Saúde Coletiva
ISSN: 1806-3365
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Editorial Bolina
Brasil
Abramo, Andréa; Silva, Alexandre; Souza, Milton Xavier; da Silva Pinto, Tissiany; de Melo, Fábio Luiz;
Funabashi, Karina Yuri
Possíveis relações entre os indicativos de estresse em pacientes com psoríase comparados com
indivíduos sem problemas dermatológicos
Saúde Coletiva, vol. 9, núm. 58, 2012, pp. 113-117
Editorial Bolina
São Paulo, Brasil
Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=84225063003
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dermatologia e saúde coletiva
Abramo A, Silva A, Souza MX, Pinto TS, Melo FL, Funabashi KY. Possíveis relações entre os indicativos de estresse em pacientes com
psoríase comparados com indivíduos sem problemas dermatológicos
Possíveis relações entre os indicativos
de estresse em pacientes com psoríase
comparados com indivíduos sem
problemas dermatológicos
O objetivo desse estudo foi realizar comparação do estresse entre pacientes com psoríase com indivíduos sem problema
dermatológico. Trata-se de um estudo quantitativo realizado com 40 indivíduos, 20 com psoríase e 20 sem lesão dermatológica. Não houve relação entre os indicativos de estresse em pacientes com psoríase quando comparados com indivíduos sem lesões dermatológicas e não houve relação entre as lesões físicas e qualidade de vida.
Descritores: Psoríase; Qualidade de vida, Estresse.
This study aims to compare the stress among patients with psoriasis and those without skin problems. It is a quantitative
study conducted with 40 individuals, 20 diagnosed with psoriasis and 20 individuals without any skin dermatologicals
injuries. There was no relationship between indicators of stress in patients with psoriasis compared with patients without
dermatologicals injuries and there was no relationship between the injury and the impairment of quality of life.
Descriptors: Psoriasis; Quality of life; Stress.
El objetivo de este estudio fue hacier comparación de lo estrés entre los enfermos de psoriasis y los que no tienen problemas en la piel. Este es un estudio cuantitativo hecho con 40 individuos, 20 con diagnóstico clínico de psoriasis y 20
individuos sin lesiones de piel. No hubo relación entre los indicadores de estrés en pacientes con psoriasis en comparación con los individuos sin lesiones y no hubo relación entre la lesión y la calidad de vida.
Descriptores: Psoriasis; Calidad de vida; Estrés.
Andréa Abramo
Tissiany da Silva Pinto
Fisioterapeuta. Especialista em Fisioterapia
Dermato-funcional. Mestre em Ciências da Saúde.
Docente da Universidade Cruzeiro do Sul.
[email protected]
Graduanda em Fisioterapia Universidade Cruzeiro
do Sul.
[email protected]
Fábio Luiz de Melo
Alexandre Silva
Graduando em Fisioterapia Universidade Cruzeiro
do Sul.
[email protected]
Fisioterapeuta. Mestre em Ciências da Reabilitação.
Docente na Universidade Cruzeiro do Sul.
[email protected]
Karina Yuri Funabashi
Milton Xavier Souza
Graduanda em Fisioterapia Universidade Cruzeiro
do Sul.
[email protected]
Fisioterapeuta. Especialista em Fisioterapia Respiratória.
[email protected]
Recebido: 20/12/2010
Aprovado: 14/08/2012
INTRODUÇÃO
psoríase é uma dermatose inflamatória crônica recorrente
caracterizada por hiperplasia epidérmica com lesões eritêmato-escamosas. Apresenta um ciclo evolutivo acelerado dos
queratinócitos, associados a uma ativação imune inapropria-
A
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dermatologia e saúde coletiva
Abramo A, Silva A, Souza MX, Pinto TS, Melo FL, Funabashi KY. Possíveis relações entre os indicativos de estresse em pacientes com
psoríase comparados com indivíduos sem problemas dermatológicos
da1,2. Tem distribuição universal, com prevalência de 1 a 3%,
dependendo da população em estudo. Pode afetar indivíduos
de todas as idades, sendo mais frequente na terceira e quarta
década de vida, porém, rara em negros1.
