FACULDADE DO SUL DE MATO GROSSO – FACSUL CURSO DE ADMINISTRAÇÃO COM HABILITAÇÃO EM COMÉRCIO EXTERIOR COORDENAÇÃO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EDIANE MÁRCIA LAZZARI ANGHINONI A IMPORTÂNCIA ESTRATÉGICA DO CONHECIMENTO NOS DIFERENTES NÍVEIS ORGANIZACIONAIS EM EMPRESAS DO AGRONEGÓCIO DE RONDONÓPOLIS RONDONÓPOLIS - MT 2005 EDIANE MÁRCIA LAZZARI ANGHINONI A IMPORTÂNCIA ESTRATÉGICA DO CONHECIMENTO NOS DIFERENTES NÍVEIS ORGANIZACIONAIS EM EMPRESAS DO AGRONEGÓCIO DE RONDONÓPOLIS Monografia apresentada à disciplina de Estágio IV, como parte dos requisitos para obtenção do título de bacharel em Administração, do Curso de Administração com habilitação em Comércio Exterior da Faculdade do Sul de Mato Grosso – FACSUL. Orientador: Prof. M. Sc. Eleri Hamer RONDONÓPOLIS - MT 2005 TERMO DE APROVAÇÃO EDIANE MÁRCIA LAZZARI ANGHINONI A IMPORTÂNCIA ESTRATÉGICA DO CONHECIMENTO NOS DIFERENTES NÍVEIS ORGANIZACIONAIS EM EMPRESAS DO AGRONEGÓCIO DE RONDONÓPOLIS Monografia apresentada à disciplina Estágio Supervisionado IV, como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Administração, do curso de Administração com Habilitação em Comércio Exterior da Faculdade do Sul de Mato Grosso – FACSUL, aprovada em 19/12/2005, pela seguinte Banca Examinadora: Orientador: Prof. M.Sc. Eleri Hamer Curso de Administração, FACSUL. Presidente Prof. Esp. Ezequiel Augusto Xavier Curso de Administração, FACSUL. Membro Prof. M.Sc. Juarez Orsolin Curso de Administração, FACSUL. Membro RONDONÓPOLIS – MT 2005 Dedico este trabalho ao meu esposo Luiz Carlos, e aos meus filhos Carlos Eduardo e João Paulo. Hoje resolvi deixar a caneta de lado, os livros guardados, e a agenda fechada. Percebi que nesse meu mundo acadêmico tive acesso a várias formas de conhecer. Mas o que será o conhecer? Então descobri que mais importante que descobrir é redescobrir, e foi ai que vocês foram o nível estratégico que possibilitou a transformação de um conhecimento tácito em conhecimento explícito chamado amor, totalmente determinado pela força que existe em vocês e que me faz sentir que nessa organização eu posso sempre caminhar para a otimização de resultados, numa gestão de amor, paz, amizade, companheirismo e confiança, estabelecendo assim um novo conhecimento, aquele que nos permite olhar nos olhos de grandes parceiros e dizer: “obrigada pela caminhada, obrigada por suas presenças em minha vida e que Deus nos permita alcançar muitas conquistas sempre juntos, pelas leis que somente o amor é capaz de conduzir!”. AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço a Deus, pelo dom da vida, da sabedoria, da perseverança e do amor, dons estes que alicerçaram a minha caminhada. Aos meus pais Auracélia C. Lazzari e Darcy Lazzari pelo amor, dedicação e exemplos. Pois, mesmo distante, continuei na tarefa de cumprir seus ensinamentos. Obrigado por tanto amor, essa vitória vos pertence. A todos da minha família, em especial a minha irmã Iane, meu cunhado Ivo, e minhas sobrinhas Márcia e Marcielle, pelas palavras de entusiasmo, de força e dedicação para que eu jamais desistisse desse sonho. Aos meus sogros Francisco João Anghinoni (in memorian) e Delvina G. Anghinoni, por ter dado o dom da vida ao meu maior presente. Ao meu Orientador professor M.Sc. Eleri Hamer pela confiança, disponibilidade, sabedoria e orientação, que me possibilitaram ousar e buscar novas formas de aprendizagem. Aos professores Ezequiel Augusto Xavier e Maurício Pugas que deixam em nossa vida mais que a lembrança de bons professores. Por isso, pela paciência, apoio, incentivo e ensinamentos, obrigada. Aos mestres pelo reconhecimento do trabalho realizado, pela contribuição em nossa formação profissional e pelos ensinamentos que com certeza, serão pontos fundamentais para que possamos agir com dignidade, competência e inovação. Aos colegas de classe, pelas horas partilhadas, pela convivência mútua, pelos conselhos e até mesmo pelas discussões e debates acirrados, que muito nos fizeram aprender. E por fim agradeço as empresas pesquisadas que gentilmente me atenderam. RESUMO O presente estudo discute aspectos dos ativos de conhecimento nos diferentes níveis organizacionais e analisa a importância e a aplicação estratégica do conhecimento em duas empresas no ramo do agronegócio de Rondonópolis-MT, e tem como pontos básicos: identificar a percepção do conhecimento pelos integrantes; analisar a localização, o compartilhamento e a disseminação do conhecimento nas empresas; e verificar a utilização do conhecimento como estratégia empresarial. Como metodologia, optou-se pela pesquisa descritiva com base qualitativa, realizando-se um estudo de casos múltiplos, e para a análise foi utilizada a análise de conteúdo. Como resultado constatou-se que as empresas reconhecem o conhecimento como fator de competitividade e verificou-se a utilização estratégica do conhecimento, embora de diferentes maneiras, implementam esse conhecimento quando na elaboração do planejamento estratégico. Observou-se que alguns colaboradores detêm o conhecimento como forma de proteção, o que interfere negativamente na aplicação do conhecimento ou é encarado como estratégico e, portanto devem ser resguardados como forma de competir no mercado. Na rotina de uma das empresas constatou-se a ênfase na valorização da tecnologia em favor do conhecimento. Não observou-se um projeto que privilegiasse essa formalização, o que pode dificultar o treinamento de novos colaboradores. Percebeu-se que as empresas utilizam o conhecimento, mesmo não intencionalmente, para organizarem-se no mercado competitivo a partir do modelo das cinco forças de Porter, tornando-se a base na elaboração das estratégias empresarias e nas tomadas de decisões. Palavras-chave: Conhecimento, Competitividade, Estratégia, Agronegócio, Níveis Organizacionais. LISTA DE QUADROS QUADRO 1 - Perguntas por categoria de análise............................................... 30 QUADRO 2 - Quadro síntese da análise dos dados da Empresa “X”................. 32 QUADRO 3 - Quadro síntese da análise dos dados da Empresa “Y”................. 38 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO................................................................................................ 08 1.1 OBJETIVOS E JUSTIFICATIVAS DO TRABALHO....................................... 08 2 REVISÃO DA LITERATURA........................................................................... 11 2.1 O CONHECIMENTO E A COMPETITIVIDADE DAS ORGANIZAÇÕES...... 11 2.2 GESTÃO DO CONHECIMENTO................................................................... 18 3 MATERIAL E MÉTODOS................................................................................. 24 3.1 INFORMAÇÕES BÁSICAS........................................................................... 24 3.1.1 A classificação da Pesquisa....................................................................... 24 3.2 DESCRIÇÃO DAS EMPRESAS PESQUISADAS......................................... 26 3.2.1 Empresa X.................................................................................................. 26 3.2.2 Empresa Y.................................................................................................. 26 3.3 COLETA E ANÁLISE DE DADOS................................................................. 27 3.4 DEFINIÇÃO DAS CATEGORIAS DE ANÁLISE............................................ 30 4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS................................... 32 4.1 ANÁLISE E AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS DA EMPRESA “X"............... 32 4.2 ANÁLISE E AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS DA EMPRESA “Y”.............. 38 5 CONCLUSÕES................................................................................................ 48 5.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE A EMPRESA X................................................ 48 5.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE A EMPRESA Y................................................ 50 5.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................... 52 REFERÊNCIAS................................................................................................... 56 APÊNDICES........................................................................................................ 60 ANEXOS.............................................................................................................. 63 8 1 INTRODUÇÃO Atualmente o conhecimento tem sido uma importante ferramenta para o sucesso das organizações, considerando que a partir do domínio do saber é possível desenvolver estratégias competitivas no cenário que a empresa está inserida. As mudanças econômicas, tecnológicas, políticas e sociais, causaram uma profunda transformação na estrutura de valores da sociedade, em que o conhecimento passou a ter uma importância fundamental em todas as atividades econômicas, transformando-se em seu principal recurso estratégico. As empresas do agronegócio, assim como as demais empresas enfrentam dificuldades para identificar e armazenar os ativos de conhecimento. O reconhecimento destes ativos é um fator fundamental para o crescimento e desenvolvimento empresarial, no qual as empresas precisam identificar qual grupo de conhecimento é estrategicamente relevante para o seu negócio, e desse modo começam a entender seus processos como um conjunto de diferentes níveis de conhecimentos. Esse exercício levará a um novo tipo de conhecimento, muito mais nobre, que poderá se transformar na principal fonte de vantagem competitiva. A presente pesquisa teve como tema central à importância estratégica do conhecimento nas empresas, e caracteriza-se como um estudo de casos múltiplos de caráter descritivo de base qualitativa complementado com dados quantitativos. O objetivo foi analisar como os integrantes que compõem o nível estratégico, tático e operacional percebem o conhecimento que existe dentro da empresa e qual a aplicação estratégica, sendo fundamentado pelos conceitos de conhecimento e competitividade. 1.2 OBJETIVOS E JUSTIFICATIVAS DO TRABALHO O cenário mundial vive uma época de mudanças radicais e decisivas, onde o conhecimento se transformou numa das principais fontes de riqueza das organizações e talvez no fator de produção mais importante. Assim é fundamental considerar que o conhecimento é algo essencial para o sucesso das organizações. 