o Ibovespa teve a quarta alta mensal seguida, fechando o mês com ganhos de 3,66%, a 54.256 pontos. No ano, o principal índice da bolsa paulista ainda acumula perdas de 10,99%. O desempenho da carteira de renda variável foi muito bom no mês passado, 5,84%, superando o Ibovespa e o IBX (5,36%). Foram feitos pequenos ajustes no book. Reduzimos algumas posições que recuperaram bem no ano e trocamos mais um pouco de PETR4 por PETR3, com o racional de que a melhora da empresa beneficiará as ações ordinárias. Aproveitamos para aumentar nossa exposição no setor de metais e mineração e a bons nomes domésticos, porém que vivem períodos turbulentos. Outubro foi marcado pela despedida da OGX do índice, uma vez que a empresa pediu recuperação judicial. A petrolífera estava gerando fortes distorções no índice futuro e, por isso, o hedge de nossas posições não funcionava de maneira adequada. Assim, avaliamos que a diminuição da exposição aos ativos da Bovespa, por não ter uma forma de protegê-la, se provou uma estratégia acertada. Desde agosto mantivemos essa estratégia: baixa exposição percentual à renda variável sem depender muito do hedge. Continuamos com as puts que já tínhamos e adicionamos outras, em novos vértices. A partir do mês de novembro, já vislumbramos a possibilidade de voltar a aumentar a exposição à Renda Variável, dependendo do apenas do panorama macroeconômico e de nossa visão de médio prazo para a bolsa de valores.