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LEITURAS DE POE: SUA OBRA NA VOZ DE ESCRITORES
Maria Elisa Rodrigues Moreira
Resumo: Este trabalho pretende apresentar a obra de Poe sob a perspectiva de sua recepção, por
meio das leituras feitas por escritores como Borges, Calvino, Cortázar e Piglia. Tal movimento possibilitará uma reflexão sobre a importância da obra de Poe na formação e na concepção literária de
outros escritores, assim como permitirá, por meio de uma análise ampliada, que se indiquem algumas perspectivas dos ecos e desdobramentos de sua obra nos campos da criação, da crítica e da teoria literárias. Se o impulso inicial de sua carreira deveu-se em muito, conforme afirma José Paulo
Paes, às amizades literárias que granjeou com o primeiro prêmio conquistado – com “Manuscrito
encontrado numa garrafa” –, a sobrevida de sua obra será garantida, entre outros aspectos, pelas
novas “amizades” instituídas pela leitura de outros escritores, corroborando a imortalidade de sua
obra indicada na expressão “Para sempre Poe”.
Palavras-chave: recepção · sobrevida · crítica.
Abstract: This work wants to show Poe’s work from the perspective of his reception through the
interpretation made by writers such as Borges, Calvino, Cortázar, and Piglia. Such movement will
enable a reflection on the importance of Poe’s work for the formation and literary conception of
writers, as will make possible a broad analysis where some perspectives of echo and unfolding of
his work in the areas of creation, criticism, and literary theories. If the impulse of his career happened because, as José Paulo Paes notes, by the literary friendships that he obtained with his first
prize – with “Manuscript Found in a Bottle” – the survival of his work will be guaranteed by among
other aspects by the “friendships” created in the interpretation of other writers, corroborating the
work’s immortality indicated in the expression “Forever Poe”.
Keywords: reception · surviving · criticism
Nosotros, al leer una novela policial, somos
una invención de Edgar Allan Poe.
Jorge Luis Borges
É inegável a repercussão da obra de Edgar Allan Poe sobre o público leitor, repercussão
essa que reverbera na expressão “Para sempre Poe” que nomeia este evento. Oscar Mendes,
que, ao traçar um reduzido painel dos escritores influenciados por Poe em todo o mundo,
percorre desde a França até a Rússia, passando pela América do Sul, afirma que Poe “é um
dos raros autores cuja influência se faz sentir através dos tempos e sobre os espíritos mais
diversos, como elemento gerador de novas criações e de renovação de temas”. 1 O presente
texto se dedicará a traçar um breve percurso por essas “amizades” literárias – para retomar
aqui uma expressão de José Paulo Paes, que afirma que o impulso inicial da carreira de Poe
deveu-se, em grande parte, às amizades literárias que o autor granjeou com a conquista de
seu primeiro prêmio, em 1833, com o conto “Manuscrito encontrado numa garrafa”. 2
Se as amizades decorrentes de seu primeiro prêmio garantiram a Poe trabalho e outras
possibilidades de publicação, sua obra alcança outras dimensões quando pensamos na so1
2
MENDES. Influência de Poe no estrangeiro, p. 56.
PAES. Apresentação.
Anais... Belo Horizonte: UFMG, 2009. p. 216-221.
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brevida a ela garantida pela leitura que fizeram e fazem de Poe escritores renomados como
Charles Baudelaire, Jorge Luis Borges, Italo Calvino, Julio Cortázar e Ricardo Piglia, para
citar apenas alguns nomes. Essas leituras especializadas, originárias de um público composto por escritores críticos, permitem não apenas que os textos de Poe se perpetuem, legitimando sua qualidade, como podem revelar seus ecos e desdobramentos nos campos da criação, da crítica e da teoria literárias posteriores a eles.
Walter Benjamin, em “A tarefa-renúncia do tradutor”, lança mão do conceito de sobrevida, afirmando que a tradução e a crítica literárias são formas de garantia da sobrevivência
do texto, de “continuação da vida das obras de arte”. 3 Essa garantia de sobrevida reside,
entretanto, não no fato de “dizer a mesma coisa repetidas vezes”, e sim no processo de renovação que instaura uma relação complexa entre original, tradução e crítica. Ou seja, a
sobrevida de uma obra garante-se por sua retomada numa nova dicção, por sua transformação e renovação contínuas, por seus desdobramentos infinitos. Nessa ótica, a sobrevida
aparece como um movimento de perpetuação e, ao mesmo tempo, de rasura; como um intervalo em que o mesmo e o outro se colocam em diálogo de forma a garantir tanto a sobrevivência quanto a renovação do texto literário.
