A informação democratizada na ciência O Ibcti lança o Oasis.br, um portal na internet para acesso livre a publicações científícas. O Ibcti lança o Oasis.br, um portal na internet para acesso livre a publicações científícas. Fernando Couto A informação “é equivalente à democracia, hoje, no mundo. Quem tem informação tem poder, quem não tem não existe.” A declaração foi feita pelo reitor da Universidade de Brasília (Unb), Timothy Mulholland, durante o lançamento do Portal de Acesso Livre a Periódicos — Oasis.br — pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), para consulta a publicações e documentos científicos. O Oasis.br é um repositório de abrangência nacional, com todas as publicações periódicas científicas de acesso livre. Seu papel é estratégico, porque as assinaturas das revistas que contêm informação de ponta na ciência e na tecnologia são, em geral, muito caras. O Oasis.br trabalha com arquivos eletrônicos de formato aberto, livre e gratuito — desenvolvidos a partir dos padrões da comunidade da Open Archive Initiative. O portal é o desdobramento da Política Nacional de Acesso Livre à Informação Científica, um conjunto de ações empreendidas pelo Ibict em parceria com a Financiadora de Estudos e Pesquisas (Finep), a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) e o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC). O portal surge um ano depois do lançamento do “Manifesto Brasileiro de Apoio ao Acesso Livre à Informação Científica”, com o objetivo de “mobilizar a comunidade científica e a sociedade brasileira em geral para universalizar e democratizar a informação em ciência e tecnologia”. Foi apresentado, em Brasília, no Simpósio Internacional de Acesso à Livre Informação, com quase mil participantes, de universidades de diversos países do mundo. No evento, o instituto anunciou, ainda, três novas edições especiais da revista “Ciência da Informação”, sobre o acesso à livre informação, e o novo Sistema da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD). Além de ter assinado um acordo de cooperação técnica com a UnB e com a Unesco. De acordo com o professor Hélio Kuramoto, coordenador geral de projetos especiais do Ibict, o acesso à informação científica tem sido um grande desafio para países em desenvolvimento, como o Brasil, devido aos altos custos das assinaturas das revistas científicas. As tecnologias de informação e da comunicação fazem surgir, contudo, uma iniciativa baseada em arquivos abertos (open archives initiative). Trata-se de um modelo de interoperabilidade entre bibliotecas e repositórios digitais, que abre novas alternativas para a comunicação científica, diz o professor. Ao mesmo tempo, consolida-se o movimento a favor do acesso livre à informação científica em todo o mundo, com sites, declarações de intenções e ações de pressão a partir da comunidade científica internacional junto aos editores, pela democratização do acesso aos conteúdos. Kuramoto explica que a informação científica é o insumo básico para o desenvolvimento científico e tecnológico de um país. Um tipo de http://www.arede.inf.br - Revista ARede Powered by Mambo Generated: 24 November, 2006, 17:35 informação, resultado de pesquisas científicas, divulgado à comunidade por meio de revistas. Entre os melhores exemplos de provedores de dados, implementadores da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações, o professor cita as instituições de ensino superior com programas de pós-graduação. Na BDTD, as universidades mantêm os repositórios locais, onde são depositadas as teses e dissertações. E o Ibict faz a coleta dos metadados, que descrevem esses conteúdos, para fornecer, de forma integrada, o acesso online a eles. Atualmente, a BDTD tem a participação de 45 universidades brasileiras públicas e privadas, mas até o ano de 2009 quer chegar a integrar todas as que mantêm cursos de pós-graduação. Assinatura zero km Apesar do crescimento da produção científica brasileira, são poucas as publicações científicas nacionais. Os principais papers de nossos pesquisadores são publicados em revistas internacionais. O país é, portanto, altamente dependente das publicações científicas estrangeiras. E o acesso a essas publicações é bastante oneroso aos cofres públicos. A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) desembolsa US$ 35 milhões por ano para manter seu Portal de Periódicos. Em contrapartida, o Brasil ocupa o quarto lugar (atrás de EUA, Reino Unido e Alemanha) em termos de repositórios de acesso livre. Verifica-se, portanto, que o Brasil poderá alcançar, em futuro próximo, certa autonomia em relação ao acesso à informação científica. Para que isso aconteça, afirma Kuramoto, é necessário que a comunidade científica se sensibilize para a importância do movimento de apoio ao livre acesso à informação científica. De acordo com a coordenadora de acesso à informação da Capes, Elenara de Almeida, a base de dados científicos da instituição — o Portal dos Periódicos —, uma das maiores do mundo, registra 287 mil teses, envolvendo 30 mil mestres e 9 mil doutores. Infelizmente, o acesso é cobrado, para poder pagar o alto custo das publicações estrangeiras que o órgão assina (US$ 300 mil dólares/ano). Para se ter uma idéia, um palestrante — o professor canadense Nicholas Cop — mostrou anúncio montado, onde uma assinatura da revista “Applied Polymer Science” aparece ao lado de um carro zero quilômetro Pontiac G6, “com assentos de couro”, ambos com o mesmo preço – US$ 17 mil. Por isso, o reitor da UnB, Mulholland, destacou o salto qualitativo dado pelo Ibict, nos últimos dez anos, ao reunir mais de 300 centros de pesquisas na Rede Nacional de Pesquisas, virtual, e o Oasis.br, que, segundo ele, passa a ter a mesma importância do sistema Scielo — Scientific Electronic Library Online. O Scielo é uma biblioteca eletrônica, com uma seleção de periódicos científicos brasileiros, resultado de um projeto de pesquisa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, em parceria com o Centro Latino-Americano e do Caribe de Informações em Ciências da Saúde (Bireme), e apoio do CNPq. http://www.arede.inf.br - Revista ARede Powered by Mambo Generated: 24 November, 2006, 17:35 No encontro, também foi discutida o Open Journal System, software para editoração de revistas científicas. Com ele, de código aberto e disponível na web, o Ibict desenvolveu a sua revista “Ciência da Informação”. Além dela, outras 102 publicações científicas usam o sistema. Em três anos, o Ibict forneceu treinamento sobre esse software para pelo menos 600 editores e técnicos em informática. www.ibict.br/oasis.br/ — Portal de Acesso Livre a Periódicos-Oasis.br www.blogdokura.blogspot.com – Blog de Hélio Kuramoto www.scielo.br www.ibict.br www.periodicos.capes.gov.br – Portal de Periódicos da Capes www.ibict.br/openaccess/arquivos/manifesto.htm – Manifesto Brasileiro de Apoio ao Acesso Livre à Informação Científica http://oa.mpg.de/openaccess-berlin/berlindeclaration.html — Berlin Open Acess Initiative (Declaração de Berlim), em inglês. http://repositorium.sdum.uminho.pt/about/.DeclaracaoBerlim.htm – Idem, em português. www.soros.org/openaccess/read.shtml – Budapest Open Access Initiative (Declaração de Budapeste) www.acessoaberto.org – Movimento Acesso Aberto Brasil, pela democratização do acesso a publicações científicas. http://www.arede.inf.br - Revista ARede Powered by Mambo Generated: 24 November, 2006, 17:35