QUAL É O PODER DO LÍDER TRANSFORMACIONAL? Autoria: Nelson Ferreira, Leila Amaral Gontijo RESUMO Este artigo tem por objetivo apresentar um debate que envolve discussões sobre o tema liderança transformacional. A abordagem expõe situações onde são demonstradas nas organizações a possibilidade dos líderes manifestarem o estilo de liderança transformacional, bem como quais os valores que agregam os tipos de poder para que eles possam liderar. Os resultados obtidos retratam através de uma investigação descritiva textual apoiada em pesquisas bibliográficas as características em que se enquadram o poder do líder transformacional perante seus liderados. Para responder a indagação central da pesquisa “Qual é o poder do líder transformacional?” são discutidos exemplos de líderes, os quais para exercer sua liderança são exigidos comportamentos baseado em seus valores mais profundos e inovadores. As conclusões apontaram que os verdadeiros líderes transformacionais modelam suas inspirações mediante ações transformacionais motivadoras, têm paixão pelas mudanças que precisam realizar, quebram paradigmas e transcendem seus próprios limites pessoais para conquistar a confiança de seus seguidores, objetivando alcançar as metas traçadas pela organização. Palavras-chave: Organização; Líder; Liderança; Poder; Liderança Transformacional. ABSTRACT This article aims to present a debate that involves discussions on the topic transformational leadership. The approach exposes situations where organizations are demonstrated in the ability of leaders express transformational leadership style and what values add the types of power so that they can lead. The results depict through a descriptive textual research supported by literature searches in the characteristics that fit the power of transformational leader before his subordinates. To answer the central research question "What is the power of transformational leader?" Are discussed examples of leaders, which to exercise their leadership behaviors are required based on your deepest values and innovative. The findings showed that the true transformational leaders model their inspirations through motivating transformational actions, have passion for the changes that need to accomplish, break paradigms and transcend their own personal boundaries to gain the confidence of his followers, aiming to achieve the goals set by the organization. Keywords: Organization; Leader; Leadership, Power;Transformational Leadership. _________________________________________________________________________ Anais do II SINGEP e I S2IS – São Paulo – SP – Brasil – 07 e 08/11/2013 1/13 1.Introdução O mundo passa por um período de mudanças rápidas e avassaladoras. O capital intelectual, a gestão do conhecimento e de sustentabilidade nas organizações ocupam o centro das atenções devido às exigências inovadoras destes tempos turbulentos. Assim, acentua-se uma enorme relevância em refletir sobre as novas formas de comandar equipes, tendo em vista o crescimento das empresas, bem como a atenção para valorização do capital humano. Hoje, a realidade deste cenário é de exigências práticas e rápidas nas resoluções de problemas que estão interconectados com a economia, modernidades tecnológicas, mercado e de relações alinhadas à novos estilos do comportamento de trabalho. A partir deste contexto, as condições que os dirigentes têm manifestado como forma de atuação de liderança nas organizações, também vem sendo transformada daquele modelo tradicional de hierarquia para um de estilo mais dinâmico, sustentável e flexível onde as equipes têm atuado de maneira mais confiante e com comportamento mais inovador no cumprimento de tarefas. Evidentemente, mesmo com estas novas tendências de estilos nos comandos de equipes nas organizações, ainda convivemos com vários tipos de liderança sendo exercidos sobre os comandados. Não vamos aqui aprofundar nas diversas características que permeiam os comportamentos de liderança e, sim ancorar este artigo somente no modelo da liderança transformacional, o qual é o objetivo deste artigo. Para os líderes aderirem o estilo da liderança transformadora é necessário que eles reflitam sobre as formas de delegação de suas atividades perante seus subordinados. Terão que rever além de sua conduta moral e ética aspectos que envolvem o engajamento da equipe mediante comportamentos que comprovam as seguintes ações: carismáticas com influências definidas e claras; motivações apoiadas em inspirações; posturas voltadas para estimulações intelectualizadas e adotar procedimentos que estimulem considerações individualizadas dos liderados (Bass, 1999). O líder transformacional