A sobrevida da obra de Poe é possibilitada pela sua recepção no próprio campo da literatura, por escritores e críticos que chancelam seu valor estético, que garantem sua perpetuação ao valorizá-la e retomá-la, ainda que para tingi-la com novos timbres, ainda que
para apontar os pontos falhos e que exigem mudanças. Começa com Baudelaire essa grande
linhagem de ratificações à obra de Poe, quando o autor traduz para o francês inúmeros de
seus textos e com isso amplia o universo de conhecedores da novidade presente na obra de
Poe. Iniciando suas traduções da obra do escritor norte-americano em 1848, com “Revelação mesmeriana”, Baudelaire projetou Poe na França e na Europa, e várias das traduções de
Poe que se seguiram em muitos países partiram não do original em inglês, e sim da tradução francesa. A respeito de Poe, Baudelaire afirmava:
Seu estilo é puro, adequado às idéias, dando delas a expressão exata. Poe é sempre correto.
Fato bastante assinalável é que um homem de imaginação tão erradia e tão ambiciosa seja ao
mesmo tempo tão amoroso das regras, e capaz de análises estudiosas e de pacientes pesquisas. Dir-se-ia uma antítese feita carne. (...) Como poeta, Edgar Poe é um homem à parte. Representa quase sozinho o movimento romântico do outro lado do Oceano. É o primeiro americano que, propriamente falando, fez do seu estilo uma ferramenta. Sua poesia, profunda e
gemente, é, não obstante, trabalhada, pura, correta e brilhante, como uma jóia de cristal. 4
Essa correção da obra e do estilo é apontada também por Julio Cortázar, que traduziu as
obras completas de Poe para o espanhol e que, em “Vida de Edgar Allan Poe”, traça uma
apaixonada biografia do escritor na qual não poupa elogios à sua escrita. Ao falar do processo de passagem da poesia ao conto realizado por Poe, Cortázar afirma:
Poe logo percebeu que seu talento poético, devidamente encaminhado, podia criar no conto
uma atmosfera especialíssima, subjugante, que ele deve ter sido o primeiro a vislumbrar com
irreprimível emoção. Tudo consistia em não confundir conto com poema em prosa, e sobretudo não confundir conto com fragmento de romance. Edgar não era homem de incorrer nestes erros grosseiros, e seu primeiro relato publicado, Metzengerstein, nasceu como Palas, ar-
3
4
BENJAMIN. A tarefa-renúncia do tradutor.
BAUDELAIRE. O homem e a obra, p. 49.
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mado de cima a baixo, com todas as qualidades que alguns anos mais tarde chegariam à perfeição. 5
Esse trecho de Cortázar indica não só o impacto da obra de Poe pela qualidade a ela atribuída pelo crítico, mas também elementos definidores do gênero conto presentes na
mesma. Cortázar ressalta a precisão de sua técnica para a elaboração dos contos, tanto na
linha fantástica quanto na linha analítica:
Edgar atravessava uma época brilhantíssima. Alguém disse que começou a série de seus
“contos analíticos” para desvirtuar as críticas que o acusavam de dedicar-se apenas ao mórbido. A única certeza é a de que tal mudança de técnica, mais que de tema, prova a amplitude e a gama de seu talento e a perfeita coerência intelectual que sempre possuiu, da qual Eureka seria a prova final e dramática. 6
Essa técnica de construção do conto por Poe o torna um dos autores clássicos do gênero, retomado recorrentemente pelos mais diversos autores quando se fala do gênero. É o
caso, por exemplo, da obra crítica de Ricardo Piglia. 7 Ainda que aponte as alterações do
conto na contemporaneidade, a obra de Poe é lida por Piglia como marco inaugural e referência primordial do conto policial:
Quando a história da rua Morgue está por começar, parece que vamos encontrar uma narrativa de fantasmas. Mas o que aparece é uma coisa totalmente diferente. Um novo gênero.
Uma história da luz, uma história da reflexão, da investigação, do triunfo da razão. Uma passagem do universo sombrio do terror gótico para o universo da pura compreensão intelectual
do gênero policial. Continuamos discutindo sobre os mortos e a morte, mas o criminoso
substitui os fantasmas.
