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possem
25 MAR 199?
Setor d.s JvC- nMtaçil
mUBfJKÊiBcírrz
Jornal Autogestionápio
ANO
XIII - f^ 81 - SANTA MARIA DA VITóRIA (BA.) FEVEREIRO/1992
—
CrS 500,00
Santa Maria da Vitória
(Vista pelos ollios do imaginário)
Pelo O POSSEIRO me viajo e adentro
por SANTA MARIA DA VITÓRIA, em sonho.
Imagino uma esquina, uma casa, uma senhora
de cotovelos fincados numa moldura azul.
Penso em Angélica, amiga desconhecida,
moça que me escreve cartas plenas de vida.
Penso em Joaquim - correspondente, pede um artigo . . .
E sai o que escrevo: casario imaginário,
saudade do nunca visto,
vontade de abraçar através da palavra.
Penso na luta das cidades brasileiras,
terceiro mundo, dificuldades, força.
Olho no mapa, procuro a cidade,
encontro riscos de estradas, rios.
encruzilhadas de veias rabiscadas
Meus olhos te passeiam e viajam.
Descubro o São Francisco, rio-estrada.
(S^^ c
carrancas da desigualdade.
máscaras de um mundo
que não entende rios, longes
camponeses, pássaros.
E fico assim, por via aérea,
por via terrestre,
SYLVIA ORTHOF
(texto e ilustração)
enviando a pouca poesia que navega
autora de mais de 60 livros, dentre os quais
nos olhos do imaginário.
"Luana Adolescente, Lua Crescente", "O Cavalo Trans*
parente'', "Cobidelim, O
Petrópolis (RJ), madrugada de 15 de Agosto de 1991
Doce
Monstrinho",
''Jogando \
Conversa Fora''. "Panto de Tecer Poesia'' e "O» Bichos I
Que Tive"
l
ESPE RANTO"
EnHdade Responsável:
Associação de Desenvolvimento
Rural Integrado
CGC (M F) 13.243.977/0001-81
ANO XIII - N! 81 - FEVEREIRO/92
CONSELHO DE DIREÇÃO
Almardo Serafim de Oliveira
Adnil Novais Neto
Cláudio Thomás Bornstein
Cyro Camargo
Décio Paulo Spaniol
Domingos Leonelli
Emtliano José
Fernando Borba
José de Sousa Lisboa
Jehová de Carvalho
Jairo Rodrigues da Silva
José Queiroz Monteiro Sobrinho
Joaquim Lisboa Neto
Paulo Cezar Lisboa Cerqueira
Washington Antônio Souzi Simões
\
DIRETOR RESPONSÁVEL
Joaquim Lisboa Neto
REDAÇÃO
Rua Benjamin Constant, 103-Fone:(073) 483-1130
CEP 4764D
Santa Maria da Vitória - Bahia
TIPOGRAFIA MESTRE ZINZA
IMPRESSOS DE QUALIDADE
Fone: (073) 483-1130
Rua Cel, Antônio Barbosa, 209
Santa Maria da Vitória
-
Bah ia
0 POSSEIRO
0 "ESPERANTO" é uma língua
Internacional planejada pelo 0r.
Lázaro Luiz Zamenhof, para ser a
un i ca fa I ada por cada c i dadao
fora de seu pais e assim simplificar as comunicações entre os
povos e impulsionar considerava^
mente o progresso humano.
0 "ESPERANTO" é a mais fácil
de
todas as línguas e seu fundamento gramatical se resume em apenas
16 regras sem exceção.
0 movimento Esperantista e d i r i gj_
do mundialmente pela Associação
Universal de Esperanto (UEA), sediada em Rotterdam, Holanda.
A
UEA pertence à UNESCO e à ONU, ai
mejando-se em futuro que se
deseja o mais próximo a introdução do "ESPERANTO" em todas as
escolas do mundo. Em dois países
isso Ja acontece: a Hungria e
a
Bulgária.
0 "ESPERANTO" é usado nas estradas de ferro de oito países na
Europa: Itália, Dinamarca, Noruega, Polônia, Tchecosiovaquia,
Hungria, Bulgária e Iugoslávia.