afirma Bass (1995) terá que usar o seu poder de influência para motivar seus seguidores de forma individualizada a aumentar seus desempenhos. Assinalam Chan, Chan e Edwin (2005); Olsen, Eid e Johnsen (2006) que a liderança transformacional tem como objeto principal os liderados e como estimulá-los, não apenas com relação as suas atividades no trabalho, mas a se tornarem cidadãos ativos na comunidade. O líder transformacional deverá ser respeitado pelos seguidores, inspirar confiança e tem que ser percebido como um exemplo. Além disso, é imprescindível comportar-se de forma proativa para motivar os liderados, desafiando-os a superar os seus limites e a procurar soluções inovadoras e estimulantes para a resolução de problemas. Os seguidores deverão ter a incumbência de exercer o empodeiramento e o poder de decisão sobre suas atividades. O líder transformacional presta atenção às necessidades de desenvolvimento profissional, agindo por vezes como construtor de competências que modelará as ações de identificação da empresa. Dessa forma, o líder terá que ultrapassar suas barreiras pessoais e seus próprios interesses em busca de atingir os objetivos da organização. E, isso só poderá ocorrer se o líder conseguir _________________________________________________________________________ Anais do II SINGEP e I S2IS – São Paulo – SP – Brasil – 07 e 08/11/2013 2/13 motivar cada um de seus liderados, ou seja, envolver a motivação das pessoas para fazer algo diferente do que faziam antes ou de fazer mais do que o esperado (Yuki, 2009). O presente estudo tem a pretensão de identificar qual tipo de poder os líderes transformacionais terão que exercer no seu dia a dia com seus seguidores, para que sejam alcançadas as metas estabelecidas pela organização. 2.Referencial Teórico 2.1 - Liderança Propõe-se, inicialmente a compreensão do que é liderança. Quais são os valores que a identificam, como ela emerge e em quais situações ela se destaca a fim de proporcionar um melhor entendimento sobre o tema. Entretanto, não podemos falar diretamente sobre liderança sem antes mencionarmos a figura do líder. Então, o que é ser líder? Aurélio (2013) define líder como: “1-Indivíduo que chefia, comanda e/ou orienta, em qualquer tipo de ação, empresa ou linha de idéias; 2- Guia, chefe ou condutor que representa um grupo, uma corrente de opinião, etc; 3-o representante de uma bancada parlamentar numa assembléia; 4-indivíduo, grupo ou agremiação que ocupa a primeira posição em qualquer tipo de competição”. Remetendo ao entendimento de que o líder é o indivíduo que chefia, comanda, conduz e representa a vontade de um grupo de pessoas, então podemos estender nossa compreensão que é papel do líder exercer a função de liderança. Não existe liderança sem líder e nem líder sem liderados ou seguidores. Para “ser líder supõe lidar com conceitos como: capacitar, educar, ajudar a crescer, orientar, entusiasmar e mobilizar, implantar valores e modelar condutas. Na verdade, um legítimo líder é um mestre, um guia, uma fonte de inspiração e um exemplo a ser imitado” Gómez (2008, p.155). Northouse (2004, p.2) afirma que liderança “... é uma combinação especial de traços ou características que os indivíduos possuem para induzir outras pessoas a realizar tarefas”. A citação do autor nos ajuda a interpretar de que, se alguma pessoa exerce a função de liderança têm que possuir atributos especiais, no sentido de que essas qualidades especiais possam ajudá-lo a influenciar o grupo. A maneira como a influência é exercida é um dos fatores chave na liderança. Basicamente, o líder deve possuir “algum tipo de influência”, para que ele possa comandar o grupo. É somente através da influência que ele concretiza suas atividades, objetivos, metas ou trabalho. Exercendo a postura de influenciar a equipe, o líder se torna um alvo de respeito para os seus seguidores ou liderados. Para Stefano (2008, p.26) “... a liderança fundamenta-se na crença dos seguidores a respeito das qualidades do líder e de seu interesse em segui-lo. Os seguidores obedecem ao líder e à missão que ele representa, sendo instrumento para resolver problemas da organização. A liderança é limitada ao grupo que acredita ou precisa do líder, ou seja, define a área de influência. A liderança é produto de inúmeros fatores como características pessoais do líder e do contexto organizacional e social da liderança”. _________________________________________________________________________ Anais do II SINGEP e I S2IS – São Paulo – SP – Brasil – 07 e 08/11/2013 3/13 Os seguidores de um líder acreditam nas orientações fornecidas por ele e, consequentemente no seu comando, pois