9 Para que esse sucesso seja efetivado, a empresa deve fazer uso de estratégias, que podem colocá-la numa posição de destaca no mercado competitivo. Para compreender a dimensão desse conhecimento, buscou-se, como objetivo geral, analisar a importância e sua aplicação estratégica em empresas do agronegócio de Rondonópolis, sob a perspectiva dos diferentes níveis organizacionais. Desta forma, estabeleceu-se como objetivos específicos, identificar a percepção do conhecimento pelos integrantes; analisar a localização, o compartilhamento e a disseminação do conhecimento nas empresas; e verificar a utilização do conhecimento como estratégia empresarial. Na sociedade do conhecimento faz-se necessário uma revisão dos processos, das políticas e tecnologias da empresa a partir de uma melhor compreensão do capital intelectual e dos fluxos relacionados à criação, identificação, organização, disseminação e uso de conhecimento estratégico para a organização. Por isso, este estudo permitirá que se amplie à possibilidade deste nível de informação à comunidade científica, para adicionar à evolução empresarial aquilo que lhe é peculiar: conhecimento, estratégia e sucesso no mercado de trabalho frente à consolidação de uma organização promissora. É importante salientar que a pesquisa, apesar de pioneira na Instituição, assume papel importante para a academia à medida que permite disponibilizar fontes de consulta, e a possibilidade de abrir uma nova frente de pesquisa, ainda não explorada e propensa a crescer com intensidade, visto que nesta área de pesquisa, em empresas do agronegócio, poucas fontes bibliográficas são encontradas. Assim, esta análise permitirá que novas metodologias possam ser desenvolvidas. Consciente desta realidade é relevante para a pesquisadora o estudo do tema, pois permitirá a análise e descrição da gestão do conhecimento nas empresas, permitindo explorar os aspectos práticos dos meios utilizados para a conversão de conhecimento, além de um novo referencial teórico. Assim, o interesse em analisar a gestão do conhecimento nas empresas atuantes no setor do agronegócio, encontra-se na necessidade de compreender como ocorre a 10 transferência de conhecimento, e como estes são aplicados no gerenciamento, o que permitirá às empresas a utilização desta pesquisa para definir com mais clareza às suas estratégias de intervenção. Neste contexto, o estudo é importante para as empresas nacionais, particularmente para aquelas expostas à competição internacional, que precisam adotar pró - ativamente estratégias de gestão do conhecimento, pois só assim terão condição de participar dos fluxos e acordos internacionais para troca de tecnologia e conhecimento, que se reverta em estratégias competitivas para o mercado como um todo. 11 2 REVISÃO DA LITERATURA A fim de nortear a realização desta pesquisa e criar um amplo campo de análise, buscou-se fundamentação teórica do conhecimento organizacional centrada na importância e aplicação do conhecimento nas estratégias empresariais, no qual fazem parte da revisão da literatura conceitos de conhecimento, competitividade e gestão do conhecimento. 2.1 O CONHECIMENTO E A COMPETITIVIDADE DAS ORGANIZAÇÕES A globalização e a competitividade são termos intimamente ligados ao agronegócio, pois trata-se de um fenômeno externo irreversível, que decorreu do forte aumento do intercâmbio mundial de conhecimentos, mercadorias, serviços, tecnologias, informações e capitais entre outros. Diante disto, a evolução tecnológica e a competitividade do mercado impõem desafios constantes aos atores inseridos no agronegócio havendo a necessidade de que sejam dotados de competências para buscar alternativas e garantir sua sustentabilidade nesse mercado (BINOTTO; NAKAIAMA, 2003). A mudança é normalmente mais um desafio de atitude do que uma questão técnica ou econômica, uma vez que os fatores que motivam para a promoção de mudanças nas organizações altamente profissionalizadas são os sistemas de aprendizado e conhecimento. Atualmente as organizações que conseguem ser autocríticas, que buscam constantemente aprender, a continuar melhorando o trabalho e o produto e, ao mesmo tempo, se preparando para serem agressivas amanhã, obterão maior sucesso do que aquelas que se encaminham para o estado de estabilidade e para a complacência (TUSHMAN; NADLER, 1997). Desta forma, as empresas do agronegócio devem ter o conhecimento como base fundamental de planejamento e ação, como estratégia de atração e manutenção das atividades produtivas com maior capacidade de administração e competitividade. Diante desta realidade de transformações constantes e rápidas, o conhecimento torna-se fator importante no cenário do agronegócio. Assim, o conceito de agronegócio para Duarte e Castro (2004, p. 32), é “uma maneira de 12 perceber a dinâmica da produção desde a fabricação dos insumos até o consumo de determinado produto, um complexo que envolve a dinâmica e o relacionamento de vários setores”. Na sociedade atual, os fatores tradicionais de produção como capital, terra e trabalho deixaram de ser os maiores geradores de poder e riqueza, uma vez que o conhecimento passou a ser, talvez, o mais importante fator de produção que pode gerar maior competitividade às empresas. O conhecimento, embora não seja um tema novo, atualmente esta sendo focalizado por uma nova lente, na categoria de ativo intangível e fonte de inovação, criação de valor e vantagem competitiva (LEITE; SILVA, 2004). Entretanto, tendo em vista sua característica de intangibilidade o tema conhecimento mostra-se complexo e de difícil abordagem, tornando-se difícil uma completa definição. Segundo Nonaka e Takeuchi (1997, p. 24), ao longo da história muitos tentaram conceituá-lo, como Platão, filósofo da Grécia Antiga, que descreveu o conhecimento como a “crença verdadeira justificada”. Os autores Nonaka e Takeuchi (1997), adotam esta definição de conhecimento na teoria da criação do conhecimento organizacional e esclarecem que enquanto a epistemologia tradicional do Ocidente se concentrou na ‘verdade’ como característica fundamental do conhecimento, eles destacam a natureza do conhecimento como ‘crença justificada’, assim: A epistemologia tradicional enfatiza a natureza absoluta, estática e nãohumana do conhecimento, em geral expressa em proposições e pela lógica formal, considerando o conhecimento como um processo humano dinâmico de justificar a crença pessoal com relação à ‘verdade’ (NONAKA; TAKEUCHI, 1997, p. 63). Neste sentido, Sveiby (1998) baseado em Michael Polanyi e Ludwig Wittgenstein define conhecimento como ‘uma capacidade de agir’, pois a capacidade de uma pessoa agir continuamente é criada por um processo de saber, assim a capacidade é contextual, pois o conhecimento não pode ser separado de seu contexto. Para Davenport e Prusak (1998, p. 1), “conhecimento não é dado nem informação, embora esteja relacionado com ambos e as diferenças entre esses termos sejam normalmente uma questão de grau”. 13 Com o crescente aumento da literatura acerca do tema, é comum haver certa confusão com as palavras: informação e conhecimento que acabam sendo usadas como sinônimos, porém são distintas. Assim, informação é um conjunto de dados com um determinado significado para o sistema e o conhecimento é a informação que, devidamente tratada, muda o comportamento do sistema. Segundo Nonaka e Takeuchi (1997) a informação é um meio material necessário para extrair e construir o conhecimento, constituindo-se em fluxo de mensagens. Portanto, o conhecimento é criado por um fluxo de informações, porém amarrado nas crenças e compromissos de seu detentor e está diretamente relacionada à ação humana: é sempre conhecimento com algum fim. Para Sveiby (1998) na teoria da informação e na ciência da computação tem dois fenômenos distintos: a informação, em forma de números, símbolos, fotos ou palavras exibidas em uma tela, e o conhecimento, que é o que a informação passa a ser depois de interpretada. O autor reconhece a noção radical de que “a informação é desprovida de significado e vale pouco”, acrescentando que o valor não está na informação armazenada, mas na criação do conhecimento de que ela pode fazer parte. Nonaka e Takeuchi (1997) descrevem as semelhanças e diferenças entre conhecimento e informação em três observações: Primeira, o conhecimento, ao contrário da informação, diz respeito a crenças e compromissos. O conhecimento é uma função de uma atitude, perspectiva ou intenção específica. Segunda, o conhecimento, ao contrário da informação, está relacionado à ação. É sempre o conhecimento “com algum fim”. E terceira, o conhecimento, como a informação, diz respeito ao significado. É específico ao contexto e relacional (NONAKA; TAKEUCHI, 1997, p. 63). Já para Davenport e Prusak (1998), um dos motivos pelo qual o conhecimento é valioso é que ele está próximo da ação, mais que dados e informação. Assim o conhecimento pode e deve ser avaliado pelas decisões ou tomadas de ações às quais ele direciona. Com base nestes conceitos e dentro dos paradigmas da economia do conhecimento, as empresas precisam gerenciar adequadamente os seus ativos de conhecimento para se tornarem mais competitivas do que seus concorrentes. 