Ensinado em 125 Universidades,
sendo 6 no Brasil: as do Para,
Ceara, Paraíba, Rio Grande do
Norte, Juiz de Fora, Paraná.
Divulgado em emissora de radio,
nas seguintes cidades: Vaticano,
Pequim, Varsovia, Viena, Roma,
Pecs, Berna, Zagreb, Rio de
Janeiro, Sorocaba, Brasília.
Ma i s de 100 periódicos são publj_
cados regularmente nesse idioma.
(Jornais, revistas, semanários;,
e existem cerca de 200.000 livros
(romances, obras cient i ficas, etc),
alem de milhares de prospectos
tur i st icos.
Leia o importante livro "0 QUE E
0 "ESPERANTO", em formato de boi
so e de preço accessivel, de autoria de izabel C.O.Santiago, da
coleção "Primeiro» Passos", da
£<ÍTtorâ Brasi I iense.
FEVEREIRO/92
mm
Cultura
NASCE NA CIDADE UM
NOVO BERÇO DE CULTURA
Surgiu no Bairro da Sambaíba, em Santa
Maria da Vitória, o CENTRO CULTURAL
SAMBAÍBA / BIBLIOTECA "FRANCISCO GUARÁ
NY" que, com um pequeno acervo de
livros, vem suprir as carências dos
jovens daquele bairro tâo sofrido e
menosprezado pelas autoridades municipais no decorrer dos anos.
No dia 15 de novembro ultimo o bairro
mais velho da cidade viveu um dia de
festas por causa da inauguração da
mais nova biblioteca livre santamariefi
se; aconteceram, neste dia,, eventos
esportivos - vôlei, capoeira, corrida
rústica masculina e a prova do baton
de I.OOO^para as mulheres. Estes eventos foram organizados por Manoel
Oliveira Santos e Davi e pelos professores Passarinho e NiI do Rei mão.
Realizou-se, também, a solen i dade de •
inauguração que contou com a presença
de pessoas I igadas a cultura e a arte,
professores e outras personal idades
da nossa comunidade.
As festividades encerraram-se com a
apresentação de artistas do bairro
(Ze de Maria, Paulo e Messias do
Acordeon) e o convidado especial foi o
famoso cantador Paulo Gabiru, que
proporcionou aos assistentes memoráveis
momentos de deleite com suas canções
bonitas e bem elaboradas.
0 CENTRO CULTURAL SAMBAÍBA / BIBLIOTECA
"FRANCISCO GUARANY" tem contado com o
apoio expressivo da BIBLIOTECA CAMPES INA que, alem das orientações preliminares,
doou uma considerável quantida
de de livros. Além da CAMPES I NA temos
outros apoíadores: Tipografia Mestre
Zinza, Clodomir Morais, Amauri Pessoa e
Elaine^(BSBeDF), Biblioteca Profâ Rosa
Magalhães e Biblioteca "Eugênio Lyra",
assim como muitas outras pessoas da comunidade.
ROJUMART
SULANCA
Este trabalho esta sendo coordenado pela sra. Vera Lúcia, que inicia
esta nova etapa na vida do Bairro
da Samba i ba.
Por contar com o apoio de muita .
gente - principalmente do publico
feminino - Vera acredita no sucesso da BIBLIOTECA ^FRANCISCO
GURRANY", Mas alem dela existem
outras pessoas participando
ativamente desta "Revolução Cultural" na Sambaiba, compondo a
Comissão Provisória do centro
cultural. São elas: José Gomes dos
Santos, Maria Nazareth, Rainunda e
Josué Bispo dos Santos.
0 CENTRO CULTURAL SAMBAÍBA /
BIBLIOTECA "FRANCISCO GUARANY" se
propõe a estimular a cultura no
bairro, incentivar os jovens para
o despertamento da habito da leitura, resgatar as manifestações
artísticas e culturais populares e
colaborar com a educação das crianças em idade pre-escolar, esperando
com i sso atender aos pa i s que vêem
seus filhos nesta fase de suas
vidas sem o devido preparo para
serem absorvidos pela escola publica
no futuro. Estão de parabéns as pessoas que
estão nesta luta, a comunidade da
Sambaiba e todos que vem dando seu
apoio e colaboração, vencendo
barreiras e projetando este tão
esquecido e discriminado bairro para
um futuro mais prospero e feliz.