quando ele“... coloca o problema principal da organização (ou a meta principal) ele direciona a atenção, imaginação e a criatividade de todos“ Falconi (2009, p.39). Quando o líder exerce o comando tem que comprovar suas habilidades pessoais, bem como, seus conhecimentos práticos ou suas experiências. Indiscutivelmente, ele utiliza desses procedimentos tácitos para enfrentar os problemas e solucioná-los. Assim, todos os dias existem milhões de líderes tomando decisões, em milhões de situações e ambientes diferentes. Nesses ambientes de decisões os aspectos de liderança podem ser visualizados nas atuações dos líderes mediante um quesito muito importante denominado poder. Dessa forma, afirma-se que o poder está em todos os lugares juntamente com os líderes. Exemplos: a) na família, o papel do líder pode ser interpretado na personagem do pai ou na da mãe; b) nas organizações empresariais é comumente conhecida a pessoa do chefe ou do gerente como líder; c) numa comunidade diversas pessoas exercem atividades denominadas de líderes, tais como: o padre, o pastor, o delegado, o prefeito, etc... d) em qualquer país o seu presidente é tido como líder. Estas afirmações estão corretas? O que é poder? Esses questionamentos serão discutidos no próximo tópico. 2.2 - Poder Uma das características sobre poder está associada às formas que os líderes utilizam para influenciar seus subordinados. Poder é a capacidade de influência que o líder possui para modificar as atividades, ações e, principalmente, os comportamentos da equipe ou demais pessoas que estão sob sua liderança. Yulk (1998, p. 177) confirma que “... Às vezes, poder é a capacidade que o agente [líder] tem de influenciar no comportamento das pessoas e nas suas atitudes. [...] Poder pode ser definido como um agente que atua com influência potencial sobre as atitudes, comportamentos e objetivos pessoais em indivíduos envolvidos num determinado contexto. O foco da definição de poder está na influência que o agente tem que exercer sobre as pessoas, bem como nas suas habilidades e nas situações de imprevisibilidade”. Há situações controvertidas em que os liderados podem influenciar o líder. De acordo com Heifetz (1994, p.17)...“o processo [de influência] baseia-se na reciprocidade. Os líderes não somente influenciam seus seguidores, como também são influenciados por eles”. Essas abordagens remetem ao pensamento de que como o poder pode ser manifestado ou é exercido. Yulk, apud French e Raven (1998, p. 178) apresenta os cinco tipos de poder mais comuns e importantes: a) Recompensa – é quando o agente tem a capacidade de influenciar o grupo utilizandose de meios compensatórios, tais como: elogios, indução de banco de horas trabalhadas para futuras folgas, férias antecipadas, promoção, etc.. b) Coerção - ocorre quando o agente formaliza através de sua capacidade de influência a aplicação de sansões ou punições no grupo, como por exemplo: censura, retirada de algum benefício, aplicação de suspensão corte no trabalho, etc. _________________________________________________________________________ Anais do II SINGEP e I S2IS – São Paulo – SP – Brasil – 07 e 08/11/2013 4/13 c) Legítimo – é desempenhado pelo agente perante o grupo através da autoridade que lhe é atribuída pela estrutura organizacional formal. Normalmente, é notório este tipo de poder nas estruturas hierarquizadas dos grupos sociais, por exemplo: nas organizações de empresas, gerente-subgerente; no meio militar, coronel - capitão; na igreja, o bispovigário da paróquia, etc. d) Especialista – é o agente que possui conhecimento especializado sobre determinada situação. São exemplos: talentos especiais, experiência, expertise, etc. e) Referência – é a forma, da qual o agente utiliza de sua influência de identificação ou de seu valor carismático. Esse tipo de poder está associado à relação psicológica da pessoa com o seu próprio modelo. São pessoas que utilizam da sua própria conduta emocional, principalmente, por serem admiradas no contexto onde elas atuam. Assim, acabam se transformando em símbolos humanos de admirações, como: cantores, jogadores de futebol, presidentes, prefeitos, vereadores, gerentes, dentre outros. Baseado nas argumentações dos autores, o poder para ser exercido tem que haver uma ação que demonstre uma atividade de influência entre as partes envolvidas em alguma situação, ou seja, a influência é indissociável ao poder. Logo, podemos atestar que os tipos de poder estão embutidos nas atividades de liderança. Dessa forma, o agente do poder quase sempre irá utilizar uma das fontes de poder acima mencionadas para convencer seus seguidores a cumprir uma determinada