REGULADORES DE CRESCIMENTO NA PRÉ-EMBEBIÇÃO DE SEMENTES DE ALGODOEIRO
SOB CONDIÇÃO SALINA (*)
Elvis Lima Vieira (UFBA - Cruz das Almas / , Tania Fonseca Barros; Leônidas F. de Q. Tavares Filho
(UFBA), Edvânia Souza Vieira (UFBA), Djalma Barbosa dos Santos (UFBA); Arnaldo L. Santos Filho
(UFBA).
RESUMO - O trabalho teve como objetivo superar os efeitos inibitórios da salinidade através da préembebição de sementes de algodoeiro, em reguladores de crescimento à base de ácido giberélico.
Utilizou-se sementes de Algodão cultivar Delta OPAL e solução salina de NaCl de 16,7 dS m-1. As
sementes foram submetidas ao processo de embebição por 12 horas em quatro soluções: água
(controle); ProGibb® (200 mg L-1); N-Large (200 mL L-1) e Stimulate® (20 mL L-1). Após a embebição,
instalou-se: teste de germinação modificado com 4 repetições de 50 sementes, emergência de
plântulas em areia com quatro repetições de 25 sementes; vigor de plântulas, crescimento de plântulas,
porcentagem de germinação, plântulas normais, anormais e mortas, altura de plântulas em areia,
comprimento da parte aérea e raiz de plântulas, emergência de plântulas em areia, em delineamento
inteiramente casualizado. Os resultados foram submetidos a análise de variância. A simples embebição
em água, atenuou significativamente os efeitos inibitórios da salinidade de 16,7 dS m-1, sobre as
sementes de algodoeiro. A pré-embebição em N-Large (200 mL L-1) proporcionou os melhores
resultados em relação ao crescimento, comprimento da parte aérea e raiz de plântulas, germinação de
sementes, registrando ainda um baixo índice de plântulas anormais bem como sementes mortas.
Palavras- chave: ácido giberélico, salinidade e algodão.
PLANT GROWTH REGULATORS ON THE PREIMBIBITION OF SEEDS OF COTTON PLANT
UNDER SALT CONDITIONS
ABSTRACT - The work had as objective to surpass the inhibitory effect of the salinity through the
preimbibition of cotton plant seeds, in plant growth regulators to the base of gibberellic acid. It used
cotton seeds cultivar Delta OPAL and saline solution of NaCl of 16,7 dS M-1. The seeds had been
submitted to the process of imbibition for 12 hours in four solutions: water (control); ProGibb® (200 mg
L-1); N-Large (200 mL L-1) and Stimulate® (20 mL L-1). After the preimbibition, was installed: germination
test with 4 repetitions of 50 seeds, seedling emergency in sand with four repetitions of 25 seeds;
seedling vigor, seedling growth, percentage of germination, seedling normal, abnormal and deceased,
seedling height in sand, length of the aerial part and root of seedling. Delineation entirely randomized
was used. The results had been submitted the variance analysis. The simple imbibition in water,
significantly attenuated the inhibitory effect of the 16,7 salinity dS M-1, on the cotton plant seeds. The
preimbibition in N-Large (200 mL L-1) provided the best ones resulted in relation to the growth, length of
the aerial part and root of seedlings, seeds germination, registering still a abnormal seedlings low index
as well as deceased seeds.
Key words: gibberellic acid, salinity, cotton.
INTRODUÇÃO
O Brasil vem despontando como produtor de algodão. A Bahia ocupa posição significativa
entre os estados produtores de algodão, no qual o oeste baiano responde pela maior produção do
estado. A OMC (Organização Mundial do Comercio), recentemente vetou os subsídios do governo
Norte Americano dado aos seus contonicultores, isso colocou o Brasil em posição equivalente aos
demais exportadores mundiais. Com isso o Brasil vem fortalecendo sua imagem dentro da própria
OMC e principalmente no Agribusiness.
Em 2004, segundo dados do IBGE (2005), a produção de algodão brasileira foi de 3.790.336 t
e estima-se para esse ano uma produção de 4.016.782 t, com uma variação percentual positiva de
5,97 %. Atualmente somos o oitavo maior produtor de Algodão (RANKING BRASIL, 2005).
Pesquisas vem sendo desenvolvidas no Brasil com intuito de melhorar a qualidade bem como
a produtividade de diversas culturas. O algodão é um produto essencial, pois sua fibra é utilizada na
confecção de vestuários, produtos curativos e outras.
