INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA DE CRUZEIRO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ORTODONTIA DEGRADAÇÃO DE FORÇAS ELÁSTICAS NA RETRAÇÃO DE CANINOS NO TRATAMENTO ORTODÔNTICO FIXO Rodrigo Cabral Iunes Monografia apresentada ao Instituto de Ensino e Pesquisa de Cruzeiro, como parte dos requisitos para obtenção ao título de Especialista em Ortodontia. Cruzeiro 2007 INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA DE CRUZEIRO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ORTODONTIA DEGRADAÇÃO DE FORÇAS ELÁSTICAS NA RETRAÇÃO DE CANINOS NO TRATAMENTO ORTODÔNTICO FIXO Rodrigo Cabral Iunes Monografia apresentada ao Instituto de Ensino e Pesquisa de Cruzeiro, como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialista em Ortodontia. Orientador: Prof. Dr. Eduardo César Werneck Cruzeiro 2007 AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE E COMUNICADA AO AUTOR A REFERÊNCIA DA CITAÇÃO. Cruzeiro, ____ / ____/ ______ Assinatura: _____________________________ e-mail: [email protected] FOLHA DE APROVAÇÃO Iunes, R. C. Degradação de forças elásticas na retração de caninos nos tratamentos ortodônticos fixo Cruzeiro: IEPC 2007. Cruzeiro, ____ / ____/ ______ Banca Examinadora 1) Prof (a). Dr(a): Eduardo César Werneck Julgamento: ......................................... Assinatura: ...................................... 2) Prof (a). Dr: Ronaldo Alves Bastos Julgamento: ......................................... Assinatura: ...................................... 3) Prof (a). Dr: Adriano Marotta Araujo Julgamento: ......................................... Assinatura: ...................................... Dedicatória À minha esposa Elisa e minha filha Larissa, com amor e gratidão pela compreensão, carinho, respeito e apoio ao longo do período de execução deste trabalho. Aos meus pais pela sólida base educacional fornecida, pelo amor e pela compreensão nos momentos de ausência ocorridos durante a confecção deste trabalho. À minha avó Wilma pela confiança e estímulo na realização de todos os meus sonhos. Agradecimentos Ao Professor Eduardo César Werneck pelo estímulo, paciência e conhecimentos transmitidos, e além de tudo pela amizade estabelecida. Aos professores Adriano, Ana Carmelina, Márcio, Ronaldo Bastos, Alessandro, professores do curso de especialização do IEPC, o meu muito obrigado pela dedicação e empenho em minha formação profissional. Aos funcionários do IEPC pelo companheirismo e presteza constantes. Aos colegas do curso de Especialização, em especial a Cláudio Setti, José Alfredo e Ricardo Paoliello, pela amizade e companheirismo desenvolvido ao longo do curso. Aos pacientes que me confiaram sua saúde bucal para que eu pudesse aplicar os conhecimentos adquiridos. Iunes, R. C. Degradação de forças elásticas na retração de caninos nos tratamentos ortodônticos fixo Cruzeiro: IEPC 2007. RESUMO Este trabalho teve como objetivo estudar a degradação dos elásticos em cadeia da marca Morelli, todos pesados na retração de caninos. O índice de degradação foi aferido com um tensiômetro, a partir de uma força inicial de 250 g. Após 30 dias, no momento da troca dos elásticos, era feita uma nova mensuração para saber a quantidade de degradação que os elásticos sofreram no período. Verificou-se uma degradação de 59,92%, representando uma perda média de 149,8 g, com um desvio padrão de 13,8 gramas, num nível de confiança de 95%. Palavras-chave: Elásticos – látex – degradação – força ABSTRACT This work had as objective studies the degradation of the elastic bands in chain of the mark Morelli, all weighed. The elastic bands were measured as soon as they were put in the mouth with a tensiometer. After 30 days, in the moment of the change of the elastic bands, it was made a new measured to know the amount of degradation that the elastic bands suffered in the period. It happened a degradation of 59,92%, being an average of 149,8 g, with a standard deviation of 13,8 grams, with a level of trust of 95% and with a degradation of the accentuated elastic forces. Key words: Elastic - latex - degradation - force LISTA DE TABELAS p. Tabela 5.1 - Variação geral da degradação de forças elásticas 31 Tabela 5.2 - Variação dos 10 primeiros da degradação de forças elásticas 35 LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS mm - Milímetro D.P - Desvio-padrão et al. - e colaboradores % - por cento Gℓ Graug - grau de liberdade °C - Grau Celsius “ - Polegada md - Média P - Probabilidade EP - Erro padrão M - Média T - probabilidade de erro de medidas estatísticas g - Grama SUMÁRIO p. 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 01 2. REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................... 04 3. PROPOSIÇÃO ................................................................................................ 20 4. CASUÍSTICA, MATERIAIS E MÉTODOS ...................................................... 22 5. RESULTADOS ................................................................................................ 24 6. DISCUSSÃO ................................................................................................... 38 7. CONCLUSÕES ............................................................................................... 42 REFERÊNCIAS .................................................................................................... 