missão. Para Falconi (2009, p.104)..."O líder alcança os resultados por meio de pessoas e não executando por elas". Quando isso ocorre podemos dizer que esse agente é um líder, porque soube influenciar outras pessoas e, simultaneamente, demonstrou habilidades pessoais para realizar tal atividade. O líder sempre usará de algum tipo de poder para conquistar sua liderança. Líder é aquele que se destaca de alguma forma perante o grupo. Para comandar seus comandados as ações do líder são manifestadas, no seu cotidiano através da demonstração do desempenho de suas atividades, juntamente com seus seguidores. Assim, com o passar do tempo estas ações se cristalizam, tornando, assim, sua liderança mais sólida. Dependendo do grau de comprometimento implantado na equipe pelo líder, mesmo na sua ausência do contexto de trabalho, a equipe funcionará em busca do resultado programado por ele. Aqui é bom refletir que as ações de um líder poderão ter dois vieses de poder: o poder formal e o informal. O líder que têm o poder formal é aquele lhe é atribuída a autoridade oficial para exercer uma função, por exemplo: gerente de uma organização. Já o líder que possui o poder informal não tem a liderança da autoridade oficializada. As ações da liderança informal são demonstradas pelo líder no seu desempenho tácito perante o grupo e, isto, está associado aos seus atributos pessoais, por exemplo: na resolução de problemas emergenciais ou imprevistos. Então, o que é a liderança transformacional? 2.3 - Liderança Tranformacional Esse modelo de liderança exige que os líderes sejam pessoas dotadas de visões atualizadas e futuristas com ações que demonstram transcender suas próprias vontades e seus interesses _________________________________________________________________________ Anais do II SINGEP e I S2IS – São Paulo – SP – Brasil – 07 e 08/11/2013 5/13 pessoais para que sejam concretizadas as metas de uma organização. A realização dessas metas somente alcançará o devido sucesso se o líder demonstrar pelas suas ações comportamentais a revelação de seu carisma, associado aos fatores de confiança motivadora e inspiradora. A influência dos líderes através do processo transformacional tem como foco inovar a forma como os subordinados se comportam, enfatizando as oportunidades e as ameaças que o meio lhes coloca. Líderes transformacionais são reconhecidos como indivíduos pró-ativos: empenham-se em otimizar o desenvolvimento e a inovação do indivíduo, do grupo e da organização. Não procuram apenas alcançar o desempenho esperado, convencem os liderados a alcançar elevados níveis de desempenho, bem como aumentar níveis morais e éticos (Bass e Avolio, 2004). Aponta Gómez (2008, p.158) “A liderança [transformacional] é a arte de se relacionar construtivamente com outras pessoas e conseguir que se mobilizem para atingir determinados objetivos comuns. Um chefe pode impor sua vontade e conseguir que os demais se mobilizem utilizando o seu poder de castigar ou premiar, mas o líder autêntico obtém a participação voluntária de outras pessoas, desenvolvendo sua consciência e despertando nelas o senso de compromisso. [...] Liderar é despertar consciências, conquistar corações e ganhar vontades”. O autêntico líder transformacional é aquele que para conquistar confiança terá que manifestar uma preocupação contínua com seus liderados, principalmente na delegação de tarefas. Promover tratamentos e aconselhamentos com orientações individualizadas, tendo como intenção a manutenção e a transformação do ambiente de trabalho para os padrões da ética, confiabilidade e de muita inspiração. Para ser mais preciso, existem quatro componentes chaves considerados por Bass (1999, p. 185) que predominam o comportamento da liderança transformacional: Influência idealizada – é quando líder utiliza ou não do artifício do “elogio” ou do egoísmo (carisma ou convencimento) como forma predominante e de manipulação para conseguir seus propósitos; Motivação inspiradora – é reconhecida pelos liderados quando o líder demonstra ou não o seu verdadeiro empodeiramento e a sua auto atuação; Estimulação intelectual – se os programas dos líderes são abertos para uma dinâmica que transcendem a espiritualidade ou são fechados perante o acompanhamento dos programas; Consideração individualizada – se os seguidores são tratados com dignidade e se seus interesses individuais são respeitados ou não pelos líderes. Executar o comando ou a autoridade para realização de tarefas pode ser considerado um procedimento normal ou até “fácil” quando o ambiente organizacional é estável, entretanto, quando ocorrem mudanças, necessariamente é preciso que os dirigentes da