14 Neste ambiente é muito comum a palavra concorrência ser associada ao termo competitividade e usados como sinônimos. Porém, concorrência é essencialmente uma característica dos mercados, sendo uma referência para a disputa entre as empresas pela renda limitada dos consumidores ou pelo acesso aos insumos. Por outro lado, competitividade é a capacidade de concorrer de modo sustentável (AZEVEDO, 2000). Assim, em análise e observando a importância da competitividade no mercado, se esta for aliada ao conhecimento pode ser uma grande estratégia para que as empresas ampliem-se no mercado. Deste modo, Terra (2001) afirma que, o conhecimento em suas várias formas, é um fator determinante para a competitividade das empresas e dos países, onde a gestão pró-ativa do conhecimento assume um papel importante. Na concepção de Leite e Silva (2004), incorporar o conhecimento ao processo estratégico requer destacá-lo como capaz de auxiliar a remover gaps para obter melhores patamares de desempenho, seguido do estabelecimento das possibilidades que levarão a criação e desenvolvimento do conhecimento organizacional. Entretanto, a estratégia orientada para o conhecimento focaliza o potencial humano para o alcance dos objetivos organizacionais. Segundo Sveiby (1998), a estratégia do conhecimento é muito competitiva, difícil de ser copiada e pode oferecer novas oportunidades de negócios. É importante salientar que o conceito de estratégia está intimamente ligado aos conceitos de missão, alvo, competência, competitividade, determinação e coragem para assumir riscos independentes da economia e da cultura. Assim, a ação estratégica não deve ser considerada como uma forma científica de prever ou enfrentar situações. A estratégia é uma arte, uma ação essencialmente criadora pela qual se empregam recursos disponíveis para gerar ou utilizar condições que sejam compatíveis e favoráveis para o alcance de metas específicas. Portanto, as empresas inseridas no cenário do agronegócio, em que as transformações são rápidas e constantes, têm a necessidade de aperfeiçoar o seu desempenho, preocupando-se com estratégias de gerenciamento para manterem-se 15 ou tornarem-se mais competitivas. O poder de competitividade de uma empresa depende principalmente de sua capacidade de perceber a si mesma e o mercado em que atua. Planejar adequadamente um posicionamento que leve em conta às cinco forças competitivas de Michael Porter pode ser o diferencial daquelas empresas que crescem ou se perpetuam no mercado. Porter (1989) em seu modelo de ambiente competitivo envolve organizações específicas com as quais a organização em questão interage, no qual são incluídos neste ambiente, os concorrentes atuais, a ameaça de novos entrantes, a ameaça de substitutos, fornecedores e consumidores. A figura 1 apresenta as cinco forças competitivas da indústria. FIGURA 1 As Cinco Forças Competitivas que Determinam a Rentabilidade da Indústria. Fonte: Porter (1989, p. 4) Uma boa estratégia é muito importante para a perpetuação da organização. Um bom posicionamento estratégico contribui para um desempenho coerente durante longos períodos. Nenhuma empresa pode ousar entrar no mercado competitivo sem uma definição clara de como se posicionar no seu setor, ou seja, 16 sem ter uma estratégia. Desta forma, para Oliveira Jr (2001, p. 324), estratégia é o “caminho, maneira ou ação formulada e adequada para alcançar, preferencialmente, de maneira diferenciada, os objetivos e desafios estabelecidos, no melhor posicionamento da empresa perante o ambiente”. Para Porter (1989) estratégias é escolher a posição que a empresa vai ocupar em seu ambiente competitivo. Desse modo, fazendo-se uso de estratégias, a empresa pode adquirir agilidade e assertividade na tomada de decisão, e conseqüentemente promover o aumento da produtividade, competitividade e lucratividade. Para se definir a estratégia empresarial é importante ter um profundo conhecimento da estrutura empresarial, de sua flexibilidade e de mercado, compreendido como concorrência, potenciais entrantes, consumidores e potenciais substitutos e, por último, mas não menos importante, uma boa dose de criatividade. Assim, o planejamento estratégico é definido pela alocação de recursos calculados para atingir determinados objetivos a curto, médio e longo prazo num ambiente altamente competitivo e dinâmico, no qual sua função básica é criar condições para o crescimento equilibrado da empresa. Todavia, é necessária aplicação intensiva do conhecimento, juntamente com a participação pró-ativa dos lideres e uma visão generalizada da empresa em relação aos ambientes em que atua. Na opinião de Anghinoni e Hamer (2005), no contexto atual cresce em importância à construção das vantagens competitivas, que por sua vez estabelecem uma relação com a produtividade no uso dos fatores de produção, e principalmente através da tecnologia e da inovação. Desta forma, com a crescente internacionalização dos mercados e das economias têm-se produzido efeitos surpreendentes em muitos âmbitos, como o acirramento da concorrência e a necessidade de se perseguir vantagens competitivas sustentável. É importante ressaltar, que o mercado interno também é ”profundamente afetado pela concorrência de produtos importados e pelo movimento de entrada e de novas empresas multinacionais, fusões, aquisições e alianças estratégicas em geral” (JANK; NASSAR, 2000, p. 142). 17 Neste contexto, a competitividade é entendida como capacidade de sobrevivência, e o crescimento nos mercados é resultado das estratégias competitivas adotadas pelas organizações. Assim para Jank e Nassar (2000, p. 141), “a competitividade pode ser definida como a capacidade sustentável de sobreviver e, de preferência, crescer nos mercados concorrentes ou novos mercados”. Neste sentido, Oliveira Jr (2001) sugere que a administração do conhecimento pode colaborar para obter uma vantagem competitiva sustentável para a empresa, e como os recursos intangíveis podem constituir a base de uma estratégia competitiva, assim como garantir resultados superiores para a empresa no futuro, identificando quais são os ativos estratégicos e as competências essenciais a serem usados. As empresas precisam gerar, codificar, disseminar e apropriar o conhecimento tácito e explícito para alcançar seus objetivos. Para Nonaka e Takeuchi (1997) o conhecimento é dividido de duas formas: tácito e explicito. O conhecimento explícito e o conhecimento tácito são as unidades estruturais básicas que se complementam e que a interação entre elas é a principal dinâmica da criação do conhecimento organizacional. Os mesmos autores argumentam que o conhecimento tácito é uma fonte importante de competitividade, e sustentam que é o principal fator que gerou a competitividade e a inovação das empresas japonesas na década de 1980. Por outro lado, há de se salientar que a adoção do planejamento estratégico requer, normalmente, uma mudança significativa na filosofia e na prática gerencial da maioria das empresas. Assim, cabe a alta direção à responsabilidade de definir e pôr em prática todo o processo de planejamento global da empresa. A estratégia é a essência, a síntese de um processo de busca que determina a direção que a empresa vai tomar no caminho para o futuro. É o principal resultado de um sistema de planejamento estratégico. É a visão macro que define o que a organização vai ser, e serve como guia para a elaboração de todos os planos e ações. 18 2.2 GESTÃO DO CONHECIMENTO A gestão do conhecimento é um processo, articulado e intencional, destinado a sustentar ou a promover o desempenho global da organização, com base no conhecimento. É uma maneira fundamentalmente nova de se olhar para a organização, e precisa ser parte integrante do planejamento e do pensamento estratégico. Desta forma para Leite e Silva (2004), a gestão do conhecimento é um processo contínuo e cíclico por sua própria natureza. Desta forma a visão, a missão, os objetivos e a estratégia da organização são as forças direcionadoras da rede de valor de conhecimento. Para Terra (2001) as empresas que focam sua gestão na criação, aquisição e compartilhamento do conhecimento têm maiores possibilidades de alcançar bons resultados. Para o autor, gestão do conhecimento não é meramente uma coletânea de projetos, mas uma nova forma de entender os desafios empresariais das organizações. Já para Grotto (2002, p. 116), “compartilhamento do conhecimento é o processo de partilhar conhecimentos tácitos e explícitos por meio de práticas formais e informais”. Desta forma as práticas diferem de uma organização para outra, pois são utilizadas e enfocadas as consideradas mais eficientes. As empresas de modo geral, possuem dificuldades de identificar e armazenar os ativos de conhecimento. Assim, para Spender (2001) o conhecimento é um ativo fluido, mas necessita de gerenciamento, porém não pode ser gerenciado antes de ser identificado, no qual existe a possibilidade dos gerentes terem em suas mãos a organização como um feixe de ativos do conhecimento, se estes forem identificados, valorizados e custeados. A ausência de gerenciamento de ativos do conhecimento obriga as empresas a se adaptarem as suas necessidades, e se ajustarem às mudanças do ambiente e da estrutura, sem um prévio planejamento. No entanto, na opinião de Hamer (2002) deve-se conduzir e direcionar as propriedades baseadas no conhecimento adquirido durante sua vivência. Assim, a gestão do conhecimento pode promover a execução de ações alinhadas com os objetivos estratégicos da organização. 19 Desta forma, a gestão do conhecimento envolve gerir o conhecimento dos processos de negócio da empresa, buscando promover a melhora constante dos mesmos através da utilização do seu capital humano e estrutural, aumentando continuamente a competência organizacional. Assim para Murray (1996), gestão do conhecimento é a estratégia que converte os bens intelectuais das organizações, tanto as informações como o talento dos membros, em maior produtividade, novo valor e aumento da competitividade. Neste sentido, para Leite e Silva (2004), é importante que a gestão do conhecimento se constitua num processo contínuo nas organizações. Processo este, que envolva as ações que determinem os conhecimentos de acordo com a estratégia, que identifiquem os conhecimentos disponíveis, que desenvolvam e compartilhem conhecimento e que apliquem e avaliem o valor deste conhecimento ao negócio. Assim, percebe-se que o conhecimento é criado através da interação e do compartilhamento que ocorre entre as pessoas na execução das atividades, e o fluxo de informações que ocorre de forma caótica durante o processo. O conhecimento tácito que emerge desse processo interativo é à base do processo de criação de conhecimento organizacional. Desta forma, o ideal para as empresas é criar sistematicamente novos conhecimentos, disseminando-os pela organização inteira e rapidamente incorporálos a novas tecnologias e produtos. Segundo o Nonaka e Takeuchi (1997), essa criação ocorre a partir de uma espiral de conhecimento baseada no comprometimento pessoal, e em vários processos de conversão entre o conhecimento tácito e o explícito, envolvendo desde o indivíduo até o grupo, a organização e o ambiente. Nonaka e Takeuchi (1997), baseados nesta hipótese, postularam quatro modos diferentes de conversão do conhecimento, que se dá pela interação entre conhecimento tácito e explícito: 20 Socialização - tácito para tácito – “processo de compartilhamento de