44 1 INTRODUÇÃO Introdução 2 1 INTRODUÇÃO Desde os preceitos preconizados por Angle (1907), nos primórdios do século passado, houve um aumento no estudo e desenvolvimento da mecânica ortodôntica, bem como dos dispositivos incorporados aos aparelhos. Estes dispositivos visam auxiliar a mecânica ortodôntica, e assim, possibilitar ao profissional um maior controle nos movimentos desejáveis e indesejáveis dos dentes dentro dos objetivos propostos pelo aparelho utilizado. Vários dispositivos elásticos têm despertado os interesses de diversos pesquisadores devido ao baixo custo e a grande versatilidade, e são largamente utilizados na ortodontia (CABRERA et al. , 2003). Os elásticos ortodônticos podem ser classificados segundo a composição em sintético e com látex. Os do tipo sintético, de uso mais limitado, são menos resistentes a deformação, mais friáveis, mais sensíveis à temperatura e umidade, Por outro lado, os elásticos com látex por serem mais resistentes tem uma utilização mais ampla. Segundo a carga de trabalho, os elásticos podem são classificados em leves, médios e pesados. Os elásticos são materiais possuidores de elasticidade, que é a capacidade de um corpo se deformar quando submetido a forças externas e recuperar a sua forma original quando cessada a força atuante, definição esta apresentada por Hooke em 1678 (JARABAK; FIZZEL 1975). Existem limites para a elasticidade, sendo que um material altamente elástico pode deixar de sê-lo quando a força aplicada exceder determinados valores. Transportando estes conhecimentos para os elásticos ortodônticos, surge o desafio de estudarmos o comportamento destes, já que objetivamos materiais que não tenham uma diminuição brusca na força liberada, Introdução 3 mas sim elásticos que possam fornecer forças adequadas e contínuas durante todo o tempo que estiver colocado na boca. Vários trabalhos têm investigado o comportamento dos elásticos em condições estáticas, sob diferentes condições de meio ambiente, como saliva sendo muitas vezes a temperatura controlada a 37oC e em outros experimentos a temperatura do ambiente da sala foi utilizada. Entretanto os elásticos, quando utilizados em funções intramaxilares, sofrem no meio bucal variação nos seus alongamentos devido à fala, bocejos, mastigação, enfim, movimentos que deslocam a mandíbula da posição de repouso e desta forma, aumentam as distâncias entre os ganchos dos dentes da maxila e mandíbula. Levando em consideração este fato, procuram-se avaliar o comportamento dos elásticos através de testes dinâmicos em que os elásticos são, a cada minuto, adicionalmente alongados da distância inicial determinada, tentando assim simular movimentos de deslocamento da mandíbula que ocorrem ao longo do dia. No entanto, dois fatores não foram levados em consideração nestes estudos dinâmicos: 1. o fato de que comumente os elásticos intermaxilares serem removidos quando o paciente vai se alimentar e escovar os dentes; 2. e o de que quando o paciente está dormindo os movimentos de deslocamento da mandíbula são diminuídos consideravelmente. Diante do exposto e do que encontramos na revisão da literatura, consideramos importante complementar o estudo sobre o comportamento mecânico dos elásticos de meio próximas do que ocorre na prática clínica. Deste modo poderemos ter um melhor entendimento dos elásticos sob o ponto de vista de liberação e degradação da força e assim teremos condições de um maior controle em nossos tratamentos. 2 REVISÃO DE LITERATURA 2 REVISÃO DE LITERATURA Andreasen & Bishara (1970) iniciaram a análise do comportamento mecânico de elástico padrão e pesado, empregando elásticos de látex ⅝” e ¾”. No referido estudo, os elásticos foram esticados de 65 a 105 mm, considerando-se essas como as distâncias mínima e máxima de molar a molar, pelo período de três semanas, com medição nos prazos de 01 hora, 08 horas, 24 horas 07 dias, 14 dias e 21 dias. Um estudo preliminar indicou que não havia diferença entre água e saliva a 37°C como meio ambiente e desta forma, os elásticos foram mantidos submersos no meio aquoso, com temperatura a 37°C. A pesquisa de Andreasen & Bishara revelou que os Alastiks esticados a 105 mm sofriam deformação permanente de 50% de seu comprimento original, com uma degradação média de força de 74,51% no primeiro dia do estudo e nas três semanas restantes, as forças se estabilizaram razoavelmente, apenas com uma perda adicional de 8,2%. Com base nesses estudos, foi recomendada a aplicação de uma força inicial 04 vezes maior que a usualmente empregada, como a forma de compensação da degradação apontada, de modo a preservar a movimentação dental. Prosseguindo os estudos, Andreasen & Bishara (1970) II, esticaram Alastiks e elásticos de látex entre 22 e 40 mm, medidas estas tomadas como distâncias mínima e máxima nos movimentos de abertura e fechamento da boca, nas correções de classe II e III. Na comparação da degradação das forças entre os dois materiais, foi constatado uma perda de força superior nos Alastiks, em torno de 45,3% após há primeira hora, enquanto os elásticos perdiam apenas 10% da força, restando, ao final do estudo, cerca de 32,5% de força para os Alastiks. Outra observação feita foi em relação ao desconforto inicial que o paciente experimenta Revisão de Literatura 6 nas primeiras horas de uso dos Alastiks, o qual desaparece após a degradação da força elástica. Por fim, destacaram que quanto maior o estiramento dos Alastiks, maiores foram as deformações permanentes constatadas. Assim, contra-indicaram a troca diária de elásticos, pois perderia força com maior intensidade no primeiro dia de uso. Realizando um trabalho sobre os elásticos de látex, usando os de 3/16 ” e as cadeias elastoméricas das marcas Ormco (Power Chain) e Unitek (C2 de loops duplos e triplos), Wong (1976) testou a ruptura, nível de força em relação ao alongamento de elásticos e cadeias, grau de deformação permanente e degradação de força. A experiência durou três semanas e se constatou que nas primeiras 24 horas a perda é substancial, girando em torno de 50 a 75%, observando, ainda, que nas primeiras três horas é que ocorre a maior deterioração da força. Nas três semanas seguintes, a força permaneceu quase constante. Embora as marcas utilizadas tivessem grande variação de força inicial quando esticadas por 17 mm (641 g para a marca Alastiks Unitek e 342 g para Power Chain), observou-se que após o primeiro dia a força manteve-se igual, em torno de 171 g para ambas as marcas. Vale lembrar que o estudo também demonstrou que os módulos elásticos testados em ambiente aquoso a 37ºC obtiveram menor variação de força. Como resultado de suas observações, indicou que os elásticos fossem esticados previamente, antes de serem empregados no meio oral. Foi também o mesmo autor quem enfatizou a importância das cadeias elastoméricas na ortodontia, fornecendo um sistema livre de irritação devido às superfícies lisas, quando comparadas às ligaduras metálicas, porém enfatizando a necessidade de adequada higiene, já que os elásticos geram maior acúmulo de resíduos