Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia
CONTECC’ 2015
Centro de Eventos do Ceará - Fortaleza - CE
15 a 18 de setembro de 2015
PRODUÇÃO E QUALIDADE DO LEITE DE VACAS MESTIÇAS
(HOLANDÊS/ZEBU) NOS PERÍODOS CHUVOSO E SECO NO BREJO
PARAIBANO
DANIELE LOPES DE OLIVEIRA1*, EVALDO DE ALMEIDA CARDOSO2,
LADYANNE RAIA RODRIGUES3
1
Doutoranda em Engenharia Agrícola, UFCG, Campina Grande-PB; (83)9952.2138,[email protected]
Doutorando em Engenharia Agrícola, UFCG, Campina Grande-PB; (83)9975.1019, [email protected]
3
Doutoranda em Engenharia Agrícola, UFCG, Campina Grande-PB; (83)8865.5619, [email protected]
2
Apresentado no
Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia – CONTECC’ 2015
15 a 18 de setembro de 2015 - Fortaleza-CE, Brasil
RESUMO: Este trabalho teve como objetivo avaliar produção e qualidade do leite de vacas mestiças
(holandês/zebu) nos períodos chuvoso e seco no brejo paraibano. Utilizou-se 10 vacas mestiças em
estágio de lactação. As ordenhas foram realizadas duas vezes ao dia às 6:00 e às 15:00 h. Avaliou-se a
produção de leite e as análises laboratoriais. O controle leiteiro por kg/leite/animal foi realizado a cada
15 dias. As amostras foram coletadas após a ordenha, mantidas sob refrigeração, e encaminhadas ao
laboratório do DZ - (PROGENE) Programa de Gerenciamento de Rebanho Leiteiro do Nordeste da
UFRPE para as análises da qualidade do leite: análise físico-química e contagem de células somáticas.
O delineamento experimental foi o DIC, com dois tratamentos (chuvoso e seco) e 10 repetições. Os
dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de tukey a 5% pelo
programa SAS (2010). Nos resultados, as vacas mestiças (holandês/zebu) apresentaram maiores valores
da produção de leite durante o período chuvoso; A porcentagem de proteína, o teor de sólidos totais e
a quantidade de UFC no leite, apresentaram diferença significativa (P<0,05).
PALAVRAS–CHAVE: bovino leiteiro, desempenho produtivo, ambiência.
PRODUCTION AND COWS MILK QUALITY CROSSBRED (DUTCH / ZEBU) IN RAINY
PERIODS AND DRY IN BREJO
ABSTRACT: This work aimed to evaluate production and quality of crossbred cows (Dutch / Zebu)
in the rainy and dry seasons in the Paraiba swamp. We used 10 crossbred cows in lactation stage.
Milkings were performed twice daily at 6:00 and 15:00. We evaluated the milk production and
laboratory testing. Milking control per kg / milk / animal was performed every 15 days. Samples were
collected after milking, kept under refrigeration and sent to the laboratory DZ - (PROGENE) Dairy
Herd Management Program of Northeast UFRPE for analysis of milk quality: physical and chemical
analysis and somatic cell count. The experimental design was completely randomized with two
treatments (wet and dry) and 10 repetitions. Data were subjected to analysis of variance and means
compared by Tukey test at 5% by the SAS (2010). In the results, the crossbred cows (Dutch / zebu)
were higher in milk production during the rainy season; The percentage of protein, the total solids
content and the number of CFU in milk showed significant difference (P <0.05).
KEYWORDS: dairy cattle, productive performance, ambience.
INTRODUÇÃO
Como a pecuária leiteira está constantemente passando por transformações, incrementando sua
produtividade com vacas de alto potencial genético, utilizando alimentação de qualidade superior e
aplicando maior capital no investimento, visa buscar soluções para amenizar os efeitos deletérios do
clima sobre a produção de leite, levando em conta a relação custo/benefício das modificações nas
instalações e no manejo das vacas (Nascimento, et al., 2013a).
A produção e a qualidade do leite são definidas por parâmetros de manejo adequado,
composições físico-químicas e higiene. A presença e os teores de proteína, gordura, lactose, sais
minerais e vitaminas determinam a qualidade da composição, que por sua vez é influenciada pela
alimentação, manejo, genética e raça do animal. Fatores ligados a cada animal, como o período de
lactação, o escore corporal ou situações de estresse também são importantes quanto à qualidade do
leite (Nascimento et al., 2013b).