experiências e, a partir daí, da criação do conhecimento tácito, como modelos mentais ou habilidades técnicas compartilhadas” (NONAKA; TAKEUCHI, 1997, p. 69). Externalização - tácito para explícito – “processo de criação do conhecimento perfeito, na medida em que o conhecimento tácito se torna explícito, expresso na forma de metáfora, analogias, conceitos, hipóteses e modelos” (NONAKA; TAKEUCHI, 1997, p. 71). Combinação - explícito para explícito – “processo de sistematização de conceitos em um sistema de conhecimento. Esse modo de conversão do conhecimento envolve a combinação de conjuntos diferentes de conhecimento explícito” (NONAKA; TAKEUCHI, 1997, p. 75). Internalização - explícito para tácito – “processos de incorporação do conhecimento explícito no conhecimento tácito” (NONAKA; TAKEUCHI, 1997, p. 77). Referindo-se aos mecanismos para criar, coletar e disseminar o conhecimento, as organizações que aprendem reconhecem que o valor do conhecimento raramente é criado e compartilhado por acaso. Mecanismos conscientes devem ser colocados em ação para adquiri-lo, e uma força considerável deve ser dedicada para disseminá-lo e impulsioná-lo. Garvin (2000) destaca que no processo de aprendizagem, raciocinar de um modo novo é fundamental para romper os bloqueios à aprendizagem, assim como considerar que o processamento de informação é um dos mecanismos pelo qual se efetiva a aprendizagem. Para o autor, a criação de um ambiente propício; a abertura de fronteiras e o estímulo ao intercâmbio de idéias auxiliam na promoção da aprendizagem. Vale ressaltar que os integrantes das organizações, independente da sua posição, precisam colaborar com idéias, criatividade e inovação, que apresentem uma atitude de aprendizagem contínua, pois as organizações aprendem através dos seus indivíduos, onde o ambiente comunicativo irá proporcionar a interação entre os indivíduos permitindo a troca de experiências e conhecimento. 21 Conforme Senge (1990), as organizações de aprendizagem são aquelas nas quais as pessoas desenvolvem continuamente sua capacidade de criar os resultados que realmente almejam, onde surgem novos e elevados padrões de raciocínio, onde a vontade coletiva é libertada e as pessoas aprendem continuamente a aprender em grupo. Essa concepção é vista como uma alternativa possível para as organizações, já que, todos os serem humanos são eternos aprendizes. Para que essa compreensão se materialize, Senge (1990) enumerou cinco disciplinas básicas necessárias: Domínio Pessoal, com o qual o indivíduo deve aprender a esclarecer e aprofundar continuamente seu objetivo pessoal, a concentrar-se em sua energia, a desenvolver a paciência e a ver a realidade de maneira objetiva, verificando como as ações individuais afetam o mundo ao redor. Modelos Mentais, por meio dos quais se devem conhecer e examinar meticulosamente as idéias ou imagens profundamente arraigadas que influenciam atitudes pessoais, detectando-se, assim, as falhas na maneira de ver o mundo. Objetivo Comum, o qual consiste em buscar imagens do futuro que promovam um engajamento verdadeiro em vez de simples concordância. Aprendizado em Grupo, já que a organização só tem a capacidade de aprender se os grupos forem capazes de aprender, e se esse aprendizado começa com o diálogo e permite que as pessoas possam enxergar além dos limites de suas perspectivas pessoais. Raciocínio Sistêmico, uma disciplina que integra as outras. É a estrutura conceitual que permite ver o todo; as inter-relações em lugar de coisas estanques ou instantâneos estáticos. Desta forma, terão maior êxito às empresas que se estabelecerem como organizações de aprendizagem e que conseguirem desvendar como despertar o comprometimento e a capacidade de aprender das pessoas em todos os níveis da organização. Entretanto, a ausência de um modelo de gestão é muito prejudicial à organização e impede que os recursos sejam bem empregados, o que afeta a produtividade e a competitividade da empresa. 22 Na concepção de Angeloni e Dazzi (2004), as organizações expostas a uma competição cada vez mais acirrada, que compreenderem as interações que acontecem tanto nos processos de desenvolvimento, como nos processos de gestão do conhecimento organizacional, dominarão diferenciais que irão lhes conferir capacidade de intervenção em ambientes economicamente e socialmente complexos. Assim, um dos desafios do mundo contemporâneo, ao lado do chamado desenvolvimento sustentável, é a transformação do conhecimento em riqueza. Com as características da sociedade atual, as organizações com estruturas rígidas têm dado lugar às que possuem uma gestão criativa, com capacidade de se adaptarem a um mundo de constantes mudanças, com uma visão holística, onde evidenciam-se as competências intelectuais e humanas. Por outro lado, para Angeloni e Dazzi (2004), a exemplo das organizações, as pessoas também devem preparar-se para atender as expectativas das organizações e se manterem competitivas ou empregáveis neste contexto, que exige um novo perfil profissional, com um conjunto de competências que as pessoas adquirem pela educação, por programa de formação e pela própria experiência no desenvolvimento das atividades organizacionais. Isto significa acreditar na necessidade de valorização do ser integral, reflexivo e ético, com uma visão holística do seu papel e potencialidade, com suas qualificações técnicas, tão importantes numa sociedade que exige informações rápidas, precisas e seguras, e que requer um comprometimento maior das pessoas, com a capacidade de transferir seus conhecimentos sem o constante medo de compartilhá-los. Desta forma, para Angeloni (2002), no modelo de organizações do conhecimento, é indispensável trabalhar as seguintes variáveis, que possibilite o indivíduo navegar nas ondas do cérebro: trabalhar os modelos mentais; procurar a aprendizagem contínua; criatividade e inovação; intuição e partilha de informação e conhecimento. 23 Portanto, as organizações modernas devem ter uma cultura de mudança, tentando harmonizar indivíduos e grupos, valorizar interesses comuns e objetivos organizacionais, para que esses transpareçam inseridos na prática da organização. A empresa deve abrir os canais de comunicação, criando um ambiente onde exista incentivo para as pessoas experimentarem novidades e envolverem-se com o aprendizado, que representa a essência da mudança. Assim, aprender refere-se não só a incorporar informações, mas à construção da capacidade de criar e romper formas rotineiras de pensar e agir. Na percepção de Lara (2004), a tendência das pessoas guardarem seus conhecimentos, mesmo que não intencional, é um dos principais problemas da gestão do conhecimento. Isso pode acontecer por as pessoas simplesmente não estarem motivadas a mostrar o que sabem, e o compartilhamento de conhecimento só ocorre quando os costumes sociais o propiciam. A mesma autora, Lara (2004. p. 41), afirma que “a gestão do conhecimento eficaz só poderá ocorrer com a ampla mudança comportamental, cultural e organizacional”. Embora a gestão do conhecimento tenha adquirido ressonância no ambiente empresarial, seus conceitos estão relacionados a processos inerentes à macroeconomia mundial, provocando extraordinário impacto na cadeia de valor, onde a riqueza é gerada essencialmente pelo correto uso do conhecimento. Ou seja, é um tipo de acesso a ativos intangíveis, principalmente baseados no conhecimento que irão assegurar às empresas o acumulo de riqueza, no qual, estas terão melhor capacidade de explorar seus atuais ativos para aumentar seus recursos de conhecimento no futuro. Cavalcanti et al (2001, p.50) afirmam que “longe de ser um modismo, a gestão do conhecimento é, ao contrário, uma absoluta necessidade das organizações que desejam ter sucesso no século XXI”. Deste modo, vale destacar que a partir da teoria exposta, foi possível uma visão panorâmica da definição e aplicação do conhecimento nas empresas pesquisadas e a sua relação com o cenário do agronegócio. Assim, definidos os elementos que foram analisados, detalha-se o roteiro metodológico cumprido, para entender qual a importância e a aplicação do conhecimento em empresas do agronegócio, objeto desta pesquisa. 24 3 MATERIAL E MÉTODOS O conhecimento científico tende a aperfeiçoar e mudar, diante de novas descobertas, conceitos anteriores apresentados como verdadeiros. Assim, para Marconi e Lakatos (2001): A pesquisa pode ser considerada um procedimento formal com método de pensamento reflexivo que requer um tratamento científico e se constitui no caminho para se conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais. Significa muito mais do que apenas procurar a verdade: é encontrar respostas para questões propostas, utilizando métodos científicos (MARCONI; LAKATOS, 2001, p. 43). A pesquisa é classificada como científica quando satisfaz a determinadas condições, seu objeto deve ser perfeitamente definido de forma que possa ser reconhecível e identificável por todos. O estudo deve acrescentar algo ao que já se sabe sobre o assunto e ser útil como fonte de pesquisa, fornecendo elementos que permitam a verificação e a contestação das hipóteses apresentadas, tendo em vista a sua continuidade. 3.1 INFORMAÇÕES BÁSICAS 3.1.1 A classificação da Pesquisa Para a classificação da pesquisa, buscaram-se subsídios nas obras de Beuren (2004) e Marconi; Lakatos (2001), que definem quatro formas para a classificação de uma pesquisa científica: em relação aos objetivos, à forma de abordagem, à sua natureza e aos procedimentos adotados pelo pesquisador. O trabalho envolveu ações da pesquisadora que não se limitaram à leitura de fontes bibliográficas, mas buscou-se analisar uma determinada realidade. A pesquisa descritiva expõe características de determinada população ou de determinado fenômeno. Não tem compromisso de explicar os fenômenos que descreve, embora, como observa Gil (1996, p. 46), “algumas pesquisas descritivas vão além da simples identificação da existência das relações entre variáveis, pretendendo determinar a natureza dessa relação”. 