em volta dos bráquetes. Revisão de Literatura 7 Ao verificar a influência do meio ambiente associada à pré-distensão dos módulos, Brantley et al. (1979) usaram os Alastiks C Spool Chain marca Unitek e Power Chain II marca Ormco para avaliar os efeitos do pré-estiramento na perda das forças das cadeias elastoméricas. No experimento, os grupos foram testados em água destilada a 37ºC e ar em temperatura ambiente, com grupo controle e grupo pré-estirado. Num primeiro momento, segmentos de 04 módulos foram pré-estirados a 22,4 mm (cerca de 100% de seu tamanho original), com força que variou de 300 a 500 g, por um período de 24 horas, e medição logo após. Num segundo momento, a medição se deu 24 horas após o fim do pré-estiramento. Em outra etapa, os passos foram repetidos, com o pré-estiramento durando 03 semanas. A força inicial dos Alastiks da Unitek foi de 441 g, enquanto da Ormco foi de 373 g, situação que se inverteu após três semanas, quando os primeiros apresentaram 123 g e os segundos 146 g. Assim, foi possível concluir que o pré-estiramento durante três semanas em água destilada a 37ºC oferece ao ortodontista, para uso imediato, cadeias elastoméricas com forças próximas do constante, o que não acontece com o pré-estiramento ao ar livre e em temperatura ambiente. Ao estudar a elevação das forças de 03 a 04 vezes para compensar a perda subseqüente Young & Sandrik (1979), vieram desaconselhar tal orientação, diante dos riscos de isquemia capilar e reabsorção minante. Tais estudiosos empregaram uma máquina de teste marca Universal Instron, com capacidade para esticar os módulos elastoméricos e ao mesmo tempo medir a força, valendo-se de 04 elos de Alastiks cinza tipo CK e C2 da marca Unitek. O estudo mostrou que os Alastiks C2 não apresentaram variação, enquanto as cadeias CK mostraram melhora considerável em sua performance, com cerca de 17 a 25% de força remanescente, Revisão de Literatura 8 após 24 horas de análise, enquanto após 04 semanas a força remanescente foi de 64 a 93% superior ao grupo controle. Os autores preconizaram que o estiramento prévio deve ser feito pelo fabricante ou pelo ortodontista antes da aplicação para não causar isquemia capilar, devendo os elastômeros ser empregado imediatamente, de forma a evitar os efeitos do tempo sobre a perda de força. Ao estudar o comportamento das forças elastoméricas, com ênfase na degradação das forças de cadeias elastoméricas, De Genova et al. (1985), utilizando cadeias Power Chain II marca Ormco, Energy Chain marca Rocky Mountain e ElastO-Chain marca T.P. Laboratories Inc. , modelos longos e curtos, com variação de elos de 3 a 5, em um primeiro grupo foram esticados a 20 mm, submerso em saliva artificial a 37ºC, e em outro grupo foi submetido à ciclagem térmica de 15 a 45ºC, por três semanas. As cadeias cicladas apresentaram menor degradação de força após três semanas, que variou de 7 a 10 g, com força inicial de 300 a 400 g. Um segundo estudo introduziu a movimentação dental de 0,5 mm por semana nos grupos com ciclagem térmica, concluindo que a retenção de força nas cadeias com movimentação simulada era menor, numa escala de 9 a 13%. Foi também observado que as cadeias curtas oferecem forças iniciais maiores, com menor perda de força que as longas. Utilizando elásticos tratados para fechamento do sítio de extração de prémolares com técnica Edgewise convencional, Gianelly et al. (1986), pesquisaram 80 sítios para comparação numa amostra de 25 pacientes. Desses, metade foi testada com uso de cadeias médias de Alastiks das marcas Unitek e Rocky Mountain e outra metade com elástico tratado com cobertura de nylon marca Unitek, distribuindo-se Revisão de Literatura 9 os quadrantes da seguinte forma: um quadrante era tratado com elásticos tratados e o quadrante oposto com uma cadeia elastomérica. Nos testes, foi aplicado grau de força de 300 a 400 g inicialmente, com avaliação dos movimentos em três semanas, não sendo observada diferença estatística relevante. De fato, enquanto estudos in vitro demonstraram haver tal diferença, com superioridade da cadeia Rocky Mountain (retenção de até 80% da força inicial, projetando uma força elevada de 280 a 320 g), o resultado clínico de movimentação dental não apontou qualquer diferença. Burstone apud Gianelly et al. (1986) ressaltam que a fase inicial do movimento dental é o deslocamento inicial no espaço ligamentar. Comparando o resultado do emprego de forças pesadas e de forças leves nos materiais testados, teríamos em caso de forças pesadas a obtenção deste movimento de forma imediata, e em caso de forças leves a produção de tal movimento num espaço de vários dias. Após 2 a 3 dias de emprego de forças pesadas, tanto com elásticos tratados como com cadeias da Rocky Mountain, o resultado seria um período de hialinização prolongado, com a reabsorção minante. No mesmo período, o emprego de forças leves levaria a uma reabsorção frontal da cortical alveolar. Como resultado dos testes, os autores concluíram que as taxas de movimentação dental para os elásticos tratados e para as cadeias elastoméricas eram idênticas, sendo as cadeias mais higiênicas e fáceis de aplicar, com redução do tempo de consulta e maior bemestar ao paciente. Ao estudar os efeitos do pH na degradação das forças elastoméricas, utilizando 07 marcas de elastômeros, com 03 elos cada, medições diárias na primeira semana e semanalmente nas três semanas seguintes, e imersão em duas Revisão de Literatura 10 soluções diversas a 37ºC: uma com pH 4,95 e outra com pH 7,26. Ferriter et al. (1990) revelaram que nos pH’s próximos aos neutros a degradação de força é maior e que clinicamente parece que o pH inferior a 7,26 geraria retardo na taxa de degradação. Porém, tais pesquisadores refutaram a possibilidade da presença de placas bacterianas diminuírem a degradação das forças e melhorar o desempenho das cadeias elastoméricas. Jeffries & Von Fraunhofer (1991) pesquisaram o efeito da solução de glutaraldeído alcalino a 2% nas propriedades das cadeias elastoméricas, usando a solução Sporicidin marca Dentsply e a solução Cidex 7 marca Johnson & Johnson em seis marcas distintas de cadeias – Force A, Memory Chain, Alastik Unitek, E-Chain, Chain Elastic e Plastic Chain. Houve