Para terminar queremos esclarecer
que FRANCISCO (BIQUIBA DY LAFUENTE)
GUARANY foi um genial escultor de
carrancas nascido em Santa Maria da
Vitoria, conhecido internacionalme£
te e recebeu, inclusive, do poeta
Carlos Drummond de Andrade uma home
nagem através do poema intitulado
CENTENÁRIO.
DE QUALIDADE
Santa Uaria da Vit»ria
Btv
FEVEREIRO/92
0 ■ P^SC^O
Medicina Natural
MEDICINA"VERDE''GANHA ESPAçO
DJALMA LUME
A terapêutica vegetal tem acusado
crescente sucesso, pelo que nao
poucos médicos, desiludidos com
a
medicina oficial, alopata, usam as
plantas com grande proveito na cura
das mo I est ias.
PARA QUE SERVEM;
As plantas, exceto as venenosas,
so podem fazer o bem. Nutrem o cor~
po, purificam o sangue e preparam o
organismo para resistir contra a
doença.
. GOIABA BRANCA - o decocto das folhas
e da casca e útil contra a diarréia,
especialmente em se tratando de
crianças;
A botânica sempre andou de mãos
dadas com a medicina e nunca
poderemos pensar em divorciar uma
da outra.
Em todo o mundo se conhece hoje
inúmeros 0 remédios vegetais de
incalculável valor para a
farmacopeia moderna.
Os antigos egípcios, que se desen-'
volveram na arte de embalsamar
os
cadáveres para preserva-los da
deterioração, experimentaram muitas
plantas, cujo poder curativo
descobriram ou confirmaram.
Nascia, assim, a Fitoterapia.
Naqueles velhos tempos, as plantas
eram muitas vezes escolhidas por '
seu cheiro, pois que se cria que
certos aromas afugentavam os
espíritos das enfermidades. Essa
'
crença continuou ate a Idade Media,
quando os médicos usavam no nariz
um aparelho para perfumar o ar que
respiravam. Ja Hipocrates (460-361
a.C.), da Grécia, que e considerado
o pai da medicina, empregava
centenas de drogas de origem vegetal.
Crateu, que viveu no século I antes
de Cristo, publicou a primeira obra
de que se tem conhecimento na
história - o RHIZ0T0MIK0N - sobre
plantas medicinais com ilustrações.
. GERGELIM - o óleo extraído das
sementes age como resolutivo e e
útil nas queimaduras e na dor de
ouvi do;
. GENIPAPO - a raiz e purgativa.
A casca, em banhos, e usada para
tratar ulceras. 0 suco do fruto
maduro e indicado contra a enterite
crônica e a hidropisia. Ê diuretico.
As sementes piladas (de 5 a 10 para
uma xicara d/agua) em emulsao tem
efeito voraitivo, rápido e enérgico?
MÍO DE ONÇA - o caule e as folhas
sao ute i s para combater o
reumatismo e o defluxo;
MARACUJÍ-AÇU - o infuso das folhas
e recomendado nos seguintes casos:
alcoolismo crônico, asma, bronquite,
coqueluche, convulsão infantil,
"deliriuro tremens", diarréia, dor de
cabeça nervosa, vermes intestinais,
também apregoado como diuretico e
desinfetante das vias urinarias.
ATENÇÃO: Não tome remédios sem o
diagnostico da doença que
lhe atormenta'
0 POSSEIRO COMUNICA AOS SEUS LEITORES
QUE 0 SR. JARBAS OLIVEIRA MELLO FOI
EXCLUÍDO DA ADERI wk BASTANTE TEMPO,
ESTANDO 0 MESMO, PORTANTO, DESAUTORIZADO A AGIR EM NOME DESTA ENTIDADE,
POR TER ffdADO CONTRA OS INTERESSES
DA MESMA, PREJUDICANDO-A FINANCEIRA E
MORALMENTE.
OdPgXJMjd
FEVEREI RO/92
ANTÔNIO LISBOA DE MORAIS
ESBOÇO
HISTÓRICO-XX
BRASÍLIA E 03 GCL?£S DOS 3CRILA?