25 A pesquisa descritiva pode aparecer sob diversas formas, dentre as quais o estudo de caso, objeto do presente estudo. Neste sentido observaram-se as orientações de Triviños (1987) apud Beuren (2004) de que o estudo descritivo requer do pesquisador uma demarcação precisa de técnicas, métodos e teorias que nortearão a coleta e interpretação dos dados, em que o objetivo é conferir validade científica para a pesquisa. A população e a amostra também devem ser delimitadas, assim como os objetivos, os termos, as variáveis, as hipóteses e as questões de pesquisa. Quanto à forma de análise, o trabalho se caracteriza como pesquisa qualitativa, uma vez que, segundo Beuren (2004, p. 92) “na pesquisa qualitativa concebem-se análises mais profundas em relação ao fenômeno que está sendo estudado. A abordagem qualitativa visa destacar características não observadas por meio de um estudo quantitativo”. A pesquisa qualitativa não busca enumerar ou medir os eventos pesquisados, pois, o ponto de partida são questões, ou focos de interesses amplos, que vão se definindo a medida que o estudo se desenvolve. Assim, tem como ponto de partida a existência de uma relação dinâmica entre o sujeito, a organização e o mundo real, o que obriga o pesquisador a despojar-se de preconceitos e adotar uma posição aberta em relação a tudo que é observado. O trabalho foi desenvolvido a partir de um referencial existente, principalmente livros, artigos, internet e material disponibilizado pelas organizações escolhidas, além de um estudo de caso que envolve a análise profunda de uma empresa. Sobre o estudo de caso, Lazzarini (1997) aponta que: A pesquisa por meio de estudos de caso tem sido enquadrada no grupo de métodos denominados qualitativos, que se caracteriza por um maior foco na compreensão dos fatos do que propriamente na sua mensuração. Contrasta, portanto, com os métodos quantitativos, que se preocupam com mais intensidade em mensurar fenômenos e são aplicados normalmente a amostras mais extensa e representativa (LAZZARINI, 1997, p. 9). O estudo de caso é uma forma de pesquisa que tem por objetivo a análise profunda de uma dada unidade social. Para a realização do presente estudo optouse pelo trabalho de caso múltiplo, considerando que o universo pesquisado envolveu duas empresas. Para Lazzarini (1997, p. 15), ”a vantagem do uso de casos múltiplos 26 reside no fato de que estes proporcionam evidências inseridas em diferentes contextos, o que acaba tornando a pesquisa como um todo mais robusta”. Vale salientar, que para essa pesquisa optou-se pela amostragem por acessibilidade. Com base em Gil (1996) entende-se que se: Constitui o mesmo rigoroso de todos os tipos de amostragem. Por isso mesmo é constituída de qualquer rigor estatístico. O pesquisador seleciona os elementos a que tenha acesso, admitindo que estes possam de alguma forma apresentar o universo. Aplicar-se esse tipo de amostragem em estudo exploratório ou qualitativo onde não é requerido elevado nível de precisão. (GIL, 1996, p. 97). 3.2 DESCRIÇÃO DAS EMPRESAS PESQUISADAS A pesquisa foi realizada em duas empresas, denominando-as, de forma fictícia, como Empresa X e Empresa Y, na qual a escolha deve-se ao fato do reconhecimento público e representatividade no contexto do agronegócio regional. Outro fator que contribui na escolha foi à afinidade da pesquisadora com as empresas pesquisadas. 3.2.1 Empresa X A empresa X foi criada em Mato grosso em 25/10/1994 e na safra 2003/04 plantou 36.524 (trinta e seis mil quinhentos e vinte e quatro) hectares de soja, 16.169 (Dezesseis mil cento e sessenta e nove) hectares de algodão, 11.562 (onze mil, quinhentos e sessenta e dois) hectares de milho. Possui permanentemente em torno de 400 (quatrocentos) funcionários, e em épocas que são necessários trabalhadores temporários pode chegar a mais de 1000 (hum mil) funcionários. Levando-se em consideração todas as atividades da empresa e inclusive o beneficiamento de algodão que é realizado na própria empresa que tem como destino mais de 50% para o mercado externo, a empresa em estudo deve alcançar um faturamento no ano 2004/2005 de R$ 114.120.000 (cento e catorze milhões cento e vinte mil reais). 3.2.2 Empresa Y 27 A empresa Y foi fundada no Paraná em 1977, no qual acompanhou a migração dos grãos para o Centro-Oeste e está sediada em Rondonópolis-MT, possui ramificações em mais de trinta cidades de cinco diferentes Estados. Possui em torno de 2.884 (dois mil oitocentos e oitenta e quatro) funcionários permanentes e chega a 4.000 (quatro mil) funcionários sazonais, sendo que 213 (duzentos e treze) possuem nível superior, 110 (cento e dez) então cursando uma faculdade, 2.317 (dois mil trezentos e dezessete) passaram por algum programa de treinamento em 2004, e desenvolve um programa de trainee voltado a pessoas que já trabalham no grupo. O faturamento em 2005 foi em torno de US$ 750 milhões, o que é bastante significativo em um cenário de taxa de câmbio baixa e preços em queda, totalmente desfavoráveis às exportações agrícolas. Desse modo, considerando a trajetória de crescimento e destaque no mercado local, nacional e internacional, as duas empresas apresentam todos os suportes idealizados para a pesquisa, justificando assim a opção da pesquisadora em desenvolver um trabalho monográfico a partir dessas duas realidades, ou seja, um estudo na empresa x e na empresa y. 3.3 COLETA E ANÁLISE DE DADOS Após um minucioso planejamento, para a coleta de dados neste estudo, utilizou-se entrevista semi-estruturada (apêndice A), compostas por 20 questões, com roteiros previamente definidos, guiados por uma relação de ponto de interesse, associado a um questionário (apêndice B), contendo 20 questões, com perguntas fechadas, aplicadas aos atores dos diferentes níveis organizacionais das empresas em estudo. Vale ressaltar que optou-se pelas duas técnicas (entrevista e questionário), com a finalidade de verificar a coerência entre as respostas, associando o uso do conhecimento com a prática a ser encontrada nas empresas pesquisadas. O questionário é um instrumento utilizado pelos pesquisadores, onde se faz perguntas a respeito do que se pretende pesquisar, e sua utilidade se dá através da 28 necessidade de se obter respostas precisas a respeito do que é perguntado. Assim, para o estudo, utilizou-se questionário com perguntas pré-elaboradas, buscando reunir todas as informações necessárias ao estudo. Sobre questionários, esclarece Kotler (1998): O questionário consiste de um conjunto de questões para serem respondidas por entrevistados. Em função de sua flexibilidade, é o instrumento mais comum para coletar dados primários, precisam ser cuidadosamente desenvolvidos, testados e corrigidos antes de serem administrados em larga escala [...] (KOTLER, 1998, p. 121). No caso desta pesquisa, para a coleta de dados, utilizou-se entrevista que, de acordo com Beuren (2004): A entrevista é a técnica de obtenção de informações em que o investigador apresenta-se pessoalmente à população selecionada e formula perguntas, com o objetivo de obter dados necessários para responder à questão estudada. Funciona como uma forma de diálogo em que um dos elementos busca coletar dados e o outro é a fonte de pesquisa (BEUREN, 2004, p. 204). Assim, utilizou-se o instrumento de entrevista semi-estruturada, pois, segundo Beuren (2004) esse modelo permite maior interação e conhecimento da realidade dos informantes, ou seja, permite que o informante por meio de suas experiências cotidianas influencie na elaboração do conteúdo da pesquisa, valorizando mais a investigação. Como orientação essencial a esta prática, entendeu-se a necessidade de agendar previamente o horário para realização das entrevistas, conforme a disponibilidade de tempo dos pesquisados, que foram informados sobre a utilização do gravador para o registro fiel da fala. Da mesma forma, teve-se a preocupação de informar a cada entrevistado o que se estava fazendo e por que se estava fazendo, procurando dissipar qualquer desconfiança quanto ao uso dos dados. A pesquisadora chegou bem antes ao local determinado, de posse do gravador, questionários e cadernos para anotação. No caso desta pesquisa, aplicouse individualmente o questionário, aguardando o preenchimento, e imediatamente realizou-se a entrevista. Para a realização das entrevistas optou-se por um linguajar e uma vestimenta apropriada ao ambiente empresarial, o que facilitou uma melhor condução da pesquisa. É importante ressaltar que foi empregado na entrevista um 29 “Consentimento Informado” (anexo A), que autoriza a pesquisadora a usar os dados da pesquisa dentro da postura ética. O estudo foi realizado no período de 03 a 20 de março de 2005 na empresa X, e de 22 de setembro a 10 de novembro do corrente ano na empresa Y, sendo agendado o horário do contato do pesquisador com o objeto de pesquisa. Assim, foram realizadas dez entrevistas na empresa Y e nove entrevistas na empresa X, sendo que cada entrevista ocupou em média 40 minutos para seu desenvolvimento. Vale ressaltar, que as entrevistas foram transcritas na integra, uma a uma, para evitarem-se possíveis erros ou dúvidas na interpretação; a pesquisadora procurou utilizar-se de seus conhecimentos para fazer essa análise e atingir os objetivos da pesquisa. Para se analisar os dados, no caso das entrevistas semi-estruturadas utilizouse análise de conteúdo e para os questionários a dedução estatística, no qual, confrontaram-se os dados para se obter uma melhor compreensão da realidade. Segundo Bardin (1979), a análise de conteúdo é um conjunto de técnicas de análise das comunicações, com a finalidade de conseguir, por meio de procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, os indicadores que permitem concluir conhecimentos relativos às condições de produção e recepção destas mensagens. Assim, a análise de conteúdo, compõe-se de três fases principais: préanálise; exploração do material e tratamento dos resultados, inferência e interpretação. O quadro possibilitou ampliar a reflexão sobre o tema, bem como, contribuiu na análise de conteúdo. Assim para Beuren (2004, p. 137), “o método de análise de conteúdo tem por objetivo estudar as comunicações entre os homens, com maior ênfase no conteúdo das mensagens”. É importante não satisfazer-se apenas com uma declaração literal, mas ir além, e procurar compreender o que está nas entrelinhas. Na opinião de Gil (1996), devem-se observar vários procedimentos na análise dos dados como: codificação das respostas, tabulação dos dados e cálculos estatísticos. Também pode ocorrer com esta análise a interpretação dos dados, que tem como objetivo estabelecer a 30 ligação entre os resultados obtidos com outros já conhecidos, que podem ser derivados de teorias, ou de estudos realizados anteriormente. Diante deste levantamento de informações, estabeleceu-se um quadro de perguntas por categoria de análise para responder os objetivos, que foi utilizado no momento da análise de resultados. 