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado no Setor de Bovinocultura de Leite da UFPB, Areia, PB, localizado
na Mesorregião do Agreste Paraibano e na Microrregião do Brejo Paraibano. Foram utilizadas 10
vacas mestiças holandês/zebu, foram mantidas em sistema semi-intensivo, em pastejo rotacionado de
Brachiaria decumbens. Durante a ordenha, foram suplementadas com ração balanceada, concentrado e
sal mineral. As ordenhas aconteciam duas vezes ao dia, às 6:00 horas da manhã e às 15:00 horas da
tarde. O sistema de ordenha foi mecânico do tipo balde ao pé, com capacidade para duas vacas ao
mesmo tempo.
Figuras 1 e 2 – Vacas no piquete e no curral de ordenha.
Foi avaliado o parâmetro produção de leite, e realizadas as análises laboratoriais. A produção de
leite determinou-se nos dois períodos (chuvoso e seco). O controle leiteiro foi realizado
quinzenalmente para acompanhamento da produção por kg/leite de cada animal. Durante o período
experimental foram feitas oito avaliações, quatro no período chuvoso e quatro no período seco
respectivamente. As amostras foram coletadas após a ordenha, mantidas sob refrigeração e
encaminhadas ao laboratório do Departamento de Zootecnia - (PROGENE) Programa de
Gerenciamento de Rebanho Leiteiro do Nordeste da UFRPE, onde foram realizadas as avaliações da
qualidade do leite: a análise físico-química e a contagem de células somáticas.
Na análise físico-química, a composição centesimal (teores de gordura, proteína, lactose, sólidos
totais) foi colhida no mesmo recipiente contendo Bronopol para análise da contagem de células
somáticas. As análises foram realizadas no equipamento Bentley Combi System 2300R, composto por
uma unidade do equipamento Bentley 2000 e uma do equipamento Somacount 300, com capacidade
para analisar ate 300 amostras por hora (Figura 3 e 4).
Figura 3 e 4 - amostras de leite e análise da composição e CCS. Fonte: PROGENE
Para as análises microbiológicas, as amostras de 40 mL foram assepticamente acondicionadas
em frascos plásticos esterilizados com capacidade de 50 mL contendo o conse rvante Azidiol e
identificadas e mantidas sob-refrigeração. Após a adição do leite aos frascos com conservantes foram
homogeneizados. A contagem bacteriana total foi realizada através do método enumeração de
mesófilos por meio da contagem padrão em placas de acordo com (Official Methods of Analysis
AOAC (1998). As amostras foram diluídas a uma proporção de (1:10) em solução de Ringer e em
seguida semeadas em profundidade em Agar PCA (Acumedia, EUA) e posteriormente incubadas a 35 oC
por 48h. A contagem total de micro-organismos mesófilos aeróbios foi determinada em placas que
possuíam entre 30 e 300UFC mL-1.
Para a contagem de células somáticas, foi adicionada as amostras com 40 ml o conservante
Bronopol e identificadas. Após a adição do leite ao conservante, foram homogeneizados por inversão
até completa dissolução dos mesmos, e após obtido a contagem de células somáticas, que foi realizada
no equipamento Bentley Combi System 2300, que tem por princípio a citometria de fluxo.
O delineamento experimental adotado foi o inteiramente casualizado (DIC), composto de dois
tratamentos (período chuvoso e período seco), compreendendo 60 dias para cada período, com 10
repetições, nos quais foram as vacas mestiças (holandês/zebu). Os dados foram submetidos à análise
de variância e as médias comparadas pelo teste de tukey a 5% de probabilidade através do programa
computacional Statistical Analysis System (SAS, 2010).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Constatou-se que houve diferença (P<0,05) entre os períodos para a produção de leite (kg dia-1),
porcentagens de proteína e sólidos totais no leite. Na Tabela 1, são apresentados os valores médios de
produção, composição química e qualidade do leite, nos períodos chuvoso e seco respectivamente.