A construção da now» ojpital viria exercer
eigume
influência econômica, política e
cultural em Santa Varia da Vitória. £«,,,
apenas un; dio de caminhãoi eu Ce ônibus,,
o santamariense chegaria a um grande
centra urbano - Brasília, onde se concentravam grandas massas Ge assalariados de
construção civil e dos serviços. Por
outro lado, a abundância de energia elétrica, proveniente da construção da
hidrelétrica de Corrantine, de alguma
forma viria dinamiEar a vida econômica
da área do Corrente e fazer surgir
posteriormente serrarias, benefíciadores
de algodão, cerâmicas, empresas de
servidos, etc,
0 certo é oue, mesmo antes de aueda de
Jânio Quadros, já era considerável o
número de santamarienses que tinham
consciência do avanço do gorilismo
dos
setores militares e civis a serviço do
imperialisísc, É que a Fíevolução Cubana, a
derroto da CIA em Playa Girón e as ondas
de Radio Havana esclareciam eloqüentemente
o caráter agressiva do imperialismo. C gol
pe contra Cuadros, pois, não foi surpresa
para um bom número de santamarienses que,
todas as noites, se sontavam à porta de
PJLH para discutir política nacional e
internacionei, ou o livro nacionalista de
Gondim da Fonseca "Que Sabe Você Sobre
o
Petrólao?'' t entre este grupo de pessoas
que circule o livro do conterrânea Osório
Alves de Castro, "Porto Calendário", que
permitiu aos santeínerianses mais escTerscidob autoanalisar a sua própria cultura.
Cai Jânio Quadros e todos cravaram o
ouvido na Emissora da Legalidade (Rádio
Guaíbe} do governo de Brizole que exigia
a juste assunção de Joãc Goulart è
presidêncie de Recúblice. Vários ■''oram
os telegramas saídos de Santa Maria da
Vitória em apoio a Emissora de Legalidade,
é que a ditadura militar já estava à
volta da esquina.
Oe fato, a morte violenta de Vargas, o
golpe frustrado de Carlos Luz, a Queda de
Jânio Quadros e o bloqueio dos militares de
direita à tomada de posse do vice-presiden
te Goulart, eram sintomas assaz claros de
que o povo a Qualquer hora seria golpeado
pelo fascismo, o mesmo fascismo que, pouco
tempo depois, seria implantado nos países
vizinhos. Oe forma que, quando as Ligas
Camponeses organizaram dispositivos
militares para que os camponeses e o povo
aprendessem a defender-se das 25 mil armas
que o governador Adhemar de Sarros
distribuiu para os grandes latifundiários
(apavorados com o 1« Congresso Nacional de
Camponeses, realizado em novembro de 1961,
em Selo Horizonte), em Santa «ária da
Vitória se criou um pequeno grupo de apoio
logístico a abortada guerrilha de
Dianópolis, de 1952, na linha fronteiriça
de Goiás e Bahia.
Logo depois foi criado um "Grupo dos Onze" •
tipo de estrutura informal de massas
fundada pelo deputado federal Leonel
Brizola com o propósito de dar aos núcleos
conscientes de cada população uma organização de luta que a defendesse da ditadura
militar iminente. No entanto, o povo não
teve tempo para preparar a resistência, seja
oom Ligas armadas ou com "Grupo dos Onze".
Com efeito, pouco menos de um ano, o golpe
militar fascista foi assestado contra o
povo e contra os interesses nacionais, na
madrugada de um Primeiro de Abril.
i
Mais de 5D mil pessoas foram parar nas
grades e masmorras do Exército, Aeronáética,
Marinha e Polícias Estaduais. Milhares de
militares democratas e patriotas foram
expulsos das corporações. Centenas de personalidades foram condenadas a uma espécie
de morte civil, mediante e cassação de
direitos políticos por dez anos. Entre os
X da primeira lista de cassedos, o
santamariense, filho de ALM, era o número
1^. Estava, pois, na priraeire fila.
Milhares de políticos, cientistas e técnicos
foram enviados ao exílio.