Apesar de ter causa desconhecida, sabe-se que tem base
hereditária, provavelmente multifatorial, o que significa dizer
que é de herança poligênica e requer fatores ambientais para
sua expressão, como trauma cutâneo de diversas naturezas,
infecções, drogas e estresse emocional, embora sua forma de
transmissão não seja determinada1-3.
As lesões têm início na forma de pápulas foliculares
eritematosas com a formação posterior de placas eritêmatoescamosas, de limites bem definidos, sendo que a lesão mais
típica consiste numa placa bem demarcada, de coloração
rosada a salmão, recoberta por escamas frouxamente aderentes
que, tipicamente, exibem coloração branco-prateada1,2,4. A
forma mais comum é a psoríase em placas ou psoríase vulgar,
sendo observada em 90% dos casos. Outras formas também
são encontradas, como a psoríase em gotas, eritrodérmica e a
psoríase pustulosa1,3,5.
O estresse ocorre quando componentes físicos, químicos,
mentais e emocionais reagem com o organismo causando alterações psicofisiológicas e acontece quando a pessoa se depara
com situações que possam irritá-la, amedrontá-la ou fazê-la
feliz6. O agente estressor pode ser qualquer estímulo que leve a
mobilização de recursos corporais para repelir o perigo percebido. O estresse prolongado coloca em perigo a sobrevivência,
porque priva o indivíduo de recursos para a vida.
Este trabalho teve como objetivo identificar os indicativos de estresse em pacientes com psoríase e correlacionálos com não portadores de alterações dermatológicas.
mETODOLOGIA
Esta pesquisa foi aprovada pela Comissão de Ética da Uni­
versidade Cruzeiro do Sul sob protocolo nº 017/2010.
A composição da amostra foi realizada através de contatos
com clínicas na cidade de São Paulo e também por indicação
dos próprios pacientes que conheciam outras pessoas que conviviam com a doença. A escolha se deu de forma independente
do grau de psoríase ou de sua regionalização. Foi coletada uma
amostra com 20 pacientes com psoríase (grupo clínico) e 20
indivíduos sem lesão dermatológica (grupo não clínico), no
período de janeiro a junho de 2010.
Para quantificar a gravidade da lesão foi utilizado o Índice
de Avaliação da Intensidade da Psoríase (PASI) que é um
método padronizado e o mais utilizado atualmente. Com esse
instrumento avaliou-se cada região do corpo individualmente e atribuiu-se um escore que poderia variar de 0 a 72, de
acordo com a extensão de áreas atingidas e com a variação
do eritema, espessura e descamação. Foi considerada doença
leve quando o escore foi menor que 10, moderada quando
114
estivesse entre 11 e 50 e severa quando fosse maior que 517.
Para avaliar a qualidade de vida do paciente com psoríase
foi utilizado o Índice de Incapacidade Causada pela Psoríase
(PDI), um instrumento que pode ser aplicado sem a necessidade de explicações detalhadas pela sua simplicidade e que
avaliou as questões ligadas às atividades diárias, trabalho/
escola, relações pessoais e lazer8.
Para todos os participantes do estudo, foi aplicada a Escala
de Avaliação de Reajustamento Social de Holmes e Rahe9,
utilizada para medir eventos que estariam interferindo na vida
pessoal dos indivíduos no último ano, baseando-se na ideia
que mudanças significativas na vida faria com que houvesse
um esforço maior para se reajustar à sociedade criando um
desgaste que poderia levar a sérias doenças.
Para identificar a presença de algum sintoma de estresse e
qualificá-lo, foi utilizado o Inventário de Sintomas de Stress
(ISS). A partir da constatação, foi verificado se esse stress estaria relacionado com fatores somáticos ou psicológicos e em
que fase se encontrava10.