3.4 DEFINIÇÃO DAS CATEGORIAS DE ANÁLISE Fez-se uso de categorias, no sentido de tornar viável a análise e interpretação dos dados, já que “o sistema de codificação [...] percorre seus dados na procura de regularidade e padrões bem como tópicos presentes nos dados e, em seguida, escreve palavras e frase que representam estes mesmos tópicos” (BOGDAN E BIKLEN, 1994, p. 221). A etapa de categorização auxilia no processo de pensar o domínio, e serve para orientar o pesquisador no levantamento dos termos. O exercício de categorização torna claro o domínio temático, estabelecendo as bases para seleção dos termos, nas fontes de onde eles serão retirados. O conceito de uma categoria de análise é calculado utilizando-se dos conceitos dos grupos de indicadores que compõem a categoria de análise. Nesse sentido, foram elaboradas perguntas por categorias de análise para responder os objetivos propostos. QUADRO 1 - Perguntas por categoria de análise Objetivos Identificar a percepção do conhecimento pelos integrantes da empresa? Perguntas 1.Na sua opinião o que é conhecimento? 2.Já descobriu algo novo, uma técnica ou método novo de fazer algo? De que forma chegou lá? 3.Quando um colaborador utiliza um novo procedimento ou uma nova descoberta, como reage? 4.Se descobrisse algo novo na sua atividade, o que faria? 5.Na sua opinião como a empresa mais aprende? 6.Qual a importância do conhecimento na sua atividade? 7.Na sua opinião, como o conhecimento é percebido como fonte de inovação, criação de estratégias e vantagem competitiva? 8.Acredita que conhecimento é o fator de produção mais importante da sua empresa? Porque? 13.Conhecimento é poder? Porque alguém se disporia a compartilhá-lo? 20.Que tipo de conhecimento a sua organização possui que é diferencial? 31 Analisar a localização, o compartilhamento e a disseminação do conhecimento na empresa. Verificar a conhecimento empresarial. utilização do como estratégia 4.Se descobrisse algo novo na sua atividade, o que faria? 9.Onde está localizado o conhecimento em sua empresa? 10.Como a empresa estimula o compartilhamento de conhecimentos? 11.Pensa que os seus colegas compartilham o conhecimento que possuem ou deixam reservados somente para eles? 12.Se o conhecimento for compartilhado entre todos do grupo, o que pensa que vai acontecer? 13.Conhecimento é poder? Porque alguém se disporia a compartilhá-lo? 14.Nas reuniões da empresa são feitos registros? De que forma? 15.De que formas são repassados os rumos, os objetivos da empresa? 16.Quanto aos conhecimentos adquiridos, como são transmitidos, disseminados? Quais são os procedimentos? 19.Quais as maiores dificuldades de se implementar novos procedimentos na empresa? 20.Que tipo de conhecimento a sua organização possui que é diferencial? 7.Em sua opinião, como o conhecimento é percebido como fonte de inovação, criação de estratégias e vantagem competitiva? 13.Conhecimento é poder? Porque alguém se disporia a compartilhá-lo? 17.Como o conhecimento é usado para aumentar a competitividade da empresa? 18.De que forma o conhecimento é usado como recursos nas estratégias empresariais? 19.Quais as maiores dificuldades de se implementar novos procedimentos na empresa? 20.Que tipo de conhecimento a sua organização possui que é diferencial? É importante observar que a metodologia utilizada possibilitou ultrapassar as análises que se limitam às frases, e assim buscar a compreensão dos sujeitos sobre o objeto, que nem sempre é materializado em palavras, mas que deve ser percebido nas entrelinhas de sua fala, no qual envolve observação atenta do pesquisador, uma vez que a linguagem é produzida pelo indivíduo em condições determinadas, e quem realiza a análise, precisa procurar desvendar o seu processo de produção. 32 4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 4.1 ANÁLISE E AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS DA EMPRESA “X" Após a análise de conteúdo das entrevistas e informações obtidas dos questionários, verificou-se que os conceitos de conhecimento pela ótica dos entrevistados, abordam vários dos elementos citados pelos autores estudados como um conjunto de informação, experiência e ação. Inicialmente, conforme quadro 2, apresenta-se um resumo da análise e discussão dos resultados da pesquisa de acordo com cada um dos objetivos específicos nos diferentes níveis organizacionais, o que permite um acompanhamento particular à medida que ocorre a discussão dos resultados da pesquisa. QUADRO 2 - Quadro síntese da análise dos dados da Empresa “X” Objetivos Percepção do conhecimento pelos integrantes Informações obtidas das entrevistas Nível Estratégico Conhecimento é experiência, constante busca, algo novo, estudo, cultura, conjunto de informações. É primordial, essencial, é a base. Percebido como descobertas e ocorrem através da experiência, por tentativa e inovando. A reação da descoberta por um colega é recebida com entusiasmo, incentivo e participação. A empresa aprende com o conhecimento das pessoas, pelo executar e pela busca da eficiência. Percebido como inovação, vantagem competitiva e menos intensa como estratégia. Fator que influencia diretamente no negócio e reduz os erros, abre horizontes para inovações. Nível Tático Conhecimento é saber administrar, estudo, conjunto de experiência, busca por excelência. É fundamental diante das constantes mudanças, como leis, competitividade, lucro, estratégias, alcance dos objetivos. A empresa aprende com informações, cotidiano, palestras, cursos, experiência e pela busca do conhecimento. É percebido como descoberta e a reação da descoberta por um colega é recebida com incentivo, cooperação, ajuda e satisfação. Forma de obter lucro, se atualizar e inovar dentro da atividade. Nível Operacional Fatores que se adquire com a experiência, usado para criar ferramentas, informações, idéia que possa ser transformada em algo produtivo. Forma de obter lucro, valorizar o produto, economizar, e obter hnow how. Percebido como relevante, importante porque as leis mudam, e sua ausência acarreta erros e prejuízos para a empresa e o profissional, como 33 Localização, compartilhamento e disseminação do conhecimento na empresa. Utilização do conhecimento como estratégia empresarial competitividade, estratégia e inovação. A empresa aprende com o tempo, erros, experiência e buscando informações. É parcialmente percebido como descoberta e recebido com alegria, incentivo, cooperação, contribuição. Nível Estratégico Localizado nos diretores, equipe de funcionários e em um dos diretores que se afastou. Compartilhamento acontece em cursos, reuniões formais e informais, no qual alguns integrantes compartilham e outros não. Se houver compartilhamento haverá um crescimento da empresa e pessoal, que este é natural e necessário para se atingir os objetivos. Os registros das reuniões são feitos em atas, e os objetivos da empresa são repassados em reuniões formais e informais. São transmitidos e disseminados em reuniões com material vídeo visual seguindo a hierarquia, e informalmente. Nível Tático Localizado nas pessoas, nos gerentes, diretores e operacionais. Compartilhamento ocorre em reuniões formais e informais de forma hierárquica e através de Internet e livros, onde 70% compartilham, e só ocorre entre os setores se necessário. Há uma insegurança em compartilhar. Se fosse compartilhado, a empresa seria modelo, alguns não percebem a necessidade de compartilhar com os outros setores e acontece por necessidade. Os registros das reuniões são feitos em atas, e os objetivos da empresa são repassados através de reuniões gerencias seguindo uma hierarquia. São transmitidos disseminados em reuniões do grupo gerencial, de diretores e operacional, com material didático. Nível Operacional Localizado em todos os setores. Compartilhamento ocorre através de treinamentos, reuniões hierárquicas, tanto formais como informais, não têm o hábito de integralização de todos os setores, onde 50% compartilham e há pouco interesse em compartilhar. Compartilhamento traria uma melhora para todos e facilitaria o alcance dos objetivos da empresa. Os registros são feitos em atas somente nas reuniões dos gerentes com a diretoria, e os objetivos da empresa são repassados a partir da diretoria seguindo a hierarquia, alguns integrantes reconhecem que não tem os objetivos claros. São transmitidos e disseminados de forma hierárquica, através de cursos, Internet e informalmente. Nível Estratégico Consideram conhecimento poder O conhecimento é usado para aumentar a competitividade, outros, admitem que possa ser mais utilizado. Percebem que não é continuamente usado nas estratégias empresariais, e que o uso continuo melhoraria a performance da empresa perante o mercado. Resistência a mudanças é a maior dificuldade de se implementar novos procedimentos. Diferencial na empresa é o conhecimento na produção e no ambiente de trabalho. Nível Tático A maioria considera conhecimento poder, mas usa um sinônimo. O conhecimento é usado para aumentar a competitividade, a produção e o hnow how da empresa. Conhecimento nas estratégias traz inovações tecnológicas para melhorar a produção, informação no mercado para a tomada de decisões e que estratégias não é copiar e sim ser competente. Resistência a mudanças é a maior dificuldade de se implementar novos procedimentos. 34 Diferencial da empresa é o conhecimento técnico de produção, nas estratégias na competitividade e honestidade. Nível Operacional Alguns consideram conhecimento poder, mas usam outra palavra. Conhecimento usado nas estratégias para produzir mais a um menor custo, para ter qualidade no produto e ser mais competitivo. A maior dificuldade de implementar novos procedimentos é a resistência a mudanças e o desconhecimento. Diferencial da empresa é o conhecimento na produção, no programa na área de custos e na experiência. É importante destacar que alguns entrevistados citaram a informação e o conhecimento como sinônimos. Este fato predominantemente se revelou no nível tático, onde se relatou, por exemplo, que “conhecimento é leis, então tem que seguir a lei...”