organização revejam suas posturas em relação aos seus comportamentos de comandar e de delegar atividades. As organizações convivem com tempos de turbulências, novas tecnologias e de exigências nas transparências de suas ações tanto em seu ambiente interno como externo. Por conseguinte, essas novas demandas exigem dos gestores adaptações rápidas e precisas. Necessário se torna para o líder uma revisão em seus conceitos de atuação, postura e formas de comandar seus seguidores. Por exemplo: supondo que por determinação dos acionistas de uma determinada _________________________________________________________________________ Anais do II SINGEP e I S2IS – São Paulo – SP – Brasil – 07 e 08/11/2013 6/13 empresa mudanças significativas deverão ocorrer na estrutura organizacional da instituição, as quais repercutirão em novas implementações do planejamento geral, e, consequentemente, acontecerão expansões nos processos produtivos, novos regulamentos e procedimentos que determinarão alterações ou adequações nas regras comportamentais do ambiente de trabalho. Por decorrência dessas medidas, obviamente, os dirigentes terão de identificar quem terá a competência de conduzir os funcionários da organização para o enfrentamento dessa nova realidade. Naturalmente, é da responsabilidade dos dirigentes da instituição ter uma pessoa que possua os atributos de uma liderança empreendedora, que motive os liderados a cumprir tais exigências das modificações. Então, nessas circunstâncias, qual seria a liderança mais indicada? Para resposta desse questionamento recomenda-se como modelo de liderança a transformacional. Por quê? Porque, somente os “lideres com comportamentos transformacionais e de atributos inovadores são os agentes de mudanças que desafiam o status quo [dos seguidores] com poderosa visão de futuro. Comportamentos de liderança transformacional defendem o valor do compromisso com o bem maior da empresa, que motiva os seguidores a exercer um esforço extra e executar tarefas de forma mais eficaz” Nemanich (2009, p. 21). Os cenários atuais apontam que para as empresas obterem sucesso necessitam de líderes que sejam verdadeiros guias. Que abracem com paixão transformadora e visionária as mudanças que terão de enfrentar, estimulando seus seguidores a se esforçarem mais do que faziam antes para resolução dos problemas. Terão de utilizar de suas habilidades tácitas mediante atuações da sua sabedoria de influências, para conquistar o êxito sobre o enfrentamento das mudanças em relação às metas e das crenças já cristalizadas em seus seguidores, bem como desenvolver neles a capacidade de até esquecer seus próprios interesses. Acrescenta Heifetz (2002, p.90) que:“a liderança é a arte do improviso. O líder pode dispor de valores abrangentes, de princípios claros e norteadores e até mesmo de um plano estratégico, mas o que fazer a cada momento não é parte do roteiro. Para ser eficaz, é preciso reagir aos acontecimentos em tempo real. Deve atuar, recuar e avaliar o resultado da ação, reformular o plano [...] e fazer a próxima investida. Para tanto, é preciso preservar uma atitude mental de diagnóstico constante da realidade cambiante”. Diante disso, para que o líder obtenha sucesso nas tomadas de decisões quando da resolução dos problemas é necessário que o autêntico líder transformacional tenha também, conhecimento da liderança estratégica que irá adotar, qual será sua habilidade, criatividade, autoconhecimento e os aspectos de sensibilidade em relação ao plano estratégico e ao clima organizacional da empresa (Stefano, 2008). Por outro lado, é bom lembrar que se porventura o líder não possuir as competências aqui citadas, tais como: não tomar decisões estratégicas de engajamento com a equipe, não vislumbrar os esforços de desempenho nos momentos exatos, não realizar ações que demonstrem atitudes corretivas, futuristas e, às vezes, ficar esperando que os seguidores tomem iniciativas próprias para sanar erros, quando isto ocorre podemos enquadrar este líder no estilo de comportamento laissez-faire. Ao contrário, o líder transformacional terá que ultrapassar seus próprios limites naturais de inspiração para conquistar os corações e a confiança de seus liderados. Tem que tratar seus _________________________________________________________________________ Anais do II SINGEP e I S2IS – São Paulo – SP – Brasil – 07 e 08/11/2013 7/13 seguidores com harmonia, segurança, motivação e atenção personalizada, no sentido de despertar o valor consciente acerca do cumprimento real de suas tarefas objetivando alcançar as metas que foram estabelecidas. O item a seguir é buscar a resposta para a indagação: qual é o poder do líder transformacional? 