A análise estatística dos dados foi realizada utilizando-se o nível
de significância de 5% (p≤0,05) e empregadas estatísticas descritiva
e inferencial com os testes t de Student e correlação de Pearson.
RESULTADOS
Tanto no grupo clínico quanto no grupo não clínico, nove indivíduos eram do sexo masculino (45%) e 11 do sexo feminino
(55%). A média de idade no grupo clínico foi de 40,10 anos (DP
±13,15) e 32,45 (DP ±12,28) no grupo não clínico (Tabela 1).
Quando analisada a qualidade de vida no grupo clínico,
foram encontrados os seguintes resultados: atividades diárias
= 2,60 pontos (DP ±2,89), escola/trabalho = 0,70 pontos (DP
±1,34), relacionamento pessoal = 0,70 pontos (DP ±1,30) e
lazer = 1,40 pontos (DP ±2,60), correspondendo respectivamente às seguintes porcentagens: 8,67%, 3,89%, 5,83% e
4,67%. Esses números evidenciaram que não houve prejuízo
da qualidade de vida por causa das lesões (Tabela 1).
A pontuação referente ao nível de stress no grupo clínico
foi a seguinte: fase de alerta = 2,35 pontos (DP ±2,21), fase de
resistência = 3,00 pontos (DP ±2,71) e fase de exaustão = 3,70
pontos (DP ±3,36) e no grupo não clínico, fase de alerta = 2,22
pontos (DP ±2,73), fase de resistência = 3,00 pontos (DP ±2,43)
e fase de exaustão = 2,89 pontos (DP ±3,45). Ficou evidenciado
que nenhum grupo encontrava-se dentro das fases críticas do
stress (Tabela 1).
Quando foram avaliados os eventos que estariam interferindo
na vida pessoal dos indivíduos, obteve-se a média de 199,00 pontos para o grupo clínico (DP ±92,03), 171,67 pontos para o grupo
não clínico (DP ±104,19) e 190,03 pontos para todos os indivíduos (DP ±95,33). Os resultados indicam que ambos os grupos
encontravam-se com moderada probabilidade de ter uma doença
em futuro próximo. Não houve diferença estatística significativa
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dermatologia e saúde coletiva
Abramo A, Silva A, Souza MX, Pinto TS, Melo FL, Funabashi KY. Possíveis relações entre os indicativos de estresse em pacientes com
psoríase comparados com indivíduos sem problemas dermatológicos
Tabela 1 - Comparação entre indivíduos com psoríase e pessoas sem lesão dermatológica. Cidade de São Paulo, 2010.
Idade (anos)
PASI (pontos) **
Holmes (pontos) ***
Grupo clínico
Média (±DP)
40,10 (13,15)
5,37 (6,67)
199,00 (92,03)
Grupo não clínico
Média (±DP)
32,45 (12,28)
171,67 (99,10)
p*
0,28
Total
Média (±DP)
36,28 (13,14)
190,03 (95,33)
2,22 (1,73)
3,00 (2,43)
2,89 (3,45)
0,06
0,11
0,13
2,95 (2,27)
3,80 (2,93)
3,88 (3,80)
-
-
-
ISS – Inventário de Sintomas de Stress (pontos)
2,35 (2,21)
Alerta
3,00 (2,71)
Resistência
3,70 (3,36)
Exaustão
PDI – Índice de Incapacidade Causada pela Psoríase (pontos)
Atividades diárias
Escola/Trabalho
Relações pessoais
Lazer
2,60 (2,89)
0,70 (1,34)
0,70 (1,30)
1,40 (2,60)
* Referente ao teste t de Student. ** Psoriasis Area and Severity Index (Grau de intensidade da psoríase). *** Escala de Avaliação de Reajustamento Social de
Holmes e Rahe.
Tabela 2 - Indivíduos sem lesão dermatológica quanto ao estresse (ISS), discriminados por gênero. Cidade de São Paulo, 2010.