A passagem desse universo arcaico e sombrio para o universo da pura razão tem muito a ver,
uma vez mais, com o ato de ler e interpretar palavras escritas. Transformando o mundo dos
espectros e dos terrores noturnos num mundo de ameaças sociais e crimes, o gênero põe em
dimensão interpretativa e racional a série de fatos extraordinários e assombrosos que são a
matéria do gótico.
A chave é que Poe inventou uma nova figura e assim inventou um gênero. A invenção do detetive é a chave do gênero. 8
Mesmo quando Piglia analisa o processo de criação de autores como Jorge Luis Borges e
Franz Kafka, apontando as subversões dos mesmos às clássicas proposições sobre o gênero
advindas da obra de Poe, o escritor norte-americano continua a ser referencial, sobrevivendo assim até mesmo às mudanças que poderiam relegá-lo ao plano do esquecimento.
Piglia, entretanto, não é o único a retomar a obra de Poe e a demarcar sua importância
para o desenvolvimento do conto, do fantástico e do policial. Italo Calvino não deixa de
incluir um conto de Poe em sua seleção de contos fantásticos do século 19. 9 O conto em
questão é “O coração denunciador”, de 1843, com o qual, segundo Calvino, Poe “inaugura
um outro tipo de fantástico, que será dominante na segunda metade do século: o fantástico
obtido com os mínimos meios, todo mental, psicológico”. 10 Já Borges inclui sua obra em
5
CORTÁZAR. Vida de Edgar Allan Poe, p. 288.
CORTÁZAR. Vida de Edgar Allan Poe, p. 297.
7
Por exemplo, em textos como “Sobre el género policial”, “Teses sobre o conto”, “Novas teses sobre
o conto” e “Leitores imaginários”.
8
PIGLIA. Leitores imaginários, p. 76.
9
CALVINO. Contos fantásticos do século XIX: o fantástico visionário e o fantástico cotidiano.
10
CALVINO. Edgar Allan Poe – O coração denunciador, p. 279.
6
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duas das coleções pelas quais é responsável: Biblioteca Personal, dedicada a apresentar
“cem obras de leitura imprescindível”, e A Biblioteca de Babel, dedicada à literatura fantástica. Na primeira, Borges começa por afirmar no prólogo ao volume Contos, de Poe, que “A
literatura atual é inconcebível sem Whitman e sem Poe”, e ainda o apresenta como espaço
de proveniência do gênero policial: “De un solo cuento suyo que data de 1841, ‘The Murders in the Rue Morgue’, que aparece en este volumen, procede todo el género policial: Robert Louis Stevenson, William Wilkie Collins, Arthur Conan Doyle, Gilbert Keith Chesterton, Nicholas Blake y tantos otros”. 11 No prólogo dedicado a “A carta roubada”, que integra
a segunda coleção, Borges reafirma a imprescindibilidade de Poe para a literatura atual e
para o surgimento do gênero policial, e acrescenta: “El concepto de arte como una operación de la inteligencia y no como un don del espíritu fue formulado por primera vez en su
‘The Philosophy of Composition’, que data de 1846, y se prolonga en Baudelaire, en el simbolismo, y en Paul Valéry.” 12
Borges remonta ao clássico ensaio de Poe produzido para explicitar a forma como havia
composto seu mais famoso poema, “O corvo”, que havia sido publicado em 1845 e alcançado grande sucesso. Nesse texto Poe aponta, mais do que o “modus operandi” pelo qual
completou o poema, os princípios literários que norteavam sua obra, dentre os quais se
destacam a importância da “totalidade ou unidade de efeito” e a crença na produção literária como um processo do pensamento:
Muitos escritores – especialmente os poetas – preferem ter por entendido que compõem por
meio de uma espécie de sutil frenesi, de intuição extática, e positivamente estremeceriam
ante a idéia de deixar o público dar uma olhadela, por trás dos bastidores, para as rudezas
vacilantes e trabalhosas do pensamento, para os verdadeiros propósitos só alcançados no último instante, para os inúmeros relances de idéias que não chegam à maturidade da visão
completa, para as imaginações plenamente amadurecidas e repelidas em desespero, como
inaproveitáveis, para as cautelosas seleções e rejeições, as dolorosas emendas e interpelações, numa palavra: para as rodas e rodinhas, os apetrechos de mudança do cenário, as escadinhas e os alçapões do palco, as penas de galo, a tinta vermelha e os disfarces postiços que,