3.Metodologia Este artigo está apoiado como procedimento metodológico numa pesquisa de cunho descritiva, cujo objeto é investigar a seguinte indagação: “Qual é o poder do líder transformacional?” Pesquisa descritiva segundo Miguel (2010, p.92) ...“é dirigida ao entendimento da relevância de certo fenômeno e descreve a distribuição do fenômeno na População. Seu objetivo primário não é o desenvolvimento de teste de teoria, mas possibilitar fornecer subsídios para a construção de teorias ou refinamento delas”. Nesse contexto, para ficar compreensível o seqüenciamento da escrita textual foram realizadas pesquisas bibliográficas utilizando como descritores: “liderança”, “poder”, “liderança transformacional” “organização” e “líder”. Das investigações realizadas para o referencial teórico resultantes da busca, foram selecionadas aquelas que demonstraram maior consistência com os objetivos desse trabalho, na qual foi elaborada uma sistematização do conhecimento relacionado ao questionamento central do tema. 4. Análise dos resultados No contexto organizacional não há uma fórmula pronta ou única para responder qual é o poder do líder transformacional, mas vamos apontar alguns elementos específicos com os quais ele poderá se apoiar e ser reconhecido para exercer uma liderança transformadora. O líder transformacional sempre utilizara um dos tipos de poder conforme já dissemos anteriormente. O poder do líder está na sua habilidade tácita de influenciar e convencer seus liderados a cumprir as atividades de trabalho estabelecidas pela organização. Bossidy (2004, p. 197) considera “os líderes que têm coragem para agir têm força interior. Estão dispostos a examinar com atenção o ambiente [...] e,se necessário, aceitar que um modelo de negócios que teve grande sucesso – o modelo sobre o qual o líder pode ter construído sua carreira – deixou de ser relevante. Estão dispostos a atacar as complexidades do modelo [organizacional] , fazer julgamentos sobre o que vai ou não funcionar e tomar decisões dolorosas que se seguem às mudanças. Esses líderes não apenas se adaptam: eles visualizam as probabilidades e agem para aproveitá-las. Sabem que há riscos envolvidos”. A coragem do líder de atacar os problemas considerados complexos e a forma de manifestar suas ações para encarar e solucionar os riscos nas organizações e na sociedade irá legitimar o seu poder, bem como aumentar sua aceitação, respeito, confiança e admiração perante seus liderados. Esses componentes de transformacionais , deverão ser constituídos pela motivação, pela moral e aspirações éticas do líder e de seus liderados, “convencendo-os a transcender os seus próprios interesses no sentido dos interesses do grupo” (Antonakis e House, 2002, p. 4). _________________________________________________________________________ Anais do II SINGEP e I S2IS – São Paulo – SP – Brasil – 07 e 08/11/2013 8/13 Barack Obama, Ghandi, John Kennedy, Nelson Mandela, Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, dentre outros, será que podem ser chamados de líderes transformacionais? Sem tirar o mérito de suas ações e de acordo com nosso entendimento eles não podem ser considerados líderes transformacionais e, sim carismáticos ou líderes que usaram suas imagens para se projetarem e usufruir do poder de referência. O exemplo do nosso ex-presidente Juscelino Kubitschek, o qual não classifico como líder transformacional, mesmo tendo exercido um modelo de governo inovador na política brasileira e construído seu destaque de liderança sustentado em suas habilidades pessoais, trajetória de vida e conhecimento político com os quais foram baseado no seu carisma de admiração, simpatia e de confiança entre os brasileiros. Ele constituiu o poder baseado na sua auto-imagem como referência para formar a sua áurea de liderança. Apesar de seu poder carismático ele não demonstrou outros quesitos propostos pelos estudiosos (Bass, Heifetz e Northouse) da área de liderança transformacional. Segundo eles o autêntico líder transformacional tem que manifestar através de suas posturas e atitudes comportamentais a transcendência e a ultrapassagem dos seus próprios limites pessoais agregado às novas formas de motivações inspiracionais e de estimulações intelectualizadas. Outra exemplificação, a qual denominaremos de um pseudo-líder transformacional é a de Nelson Mandela considerado pelo povo africano como um líder totalitário e carismático. Em contrapartida, cogitamos sua liderança questionando que a mesma não foi totalmente abrangente no território africano. Para alguns grupos de pessoas em determinadas regiões da África ele não era