Nome: Daniel Henrique Ferreira Tolentino E-mail: [email protected] Telefone: Assunto: Preocupação com a carreira Excelentíssimos Senhores Conselheiros, Prezados colegas de toda a carreira, Venho me manifestar perante este Egrégio Conselho Superior da PGE para externar a minha preocupação, que muitas vezes se apresenta na forma de perplexidade e indignação, diante do atual panorama no qual se encontra a Procuradoria do Estado de São Paulo, especialmente no que concerne à valorização e ao reconhecimento do trabalho de todos os Procuradores, que formam, em última instância, a própria instituição. Entrei nos quadros da Procuradoria no último concurso de ingresso, e, durante esse período de 1 ano e 8 meses na instituição, do qual muito me orgulho, pude constatar que os Procuradores de Estado não são tratados com o devido respeito e dignidade de que são merecedores. Um dos muitos exemplos representativos da falta de reconhecimento e valorização das relevantíssimas funções exercidas pelos Procuradores do Estado, e sobre o qual me deterei nesta oportunidade, pode ser claramente vislumbrado quando analisada a questão remuneratória da carreira. A meu sentir, e creio e espero que também seja essa a visão de todos, é inegável que, considerando o importantíssimo papel desempenhado pela PGE, sendo ela órgão essencial à Justiça, nada mais justo e natural que a remuneração de seus membros seja equivalente às demais entidades também consideradas essenciais à Justiça. Pena que tão evidente constatação não corresponda à realidade. A disparidade remuneratória entre os Procuradores do Estado e membros da magistratura e do MP, disparidade essa injusta e gigantesca, é de conhecimento de todos há muito tempo, de modo que, já incorporada ao inconsciente coletivo, nem mais desperta maiores sentimentos de indignação na carreira. No entanto, diariamente chegam ao nosso conhecimento novas informações que evidenciam a desvalorização da carreira de Procurador do Estado de SP, que não é remunerada de forma condizente com as atribuições constitucionais e legais que lhes são conferidas, especialmente tomando como base a remuneração de outras carreiras jurídicas de todo o Brasil. Para tomar como exemplo apenas o Estado de SP, além da magistratura e do MP, a Defensoria Pública e diversas Procuradorias de municípios do Estado remuneram seus membros melhor que a PGE. Como informado na última sessão do conselho, um Defensor Público recém ingresso na carreira possui vencimentos líquidos maiores do que um Procurador de Estado em final de carreira. Da mesma forma, várias Procuradorias Municipais do Estado remuneram seus membros melhor do que a PGE. Dito isso, me pergunto e estendo a pergunta a todos os colegas: é justo a Defensoria Pública, criada recentemente das entranhas da própria PGE, ter remuneração muito melhor do que a PGE? É justo que a PGE pague a seus membros remuneração menor do que Procuradorias de municípios?? A resposta à essas perguntas, à toda evidência, é negativa. Vale ressaltar que a Defensoria Pública nasceu há apenas 8 anos, foi instituída a partir da PGE, e já remunera seus membros de forma significativamente melhor do que a PGE. Tal fato reflete muito bem a desvalorização remuneratória a que estão submetidos os Procuradores do Estado de SP, carreira jurídica de igual envergadura das demais mas que não é assim reconhecida pela direção superior da instituição, a quem caberia trabalhar incessantemente e adotar as várias medidas de que pode dispor para melhorar a situação salarial da carreira, de modo a igualá-la com as carreiras equivalentes. O argumento de que a PGE agora está melhor do há tempos atrás, com a devida vênia aos colegas que o utilizam para tentar demonstrar que nossa situação é satisfatória, não serve para rechaçar a constatação de que o atual estado da carreira é preocupante. Não podemos nos contentar com a nossa situação tomando como base o passado. O exame há de ser feito considerando a atual conjuntura institucional e as possibilidades que estão abertas. Não devemos pensar na PGE com olhos para o passado, mas sim olhando para FRENTE, em como queremos que a instituição se projete no futuro. E o fortalecimento da PGE para que cada vez mais bem cumpra suas missões institucionais perpassa, necessária e prioritariamente, pela valorização e reconhecimento do trabalho exercido por seus membros, sendo que o principal instrumento que efetivamente demonstra que os membros são valorizados é a remuneração, que deve ser condizente com a dignidade da função e ombreada com os vencimentos percebidos pelas demais carreiras que compõem o sistema de Justiça. Importa consignar, também, que a urgente valorização remuneratória que se faz premente pode ser implementada se houver vontade política da cúpula da PGE para tanto. Medidas como a implantação de auxílio-alimentação para toda a carreira (benefício esse que toda a Administração Pública recebe, inclusive Procuradores lotados em secretarias), instituição de auxíliosaúde (benefício social esse também pago de forma generalizada no mercado de trabalho do país, e que a magistratura, MP e Defensoria estão prestes a receber), adequação dos valores das gratificações e diárias à realidade atual, são algumas das várias medidas, além de outras tantas, que podem ser concretizadas de modo a sinalizar que a PGE se importa, valoriza e dignifica a atividade de seus membros. Não querendo tomar mais o precioso tempo do Conselho, finalizo acentuando que minha manifestação deve ser vislumbrada como uma preocupação de um Procurador do Estado com a atual situação da carreira, especialmente quanto a questão remuneratória, sempre no intuito maior de que a PGE/SP se fortaleça cada vez mais institucionalmente e possa cumprir, com excelência, a sua vocação constitucional. Me orgulho da PGE/SP e desejo seja ela, assim como seus membros, pois compõem um só corpo, sempre valorizada.