desinfecção prévia por 30 segundos, esterilização por 10 horas, enquanto completamente imersos nas soluções, e testes de tração nos grupos originais e nos imersos. Chegou-se à conclusão de que a esterilização, ou, desinfecção com a solução pode ser feita normalmente, eis que não alteram as propriedades mecânicas das cadeias, gerando apenas descoloração de algumas marcas. O resultado demonstrou, também, que a imersão nessas soluções pode ser um aliado no controle da infecção cruzada nos consultórios. Von Fraunhofer et al. (1992) estudaram os efeitos da saliva artificial e das soluções tópicas de flúor com cadeias elastoméricas Power Chain II marca Ormco, C1 pesado marca Unitek, e E-Chain marca T. P. Orthodontics, imersos em diversos meios (água destilada, saliva artificial, soluções a 0,4% KCl, 0,4% SnF2 e 0,31% de flúor fosfato acidulado), quando então foram estiradas e avaliadas na máquina Unite-O-Matic FM-20 Universal. Os testes revelaram a deformação sofrida, Revisão de Literatura 11 demandando estiramento maior dos módulos para manutenção da mesma carga liberada por um longo período de tempo, porém apresentando variação dentre as marcas e o meio utilizado, onde a maior perda de força ocorreu na solução de flúor fosfato acidulado e a menor perda nos módulos curtos. Embora a degradação da força tenha sido relevante, os autores mostraram que na clínica isso somente teria relevo quando as forças iniciais fossem superiores a 300 g e quando a exposição ao flúor fosse prolongada. Ao comparar o comportamento das forças elastoméricas sobre as cadeias incolores tipo médio marca Rocky Mountain e cadeias tipo curto incolor e tipo cinza marca American Orthodontic, Lu et al. (1993), obteve como resultado a elevada perda de força durante a primeira hora de tração e uma maior degradação de força com o aumento da força inicial de estiramento, corroborando resultados de estudos prévios de outros pesquisadores. Ainda com relação a cores e marcas, o estudo mostrou que a cadeia clara da marca American Orthodontic possuía menor perda de força que a cinza: a primeira teve perda inicial de 30,5% após uma hora e a segunda de 41,1%. Por outro lado, a marca Rocky Mountain obteve melhor performance em relação a American Orthodontic. Fundando-se em estudos pretéritos, que afirmavam que a força ideal de retração canina seria de 184 g, os dados da pesquisa dos estudos de Lu et al. demonstraram a efetividade da cadeia marca Rocky Mountain, a qual, esticada a 40 mm, 35 mm e 30 mm, revelam eficiência em prazos de 3 semanas, 1 semana e três dias, respectivamente. Em termos de coloração, esticada a 40 mm, a cadeia transparente mantém sua força efetiva por uma semana e a cinza por apenas 08 horas, revelando a superioridade da cadeia transparente em termos de retenção de força elástica. Revisão de Literatura 12 Ao estudar as cadeias de poliuretano tratado e não tratado e a relação com a degradação de forças Stevenson et al. (1994) concluíram que a temperatura influencia na deterioração dos elásticos, o pré-estiramento diminui a degradação da força gerando maior efetividade na movimentação e a degradação de força exponencial experimentada por todos os tipos avaliados pode ser representada pelo modelo matemático de Maxwell-Weichert. A fórmula matemática em questão permite estimar a magnitude da força em um determinado ponto do tratamento, possibilitando ao clínico na área de ortodontia antecipar não só eventual desconforto do paciente como a efetividade do tratamento após certo lapso temporal. Não houve efeito significativo da acidez e do oxigênio sobre a performance dos materiais. Baty et al. (1994) comparando a influência das cores nos módulos elásticos, com emprego de 04 tipos distintos, de três marcas - Masel, Ormco e Unitek - do tipo curto, cortado com 04 loops, com uma metade a mais de cada lado para evitar distorção no corte. Os módulos precisaram de uma distensão de 52 a 57% para atingir nível de força de 300 g e depois de 24 horas precisaram de uma extensão adicional de 20 a 40% para gerar a mesma força. Não houve influência das cores nas marcas Unitek e Masel, mas os modelos Ormco, em especial os de cores púrpura e verde, demandaram maior extensão que o cinza para alcançar o grau de força de 300 g quando em meio fluido. Nattrass et al. (1998) ao focarem seus estudos na influência de alguns fatores fluidos (coca-cola, água e uma solução tinta) e do fator temperatura sobre os elastômeros e as molas espirais de nickel-titanium, com medição num período de Revisão de Literatura 13 sete dias. Se por um lado não se verificaram alterações nas molas, salvo mínima alteração diante da temperatura, consistente num ligeiro aumento de força diante do aumento de temperatura, o mesmo não ocorreu com os módulos e as cadeias elastoméricas. Os elastômeros foram bastante influenciados pelo fator térmico, com aumento da perda de força com o aumento da temperatura. Tais materiais também sofreram influência do meio ambiente líquido, consistentes numa maior degradação de força exercida pela coca-cola e pela solução de tinta do que pela água. Ao final dos estudos, os próprios autores questionaram se houve relevância clínica nos efeitos causados por estes meios fluidos sobre o comportamento dos elastômeros. Kersy et al (2002) estudou os efeitos de alongamento repetido (prova cíclica) e prova estática nas propriedades de decadência de força de dois tipos diferentes de elásticos ortodônticos em único provedor. Os elásticos de látex retiveram significativamente mais força com o passar do tempo que o equivalente de nonlatex.Devido as altas taxas de degradação de força que continuaram ao longo do teste, seria importante que elásticos de nonlatex fossem mudados a intervalos regulares que não excedem 6-8 horas. Por causa dessa variável, seria aconselhável para os ortodontistas testarem uma amostra dos elásticos antes de usar ou comprar grandes quantidades para assegurar que os níveis de força estariam na gama esperada Oliveira et al (2003) afirmaram que o tratamento ortodôntico estaria baseado na ação prolongada da tração aplicada a um dente através do uso de aparelhos fixos e móveis auxiliados por fios elásticos e outros acessórios. O conhecimento da relação