Um dos problemas enfrentados pelos cotonicultores é o excesso de sais solúveis, os quais
provocam uma redução do potencial hídrico do solo, induzindo uma menor capacidade de absorção de
água pelas sementes e plantas, comprometendo assim, todo ciclo da cultura. Esta redução do
potencial hídrico (efeito osmótico), associada à entrada de íons a níveis tóxicos na semente (efeito
tóxico), interferem no processo de embebição pela semente, influindo negativamente na germinação de
sementes, vigor das plântulas e, consequentemente, no desenvolvimento normal das plântulas e
plantas (REBOLÇAS et al., 1989).
Leite e Aragão (1976) relataram que o tratamento de pré-embebição em ácido giberélico não
consegue diminuir os efeitos adversos do estresse salino sobre a germinação de sementes de arroz.
Os mesmos autores sujerem a utilização de outras concentrações e tempo de embebição, para a
verificação da eficiência destes pré-tratamentos em reverter os efeitos adversos do estresse salino.
As giberelinas possuem efeito estimulatório no processo germinativo, quando aplicadas em
sementes com dormência e também, em não dormentes. As sementes podem necessitar de giberelinas
para uma série de eventos: ativação do crescimento vegetativo do embrião, mobilização das reservas
do endosperma e no enfraquecimento da camada de endosperma que circunda o embrião,
favorecendo assim seu crescimento (TAIZ e ZEIGER, 2004).
O presente trabalho teve como objetivo superar os efeitos inibitórios da salinidade através da
pré-embebição de sementes de algodoeiro, em reguladores de crescimento à base de ácido giberélico.
MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi conduzido no Laboratório de Fisiologia Vegetal do Centro de Ciências Agrárias e
Ambientais da UFBA. Utilizou-se sementes de Algodão cultivar Delta OPAL e solução salina (Richards,
1954) de NaCl de 16,7 dS m-1 de condutividade elétrica (-0,6MPa) segundo. As sementes foram
submetidas ao processo de embebição por 12 horas em quatro soluções (tratamentos): água (controle);
ProGibb® (200 mg L-1); N-Large (200 mL L-1) e Stimulate® (20 mL L-1). O N-Large e o ProGibb®, são
reguladores vegetais a base de ácido giberélico, com 4% e 10%, respectivamente. O Stimulate® é um
estimulante vegetal composto por três reguladores vegetais (0,009% de cinetina, 0,005% Ácido
giberélico, 0,005% de ácido indolbutírico e 99,98% de ingredientes inertes (STOLLER DO BRASIL,
1998).
Após as 12 horas de embebição, instalou-se em delineamento inteiramente casualizado: a)
teste de germinação modificado, com quatro repetições de 50 sementes para cada tratamento,
semeadas em papel apropriado para germinação, na forma de rolo e acondicionada em germinador a
25°C (Brasil 1992); b) emergência de plântulas em areia com quatro repetições de 25 sementes; c)
teste de vigor de plântulas utilizando-se quatro repetições de 10 sementes, semeadas igualmente ao
teste de germinação.
Avaliou-se: crescimento de plântulas (CPL) em centímetros, porcentagem de germinação (%
G), porcentagem de plântulas normais (% PLN), porcentagem de plântulas anormais (% PLAN),
porcentagem de sementes mortas (% SM), altura de plântulas em areia (ATPL), comprimento da parte
aérea de plântulas (CPAPL), comprimento da raiz de plântulas (CRPL) e emergência de plântulas em
areia no 4° dia após a semeadura (DAS). Foi realizada análise de variância e as médias dos
tratamentos foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Para as variáveis obtidas
em porcentagem, utilizou-se, quando necessário, a transformação arc seno(√x/100). As análises de
estatística foram realizadas pelo programa estatístico SISVAR (FERREIRA, 2000).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na tabela 1 estão contidos os dados referentes à germinação de sementes de algodão, préembebidas em reguladores vegetais de crescimentos por 12 horas, em meio salino de -0,6 MPa.
Tabela 1. Efeito da pré-embebição em reguladores vegetais de sementes de algodão em meio salino
de Cloreto de Sódio (-0,6 MPa).
Tratamentos CPL (cm)
%G
% PLAN
% SM
ATPL
CPAPL
CRPL (cm)
(cm)
(cm)
H2O
8,89 a b 75,50 b
4,00 a
20.50 c
7,43 a
7,82 a b
17,62 a b
N-Large
10,74 a
91,50 a
1,50 b
7.00 d
6,34 b
9,72 a
23,45 a
ProGibb®
7,11 b
45,00 c
4,50 a
50.50 b
5,44 b
5,82 b
13,42 b
Stimulate®
0,65 c
6,00 d
0,50 b
93.50 a
0,00 c
0,00 c
0,00 c
Média geral
6,85
54,50
2,62
42,87
4,80
5,84
13,62
CV (%)
17,36
10,05
45,34
13,05
9,97
20,87
29,38
Médias, nas colunas, seguidas de mesma letra não diferem entre si de acordo com o teste de comparação de médias de
Tukey a 5 % de probabilidade.
