ID: 62304243 16-12-2015 Tiragem: 75041 Pág: 8 País: Portugal Cores: Preto e Branco Period.: Diária Área: 25,50 x 21,45 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 \ ledicina Bastonário dos Médicos quer redução do número de novos alunos mas reitor de Coimbra é contra Dois irmãos divergem sobre "numerus clausus" Inês Schreck [email protected] I> São irmãos, ocupam cargos bem distintos, mas tem posições totalmente opostas sobre o "numerus clausus" dos cursos de Medicina. João Gabriel Silva, reitor da Universidade de Coimbra (UC), é contra a redução do número de alunos que entram todos os anos nas faculdades de Medicina. O irmão. José Manuel Silva, bastonário da Ordem dos Médicos (0M) defende precisamente o contrário, em nome da qualidade da formação médica pré e pós-graduada e das necessidades do país. Anteontem. segundo noticiou o jornal "Diário de Coimbra', o reitor da UC terá sido desafiado pelos es•tudantes de Medicina a liderar um esforço de redução dos numerus clausus nas escolas médicas. João Gabriel Silva respondeu que "seria muito difícil de explicar à sociedade, quando há tanta gente com vontade de tirar o curso de Medicina em Coimbra, que lhe cortamos essa possibilidade". "Seria incompreensível fazer um movimento nesse sentido", afirmou, acrescentando que "se a missão da universidade fosse formar pessoas com emprego garantido, uma parte substancial dos cursos das universidades portuguesas estaria ou fechado ou reduzido a quase nada". Apesar da divergência de opiniões, José Manuel Silva não ficou surpreendido com as declarações do irmão e até consegue entendéias: "São semelhantes às dos outros .reitores. As universidades portuguesas estão asfixiadas e a redução do numero de alunos tem um impacto financeiro", afirmou, ao IN, frisando que o irmão fala na perspetiva do financiamento das universidades e não na perspetiva da Ordem dos Médicos. No entanto, sublinhou o bastonário, todos os cursos das universidades têm números clausus e só os de Medicina estão acima das capacidades pré e pós-graduadas. José Manuel Silva entende que o impacto da redução dos alunos de Medicina no orçamento das universidades poderia sér compensado com um "ligeiro aumento" do financiamento por estudante. José Manuel Silva e João Gabriel Silva têm diferentes visões sobre os cursos de Medicina Ordem procura vagas no privado • O presidente da Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos visitou ontem a Casa de Saúde da Boavista para se inteirar da possibilidade de aquela unidade privada dar formação especializada a médicos internos. A falta de um quadro médico próprio (funciona com médicos prestadores de serviços) deixa a hipótese "fora de questão". Em todo o pais, há muito poucas instituições de saúde privadas com capacidades formativas atribuídas pela Ordem dos Médicos. Segundo Miguel Guimarães, haverá cerca de 100 vagas (num total de mais de 1500) em unidades privadas, a maioria no Hospital da Luz, em Lisboa. As visitas aos privados vão continuar para que no próximo ano se possam abrir mais vagas e evitar que haja médicos sem acesso à especialidade, como aconteceu este ano. Ao IN, o reitor de Coimbra admitiu que é contra a redução dos numerus clausus de Medicina mas garantiu que "não é pelo aspeto financeiro, apesar de este ter algum impacto". "Se o Governo decidir baixar esse numero estará a ir contra uma manifesta vontade da sociedade. O mais importante é que se deixe bem claro que também em Medicina se deixou de poder dar garantias de emprego", afirmou João Gabriel Silva. "Tem de garantir qualidade" Miguel Guimarães. presidente da Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos reagiu de forma mais incisiva às declarações proferidas anteontem pelo reitor de Coimbra. "A universidade não tem de garantir emprego a toda a gente. mas há uma coisa que tem obrigação de garantir que é a qualidade da formação pré-graduada". afirmou, considerando que, neste momento, "porque o numerus clausus é excessivamente elevado, estes estudantes estão a ser prejudicados, não estão a ter o ensino que deviam ter". "A formação em Medicina em Coimbra é de grande qualidade e muito competitiva em termos internacionais", contrapõe João Gabriel Silva, reiterando que a "esmagadora maio- ria das aulas funciona bem'. •