Onde está o índio? [séc XVI e XVII]
Período Cabralino – Brasil Colônia
- Caminha
- Hans Staden
- Gândavo
Predominância da versão de Caminha:
Tipo de colonização: extrativista
lento povoamento
litoral
interiorização e formação
insular
Os cabelos deles são corredios. E andavam tosquiados, de tosquia alta
antes do que sobrepente, de boa grandeza, rapados todavia por cima das
orelhas. E um deles trazia por baixo da solapa, de fonte a fonte, na parte
detrás, uma espécie de cabeleira, de penas de ave amarela, que seria do
comprimento de um coto, mui basta e mui cerrada, que lhe cobria o toutiço
e as orelhas. E andava pegada aos cabelos, pena por pena, com uma
confeição branda como, de maneira tal que a cabeleira era mui redonda e
mui basta, e mui igual, e não fazia míngua mais lavagem para a levantar.
O Capitão, quando eles vieram, estava sentado em uma cadeira, aos pés
uma alcatifa por estrado; e bem vestido, com um colar de ouro, mui grande,
ao pescoço. E Sancho de Tovar, e Simão de Miranda, e Nicolau Coelho, e
Aires Corrêa, e nós outros que aqui na nau com ele íamos, sentados no
chão, nessa alcatifa. Acenderam-se tochas. E eles entraram. Mas nem
sinal de cortesia fizeram, nem de falar ao Capitão; nem a alguém. Todavia
um deles fitou o colar do Capitão, e começou a fazer acenos com a mão
em direção à terra, e depois para o colar, como se quisesse dizer-nos que
havia ouro na terra. E também olhou para um castiçal de prata e assim
mesmo acenava para a terra e novamente para o castiçal, como se lá
também houvesse prata!
DUMA NAÇÃO DE GENTIO QUE SE ACHA NESTA CAPITANIA
Pelas terras desta Capitania até junto do Spirito Santo, se acha huma
certa nação de gentio que veio do sertão há cinco ou seis annos, e dizem
que outros indios contrarios destes, vierão sobre elles a suas terras, e os
destruirão todos e os que fugirão são estes que andão pela Costa.
Chamão-se Aymorés, a lingoa delles he differente dos outros indios,
ninguem os entende, são elles tam altos e tam largos de corpo que quasi
parecem gigantes; são mui alvos, não têm parecer dos outros indios na
terra nem têm casas nem povoações onde morem, vivem entre os matos
como brutos animaes; são mui forçosos em estremo, trazem huns arcos
mui compridos e grossos conforme a suas forças e as frechas da mesma
maneira. Estes indios têm feito muito dano aos moradores depois que
vierão a esta Costa e mortos alguns portuguezes e escravos, porque são
inimigos de toda gente. Não pelejão em campo nem têm animo para isso,
põem-se entre o mato junto dalgum caminho e tanto que passa alguem
atirão-lhe ao coração ou a parte onde o matem e não despedem frecha
que não na empreguem. Finalmente, que não têm rosto direito a ninguem,
senão a traição fazem a sua. As mulheres trazem huns paos tostados com
que pelejão. Estes indios não vivem senão pela frecha, seu mantimento he
caça, bichos e carne humana, fazem fogo debaixo do chão por não serem
sentidos nem saberem onde andão.
 O Iluminismo
 O ciclo do ouro
 O mito do bom selvagem
 Inconfidência Mineira
 Declínio do ciclo do ouro
 O Uraguai
 Caramuru
Retorno às origens
Construção da Nacionalidade
Medievalismo na Europa X Brasilianismo
As visões de índio
- Peri
- Moema
- Iracema
Hegemonia européia
- Darwinismo
- Marxismo
- Psicanálise
- Cientificismo
- Cartesianismo
Reprodução Tupiniquim
- Abolicionismo
- Urbanismo
- Cenas burguesas
Realismo
Naturalismo
- Formalismo
Parnasianismo
Pré-Modernismo
Modernismo
-Euclides da Cunha: Os Sertões
-Mário de Andrade: Macunaíma
-Lima Barreto: Policarpo Quaresma
-Oswald de Andrade: paródia/pastiche
-Monteiro Lobato: o folclore
-Tarsila do Amaral: O Abaporu
A descoberta
Seguimos nosso caminho por este mar de longo
Até a oitava da Páscoa
Topamos aves
E houvemos vista de terra
os selvagens
Mostraram-lhes uma galinha
Quase haviam medo dela
E não queriam por a mão
E depois a tomaram como espantados
primeiro chá
Depois de dançarem
Diogo Dias
Fez o salto real
as meninas da gare
Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis
Com cabelos mui pretos pelas espáduas
E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas
Que de nós as muito bem olharmos
Não tínhamos nenhuma vergonha.
(in Poesias Reunidas. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1971.)
Um índio
Um índio descerá de uma estrela colorida e brilhante
De uma estrela que virá numa velocidade estonteante
E pousará no coração do hemisfério sul, na América, num claro instante
Depois de exterminada a última nação indígena
E o espírito dos pássaros das fontes de água límpida
Mais avançado que a mais avançada das mais avançadas das tecnologias
Virá, impávido que nem Muhammed Ali, virá que eu vi
Apaixonadamente como Peri, virá que eu vi
Tranqüilo e infalível como Bruce Lee, virá que eu vi
O axé do afoxé, filhos de Ghandi, virá
Um índio preservado em pleno corpo físico
Em todo sólido, todo gás e todo líquido
Em átomos, palavras, alma, cor, em gesto e cheiro
Em sombra, em luz, em som magnífico
Num ponto equidistante entre o Atlântico e o Pacífico
Do objeto, sim, resplandecente descerá o índio
E as coisas que eu sei que ele dirá, fará, não sei dizer
Assim, de um modo explícito
E aquilo que nesse momento se revelará aos povos
Surpreenderá a todos, não por ser exótico
Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto
Quando terá sido o óbvio
Caetano Veloso
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