CPL – Crescimento de plântula; G – Germinação; PLAN – Sementes anormais; SM – Sementes mortas; ATPL – Altura de
plântula em areia; CPAPL – Comprimento da parte aérea da plântula; CRPL - Comprimento da raiz da plântula.
*
Com relação ao crescimento de plântulas observa-se a distinção em três grupos, sendo que os
tratamentos de pré-embebição em água (8,89 cm) e N-Large (10,74 cm) apresentarem os melhores
resultados, por sua vez o tratamento com N-Large apresentou-se superior ao de pré-embebição em
água. Observa-se ainda que, os tratamentos com ProGibb® (7,11 cm) e Stimulate® (0,65 cm)
apresentaram resultados inferiores, no qual a simples embebição em Stimulate® mostrou-se ineficiente
para superar os efeitos inibitórios da salinidade.
O mesmo caso foi observado na germinação, no qual o N-Large (91,50 %), mostrou-se
estatisticamente superior aos demais tratamentos. Por outro lado, a germinação de sementes que
Excluído: padrão de
Excluído: o
foram embebidas em água (75,50 %), apresentou-se mais eficiente do que a embebição em ProGibb®
(45,00 cm) e Stimulate® (6,00 %).
O baixo índice de plântulas anormais (PLAN) verificado no tratamento a base de Stimulate®
deve-se ao fato que houve baixa germinação, sendo que o N-Large (1,50 %), além de apresentar o
maior índice de germinação, mostrou-se superior aos demais tratamentos.
Maior porcentagem de sementes mortas no tratamento a base de Stimulate® (93,50 %),
provavelmente se deveu a ação fitotóxica do produto em função da dosagem utilizada associada à
condição salina estabelecida.
A simples embebição em água de sementes de algodão foi o suficiente para superar o efeito
salino em areia, no qual a altura média de plântulas foi 7,43 cm. No entanto observa-se que o N-Large
(6,34 cm) e o ProGibb® (5,44 cm) mostraram o mesmo efeito. Observa-se ainda que houve toxidez nas
sementes tratadas com Stimulate®.
Na avaliação de comprimento da parte aérea da plântula e comprimento da raiz da plântula, as
sementes tratadas com N-Large apresentaram os maiores valores, 9,72 cm e 23,45 cm,
respectivamente. Por outro lado, sementes tratadas com água apresentaram resultados semelhantes
ao do N-Large, quanto ao comprimento da parte aérea da plântula (7,82 cm) e ao comprimento de raiz
da plântula (17,62 cm).
CONCLUSÕES
1. A simples embebição em água, atenuou significativamente os efeitos inibitórios da salinidade de 16,7
dS m-1, sobre as sementes de algodoeiro;
2. A pré-embebição em N-Large (200 mL L-1) proporcionou os melhores resultados em relação ao
crescimento, comprimento da parte aérea e raiz de plântulas, germinação de sementes, registrando
ainda um baixo índice de plântulas anormais bem como sementes mortas.
(*) Apoio Stoller do Brasil – Divisão Arbore (www.stoller.com.br).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PRISCO, J. T. Efeitos da salinidade na germinação de sementes e no crescimento das plantas. In:
REUNIÃO SOBRE SALINIDADE EM ÁREAS IRRIGADAS, 1., 1978, Fortaleza. Anais... Fortaleza:
MINTER/SUDENE, 1978. 198 p.
RANKING BRASIL. Disponível em:
Acessado em 20 de Maio de 2005.
http://www.rankbrasil.com.br/maismais/agricultura/default.asp.
REBOLÇAS, M. A. A.; FAÇANHA, J. G. V.; FERREIRA, L. G. R. & PRISCO, J. T. Crescimento e
conteúdo de N, P, K e Na em três cultivares de algodão sob condições de estresse salino. Revista
Brasileira de Fisiologia Vegetal, Londrina, v. 1, n. 1, p. 79 – 85, 1989.
RICHARDS, L. A. Diagnosis and improvement of saline and alkali soils. Washington: USDA, 1954.
v. 60, p. 1 – 160
STOLLER DO BRASIL. Stimulate Mo em hortaliças: informativo técnico. Cosmópolis: Divisão Arbore,
1998. 1 v.
TAIZ, L.; ZEIGER, E. Plant physiology. 3. ed. Sunderland: Sinauer Associates, 2004. 719 p.
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