QUALIDADE MICROBIOLOGICA DA ÁGUA E DO PESCADO NA MICROBACIA DO CÓRREGO DO MACHADO, CRUZ DAS ALMAS, BAHIA MICROBIOLOGICAL QUALITY OF WATER AND FISH IN STREAM WATERSHED OF MACHADO, CRUZ DAS ALMAS, BAHIA Ricardo Henrique Bastos de Souza1, Carla Silva da Silveira2, Rebeca Ayala Rosa da Silva3, Norma Suely Evangelista Barreto4, Carla Fernandes Macedo5 1 Engenheiro de Pesca ²Graduanda do Curso de Engenharia de Pesca – UFRB ³Graduanda do Curso de Ciências Biológicas – UFRB 4,5 Professor Adjunto – Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB Palavras-chave: Córrego do Machado, coliforme, aspectos sanitários Introdução A realização de estudos com recursos hídricos é de grande importância, pois a água é fundamental para a sobrevivência do homem e para o equilíbrio dos ecossistemas no planeta. As microbacias são formadas principalmente por córregos e reservatórios, sendo este último o principal receptor, apresentando os reflexos das condições físico-químicas ou climáticas da região onde está inserida a bacia hidrográfica. Um dos meios de utilização dessas microbacias é a pesca, sendo a qualidade da água um fator essencial para a boa qualidade do pescado capturado neste ambiente. A presença de microrganismos do grupo coliformes pode indicar o grau de contaminação da água e do pescado (LIRA, 2001). O pescado, por estar em contato direto com o ambiente contaminado, pode ser considerado como um veiculador de microrganismos patogênicos oriundos deste ambiente. Visando a utilização da água de reservatórios, o monitoramento do grau de contaminação é uma questão de saúde pública, pois a má qualidade da água é responsável por diversos surtos epidêmicos e altas taxas de mortalidade infantil em países em desenvolvimento (FREITAS, 2009). Tendo em vista o exposto, o presente estudo teve como objetivo avaliar a qualidade microbiológica da água da microbacia do córrego do Machado, Cruz das Almas-BA, usando como bioindicador da água os coliformes e, para o pescado, bactérias mesófilas e coliformes termotolerantes, Metodologia As coletas foram realizadas no período de um ano em cinco pontos localizados na microbacia do córrego do Machado, P1 localizava-se na nascente, P2, P3 e o P4 na extensão do córrego, todos sofrendo influência antrópica, e o P5 caracteriza-se por ser um pequeno reservatório servindo para a comunidade como uma local de pesca para sua subsistência. As amostras de água foram coletadas na superfície de todos os pontos, em frascos de vidro âmbar previamente autoclavados. O pescado da espécie Oreochromis sp., mais conhecida como tilápia, foi capturado com rede de espera na margem do reservatório e próximo à vegetação aquática. As amostras de água e de pescado foram acondicionadas individualmente em caixa isotérmica com gelo e encaminhados ao laboratório de Microbiologia de Alimentos e Ambiental no Núcleo de Estudos em Pesca e Aqüicultura (NEPA), localizado na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). As amostras de água foram submetidas às analises de contagem de coliformes termotolerantes e o pescado às analises de contagem total de microrganismos aeróbios mesófilos em placas e coliformes termotolerantes (SILVA et al., 2007). Resultados e discussão Quanto à presença de coliformes termotolerantes, houve positividade desses microrganismos em apenas três pontos. Os menores valores foram observados nos pontos 1 e 4 (<1,8 NPM/100mL) e os maiores valores nos pontos 3 e 5 ( 2,2 x 10³ NMP/100 mL), respectivamente (Tabela 01). Tabela 01 - Contagem de coliformes termotolerantes presentes na água. Os valores máximos obtidos nas contagens de bactérias mesófilas se encontram abaixo do limite sugerido pela International Comission on Microbiological Specifications for Foods (ICMSF, 1983), pois todas as amostras do pescado analisadas apresentavam valores de microrganismos mesófilos aceitáveis, ou seja, valores < 106 UFC/g de músculo analisado. Os valores de coliformes termotolerantes em todas as amostras foram inferiores a 3,0 NMP/g. Quando presentes no pescado, essas bactérias indicam que a captura foi realizada em ambientes com elevados índices de contaminação bacteriana e/ou poluição fecal (MURATORI et al., 2004) o que não foi observado no presente estudo. Tabela 02 - Contagem de bactérias mesófilas e coliformes termotolerantes presentes no pescado fresco do ponto 5 (reservatório) da microbacia do Córrego do Machado. Conclusão Embora os microrganismos no pescado indiquem captura oriunda de ambientes com índices de contaminação bacteriana e/ou poluição fecal, o peixe do reservatório estudado apresentou-se adequado para o consumo. Referências LIRA, G. M.; PEREIRA, W. D.; ATHAYDE, A. H.; PINTO, K. P. Avaliação da qualidade de peixes comercializados na cidade de Maceió. Revista Higiene Alimentar, v 15, n. 84, p. 6774, maio 2001. FREITAS, A. M., Qualidade das Águas Fluviais: Estudo de Caso da Bacia Hidrográfica de Jacarepaguá – RJ - 2009. xvii, 170p, 29,7 cm. SILVA, N.; JUNQUEIRA, V. C. A.; SILVEIRA, N. F. A.; TANIWAKI, M. H.; SANTOS, R. F. S. dos; GOMES, R. A. R. Manual de Métodos de Análise Microbiológica de Alimentos. 3 ed. São Paulo: Livraria Varela, 2007.552 p. VIEIRA, R.H.S.F.; ATAYDE, M.A.; CARVALHO, E.M.R.; CARVALHO, F.C.T.; FONTELES FILHO, A.A. Contaminação fecal da ostra Crassostrea rhizophorae e da água de cultivo do Rio Pacoti (Eusébio, Estado do Ceará): Isolamento e Identificação de Escherichia coli e sua susceptibilidade a diferentes antimicrobianos. Braz J. Vet. Res. Anim. Sci., São Paulo, v.45, n.3, p.180-189, 2008. INTERNATIONAL COMMISSION ON MICROBIOLOGICAL SPECIFICATIONS FOR FOODS (ICMSF). Microorganisms in foods: their significance and methods of enumeration. Toronto, University of Toronto, 1978. MURATORI, M. C. S.; COSTA, A. P. R.; V. C. M.; RODRIGUES, P. C.; PODESTÁ JR, R. L. Qualidade sanitária de pescado in natura. Revista Higiene Alimentar, São Paulo, v. 8, n. 116/117 - 2004. Autor a ser contactado: Ricardo Henrique Bastos de Souza, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB – e-mail: [email protected]