CLODOMIR SANTOS DE MORAIS
FEVEREI RO/92
Meio Ambiente
MOVIMENTO ECOLÓGICO CRESCE
NO CORRENTE
Um dia destes recebi um pedido da
direção do jornal "0 POSSEIRO" para
que cuidasse da produção de textos
a serem inseridos na recem-criada
coluna do Meio Ambiente neste
periódico. Como um pedido partido
desta publicação e para mim, na
medida do possível, uma ordem,
escreverei com a maior das honras,
nao so pelo assunto, que hoje e a
minha ideologia de vida, mas também
pela honra de escrever para um
jornal pioneiro, de vanguarda e que
deve caminhar sempre para 'a
evoluçao.
militancia ecológica esta se
organizando na Bacia do Rio
Corrente. Ja existem focos em
SANTANA, CORRENTINA, SANTA MARIA DA
VITÓRIA e JABORANDI. Os noticiários
nacionais enfocam diariamente este.
assunto, mas acredito na ecologia
somente vinda de dentro para fora
do homem, do coração para o intelec
to, assim como o próprio socialismo.
Nao se pode querer que as ideologias social istas entrem em nos por
osmose (por pressão de fora para
dentro). Um dia, mais cedo ou mais
tarde, num momento de reflexão
(de meditação), iremos todos nos
chegar a uma conclusão lógica,
racional, emocional, que todos
somos iguais, estamos num mesmo barco, no mesmo rio, as águas que
bebemos contem as mesmas formulas '
químicas; que os nossos corpos tem
os mesmos princípios biopsicologicos
em todos os continentes.
Se você alterar o meio ambiente, se
poluir o rio, o ar, o seu quintal,
a sua rua, isto tudo ira refletir
no macroecossistema de todos nos. Se
você, grande e medio empresário,
ou
se você, pequeno produtor e trabalha
dor rural, na ânsia ou na necessidade de obter Iucros a curto prazo
esta desmatando as florestas,
assoreando o Rio Corrente, usando
agrotoxicos irregularmente, se esta
matando os animais silvestres, se
joga o I ixo na rua, nas estradas ou
no rio, esta refletindo o próprio
desequiI ibrio do seu interior.
Uma pessoa equilibrada, de bem com a
vida, uma pessoa sadia, nunca ira
alterar prejudicialmente o meio ambiente porque, antes de tudo, ela se
respeita, respeita os outros (os tem
como iguais), ama a natureza; pode ate
matar um animal, derrubar uma arvore
num ato consciente de uma necessidade
premente; mas, antes de tudo, ela terá
o PLANETA TERRA como a "CASA M^E",
onde tudo e todos merecem respeito.
Nos meses de janeiro e fevereiro estive de ferias em SANTANA. La, pude cons
tatar junto ao pessoal do SINDICATO
DOS TRABALHADORES RURAIS a necessidade
urgente de se conter o corte dos piqui
zeiros, cajueiros do mato, dos umbuzei
ros, dos buritizais, dos pes de cascudos, visto que os fazendeiros, para o
plantio das monoculturas seja de soja,
arroz, refIorestamento de eucaliptos
ou pastagens, fazem a deraubada indiscriminada das matas (irregularmente,
sem autorização do IBAMA ou do CRA),
cortando também as arvores frutiferas.
Acontece que, para os grandes proprietários, estas delicias da Mãe Natureza
nao passam de mais um ai imento nas
suas mesas fartas, enquanto que para
os trabalhadores rurais, na maioria das
vezes, um fruto deste e o único
alimento para sua família inteira e são
eles que vao ao mato buscar estes
frutos para vende-los nas feiras livres
ou de casa em casa, para custear a
sobrevivência da sua família.
Temos que nos juntar, todas as pessoas
conscientes de suas responsabilidades
como ser humano, as de boa vontade,
para providenciarmos uma lei que proíba
o corte destas arvores da VIDA. Os
caminhos sao muitos, infinitos, procure
analisar qual o que você esta trilhando.
Caso nao seja o caminho do coração,
mude urgentemente. Outro dia..., quem
sabe? Isto tudo poderá voltar a ser o
PARAÍSO.