. Vale lembrar que a lei, por exemplo, somente pode ser considerada conhecimento à medida que for utilizada em favor da estratégia organizacional e estiver associada ao conhecimento do indivíduo que a interpretar relacionado à sua experiência. Deste ponto de vista o enfoque dado por Nonaka e Takeuchi (1997) nas pesquisas em indústrias japonesas revela que a informação é um meio material necessário para extrair e construir o conhecimento, constituindo-se em fluxo de mensagens. Assim, o conhecimento é criado por um fluxo de informações, porém amarrado nas crenças e compromissos de seu detentor e está diretamente relacionada à ação humana, e é sempre conhecimento com algum fim. Desta forma, constatou-se uma unanimidade entre os entrevistados, que avaliam o conhecimento como primordial, e como fator de produção mais importante da empresa. Assim, percebem de maneira muito clara a importância do conhecimento na sua atividade, e a capacidade de agregar valor. Entretanto, observa-se que nem sempre ele é utilizado na sua totalidade. Desta forma para Davenport e Prusak (1998) o conhecimento pode e deve ser avaliado pelas decisões, ou tomadas de ações às quais ele direciona. Outro aspecto relevante é no que se refere à descoberta de novas técnicas ou métodos, no qual os participantes afirmaram que é fruto de constante busca, de experiências anteriores, de ação e inovação, conforme relatos como, “é uma técnica nova que nós descobrimos [...] nós inventamos uma nova hipótese através dos erros que tínhamos”. É importante ressaltar que quando algum colega utiliza um novo 35 procedimento ou faz uma nova descoberta a reação é pró-ativa. Todavia, declararam que se descobrissem algo novo na sua atividade, a maioria passaria primeiramente para as pessoas mais próximas ou do mesmo departamento. No que diz respeito à percepção do conhecimento como fonte de inovação, criação de estratégia e vantagem competitiva, o nível estratégico percebe e reconhece a sua importância. Os demais níveis possuem uma percepção parcial conforme se percebe em depoimentos como “se não tem mão de obra qualificada, não vai se chegar ao que se quer”. Na opinião do grupo entrevistado a empresa mais aprende pelo acúmulo de conhecimento, pela troca de informações, pela experiência, a prática, e às vezes, pelos erros, mas principalmente pela busca da eficiência. É testando e com experiência pessoal e de terceiros que a aprendizagem é fortalecida. Neste aspecto, encontram-se declarações como, “ela tem que ver o que está fazendo, o que já fez, o que foi bom e algumas coisas fora da empresa como cursos, alguma coisa neste sentido” ou “aprende-se fazer, fazendo”. Quanto à localização do conhecimento na empresa, a maioria dos integrantes considera que esteja centralizado no nível estratégico. Vale salientar, que a empresa está em fase de transição de líder, no qual foi citada a forte dependência do diretor que se afastou, gerando depoimento como “a visão de um diretor que nós perdemos, a capacidade de visualizar mais distante [...] todos ficavam muito dependente pra tomada de decisão”. Também observou-se que a empresa possui conhecimentos especialistas, que estão centralizados nos setores, nos departamentos da empresa. O compartilhamento de conhecimento ocorre na maioria das vezes através de reuniões setoriais, no qual os gerentes participam e depois repassam aos seus subordinados, embora, dentro dos departamentos ocorra de maneira informal. O compartilhamento ocorre entre os setores, mas somente quando as pessoas entendem que é um conhecimento necessário para o outro setor. Contudo, os pesquisados reconhecem que se o conhecimento for compartilhado entre todos do grupo, ocorrerá um crescimento pessoal e conseqüentemente da empresa. 36 Deste ponto de vista, o compartilhamento do conhecimento, tanto por práticas formais e informais, são importantes para empresa, onde o nível e o volume de conhecimento compartilhado podem ter uma sensível melhora, pois a dificuldade de compartilhamento transpõe as fronteiras tecnológicas e formais e pode estar relacionada com as características culturais que envolvem a organização (GROTTO, 2002). Quanto às reuniões da empresa, os registros são feitos em atas. Contudo os objetivos da empresa são repassados de forma hierárquica, partindo da diretoria, no qual, percebeu-se que o nível operacional não tem muita clareza quanto aos objetivos da empresa, conforme declaração que “alguns integrantes não têm conhecimento dos objetivos da empresa”. No que tange os conhecimentos adquiridos, eles são transmitidos e disseminados de forma hierárquica por meio de reuniões. Todavia quando envolve poucas pessoas, são transmitidos informalmente. Vale salientar que observou-se que os departamentos possuem repositórios de conhecimentos, que são pouco transmitidos e disseminados a outros departamentos. Para Lara (2004, p. 40), “o repositório de conhecimento interno estruturado tem por objetivo o armazenamento tanto do conhecimento quanto da informação”. Neste contexto percebeu-se que grande parte dos conhecimentos desenvolvidos ocorre internamente, no sentido de descobrir quais as melhores ferramentas para facilitar o andamento do trabalho e aumentar a competitividade da empresa, como foi o caso do programa de controle de custos que foi desenvolvido internamente e que tem gerado excelentes resultados, conforme declaração do tipo “na área de custos [...] estamos desenvolvendo este conhecimento, somos nós que estamos fazendo”. Embora muitas informações sejam adquiridas externamente. No que diz respeito à relação de conhecimento com poder, o grupo de participantes se dividiu, no qual, uma pequena parcela reconhece que conhecimento é poder. Quanto ao restante dos participantes houve uma analogia comportamental, onde alguns responderam que sim, mas preferiram usar outra palavra ao invés de poder, porém outros responderam que não. Também percebeu-se que a maioria dos 37 entrevistados associou a palavra poder ao autoritarismo, e não aos benefícios auferidos aos detentores de conhecimento. Entretanto, este comportamento, talvez possa ser explicado levando-se em conta a cultura vivenciada. De acordo com Sveiby (1998, p. 48), “as pessoas reagem de determinada maneira porque imprime às palavras seus próprios significados, emoções e interpretações, em função de experiências passadas nas quais foram ouvidas”. No grupo pesquisado verificou-se que a maioria percebe a importância do conhecimento para aumentar a competitividade da empresa, conforme depoimentos como “estamos traçando um paralelo, no qual o conhecimento vai se refletir em capacidade competitiva, quanto maior o conhecimento, maior a capacidade competitiva”. Assim, neste novo cenário competitivo e dinâmico, o conhecimento apresenta-se como insumo apto a criar vantagem competitiva nas empresas. Deste modo, Terra (2001) afirma que, o conhecimento em suas várias formas, é um fator determinante para a competitividade das empresas e dos países, onde a gestão próativa do conhecimento assume um papel importante. Deste modo, os entrevistados de uma maneira geral, reconhecem o valor do conhecimento na formação das estratégias empresariais, embora pensem que poderia ser mais utilizado como recurso dentro da empresa. Neste contexto, a estratégia orientada para o conhecimento focaliza o potencial humano para o alcance dos objetivos da empresa. Segundo Sveiby (1998), a estratégia do conhecimento é muito competitiva, difícil de ser copiada e pode oferecer novas oportunidades de negócios. Sob outro aspecto, resistência a mudanças foi apontada como a maior dificuldade de se implementar novos procedimentos na empresa, visto tratar-se de uma empresa familiar, em que existe a barreira, existem os paradigmas. Porém a empresa está passando por uma reformulação, no qual a intenção é a mudança, e todos estão envolvidos no mesmo objetivo. Por fim, os entrevistados percebem e reconhecem o conhecimento na produção como o diferencial da empresa diante do mercado, pois a empresa vem de uma cultura familiar, em que o seu foco principal sempre foi à produção. 38 4.2 ANÁLISE E AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS DA EMPRESA “Y” Após análise de conteúdo das entrevistas semi-estruturadas, aplicadas aos integrantes dos diferentes níveis organizacionais da Empresa “Y”, e informações obtidas do questionário, percebeu-se que o conceito de conhecimento pela ótica dos entrevistados, aponta vários dos elementos citados pelos autores estudados como um conjunto de informação, experiência, vivencia e ação. A seguir, apresenta-se um resumo da análise e discussão dos resultados da pesquisa, conforme quadro 3. QUADRO 3 - Quadro síntese da análise dos dados da Empresa “Y” Objetivos Percepção do conhecimento pelos integrantes Informações obtidas das entrevistas Nível Estratégico Conhecimento é a junção de experiência, vivência, interação, bagagem profissional e leitura, são tudo que se adquire durante a vida. É crucial, é primordial, está entre a companhia quebrar ou ter sucesso. Percebido como descobertas e ocorrem através de busca de alternativas, para simplificar procedimentos. Percebido como inovação, vantagem competitiva, estratégia, e a diferença da companhia está na capacidade e no conhecimento das pessoas, que é muito importante para enfrentar aquilo que muitas vezes não foi planejado. A reação da descoberta por um colega é recebida com aprovação, entusiasmo, motivação, estímulo e incentivo. A empresa aprende com planejamento, com uma história, com o dia-a-dia, com o conhecimento dos integrantes, com cursos e treinamentos. Fator que faz economizar, encurtar os caminhos, que oferece algo novo à aquilo que já se faz, é estratégico, define estratégias, é onipresente em tudo dentro de uma companhia. Nível Tático Conhecimento é a somatória do conhecimento individual, conhecimento da organização, de informação, experiência, aprendizado, estudo, erros e acertos do dia-a-dia, é tudo que se adquire e agrega valor. Muito importante, fundamental, extremamente necessário para utilizar os fatores em função do cenário existente. Percebido como descobertas e ocorre através da atitude de fazer, busca de inovação, de novas alternativas, de melhorias. Percebido como inovação, vantagem competitiva, estratégia. O conhecimento é importante para a tomada de decisão, para o sucesso das estratégias que a empresa pretende incrementar, como um fator competitivo. A reação da descoberta por