Educação ao ar livre: um estudo sobre as contribuições da Educação Experiencial ao Ar Livre para o processo de Educação Ambiental. Caetano Moreira FALCÃO Neto, Acadêmico do Curso de Bacharelado em Turismo da UFPB/CCHLA/DECOM. E-mail: [email protected]. Av. Monsenhor Walfredo Leal, 635 – Tambiá. João Pessoa – PB, CEP: 58020-540. Telefone: (83) 9922-3654/ (83) 32220604; Edmilson Montenegro FONSECA, Bacharel em Administração de Empresas e Licenciado em Letras pela UFPB, Mestrando em Gestão Ambiental pela UFPB/PRODEMA. E-mail: [email protected]. Signe Dayse C. de MELO E SILVA, Bacharel em Turismo pela UNICAP, Especialista em Planejamento Educacional e Mestre em Gestão e Políticas Ambientais pela UFPE, Professora do Curso de Bacharelado em Turismo da UFPB/CCHLA/DECOM. E-mail: [email protected]. Educação ao ar livre: um estudo sobre as contribuições da Educação Experiencial ao Ar Livre para o processo de Educação Ambiental. A visão antropocêntrica do mundo, proposta há séculos, habita o pensamento humano de tal forma que as raízes dos males ambientais estão encrostadas ao conseqüente desrespeito, a desinformação e ao modo de percepção dos papéis da natureza e dos seres humanos na dicotomia entre a manutenção do equilíbrio planetário e a evolução tecno-capitalista. Ao longo da maior parte da história da humanidade, a natureza está colocada em segundo plano, posicionada a posteriori dos interesses políticos, científicos, tecnológicos, econômicos e até mesmo dos interesses existencialistas. Fato alicerçado na crença de que a natureza, além de uma fonte inesgotável de beleza e riqueza, sempre esteve e permanece à disposição para servir e prover os recursos necessários ao desenvolvimento humano. A revelação do engano em relação ao papel da natureza, veio com a constatação de que os recursos naturais não são renovados com a mesma velocidade com que são explorados. A gravidade dessa afirmação levou aos dias atuais, marcados por eventos de dimensão internacional, discussões científicas e tratados políticos intercontinentais visando o entendimento dos fenômenos relacionados à natureza. A contemporaneidade é marcada por estudo e reflexão sobre as providências a serem tomadas com o intuito de evitar maiores danos ao ambiente natural e à sua dinâmica. Esses estudos têm trazido à tona novas ferramentas e metodologias que podem revolucionar o processo educativo e a compreensão da relação entre a humanidade e a natureza, num caminho em busca do respeito pela mesma. A necessidade de mudança do paradigma de que o homem está acima da natureza para um modo de pensar mais universalista e unificador, que sugere o homem como parte da natureza e da sua dinâmica, é um grande desafio. E para enfrentá-lo estão sendo desenvolvidas grandes ferramentas. Uma delas é a Educação Ambiental que é entendida como um processo educativo onde o individuo e a coletividade desenvolve o conhecimento, habilidades, atitudes e valores sociais que dão base ao desenvolvimento das competências necessárias à conservação ambiental (Política Nacional de Educação Ambiental, Lei Nº 9.795). Para tornar o processo de Educação Ambiental mais prazeroso e com uma intervenção duradoura, uma busca por novas ferramentas pedagógicas vem sendo realizada. Assim o uso da Educação Experiencial ao Ar Livre, uma filosofia e uma metodologia na qual os educadores, de forma determinada, levam os aprendizes a experiências diretas e a reflexões focadas com o intuito de elevar o conhecimento, desenvolver habilidades e tornar claro valores (Experiential Education Association), torna-se um diferencial para os envolvidos no processo educativo que buscam e/ou necessitam de experiências práticas para enriquecer o processo de aprendizado. Há muito o reducionismo proposto por Descartes, teoria científica aceita principalmente no mundo ocidental e que sugere o todo como a simples soma das partes, constitui uma excelente metodologia científica no que diz respeito a questões analítico-quantitativas, muito utilizada quando o objetivo é distinguir os diferentes objetos e suas partes diferenciadas. Mas o reducionismo não é um método eficiente para as análises qualitativas, largamente difundidas nos estudos relacionados ao ambiente natural, por preocupar-se muito mais com uma visão que abarque todos os ângulos do objeto, não estando focada num resultado numérico baseado em análises estatísticas. Nessa perspectiva, com o objetivo de verificar se o uso da Educação Experiencial ao Ar Livre em grupos de viajantes a ambientes naturais contribui para o processo de Educação Ambiental, foi realizada uma viagem ao Parque Nacional Chapada Diamantina, com um grupo misto, homens e mulheres de idade e experiência em viagens a ambientes naturais variadas, mas sem experiência prática com relação à conduta consciente nesses ambientes, composto de sete pessoas e um reconhecido educador ao ar livre. No período em que estavam juntos, houve a cadenciada explicação - dois por dia - dos princípios de Conduta Consciente em Ambientes Naturais, proposto pelo Ministério do Meio Ambiente do Brasil, e ainda foi explicado, como proceder com relação ao ato de armar barraca, cozinhar, lavar utensílios, coletar água, fazer higiene pessoal, transportar e compactar o lixo orgânico e inorgânico produzidos ao longo dos dias da viagem. Sem que, no entanto, fosse citado o processo de Educação Ambiental ao qual estavam sendo submetidos. Durante os cinco dias de contato direto foram realizadas, também, ao término das atividades diárias, reflexões propostas pelo educador, que apenas observava as discussões após sua proposição. Ao final da viagem foi realizada uma grande reunião na qual os participantes tiveram a oportunidade de, sem a proposição do educador, expor suas impressões a respeito da experiência vivida e seu legado. Com o uso dessa metodologia, ficou claro que os grupos de viajantes a ambientes naturais, submetidos ao processo de Educação Ambiental através da Educação Experiencial ao Ar Livre, apresentam um percentual de 85,71 de aceitação positiva, entendimento, sensibilização para as questões ambientais, e ainda, desenvolvimento de valores e atitudes ecologicamente mais corretas. O presente estudo conclui que para grupos que apresentam entre cinco e dez viajantes a ambientes naturais, acompanhados de um educador ao Ar Livre, o processo de Educação Ambiental tem contribuições relevantes na obtenção dos objetivos de entendimento, sensibilização para as questões relacionadas ao ambiente natural e ainda a elaboração de valores e atitudes ecologicamente mais corretas, definidos pela Política Nacional de Educação Ambiental. A Educação Experiencial contribui para a longevidade da intervenção do educador ambiental, fazendo com que ela deixe de ser apenas pontual e restrita aos momentos em que ele está presente com os aprendizes, e passe a fazer parte do cotidiano das pessoas. É, portanto a Educação Experiencial ao Ar Livre uma poderosa ferramenta de Educação Ambiental a ser utilizada com pequenos grupos de viajantes a áreas naturais. Referências Bibliográficas: BRASIL, Lei Nº 9.795, de 27 de abril de 1999. Que aprova a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 28 de Abril de 1999; Experiential Education Association, disponível em: www.eea.org, acessado em 13/01/2006 às 11:30.