tensão-deformação dos elásticos ortodônticos influencia nos resultados do Revisão de Literatura 14 tratamento e permite o controle biomecânico para melhor aproveitamento dos efeitos . Os sistemas tradicionais de medição da relação tensão/deformação, tensiômetro e dinamômetro, apresentam elevada dependência da ação do operador, dificultando a repetitividade e reprodutibilidade dos resultados. O sistema de aquisição e tratamento de imagem no visível, proposto neste trabalho, foi concebido para reduzir a dependência da ação do operador, garantir uma maior confiabilidade metrologia, facilidade de operação e baixo custo. O sistema é formado por uma webcam, um PC dedicado e softwares de aquisição e tratamento das imagens. Foi projetada e construída uma banca de teste de tensão/deformação de elásticos intra-orais e intermaxilares de látex dos tipos leve, médio e pesado. Foi proposta uma metodologia de aquisição e elaboração de imagem no visível para mensuração da deformação. O sistema proposto permitiu uma avaliação da evolução da deformação dos elásticos no tempo, o que permitiu verificar a importância da primeira hora no uso dos elásticos. Todos os elásticos apresentaram uma deformação plástica. , sendo que os elásticos do tipo leve tiveram menor tolerância plástica em relação aos outros tipos, conseqüentemente obteve-se maior deformação nesse tipo. Assim, o sistema utilizado permite a comparação entre os diversos modelos de elásticos, além de possibilitar o armazenamento e reprodução das imagens. O fato de utilizar um sistema em que o operador não influi tanto no resultado garante uma melhor repetitividade e reprodutividade dos resultados. Eliades Theodore (2003) desenvolveu um experimento inicial capaz de determinar registros nas mudanças de forças aplicadas por uma cadeia de elastômeros, debaixo de tensão constante, em tempo real e com dados contínuos que registram o estudo de diferenças em relaxamento de tensão entreaberto (com Revisão de Literatura 15 ligação intermodular) e fechado (sem ligação intermodular) em cadeias do mesmo fabricante. Registraram degradação de força dos materiais elastoméricos debaixo de tensão constante. Araújo (2004) Analisaram–se separada e comparativamente 5 marcas comerciais de elásticos de látex quanto à degradação da força gerada por esses materiais em função do tempo, quando mantidos continuamente estirados. Os elásticos com diâmetro 5/16 de polegada foram estendidos em 35 mm, e as leituras das quantidades de força foram feitas nos intervalos inicial, ½, 1, 6, 12, 24, 48 e 72 horas para amostras de látex. Na primeira hora de testes, pode-se observar significativa redução na quantidade de força liberada por todas as amostras avaliadas. Verificou-se uma redução na quantidade de força gerada pelos elásticos de látex de 10,76 a 23,5% na primeira hora de testes de 18,71 a 35.09% em três dias de ativação. Concluiu-se que para a maioria das marcas comerciais de elásticos de látex avaliados seriam indicados a troca a cada três dias de uso. Para avaliar a influência do tamanho sobre a degradação da força de elásticos plásticos em cadeia Neto & Caetano (2004), compararam a degradação de foras de três grupos de elásticos em cadeia, de tamanhos diferentes (três elos, cinco elos e sete elos), quando distendidos para liberar uma força inicial próxima a 200g, durante um período de quatro semanas. Os dados coletados foram submetidos a análises estatísticas, e os resultados do experimento mostraram que a taxa de relaxação de tensão dos segmentos de elásticos em cadeia de diferentes tamanhos estudados, quatro horas, 24 horas, uma e quatro semanas após a ativação, mostrou-se significativamente diferente. Nos primeiros três intervalos de medições, Revisão de Literatura 16 os segmentos de três elos apresentaram as menores taxas de degradação de força, enquanto que os segmentos de sete elos apresentaram. Ao final da quarta semana, um percentual médio de degradação de força inicial menor do que os segmentos de três e de cinco elos (p< 0,05); oito horas, duas e três semanas após a ativação, não foram observadas diferenças estatisticamente significativas entre os segmentos (p>0,05). Chimenti et al (2004) Objetivaram avaliar in vitro o efeito das variações no tamanho de ligaduras de elastômeros na resistência friccionais estáticas geradas por mecânicas ortodônticas corrediças debaixo de condição seca. As ligaduras elastoméricas pequenas e médias produziram menos fricção que as ligaduras grandes significativamente. Nenhuma diferença estatística significante foi achada entre ligaduras pequenas e médias. A diminuição da força de fricção dos módulos pequenos e médios teve que ser designado principalmente às densidades menores de ambas as ligaduras com respeito a ligaduras grandes. As ligaduras elastoméricas lubrificadas geraram menor força de fricção do que as ligaduras de elastômeros não lubrificados com dimensões diferentes. A variação nas dimensões das ligaduras de elastômeros pode influenciar na resistência de fricção estática gerada por mecânicas ortodônticas corrediças nos segmentos bucais. O uso de ligaduras elastoméricas pequenas e médias determina uma diminuição em fricção estática de 13-17% comparada com ligaduras grandes. Módulos de silicone-lubrificados podem reduzir fricção estática de 23-34% com respeito às ligaduras elastoméricas não lubrificados pequenas e médias e de 36-43% comparados com ligaduras elastoméricas lubrificados grandes. Revisão de Literatura 17 Mendes & Artese (2004) Avaliaram a intensidade das forças liberadas por quatro tipos de ligaduras elásticas de duas marcas diferentes (Unitek 3M e TP Orthodontics), com e sem camada de polímero. As ligaduras foram imersas em solução de saliva artificial em períodos de tempo diferentes (inicial, 1 dia, 7, 14, 21, 28 dias) e suas forças liberadas foram quantificadas através de uma máquina de ensaios de tração. Não foi encontrada diferença significativa das médias das forças liberadas das ligaduras das marcas TP (p= 0,8182) e Unitek (p=0,2403) com e sem revestimento de polímero. Encontrou-se também uma diminuição acentuada nas médias das forças liberadas no primeiro dia sendo que entre os demais períodos essa queda foi gradativa e não