em noventa e nove por cento dos casos, constituem a característica do histrião literário. 13
Essa valorização da escrita literária como um processo decorrente do pensamento e não
da inspiração é uma característica que se tornará fundamental na obra de Borges, e que
deixa profundas marcas também na literatura de Calvino. Talvez por isso o escritor italiano, ao indicar a influência de Poe em sua literatura, vá além de apontá-lo como o progenitor do conto policial, ampliando sua importância para o campo literário de maneira mais
geral:
Acima de tudo sou um escritor de contos, mais do que um romancista; portanto, uma leitura
que decerto me influenciou, podemos dizer desde a meninice, foi a dos contos de Poe: hoje,
se eu tivesse de dizer qual o autor que mais me influenciou, não só em âmbito americano,
11
BORGES. Edgar Allan Poe, Cuentos, p. 118. “De um só conto seu que data de 1841, Os crimes da
rua Morgue, incluído neste volume, provém todo o gênero policial: Robert Louis Stevenson, William
Wilkie Collins, Arthur Conan Doyle, Gilbert Keith Chesterton, Nicholas Blake e tantos outros.” (tradução nossa)
12
BORGES. La carta robada, p. 81-82. “O conceito de arte como uma operação da inteligência e não
como um dom do espírito foi formulado pela primeira vez em seu ‘A filosofia da composição’, que
data de 1846, e se prolonga em Baudelaire, no simbolismo, e em Paul Valéry” (tradução nossa).
13
POE. A filosofia da composição, p. 912.
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mas em sentido absoluto, diria que foi Edgar Allan Poe, porque é um escritor que, nos limites do conto, sabe fazer de tudo. Dentro do conto, é um autor de possibilidades ilimitadas; e
depois me parece uma figura mítica de herói da literatura, de herói cultural, fundador de todos os gêneros da narrativa a serem desenvolvidos a seguir.
Por isso podemos traçar algumas linhas que ligam Poe, por exemplo, a Borges ou a Kafka:
podemos traçar algumas linhas extraordinárias que nunca terminam. (...) Também por isso
penso que a presença de Poe seja absolutamente atual. 14
É nesse mesmo sentido que Borges vai ampliar a potência da influência da obra de Poe
ao afirmá-lo não apenas como criador do gênero policial, mas também de um determinado
tipo de leitor:
Hay un tipo de lector actual, el lector de ficciones policiales. Ese lector ha sido – ese lector se
encuentra en todos los países del mundo y se cuenta por millones – engendrado por Edgar
Allan Poe. (…)
La novela policial ha creado un tipo especial de lector. Eso suele olvidarse cuando se juzga la
obra de Poe; porque si Poe creó el relato policial, creó después el tipo de lector de ficciones
policiales. 15
E Borges, após incluir a si mesmo entre os leitores de contos policiais e escritores que se
aventuraram pelo gênero, continua a traçar a linha de ecos surgidos e apenas existentes a
partir de Poe, indicando a amplitude do impacto de sua obra:
¿Cuántas cosas surgen de Poe?
Podría decirse que hay dos hombres sin los cuales la literatura actual no sería lo que es; esos
dos hombres son americanos y del siglo pasado: Walt Whitman (…) y Edgar Allan Poe, de
quien deriva el simbolismo de Baudelaire, que fue discípulo suyo y le rezaba todas las noches. Derivan dos hechos que parecen muy lejanos y que sin embargo no lo son; son hechos
afines. Deriva la idea de la literatura como un hecho intelectual y el relato policial. El primero – considerar la literatura como una operación de la mente, no del espíritu – es muy importante. El otro es mínimo, a pesar de haber inspirado a grandes escritores (pensamos en Stevenson, Dickens, Chesterton – el mejor heredero de Poe –). Esta literatura puede parecer
subalterna y de hecho está declinando; actualmente ha sido superada o reemplazada por la
ficción científica, que también tiene en Poe a uno de sus posibles padres. 16
Ainda que não haja consenso da crítica sobre a obra de Poe, muitas vezes acusada de
monótona e repetitiva, os observações desses escritores apontam para a importância da
mesma em sua formação, na criação e consolidação de um novo gênero e na reverberação
14
CALVINO. Minha cidade é Nova York, p. 249.