considerado líder na totalidade carismática. Mesmo assim, suas ações e atitudes formaram um modelo de liderança que repercute no mundo, mas somente no aspecto do carisma e não de liderança transformadora. As histórias que contam desses líderes levantam questões de ordem morais relativas tanto ao caráter como o uso do poder e legitimação de suas atividades, Bass apud Conger e Kanungo (1999, p. 182) [...] “reviram o lado negro dos líderes carismáticos quanto às formas questionáveis de uso do narcisismo, autoritarismo, macheavilismo, visão viciada, necessidade poder associado à ausência de inibição da atividade, identificação pessoal e a falta de interiorização de valores e crenças”. Nesse aspecto, os líderes sempre utilizam de algum modelo de poder para conquistar sua liderança, mas nem sempre inovadora ou transformadora. É com o poder de influenciar ou de convencer seus seguidores que o líder consegue o êxito concretizar a missão programada. De qualquer forma para que esse poder possa exercer tal influência é necessário que ele possua habilidades autênticas que demonstrem integridade, carisma, confiança e que elas sejam aprovadas diante do grupo. Essas habilidades ou qualidades tácitas muitas vezes estão camufladas em seus traços pessoais que são natos ou poderão ser adquiridos mediante o processo de construção de aprendizagem. É importante frisar que esses traços pessoais é parte inerente da liderança. Assim, qualidades pessoais existem tanto nos líderes como nos seus liderados. Northouse (2004, p.17-18) focaliza algumas características de liderança que envolve traços pessoais, como por exemplo: inteligência, capacidade conduzir a equipe, integridade, autoconfiança, habilidade cognitiva, conhecimento sobre tarefas, etc. Dessa forma, cada pessoa difere uma da outra, porque cada um de nós possuímos maneiras e formas pessoais singulares sejam de habilidades humanas, conceituais ou técnicas. Sendo assim, temos a possibilidade de atuar como líder numa gama de situações diferentes. Podemos _________________________________________________________________________ Anais do II SINGEP e I S2IS – São Paulo – SP – Brasil – 07 e 08/11/2013 9/13 exercer liderança num local e não em outro. Temos poder de liderança para resolver problema numa determinada situação e, às vezes, não possuímos noutra. Popper e Mayseless (2002, p. 210-215) realizaram uma análise diferente no estudo do processo de liderança transformacional, centrando-se na estrutura psicológica dos líderes transformacionais. Os autores manifestam uma abordagem teórica para a descrição e compreensão do “mundo interno” (estrutura psicológica) dos líderes transformacionais, composto de quatro quesitos. O primeiro, afirma que “o desejo para influenciar e ser autoeficaz são características essenciais para assumir vários tipos de líder (incluindo o transformacional)” . O segundo, considera que “os líderes transformacionais são indivíduos com capacidade e forte desejo para dar” , evidenciando preocupação para com os outros. Já o terceiro, assinala que “os líderes transformacionais são otimistas” . O quarto, ressalta que “os líderes transformacionais são caracterizados por um elevado nível de curiosidade e abertura à experiência”. Em síntese, a estrutura psicológica dos líderes transformacionais, envolve a disposição para a ascendência social, a crença na capacidade para influenciar os outros, a motivação e a habilidade para tratar os outros de modo positivo e encorajador. A liderança transformacional pode estar ligada a um momento transacional. Exemplo: há uma situação numa organização que existe um problema no setor de programação computacional. Existe um funcionário dessa empresa que se destaca diante de seus colegas de trabalho por deter o conhecimento. Mas, o gerente não possui tal domínio do conhecimento de informática. Apesar do funcionário não possuir o poder formal ou legítimo de comando na hierarquia, ele como é expertise (especialista) em computação fará de tudo para que o problema seja resolvido. Para que o problema seja sanado ele conta com suas habilidades, bem como seus conhecimentos práticos e com o apoio de seus pares. Assim, ele, naquela situação se transforma no líder especialista. Não somente perante seus parceiros de trabalho, bem como de seu superior. Seu superior passou a respeitá-lo com consideração individualizada e com mais dignidade porque ele possui a informação da qual ele necessita para aquele instante. Assim, é correto afirmar que “[...] a liderança é uma relação entre pessoas através da influência e do poder e são distribuídos de maneira desigual em uma base legítima (contratual ou consensual). A liderança