Idade (anos)
Holmes (pontos)* *
Masculino (n=9)
Média (±DP)
30,33 (14,41)
147,78 (74,15)
Feminino (n=11)
Média (±DP)
34,18 (10,63)
208,27 (113,23)
p*
0,17
Total (n=20)
Média (±DP)
32,45 (12,28)
171,67 (99,10)
4,27 (2,49)
5,45 (3,48)
5,09 (4,61)
0,10
0,14
0,23
2,22 (1,73)
3,00 (2,43)
2,89 (3,45)
ISS – Inventário de Sintomas de Stress (pontos)
Alerta
Resistência
Exaustão
2,67 (1,58)
3,56 (1,94)
2,78 (3,66)
* Referente ao teste t de Student. ** Escala de Avaliação de Reajustamento Social de Holmes e Rahe.
Tabela 3 - Indivíduos com psoríase quanto ao grau de intensidade da doença (PASI), estresse (ISS) e qualidade de vida
(PDI), discriminados por gênero. Cidade de São Paulo, 2010.
Idade (anos)
PASI (pontos)**
Holmes (pontos)***
Masculino (n=9)
Média (±DP)
32,78 (8,23)
4,37 (5,83)
195,56 (118,69)
Feminino (n=11)
Média (±DP)
46,09 (13,66)
6,19 (7,47)
201,82 (69,30)
p*
0,55
0,89
Total (n=20)
Média (±DP)
40,10 (13,15)
5,37 (6,67)
199,00 (92,03)
2,82 (2,44)
3,45 (2,66)
4,27 (3,35)
0,29
0,43
0,42
2,35 (2,21)
3,00 (2,71)
3,70 (3,36)
2,73 (3,00)
0,91 (1,70)
0,73 (1,27)
1,55 (2,62)
0,83
0,43
0,92
0,79
2,60 (2,89)
0,70 (1,34)
0,70 (1,30)
1,40 (2,60)
ISS – Inventário de Sintomas de Stress (pontos)
1,78 (1,86)
Alerta
2,44 (2,83)
Resistência
3,00 (3,43)
Exaustão
PDI – Índice de Incapacidade Causada pela Psoríase (pontos)
Atividades diárias
Escola
Relações pessoais
Lazer
2,44 (2,92)
0,44 (0,73)
0,67 (1,41)
1,22 (2,73)
* Referente ao teste t de Student. ** Psoriasis Area and Severity Index (Grau de intensidade da psoríase). *** Escala de Avaliação de Reajustamento Social de Holmes e Rahe.
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dermatologia e saúde coletiva
Abramo A, Silva A, Souza MX, Pinto TS, Melo FL, Funabashi KY. Possíveis relações entre os indicativos de estresse em pacientes com
psoríase comparados com indivíduos sem problemas dermatológicos
Tabela 4 - Pessoas com psoríase quanto ao grau de intensidade da psoríase (PASI), estresse (ISS) e qualidade de vida
(PDI), discriminados por faixa etária. Cidade de São Paulo, 2010.
PASI (pontos)***
Holmes (pontos)****
< 40 anos (n=11)
Média (±DP)
3,19 (2,80)
197,91 (116,90)
≥ 40 anos (n=9)
Média (±DP)
8,03 (9,03)
200,33 (55,04)
p*
0,15
0,95
Total (n=20)
Média (±DP)
5,37 (6,67)
199,00 (92,03)
3,44 (2,13)
3,56 (2,30)
4,56 (3,05)
0,04**
0,41
0,31
2,35 (2,21)
3,00 (2,71)
3,70 (3,36)
3,00 (3,08)
0,67 (1,12)
0,89 (1,36)
1,89 (2,89)
0,59
0,92
0,57
0,47
2,60 (2,89)
0,70 (1,34)
0,70 (1,30)
1,40 (2,60)
ISS – Inventário de Sintomas de Stress (pontos)
1,45 (1,92)
Alerta
2,55 (3,05)
Resistência
3,00 (3,58)
Exaustão
PDI – Índice de Incapacidade Causada pela Psoríase (pontos)
Atividades diárias
Escola/Trabalho
Relações pessoais
Lazer
2,27 (2,83)
0,73 (1,56)
0,55 (1,29)
1,00 (2,41)
* Referente ao teste t de Student. ** Diferença estatística significante (p < 0,05). *** Psoriasis Area and Severity Index (Grau de intensidade da psoríase).