BORGES. El cuento policial, p. 64-65. “Há um tipo atual de leitor, o leitor de ficções policiais. Esse
eleitor foi – esse leitor se encontra em todos os países do mundo e se conta aos milhões – gerado por
Edgar Allan Poe. (...) A novela policial criou um tipo especial de leitor. Isso costuma ser esquecido
quando se julga a obra de Poe; porque se Poe criou o relato policial, criou depois o leitor de ficções
policiais” (tradução nossa).
16
BORGES. El cuento policial, p. 65-66. “Quantas coisas surgem de Poe? Poderia se dizer que existem dois homens sem os quais a literatura atual não seria o que é; esses dois homens são americanos
e do século passado: Walt Whitman (...) e Edgar Allan Poe, de quem deriva o simbolismo de Baudelaire, que foi seu discípulo e lhe rezava todas as noites. Derivam dois fatos que parecem muito distantes e que todavia não o são; são fatos afins. Deriva a ideia da literatura como um fato intelectual e
o relato policial. O primeiro – considerar a literatura como uma operação da mente, não do espírito –
é muito importante. O outro é mínimo, apesar de ter inspirado grandes escritores (pensamos em
Stevenson, Dickens, Chesterton – o maior herdeiro de Poe). Esta literatura pode parecer subalterna e
de fato está declinando; atualmente foi superada ou substituída pela ficção científica, que também
tem em Poe um de seus possíveis pais” (tradução nossa).
15
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sobre toda uma geração de escritores. Ao dialogar com Poe, esses escritores garantem que,
para sempre, sua obra repita-se em outras circunstâncias, com novas dicções, como um
“nevermore” que é sempre o mesmo e sempre outro. 17
REFERÊNCIAS
BAUDELAIRE, Charles. O homem e a obra. In: POE, Edgar Allan. Ficção completa, poesia e
ensaios. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2001. p. 49-55.
BENJAMIN, Walter. A tarefa-renúncia do tradutor. In: HEIDERMANN, Werner (Org.). Clássicos da teoria da tradução. Florianópolis: UFSC/Núcleo de Tradução, 2001. p. 188-215.
BORGES, Jorge Luis. Edgar Allan Poe, Cuentos. In: _____. Biblioteca personal (prólogos).
Buenos Aires: Alianza, 1994. p. 117-118.
BORGES, Jorge Luis. Edgar Allan Poe: La carta robada. In: _____. Prólogos de La Biblioteca
de Babel. Madrid: Alianza, 2004. p. 81-84.
BORGES, Jorge Luis. El cuento policial. In: _____. Borges oral. Madrid: Alianza, 2008. p. 6281.
CALVINO, Italo. Edgar Allan Poe – O coração denunciador. In: _____ (Org.). Contos fantásticos do século XIX: o fantástico visionário e o fantástico cotidiano. São Paulo: Companhia
das Letras, 2004. p. 279-284.
CALVINO, Italo. Minha cidade é Nova York. In: _____. Eremita em Paris: páginas autobiográficas. São Paulo: Companhia das Letras, 2006. p. 248-253.
CORTÁZAR, Julio. Vida de Edgar Allan Poe. In: _____. Obra crítica 2. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999. p. 271-344.
MENDES, Oscar. Influência de Poe no estrangeiro. In: POE, Edgar Allan. Ficção completa,
poesia e ensaios. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2001. p. 56.
PAES, José Paulo. Apresentação. In: POE, Edgar Allan. Histórias extraordinárias. São Paulo:
Companhia das Letras, 2008. p. 7-11.
PIGLIA, Ricardo. Sobre el género policial. In: _____. Crítica y ficción. Barcelona: Anagrama,
1986. p. 59-62.
PIGLIA, Ricardo. Teses sobre o conto. In: _____. Formas breves. São Paulo: Companhia das
Letras, 2004. p. 87-94.
PIGLIA, Ricardo. Novas teses sobre o conto. In: _____. Formas breves. São Paulo: Companhia das Letras, 2004. p. 95-114.
PIGLIA, Ricardo. Leitores imaginários. In: _____. O último leitor. São Paulo: Companhia das
Letras, 2006. p. 74-97.
POE, Edgar Allan. A filosofia da composição. In: _____. Ficção completa, poesia e ensaios.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2001. p. 911-920.
17
Poe afirma, em “A filosofia da composição”, o desejo de usar como refrão em “O corvo” a palavra
“nevermore”, que apesar de ser sempre a mesma, deveria diferir a cada uso, em virtude de uma “variação da aplicação”.
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