não ocorre no isolamento, ou seja, não há líderes sem seguidores” Stefano (2008, p. 27). No exemplo acima o valor do autêntico líder transformacional está no estilo ou na maneira como ele usa o seu poder de domínio em determinada ocasião. Presumi-se, que em qualquer tipo de liderança tem que haver uma boa relação entre líder e liderado, mesmo porque conviver com os fatores de influência e de poder não é tarefa fácil e são os quesitos chaves para liderar. Bass (1999, p. 201) acrescenta que [...] “o autêntico líder transformacional deve construir um caminho de congruência de valores e interesses entre as partes [líder-seguidor] para evitar pseudo-manias de mentiras, manipulações, auto-engrandecimentos e abusos de poder”. O líder poderá usar do instrumento do poder de coerção para punir seus liderados, no sentido de corrigir manifestações que tenham infligido à ética, planos ou normas da organização. Esse tipo de poder poderá, às vezes, somente intimidar ou ameaçar os seguidores às atitudes que deixarão os líderes em situações desconfortáveis no comando. Ao exercer esse tipo de poder o líder transformacional terá que agir de forma consensual e individualizada considerando as razões que o levaram a tomar tal decisão. _________________________________________________________________________ Anais do II SINGEP e I S2IS – São Paulo – SP – Brasil – 07 e 08/11/2013 10/13 5.Conclusão A indagação apresentada inicialmente neste artigo foi o que motivou a refletir sobre questões que envolvem o tema liderança transformacional. Verificou-se pelas análises e exemplos demonstrados que os líderes transformacionais além de possuir competência para comandar, deverão ser por excelência indivíduos adaptadores, criativos e intuitivos. Terão de ultrapassar os procedimentos usuais da liderança carismática, ou seja, sobrepor a si mesmo com ações empreendedoras. Ressalta-se que os autênticos líderes transformacionais deverão modelar suas inspirações com comportamentos de ações inovadoras, ultrapassando barreiras paradigmáticas e transcendendo seus próprios limites pessoais. Reforçam Caravantes et al (2005, p.524) que “... os elementos-chave da liderança transformacional [terão que ser constituídos de] uma ampla compreensão do ambiente da organização, entendendo o lugar da organização nesse ambiente, dando necessária atenção â apropriada gestão estratégica, desenvolvendo os recursos humanos e antecipando em vez de reagir à necessidade de mudança e desenvolvimento”. Aceitar os desafios impostos pelas situações conjunturais internas e externas da organização, extrapolando suas forças e formas de liderar, objetivando o bem estar da empresa e de seus liderados. Dessa forma, “as empresas, os partidos políticos, os sindicatos, as congregações religiosas, as associações desportivas, culturais e outras são organizações humanas. E muitos daqueles que detêm algum grau de poder ou autoridade formal nessas organizações costumam considerá-las como entidades abstratas, impessoais e facilmente manipuláveis, cujos integrantes podem ser reduzidos à categoria de cifras, estatísticas ou indicadores quantitativos” Gómez (2008, p.17). Este trabalho procurou mostrar os valores que agregam o fator da liderança nas organizações, bem como enfatizar a relevância que foi descrever os tipos de poder que aparecem nas formas de liderar, destacando o valor da influência e a atuação do líder transformacional. Nas premissas que foram apresentadas acredita-se que a base da liderança transformacional está na competência do líder de antecipar possíveis problemas e resolvê-los com conduta inovadora, ou seja, diferente das formas tradicionais. Constata-se que o tema é interessante e vasto. Para uma melhor compreensão sobre este assunto é sugerido um mergulho mais profundo em termos de pesquisa. _________________________________________________________________________ Anais do II SINGEP e I S2IS – São Paulo – SP – Brasil – 07 e 08/11/2013 11/13 6.Referências Antonakis, J., House, R. J. (2002). An analysis of the full-range leadership theory: The way forward. B. J. Avolio; F. J. Yammarino (Eds.). Transformational and Charismatic Leadership. The Road Ahead, Amsterdam: Elsevier Science/JAI, 3-33. Aurélio. (2013). Novo Dicionário Eletrônico Aurélio da Língua Portuguesa versão 5.0. 3ª Ed. Editora Positivo Informática Ltda, Bass, B. M. (1995). Leadership and performance beyond expectations. New York: Free Press. Bass, B. M., Steidlmeir, R. (1999). P. Ethics, Charater and Authentic Transformational Leadership Behavior. Leadership Quartely, 10, 2, 181-217. Bass, B. M. ; Avolio, B. J. (2004). 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