**** Escala de Avaliação de Reajustamento Social de Holmes e Rahe.
(p>0,05) quando comparados os dados referentes à qualidade de
vida, stress e grau de intensidade da psoríase entre o grupo clínico
e não clínico (Tabela 1).
No grupo clínico a maioria dos pacientes (85%) encontrava-se com o grau de psoríase leve (<10 pontos) e 15% com
grau moderado (entre 10 e 50 pontos). A média do grau da
psoríase entre os participantes do sexo masculino no grupo
clínico foi de 4,37 pontos (DP ±5,83) e 6,19 pontos (DP
±7,47) entre o sexo feminino.
Não foi encontrada diferença estatística significativa quando comparados os eventos que interferem na vida social
causadores de doenças, sintomas de estresse e qualidade de
vida entre gêneros do grupo não clínico (Tabela 2) quando
comparados aos mesmos fatores e o grau da psoríase no
grupo clínico (Tabela 3).
A análise estatística dos dados por faixa etária, no grupo
clínico, mostrou uma diferença estatística significativa, quando comparada a fase de alerta do estresse em pacientes com
idade superior a 40 anos (Tabela 4).
DISCUSSÃO
Atualmente, todos os indivíduos estão expostos a fatores estressantes, quer seja em maior ou menor grau6. A associação com o
estresse emocional tem sido relatada não só por pessoas com psoríase, como também por outras sem qualquer comprometimento
dermatológico.
Dentre os pacientes com psoríase, as regiões mais acometidas foram os membros superiores (65%) e o eritema e descamação as características mais evidenciadas (45%). O prurido
foi o sintoma mais comum, relatado por 35%, seguido pela
ardência e fissura que constituiu 30% dos entrevistados.
116
A idade do início da psoríase coincide com um dos picos
de incidência, segunda década1,2, o que vem ao encontro
com o estudo em questão, onde a média do início da doença
foi de 22,5 anos.
A escolha do PASI, como instrumento de avaliação do grau de
comprometimento da lesão, se deu pelo fato de ser amplamente
utilizado e por ser possível comparar os resultados obtidos com outras
publicações existentes7.
Muitos estudos mostram o impacto que a doença causa e
a importância da qualidade de vida na psoríase11-13 sendo
inúmeros os questionários propostos para que se possa mensurar tal aspecto. O PDI foi escolhido por ser um questionário
dirigido diretamente para psoríase, por haver publicações
que mostram uma boa correlação com o PASI e por possuir
tradução validada para o português14.
Para avaliar os indicativos de estresse e ter a possibilidade de
correlacionar com o grau de intensidade da doença, nos pacientes com psoríase, foi escolhido o Inventário de Sintomas de Stress
(ISS), que mostra que os efeitos do stress podem se manifestar
tanto na área somática como na cognitiva e que aparecem em
sequência e graduação de seriedade na medida em que as fases
do stress agravam, ou seja, na primeira fase vem o alerta dos sintomas, na segunda o organismo tenta uma adaptação e por fim vem
à exaustão, caso o organismo falhe nas tentativas de combate10.
As pessoas vivem o dia a dia sempre em contato com fontes
estressantes, que podem variar e agir de forma diferente para cada
um6. Constatou-se que todos os indivíduos passavam por situações semelhantes e se encontravam com moderada probabilidade
de ter um problema de saúde em um futuro próximo, quando
avaliados os eventos que poderiam interferir em suas vidas.