<k&&mteÀ
J. AL0ISI0 BRANDÃO CARDOSO
FEVEREIRO/92
EMIGRANTES DA BACIA
DO RIO CORRENTE
. Profã ARACY SANTOS, professora
em Curvelo (MG) e nascida em Santa
Maria da Vitoria. Depois de viver
em Carinhanha-Ba., Pirapora e Belo
Horizonte (MG), agora vive em Sao
Pa u I o;
. Srtâ MARILENE BONFIM, nascida em
Porto Novo (Santana), e agora
Secretaria Executiva no Decanato
de Extensão da UnB-Universidade de
BrasiI ia;
. Srâ ÍRACI BONFIM PEDERSEN, nascida
em Porto Novo (Santana), agora
vive na Peninsula de Jutlânoia, no
Mar Ba I tico, Dinamarca;
. ALTAMIRO PEREIRA, mais conhecido
como "Miro Te Iegrafista", nascido
em Correntina. Uma vez aposentado,
mudou-se para o Distrito Federal;
. L0UR1VAL COSTA, musico, nascido em
Correntina, fez parte do conjunto
orquestral que o saudoso Gundes
Araújo criou na década dos 40,
Migrou para Sao Luis de Montes
Belos, onde dedicou-se ao comercio.
Ele e um dos grandes batalhadores
para que a empresa Badeco e a
rodovia Correntina-Posse livre todo
o Rio Corrente do grande desvio a
Barre i ras;
. LOURIVAL RODRIGUES COSTA, nascido
em Correntina, hoje reside nos
Estados Unidos, em Sao Francisco da
Ca I i forn ia;
. Profâ MARIA ELIZ1A AZEVEDO SILVA,
nascida em Correntina, vive hoje em
Kansas, EUA;
. Dr. JOSÉ NOVAIS SANTOS, engenheiro
agrônomo e veterinário na EMATER=RJ,
nascido em Santa Maria da Vitoria.
Vive em Niterói, RJ ;
. MIGUEL RODRIGUES DE LIMA, nascido em
Santa Maria da Vitoria, Capitão da
Reserva da Policia Militar de Sao
Paulo, filho de João da Rocha Lima
(Joao-de-FIavio) e Antonia Rodrigues
de Lima.
FEVEREIRO/92
POR QUE AS ORDENS, QUANDO
POSSÍVEL,
DEVEM SER POR ESCRITO?
AS ORDENS VERBAIS (uma
historia num quartel)
0 TENENTE AO SARGENTO: Por ordem
do capitão a tropa assistira
amanha ao campo de exercícios,
em uniforme de campanha, a fim
de presenciar o eclipse do sol
que, sdgundo os jornais, terá
lugar as II horas em ponto. Mais
tarde, e no próprio campo, um
especialista em astronomia
expl icara aos soldados a causa do
raro fenômeno; porem, se chover,
as explicações terão lugar no
refeitório do quartel.
0 SARGENTO AOS CABOS: Por ordem
do capitão amanha as i I horas haverá um ecIipse do sol no campo
de exercícios. Segai demente
começara a chover, pelo que as
tropas passarão ao refeitório do
quartel, onde um astrônomo, em
uniforme de campanha, dirá aos
soldados o que os jornais dizem
acerca do fenômeno.
0 CABO AOS SOLDADOS; Amanhã, às
II horas, o capitão ecl ipsara o
sol com uns jornais no campo de
exercícios. Mais tarde, um
especialista fará chover no
refeitório, porem, para que o
raro fenômeno se produza, a tropa
devera vestir um uniforme de
campanha.
OS SOLDADOS ENTRE AS FILEIRAS:
Amanha, as II, o soI eclipsara o
capitão, o qual a tarde tornara
a aparecer no refeitório do
quartel em uniforme de campanha.
Os astrônomos tratarão de
explicar-lhe as causas do
fenômeno, porem se nao o entender, buscara um especialista. Os
soldados levarão jornais para
tapar-se, se por acaso chover.
[o^m^Mti
CRÔNICA
COLOQUIO FLÁCIDO
NOVAIS NETO, poeta, autor de "Flutuando na Areia" e "Ave Corrente"
- Você sabe o que e um sujeito
i ndobec1 iveI?
Certamente não sabe e nunca saberá.