significante. Concluiu-se que não há diferença significante em relação a degradação das forças entre as ligaduras elásticas com e sem revestimento de polímero . Ricardo Moresca ( 2005) estudou os níveis de força produzidos por módulos elásticos de quatro marcas comerciais (3M, Unitek , Ormco , TP e Morelli) quando submetidos a uma extensão de 3 mm e 2 mm , tendo verificado a degradação destas forças durante um período de 28 dias e determinado o melhor momento para a reativação dos módulos elásticos utilizados no fechamento de espaços por deslizamento. As forças foram aferidas em 6 intervalos de tempo: inicial, 24 horas, 7 dias, 14 dias, 21 dias e 28 dias. Para cada grupo, 10 módulos elásticos foram estendidos em lâminas metálicas de 6 mm e 5 mm de largura e mantidos em saliva artificial a temperatura de 37°C. As forças produzidas por esses módulos elásticos foram medidas utilizando-se uma máquina de ensaio mecânico Instron . Considerando a extensão de 3 mm, os módulos elásticos da marca 3M Unitek, Ormco, TP e Morelli produziram, inicialmente uma força de, respectivamente, Revisão de Literatura 18 372,60 g , 272,60 g , 321,20 g e 268,30 g .Para a extensão de 2 mm as forças geradas foram , respectivamente , 367,80 g , 265,10 g , 294,00 g e 226,60 g. Nas primeiras 24 horas houve um decréscimo da força de aproximadamente 40% para as marcas 3M Unitek, TP e Morelli e de aproximadamente 60% para a marca Ormco. Após 28 dias das forças geradas considerando a extensão de 3 mm para as marcas 3M Unitek , Ormco , TP e Morelli foram , 154,84 g , 69,90 g , 126,90 g e 124,20 g, respectivamente . Para extensão de 2mm as forças geradas foram, respectivamente, 126,90 g , 66,00 g , 116,30 g e 101,50 g.Os resultados sugerem que o melhor momento para a reativação dos módulos elásticos é sempre 21 e 28 dias. Naccarato SRF*, Tortamano (2005) estudaram as cadeias elastoméricas ortodônticas sintéticas medindo a força produzida pelas mesmas e a sua degradação. Foram selecionadas cinco diferentes marcas de cadeias elásticas para avaliação: Unitek, Abzil, American Orthodontics, TP Orthodontics e Morelli. Os módulos foram distendidos ao dobro de seu tamanho inicial e foram mantidos imersos em saliva artificial a 37°C durante as 4 semanas. A força foi mensurada no momento da distensão e nos intervalos de 1, 8, 24 e 96 horas e 1, 2, 3 e 4 semanas. Os resultados foram submetidos à análise estatística. As cadeias elásticas da TP Orthodontics apresentaram a degradação de 37% de sua força inicial, seguidas pelas da American Orthodontics (48%), Morelli (65%), Abzil (72%) e Unitek (79%), a qual apresentou a menor quantidade de força ao final do experimento. A força inicial exercida pelas cadeias elásticas variou entre 337 g e 404 g, e a força final entre 71 g e 253 g. Revisão de Literatura 19 Devido à grande variação da quantidade de força exercida pelas cadeias elásticas sugere-se clinicamente a utilização de dinamômetro e o conhecimento das propriedades elásticas dos materiais. Martins et al (2006) avaliaram as diversas cores de ligaduras elásticas do tipo modular da marca Morelli. Estas ligaduras foram estiradas em cilindros de aço inoxidável com diâmetro aproximado de um braquete de incisivo central superior, imersas em saliva artificial a 37ºC e tiveram suas forças medidas em uma máquina de ensaios de tração, antes da colocação nos estiletes (0h) e após 24 horas de imersão em saliva artificial. Os resultados foram obtidos através de um computador que opera conectado à máquina de tração e foram submetidos a testes estatísticos (ANOVA e Tuckey) com p<0,05. As médias das forças obtidas foram: md=0,3792 kgf para 0h e md=0,1286kgf para 24h e o desvio padrão do percentual de degradação da força foi de 66,07% ± 2,31%. Diante dos resultados, pode-se concluir que existe uma diferença significativa entre as forças geradas em 0h e 24h. Em 0h, mesmo antes da ação do tempo e da imersão em saliva artificial, já existem diferenças significativas entre algumas cores, com valores mais altos (md=0,4024 kgf) para a pérola e mais baixos (md=0,3511 kgf) para a verde clara. Em 24h, também foram constatadas diferenças significativas, sendo que a distribuição das cores por grupos foi diferente da observada em 0h. As cores verde clara, vermelha, amarela e branca tiveram menor percentual de degradação da força, sendo a verde clara com melhor desempenho (62,60%). Já as cores pérola, prata e cinza demonstraram maior percentual, sendo a pérola com pior desempenho (69,23%). 3 PROPOSIÇÃO Proposição 3 21 PROPOSIÇÃO Avaliar o nível de degradação de forças das cadeias elastoméricas de cor transparente na retração de caninos. Se os valores encontrados apresentam significância estatística. 4 CASUÍSTICA, MATERIAIS E MÉTODOS Casuística , Materiais e Métodos 4 23 CASUÍSTICA, MATERIAIS E MÉTODOS Foram realizadas medidas dos elásticos corrente, com tensiômetro da marca Morelli, em 24 pacientes do I.E.P.C., com intervalos de 30 dias. Estas medidas foram realizadas por um único operador, na colocação do elástico logo após sua ativação, sendo sempre aferida a força em 250 gramas e reavaliada no momento em que eram retiradas depois de 30 dias. Estes dados eram armazenados em uma tabela onde constavam à força inicial e a força final, para posteriormente fazermos um estudo para constatarmos o nível de degradação dessas forças durante esse período. 5 RESULTADOS Resultados 5. 