Em alguns estudos foi verificado um maior prejuízo nas ati-
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Abramo A, Silva A, Souza MX, Pinto TS, Melo FL, Funabashi KY. Possíveis relações entre os indicativos de estresse em pacientes com
psoríase comparados com indivíduos sem problemas dermatológicos
vidades rotineiras em relação às relações pessoais e ao lazer,
quando analisada a qualidade de vida15. Esse fato vem ao
encontro do presente estudo, onde as atividades diárias foram
as que mais tiveram prejuízo, apesar de ter sido encontrada
uma correlação fraca entre o grau de intensidade de psoríase
e qualidade de vida (r=0,24). As relações pessoais foram as
que tiveram menos prejuízo e a mais fraca correlação (r=0,01).
Para a maioria dos indivíduos ficou evidenciado que as lesões
físicas não interferiam na qualidade de vida (r=0,24).
Não houve diferença significativa entre homens e mulheres o
que demonstra que ambos são igualmente afetados pela doença.
A grande dificuldade enfrentada pelo portador de psoríase é
se tornar alvo constante de discriminação e de preconceito16 e
que a psoríase está frequentemente vinculada ao desencadeamento de estresse emocional pelo constrangimento em relação
às próprias lesões6.
No entanto, quando se compara o grau de psoríase com
as faixas do stress no grupo clínico, encontrou-se correlação
moderada com a fase de alerta (r=0,55). Foi encontrada no
grupo não clínico uma correlação moderada, quando comparados os eventos que poderiam interferir diretamente em suas
vidas com as fases de resistência e exaustão do estresse (r=0,47
e 0,43) e uma correlação forte com a fase de alerta do estresse
(r=0,75). Esse resultado mostra que os indivíduos que relataram
ter vivenciado acontecimentos significativos, teriam indicativos
de estresse, independente de ter ou não lesão dermatológica.
Através da correlação realizada entre a qualidade de vida e
sintomas de estresse com o grau de psoríase, percebeu-se que
as medidas obtidas não se comportaram conforme esperado,
que seria um maior nível de estresse e incapacidade causada pela psoríase em pacientes com variados graus. Quando
comparadas as fases do estresse entre os grupos ficou evidenciado que ambos tinham a mesma possibilidade (p>0,05).
Alguns estudos mostram que a extensão das lesões e a idade
do paciente são fatores que interferem negativamente na qualidade de vida, assim como lesões disseminadas promovem um
maior prejuízo nas atividades rotineiras, lazer e qualidade geral
de vida. Essas lesões graves, além de ocasionar uma maior limitação, produzem uma desfiguração na aparência física, o que
favorece a discriminação e prejuízos psicossociais15.
Os pacientes com psoríase com idade superior a 40 anos
estariam com maior possibilidade de entrar na fase de alerta do estresse quando comparados com aqueles abaixo de
40 anos (p<0,05). Esse fato não afirma que eles estivessem
estressados durante o período da entrevista, mas que o grau
da psoríase estaria favorecendo a entrada para a fase de alerta
do estresse em curto espaço de tempo (r=0,73).
Não foi significante a análise estatística entre a idade e
sexo dos pacientes com psoríase quando comparados ao grau
de intensidade da psoríase, sintomas de estresse e qualidade
de vida. Também não foi significante a análise estatística
entre a idade e sexo dos indivíduos sem lesão dermatológica
comparando-se sintomas de estresse e qualidade de vida.
Percebeu-se que cada paciente com psoríase sofre e lida
com as dificuldades trazidas pela doença de um modo particular e que cada caso deve ser avaliado de modo individualizado.
CONCLUSÃO
Não houve relação entre os indicativos de estresse em
pacientes com psoríase quando comparados com indivíduos
sem lesões dermatológicas, entre as lesões físicas e o comprometimento da qualidade de vida ou nível de estresse.
Esse trabalho visa dar um direcionamento para novas pesquisas, sendo necessário aprofundar o estudo com um número maior de pessoas e com pacientes acometidos por lesões
mais graves e mais disseminadas.
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