Dicionário algum registra este termo, mas^ele existe. Nao tem sinônimo mas e um adjetivo comum aos dois
gêneros. Tanto serve para elogiar
alguém como desqualificar, E como
se fosse um "pau para toda obra",
como diria meu pai.
E esta nossa língua, idioma de origem romântica, filha benquista
do
Lacio que nos brinda com um horizo^
te amplo para deitar e rolar. Peca
por nao ser uma língua técnica e
objetiva como o inglês e o alemão,
ganhando, no entanto, em sonoridade
e plasticidade, so igualavel ao
rances, italiano e espanhol.
Poucos sao os privilegiados que a
manejam com delicadeza e graça,
ao
fazer fluir frases belissimas que,
aos ouvidos de apedeutas, soam como
uma canção de ninar. E o caso, por
exemplo, daquele purista incorrigivel que, a propósito de comentários
sobre eclipses, caprichou no
vernaculo:
- Na pretérita centuria,.meu progenitor vislumbrou o acasalamento do
Astro-rei com a Rainha da Noite.
Quando este mesmo amante-compl icador
do obvio e simples chega a um cafezi
nho, pede que lhe sirvam "uma soIuçao aquosa de rubiaceas". Se, entretanto, deseja deliciar uma cervejinha gelada, exige "um fermentado
gélido de Hordeum vulgare". Nao
poupa, sequer, nosso liquido
universal, a água. E se esta sedento, em lugar de pedir um "gol'
d/agua", pede um pouco de "protoxido
de hidrogênio", demonstrando, ai,
que conhece também a Quimica.
Certa feita, envolvido numa discussão
que nao lhe convinha, exatamente essas prosas que nao levam a lugar algum, como diríamos: conversa mole pra
boi dormir, ele esnobou, dando um
tiro de misericórdia:
- Vamos postergar este coloquio flacido para acalentar bovino.
8
Outros,^entrementes, que não tiveram
acesso as belezas do nosso Português,
e admiradores dos bons falantes, chegam a criar palavras, a mergulhar fun
do em neologismos, deixando boquiabe£
tos aqueles que - senão vejam - flagra
ssem Baiano e Sinhô simulando um bateT
boca :
- Você, Sinhô, não presta, não passa
de um sub-relevapes.
- Talvez seja. Baiano, mas você é um
indivíduo subsindiquês, cachaceiro.
- Sabe de uma coisa, vamos parar com
isso, vamos deixar de renoclêníá porque
o que somos mesmo e um bando de
i ntratapes,
Eles se foram, adejaram para um mundo
inconcebível, incognoscfveI, lugar, por
certo, onde sua linguagem enigmática e^
centrara ouvidos menos hirtos, sensíveis e tradutores. Baiano, depois de to
mar um bom porre, afogou-se nas águas
do Corrente, numa atra manha'. Enquanto
que Sinho, saudoso e inconsoláveI, apar
tado brutalmente do inseparável amigo,"
morreu, também afogado, no mesmo dia, à
tarde. E I a se foram os amigos indobecliveis, fatais vftimas da dipsomania.
Salvador do Mercado, gozador oportuno,
nem pestanejou, exclamando:
- I^sso e que são amigos! Ate debaixo
d'água.'
Se você* querem ainda deliciar com muitos
neologismos, deixo como brinde o soneto
A UMA DEUSA, atribuído ao poeta maranhense Luis Lisboa,
"Tu es o quelso do pentaI ganírio / Sa^
tando as rimpas do ferraim calério, /
Carpindo A» taipas do furor salírio /
Nos rubios calos do pijom sidério. //
Es o bartolio do bocal empirio /Que ru
ge e passa no festim siterio, / Em tico
teios de partano estÍHo, / Rompendo as
gambias do hortoroo-genério. // Teus lin
dos olhos que têm barlacantes / São ca^
mençurias que carquejam I antes / Nas du
ras çelias do pegai balonio. // São car
mentorios de um carce metalio, / De IuT
rias peles em que pulsa obálio /Em verti mbaceas do penta1 perônio,"
Viram so? Inventar palavras não é mérito
apenas de Baiano e Sinho. Gente letrada
também gosta!
'■m^à
FEVEREIRO/92
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