25 RESULTADOS TESTES DE SIGNIFICÂNCIA Níveis e significâncias, índice T: teste Assunto de grande importância em Estatística e, em particular, no campo das investigações biológicas, é comprovar se as variações dos resultados encontrados são ou não estatisticamente significativas. Quando se formula uma hipótese em relação a determinada característica de uma população , há duas alternativas para a amostra colhida da mesma : ou ela pertence a população de origem , portanto as diferenças observadas são decorrentes de flutuações biológicas normais ou não pertence e as diferenças encontradas representam um efeito real não podendo portanto serem atribuídas ao acaso . No primeiro caso dizemos que os valores encontrados: “não são estatisticamente significativos” e no segundo: que “são estatisticamente significativos“. Essas expressões serão empregadas de acordo com os níveis de significância encontrados. Dessa forma podemos aceitar ou rejeitar a hipótese formulada. Vimos anteriormente quando tratamos da amostragem que as médias das amostras se distribuíam em torno da media da “população” com um afastamento, para mais ou menos, denominado de desvio padrão (DP). Esse afastamento corresponde a um erro padrão da média e é dado pela fórmula: . Resultados 26 Níveis de significância: São os limites que se tomam como base para afirmar que um dado desvio é decorrente do acaso ou não e conseqüentemente seu resultado é: “significativo” ou “não significativo”. A partir de um nível de significância convencionado os desvios são devidos a lei do acaso e o resultado é considerado não significativo. São aceitos como estatisticamente significativos os níveis P=0,05 e P= 0,01 que correspondem a 5% e 1% , respectivamente. Na prática consideram-se satisfatório o limite de 5% de probabilidade de erro, não sendo significativos as diferenças que acusarem uma probabilidade acima desse limite. (P>0,05). Assim sendo, como norma geral, pode-se dizer que: “Toda diferença entre o valor esperado e o valor observado maior que 2 vezes o erro padrão (> 2 EP) é estatisticamente significativa”. A fim de melhor esclarecer essa norma é mister recordar que na curva de Gauss (*) as medidas compreendidas entre M=2DP (média mais ou menos dois desvios padrão) correspondem a 95% da “população” ou “universo”. Assim, por exemplo , se um indivíduo tiver uma medida que estejam fora dos limites de = 2 desvios padrão da média do grupo a que ele pertence , podemos dizer que ele não pertence a esse grupo com uma probabilidade de erro menor que 5% . Com o mesmo raciocínio podemos dizer que as medidas compreendidas entre M ± 3 DP (média mais ou menos três desvios padrão) correspondem a 99% da “população”. Resultados 27 “Mutatis Mutandi” se um indivíduo apresentar uma medida que difira da média do grupo ± 3 DP, podemos afirmar que ele não pertence a esse grupo com uma probabilidade de erro inferior a 1% . Em resumo, temos: M ± DP abrange 68% da população M ± 2 DP abrange 95% da população M ± 3 DP abrange 99% da população (essas percentagens correspondem as áreas da curva normal). O desvio padrão, nesse caso, é tomado pelo erro padrão. Quando manuseamos as Tábuas de “T” para determinados níveis de probabilidade vemos então que as probabilidades de 95% e 99% são iguais ou maiores que 1,96 e 2,58 desvios positivos ou negativos, respectivamente. Índice T É um índice de significância que permite calcular a probabilidade de erro de medidas estatísticas. Os valores de “T” já se encontram calculados em Tábuas para cada desvio relativo. No caso de grandes amostras a probabilidade “P” de cada diferença pode ser obtida na tábua de áreas da curva normal, uma vez que os desvios relativos se disponham segundo uma distribuição normal. Para o caso de pequenas amostras deve ser usada a tábua de distribuição de “T” cujos valores estão calculados em relação com o número de graus de liberdade. Resultados 28 Grau de liberdade Chama-se grau de liberdade o número de observações de uma amostra menos 1, portanto: GL =n-1. No caso de duas amostras o grau de liberdade será: GL=(n1-1)+(n2-1) ou GL = n1+n2-2. Nessas condições a fórmula que nos dá o desvio padrão: DP = Para as pequenas amostras passa a ser a seguinte DP = Compreende-se facilmente que se o valor de “N” é grande, dividindo-se ∑(X-M)² por “N” ou “N-1” , os valores encontrados são muito aproximados de forma que podemos tomar um pelo outro. Quando o valor de “N” é pequeno eles tanto mais diferem quanto menor for a amostra. Após essas considerações voltemos a Tábua de “T”. Tábua de “t” : Nessa Tábua já estão calculadas as probabilidades para os diversos valores de “t” e diferentes graus de liberdade. As Tábuas dão as probabilidades de 0,9 a Resultados 29 0,001 para os graus de liberdade de 1 à 30, todavia como os valores significantes de “t” são P =0,05 e P = 0,01, os graus de liberdade acima de 30 são muito elevados portanto de menor interesse prático . A Tábua que a seguir transcreveremos atende aos fins práticos que desejamos Tábua de “t” (*) N P=0,05 P=0,01 1 12,7 63,66 2 4,3 9,92 3 3,18 5,84 4 2,77 4,6 5 2,57 4,03 6 2,45 3,71 7 2,37 3,5 8 2,31 3,36 9 2,26 3,25 10 2,23 3,17 15 2,13 2,95 20 2,09 2,85 30 2,04 2,75 muito elevado 1,96 2,58 (*) Extraída parcialmente da Tábua “Introducion a 1.a Bio-estatística de H. Bancrofti (Ajustada a última decimal). Resultados 30 O objetivo desta pesquisa é verificar se é significativa a diferença entre o início e o final, com relação à degradação das forças elásticas. A princípio espera que exista uma degradação das forças elásticas, porém moderada. Hipótese Nula Existe uma degradação das forças elásticas moderadas. Hipótese Experimental Existe uma degradação das forças elásticas acentuada. # t observado (to) 85,6 # t tabelado (tc) 1,96 #gl (grau de liberdade) 62 # p (probabilidade de erro) 0,05 ou 5%. to > tc aceita-se a Hipótese Experimental Resultados 5.1 - Variação geral da degradação de forças elásticas início final Diferença diferença quadrada 1 250 100 150 22500 2 250 100 150 22500 3 250 80 170 28900 4 250 90 160 25600 5 250 120 130 16900 6 250 90 160 25600 7 250 100 150 22500 8 250 100 150 22500 9 250 120 130 16900 10 250 110 140 19600 11 250 80 170 28900 12 250 100 150 22500 13 250 80 170 28900 14 250 80 170 28900 15 250 110 140 19600 16 250 100 150 22500 17 250 100 150 22500 18 250 90 160 25600 19 250 110 140 19600 20 250 80 170 28900 21 250 100 150 22500 22 250 110 140 19600 31 Resultados 23 250 80 170 28900 24 250 130 120 14400 25 250 100 150 22500 26 250 100 150 22500 27 250 100 150 22500 28 250 130 120 14400 29 250 110 140 19600 30 250 120 130 16900 31 250 100 150 22500 32 250 90 160 25600 33 250 90 160 25600 34 250 110 140 19600 35 250 80 170 28900 36 250 110 140 19600 37 250 100 150 22500 38 250 100 150 22500 39 250 110 140 19600 40 250 100 150 22500 41 250 120 130 16900 42 250 120 130 16900 43 250 100 150 22500 44 250 80 170 28900 45 250 110 140 19600 46 250 80 170 28900 32 Resultados Início Final 47 250 130 120 14400 48 250 110 140 19600 49 250 100 150 22500 50 250 100 150 22500 51 250 100 150 22500 52 250 110 140 19600 53 250 110 140 19600 54 250 90 160 25600 55 250 80 170 28900 56 250 100 150 22500 57 250 100 150 22500 58 250 80 170 28900 59 250 100 150 22500 60 250 80 170 28900 61 250 100 150 22500 62 250 100 150 22500 63 250 100 150 22500 soma 15750 6310 9440 1425800 33 Resultados Desvio Padrão S= S= S = 13,8 Erro Padrão σ dif = σ dif = σ dif = σ dif = 1,75 T0 = T observado T0 = T0 = T0 = 85,6 Tc = T tabelado Tc = 1,96 Hipótese Nula 34 Resultados Existe uma degradação das forças elásticas moderadas. Hipótese Experimental Existe uma degradação das forças elásticas acentuada. # t observado (to) 36,4 # t tabelado (tc) 2,26 #gl (grau de liberdade ) 9 # p (probabilidade de erro ) 0,05 ou 5%. to > tc aceita-se a Hipótese Experimental Foi feita uma nova estatística, agora com um número reduzido de amostras escolhidas aleatoriamente para ver se os valores se aproximariam. 