SEMINÁRIO Administração Tributária: impasses, desafios e perspectivas. A DS/Ceará, em parceria com as DS/Belo Horizonte, Campinas, Curitiba e Rio de Janeiro, promoveram, no último dia 23, no Hotel Vila Galé, o Seminário Administração Tributária: impasses, desafios e perspectivas, que contou com a participação de 130 pessoas, dentre as quais representantes de 18 Delegacias Sindicais. Esteve em pauta a temática da dicotomia entre estado e mercado, o avanço do viés privado sobre o interesse público e, particularmente no âmbito da RFB, suas conseqüências para os AFRFB, os contribuintes e a sociedade. O seminário, em seu conteúdo macro, analisou os efeitos da implantação do modelo neo-empresarial sobre o espírito público, e a conseqüente transformação dos valores e princípios que norteiam a administração pública. Para orientar a discussão dos temas propostos, participaram do evento, o professor Carles Ramió Matas, diretor da Escola de Administração Pública da Catalunia e doutor em ciência política e administração pela Universidade Autônoma de Barcelona; o coordenador do Fisco Fórum de Minas Gerais, Luiz Sérgio Fonseca Soares; o diretor de Formação Intersindical do Sindifisco de Minas Gerais, Lucas Rodrigues Espeschit; e o Procurador da Fazenda Nacional, “Giuliano Menezes ...”. No Painel 1 - A Privatização do Espírito Público, coordenado pelo AFRF Mário Mendes, o palestrante Carles Ramió Matas, ao analisar a implantação da nova gestão pública em diversos países, demonstrou que 1) países da América Latina que copiaram os modelos de administração anglo saxões de inspiração neo empresarial trouxeram o caos e fragilizaram suas instituições; 2) a administração pública é diferente da administração privada e se assemelham apenas nas pequenas coisas; nas grandes questões são muito distintas e o “eficientismo” cultuado, em geral, dá-se nos detalhes e não tem sido usado para fortalecer a coisa pública; 3) os valores públicos devem ser revigorados nas administrações publicas da América Latina para garantir a segurança jurídica e a estabilidade social; 4) as mudanças na busca de maior eficiência não devem ser radicais, devem ser implantadas aos poucos, acompanhadas de estudos e avaliações, nos marcos dos valores públicos; 5) os modelos de administração inspirados em DELEGACIA SINDICAL NO CEARÁ Rua José Vilar, 718 – Meireles – Fortaleza - Ce Telefax: (85) 3261-89 01 – CEP 60.125 000 modismos gerenciais privados estão obsoletos e fracassaram tanto nas administrações privadas quanto nas públicas, inclusive nos Estados Unidos e na Grã Bretanha. O AFRF Paulo Gil comentou a palestra, observando que no Brasil essas tentativas de implantação do modelo neoempresarial ocorrem desde o governo Collor, mas foi efetivamente implementado com FHC, na chamada Reforma Bresseriana. Paulo Gil, lembrando o jurista francês Alan Supiot, ressaltou que o emprego no serviço público difere daquele na iniciativa privada em suas relações com o poder, o dinheiro e o tempo e que esses elementos diferenciadores constituem o “espírito de serviço público”. A serenidade perante a remuneração (protege e assegura o desinteresse pelos jogos do mercado), a dignidade perante o poder (salário digno e não sujeito a avaliações e prêmios de produtividade) e a continuidade na atividade (estabilidade profissional) são fatores que garantem a estabilidade social e a segurança das instituições públicas, lembra ele. Avalia Paulo Gil, ainda, que, os modismos gerenciais de inspiração neoempresarial destroem esses elementos e põem em crise o espírito público. Temos que resistir e lutar contra essa destruição porque a essência de nossa carreira se inspira nesses elementos. No Painel 2 - Estado e Mercado: modismos gerenciais, ProPessoas e o Fisco Mineiro, Coordenado pela AFRF Vera Costa, o representante do Fisco Fórum de Minas Gerais, AFRF Luiz Sérgio Fonseca Soares, observou que o ProPessoas nada mais é que um desses obsoletos modelos neo-empresariais, que sob a falsa retórica da modernidade pretende implantar valores da iniciativa privada que, como bem colocou o prof. Ramió, nas questões relevantes, não propiciam melhoria dos serviços prestados à sociedade. Em seguida, o diretor de Formação Intersindical do Sindifisco de Minas Gerais, Lucas Rodrigues Espeschit, falou sobre a desastrosa experiência de implantação desse modelo neo-empresarial de gestão pública no estado de MG, e seus efeitos sobre a atividade fiscal, os contribuintes e a sociedade. Finalizando, o Procurador da Fazenda Nacional, Giuliano Menezes falou da greve da AGU e ressaltou a importância de resistirmos a esse sistema que implanta modelos e metas inexeqüíveis para depois nos acusarem de ineficientes. Ao final do evento foi aprovado simbolicamente um manifesto de rejeição ao ProPessoas, que será lido e divulgado em sua forma final no Seminário de Campinas. DELEGACIA SINDICAL NO CEARÁ Rua José Vilar, 718 – Meireles – Fortaleza - Ce Telefax: (85) 3261-89 01 – CEP 60.125 000