Tabela 1 - Médias de Produção de leite (Kg dia-1), gordura (% GOR), proteína (% PRO), lactose
(LAC %), sólidos totais (SOL %) contagem padrão em placas (CPP mL-1), contagem de
células somáticas (CCS) de vacas mestiças (holandês/zebu) em função dos períodos
avaliados
VARIÁVEIS
Períodos
PL
GOR (%) PRO (%)
LAC (%)
SOL (%) CPPx1000
CCSx1000
Chuvoso
19,85a
4,03a
3,26b
4,39a
12,62b
53, 48a
463a
Seco
17,33b
4,22a
3,43a
4,47a
13,07a
56, 21a
474a
CV%
24,57
22,59
8,74
6,27
7,49
151,39
226,69
Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem significativamente, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade
Não houve diferença (P<0,05) na porcentagem de gordura, lactose e CCS entre períodos
estudados. A produção de leite no período chuvoso apresentou maior produção média diária por vaca,
de (19,85 Kg dia-1), enquanto no período seco, a produção média diária foi de (17,33 Kg dia-1)
apresentando uma diminuição, representando uma diferença de 12,7% a menos de leite por vaca entre
os períodos estudados. As porcentagens de proteína no leite variaram de 3,26% a 3,43% entre os períodos
respectivamente, havendo diferença significativa (P<0,05) dos valores, que se encontram dentro dos limites
estabelecidos pela IN 51. As concentrações médias de lactose não apresentaram diferença significativa
entre os períodos estudados, assim como nas médias de CCS e UFC, que se encontravam dentro do
normal para a região norte e nordeste de acordo com as recomendações preconizadas pela Instrução
Normativa n°51 MAPA (2002) que é de 1.000.000 cels mL-1. Resultado este, que está de acordo com
Noro et al. (2006) e Cunha et al. (2008), realizando pesquisas sobre qualidade do leite no Estado de
Minas Gerais com vacas holandesas observaram que as vacas que tinham maior número de lactação
apresentaram uma maior quantidade de células somáticas. Os valores de sólidos totais tiveram diferença
significativa (P<0,05) entre os períodos estudados, apresentando 12,62% e 13,07% respectivamente para os
períodos avaliados.
CONCLUSÕES
As vacas mestiças (holandês/zebu) apresentaram maiores valores da produção de leite durante
o período chuvoso. A porcentagem de proteína, o teor de sólidos totais e a quantidade de UFC no leite,
apresentaram diferença significativa (P<0,05), sendo influenciados durante os períodos estudados
apresentando maiores médias no período seco.
REFERÊNCIAS
Cunha, R. P. L.; Molina, L. R.; Carvalho, E. J et al. Mastite subclinica e relação da contagem de
células somáticas com numero de lactações, produção e composição química do leite em vacas da
raça Holandesa. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.60, n.1, p.19-24,
2008.
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA. Instrução normativa Nº 51 de 18 de
setembro de 2002. Regulamento Técnico de Produção, Identidade e Qualidade do Leite Tipo A,
do Leite Tipo B, do Leite Tipo C, do Leite Pasteurizado e do Leite Cru Refrigerado e o
Regulamento Técnico da Coleta de Leite Cru Refrigerado e seu Transporte a Granel. Diário
Oficial da União, Brasília, DF, 18 de set. de 2002. Secção 3. Disponível em:
<http://www.mda.gov.br>. Acesso em: 20/12/2011.
Marandu. J Anim Behav Biometeorol (Artigo Original), v.1, n.2, p.31-36 (2013a).
Nascimento, G. V. do; Cardoso, E. de A.; Batista, N. L.; Souza, B.B. de; Cambuí, G. B. Indicadores
produtivos, fisiológicos e comportamentais de vacas de leite. Revista ACSA - Agropecuária
Científica no Semi-Árido, V. 9, n. 4, p. 28-36, (2013b).
Nascimento, G. V. do; Cardoso, E. de A.; Batista, N. L.; Souza, B.B. de; Cambuí, G. B.
Comportamento ingestivo de vacas mestiças (holandês/zebu) sob regime de pastejo rotacionado
em brachiaria brizantha cv. Marandu. J Anim Behav Biometeorol (Artigo Original), v.1, n.2,
p.31-36 (2013a).
Noro, G.; Gozález, F. H. D.; Campos, R. Fatores ambientais que afetam a produção e a composição do
leite em rebanhos assistidos por cooperativas no Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de
Zootecnia, v.35, n.3, p.1129-1135, 2006.
Official Methods of Analysis. AOAC. vol I. 16th Ed. Association of Official Analytical Chemists,
Arlington VA. 1998.
Statistical Analysis System - SAS. System for Microsoft Windows: release 8.2. Cary: 2010. 1 CDROM.
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