5.2 - Variação dos 10 primeiros da degradação de forças elásticas inicio final diferença diferença quadrada 1 250 100 150 22500 2 250 100 150 22500 3 250 80 170 28900 4 250 90 160 25600 5 250 120 130 16900 6 250 90 160 25600 7 250 100 150 22500 8 250 100 150 22500 9 250 120 130 16900 10 250 110 140 19600 soma 2500 1010 1490 223500 35 Resultados Início X1 = 2500 = 250 10 Final X2 = 1010 = 101 10 Desvio Padrão (S) S= S= S= 12,2 σ dif = σ dif = σ dif = 4,07 T0 = T0 = T0 = 36,4 Tc = 2,26 36 Resultados 5.1 Análise Estatística Pretendeu-se, verificar se seria significativa a diferença entre a força inicial e a força final, com relação à degradação das forças elásticas. A principio espera-se que exista uma degradação das forças elásticas, porém moderada. 37 6 DISCUSSÃO Discussão 39 6 DISCUSSÃO Com respeito à degradação de forças foi encontrado um nível de degradação de forças da ordem de 150 g (60%) com desvio padrão de 12,2 g, com nível de significância de 0,05, diferentemente de Andreasen & Bishara I, Wong (1976) que esticaram os Alastiks a 105 mm determinando deformação permanente de 50% de seu comprimento original, com uma degradação média de força de 74,51% no primeiro dia do estudo e , nas três semanas restantes , as forças se estabilizaram razoavelmente sendo que 45,3% após a primeira hora. Ainda, degradação de força poderia ser maior nos pH’s próximo aos neutros Ferriter et al. (1990), com o pré-estiramento diminuindo a degradação da força gerando maior efetividade na movimentação Stevenson et al. (1994), não sendo significante em relação à degradação das forças entre as ligaduras elásticas com e sem revestimento de polímero Mendes & Artese (2004). Quanto a forma de ativação, foi nesta pesquisa realizada uma ativação mensal com força inicial de 250 g, muito embora, não correspondendo aos resultados de Andreasen & Bishara (1970) que perfizeram uma força inicial 04 vezes maior que a usualmente empregada por um período de três semanas. A força inicial dos elásticos de 250 gramas da marca Morelli foi bem inferior aos dos Alastiks da Unitek foi de 441 g, enquanto da Ormco foi de 373 g Brantley et al. (1979), e, portanto, também distantes dos valores encontrados por Gianelly et al. (1986), que relataram força de 300 a 400 g inicialmente, com períodos de avaliação a cada três semanas Young & Sandrik (1979), Ricardo Moresca (2005), e concordantes com os de Neto & Caetano (2004) que utilizaram força inicial próxima a 200gr. Discussão 40 Devido à grande variação da quantidade de força exercida pelas cadeias elásticas sugere-se clinicamente a utilização de dinamômetro e o conhecimento das propriedades elásticas dos materiais Naccarato SRF*, Tortamano (2005). Quanto aos fatores influenciadores haveria diferença entre água e saliva a 37°C como meio ambiente e, assim, os elásticos foram mantidos submersos no meio aquoso, com temperatura a 37°C Andreasen & Bishara (1970) I, Wong (1976), pois em ambiente aquoso a 37ºC obteve menor variação de força. Outro fator o pH inferior a 7,26 geraria retardo na taxa de degradação Ferriter et al. (1990), sendo importante verificar que esterilização ou desinfecção, com a solução de glutaraldeído alcalino 2% pode ser feita normalmente, eis que não alteram as propriedades mecânicas das cadeias, gerando apenas descoloração em algumas marcas. Jeffries & Von Fraunhofer (1991). Meios fluidos (coca-cola, água e uma solução tinta) sobre o comportamento dos elastômeros são questionáveis Nattrass et al. (1998) Quanto a coloração, foi utilizado as cadeias transparentes que pareceram manter sua força efetiva por uma semana, sem podermos afirmar nada sobre as cadeias cinza, com Lu et al. (1993), revelando a superioridade da cadeia transparente em termos de retenção de força elástica, contudo, não houve influência das cores nas marcas Unitek e Masel, mas os modelos Ormco, em especial os de cores púrpura e verde, demandaram maior extensão que o cinza para alcançar o grau de força de 300 g quando em meio fluido Baty et al. (1994) . Conclui-se que existe uma diferença significativa entre as forças geradas em 0h e 24h ,Martins et et.al (2006). Em 0h, mesmo antes da ação do tempo e da imersão em saliva artificial, já existem diferenças significativas entre algumas cores, com valores mais altos para a pérola e mais baixos para a verde clara. Em 24h, Discussão 41 também foram constatadas diferenças significativas, sendo que a distribuição das cores por grupos foi diferente da observada em 0h. As cores verde clara, vermelha, amarela e branca tiveram menor percentual de degradação da força, sendo a verde clara com melhor desempenho (62,60%). Já as cores pérola, prata e cinza demonstraram maior percentual, sendo a pérola com pior desempenho (69,23%). 7 CONCLUSÕES Conclusões 7 43 CONCLUSÕES 1. Ocorreu uma degradação de 59,92% , ou seja, uma média de 149,8 g, com um desvio padrão de 13,8 gramas; 2. Com um nível de confiança de 95% e com uma degradação das forças elásticas acentuadas. REFERÊNCIAS Referências 45 REFERÊNCIAS1 Abraão,L , Mendes ,A.M. , Artese ,F. , Sampaio-Filho, H. R - Avaliação da degradação das forças liberadas por ligaduras elásticas modulares com e sem revestimento de polímero - Braz Oral res, v.18,supplement (Proceedings of the 21nd Annual SBPqO Meeting) 2004. Andreasen, G.F.; Bishara, S. 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