um colega é recebida com incentivo e estimulo para tornar aquela atitude uma prática. A empresa aprende com a experiência, com as atividades, novas situações, com o mercado, com pares, com competidores, com erros e acertos, com aporte de conhecimento de consultorias, assistência técnica, profissionais especializados, cursos e treinamentos. Fator que proporciona agilidade ao negócio, e o ideal é que seja registrado ao longo do tempo, é um diferencial, é uma ferramenta que dá subsídios de crescimento. Nível Operacional 39 Localização, compartilhamento e disseminação do conhecimento na empresa. Conhecimento é uma base de dados, aprendizado, informação, experiência, capacidade de análise, vivência, interação e ferramenta. Fundamental, importantíssimo. Percebido parcialmente como descobertas e ocorrem através de busca de novas alternativas para procedimentos. Percebido como inovação, vantagem competitiva, estratégia. O conhecimento auxilia a formulação do planejamento estratégico e promove melhorias. A reação da descoberta por um colega é recebida com apoio, incentivo, vontade de compartilhar. A empresa aprende investindo em novos conhecimentos, trocando informações, experimentando, acertado e errando, através de cursos, consultorias, palestras. Fator fundamental é o diferencial do profissional e com isso a empresa tem condição de ser eficiente e eficaz nos setores de produção, logística e comercialização. Nível Estratégico Localizado nas pessoas, no planejamento estratégico, nas estratégias e na execução disso. Compartilhamento na empresa acontece em treinamentos que uniformiza o conhecimento dos colaboradores, nas reuniões em que a diretoria passa seus conhecimentos para os níveis inferiores no qual alguns pontos são discutidos e cobrados posteriormente por e-mail ou via intranet; e pela troca de idéias. O compartilhamento entre integrantes depende da personalidade de cada pessoa, tem pessoas que compartilham e têm outras que não, mas existe a liberdade dessa troca. Se houver o hábito de compartilhar se terá uma melhoria contínua, benefícios, e acredita-se que isso acontece, pois a companhia vai bem. As pessoas se disporiam a compartilhar para referendar aquilo que tem dentro delas, para os outros conhecerem, porque faz parte da cultura humana. Os registros das reuniões são feitos em atas, e também registros do que precisa ser melhorado, com o devido tempo pra que seja realmente melhorado. São transmitidos e disseminados em reuniões formais semanais, mensais e anuais, com todos os envolvidos, através de e-mail, internet, intranet, e informalmente. Nível Tático Localizado nos departamentos, na experiência, na vivência das pessoas e nos diretores, e o conhecimento estratégico do Grupo está no nível de diretoria. Compartilhamento na empresa ocorre em reuniões de diretoria em que os gestores são incentivados a estimular o compartilhamento com a equipe, para o conhecimento não ficar apenas no corporativo do grupo, no qual é difundido pra todos os níveis através de Internet e reuniões; possuem programas subsidiados onde participam do processo intelectual e cultural das pessoas. O compartilhamento entre os integrantes depende da cultura, têm alguns que são resistentes e têm alguns que compartilham, encontra-se num estágio de segurar um pouco a informação, o conhecimento, é um tanto vulnerável neste ponto, pois é questão cultural que deve ser trabalhada. Se fosse compartilhado, a empresa mudaria de estágio, mudaria o clima organizacional, ter-se-ia uma visão holística, uma melhoria bastante considerável. As pessoas se disporiam a compartilhar pra adquirir mais, por ser um fator motivacional, nas depende do conhecimento, se for um conhecimento estratégico, ela irá reter. Os registros das reuniões uma parte é feito em ata, mas a maioria é feita em uma agenda pessoal, em que cada um faz os seus apontamentos de acordo com o que necessita pra sua área, onde além do registro, as pessoas saem com uma responsabilidade a cumprir, mas está começando a se registrar até mesmo as conferências que são realizadas via telefone. São transmitidos disseminados através de algumas ferramentas como intranet, boletins internos, e-mail, revista interna, e em reuniões semanais com a equipe, mas é necessário estimular mais essa prática. Nível Operacional 40 Utilização do conhecimento como estratégia empresarial Localizado em todos os setores, departamentos e na diretoria. O planejamento estratégico, que é um conhecimento corporativo está somente na diretoria. Compartilhamento na empresa ocorre em reuniões, conversas informais, palestras Internet, no qual alguns conhecimentos são dirigidos. Uma parcela dos entrevistados citou que o compartilhamento acontece mais por conveniência. O compartilhamento entre os integrantes depende das pessoas, que são diferentes, alguns compartilham e outros não, mas a maioria compartilha. Se for compartilhado, melhoraria o desempenho do grupo, seria bastante interessante, porém tem vários tipos de conhecimentos, e tem algum que não há a necessidade de todo o grupo conhecer. As pessoas se disporiam a compartilhar porque ninguém faz nada sozinho, não adianta ter egoísmo, segurar só pra si, que talvez não consiga fazer uso dele. Os registros são feitos parcialmente, são feitas anotações informais, mas nas reuniões da alta diretoria são feitas atas. São transmitidos e disseminados através de reuniões, treinamentos, conversando, trocando idéias, internet, intranet, e-mail, MSN, de forma bem rápida, e alguns conhecimentos específicos são repassados de forma hierárquica. Um dos integrantes citou que não existe uma disseminação adequada, pois acontece de forma isolada pra alguns grupos que estão atuando em algum processo. Nível Estratégico Consideram conhecimento poder, um dos maiores tesouros. O conhecimento é usado para aumentar a competitividade, tendo objetivos e metas claras, dando oportunidade para que o conhecimento venha à tona. É utilizada na formulação de estratégias global, que podem ser alteradas por mudanças do mercado, no qual o conhecimento é a base. Percebem que é usado nas estratégias empresariais, através da somatória do conhecimento interno e de consultoria, para definir metas, rumos da companhia, é monitorado, é um recurso para atingir mercados, é usado como planejamento. Consideram a resistência a mudanças uma dificuldade de se implementar novos procedimentos, levando-se em consideração a cultura, porém quando é algo bem planejado, discutido, convence-se às pessoas. Diferencial na empresa é o conhecimento na área de atuação, no negócio principal, em conhecer bem o interior da Brasil, na logística, na produção, na comercialização e principalmente no planejamento. Nível Tático A maioria considera conhecimento poder, mas depende das circunstâncias. O conhecimento é o fator fundamental para aumentar a competitividade, é se portar melhor dentro do mercado, é o diferencial, é a habilidade de decidir diferente que o concorrente está decidindo, é formular estratégias, que vai depender do nível de conhecimento que se tem dentro da empresa. Usado como recurso nas estratégias para fazer levantamento, estudo de mercado, de concorrentes e da economia, e assim criar uma estratégia, no qual todos esses fatores vão ajudar no planejamento estratégico, e é o que define a competitividade. Resistência a mudanças é a maior dificuldade de se implementar novos procedimentos. Diferencial da empresa é o conhecimento no negócio, na logística, na comercialização e o acompanhamento das novas tendências. Nível Operacional Alguns consideram conhecimento poder. Conhecimento é usado para aumentar a competitividade através de produção de metas, otimizando os procedimentos, como estratégia. O conhecimento para aumentar a competitividade tem que ser estratégico. Usado como recurso nas estratégias empresariais, no dia-a-dia para agilizar a comunicação e tomar decisões. As maiores dificuldades de implementar novos procedimentos é o envolvimento, a motivação, o comprometimento, a resistência a mudanças, o 41 desconhecimento e o conservadorismo. Diferencial da empresa é o conhecimento em relação ao mercado exterior, nas relações internacionais, na exportação, na capacidade de seus funcionários, no conhecimento de todo o processo, no conhecimento holístico, e no conhecimento estratégico. No grupo pesquisado verificou-se que, nos três níveis organizacionais os integrantes possuem uma boa conceituação de conhecimento, no qual citaram que “é um conjunto de fatores como informações, estudo que se aprende na teoria, experiência, atitude, ação, dia-a-dia, erros e acertos por empresas, por concorrentes ou por próprios outros executivos, isso eu entendo que é conhecimento de um individuo ou de uma organização”. No que diz respeito à percepção dos entrevistados sobre a importância e geração do conhecimento, verificou-se que os conceitos apresentados abordam alguns dos elementos citados pelos autores estudados, e passa tanto pela aquisição externa de conhecimentos quanto pelo se desenvolvimento interno. O conhecimento é considerado pelos entrevistados como o principal fator da empresa; significado de sua existência. Neste contexto, para Angeloni (2002), o que confere às organizações vantagem competitiva é sua capacidade de continuamente se reinventarem, desenvolverem suas competências essenciais e estarem buscando novos desafios. Da mesma forma constatou-se que todos os entrevistados percebem o conhecimento como primordial para a atividade em que atuam, no qual o conhecimento adquirido ao longo dos anos é fundamental para a organização como foi relatado que “é muito importante para a sobrevivência da empresa[...] em todas as formas o conhecimento é primordial”. Neste mesmo contexto, quando um colega utiliza um novo procedimento ou faz uma nova descoberta a reação é de entusiasmo, aprovação, incentivo e motivação, de acordo com depoimento: “vejo de forma positiva por ter tido uma massa crítica naquilo que vinha fazendo e com isso faz um upgrade naquilo que estava desempenhando, isso é um fator de grande sucesso na questão da gestão do conhecimento”. Vale ressaltar que alguns integrantes revelaram que procuram entender, discutir e compartilhar deste novo conhecimento. 42 Contudo, os entrevistados declararam que se descobrissem algo novo na sua atividade, a maioria compartilharia primeiro com as pessoas mais próximas, com a equipe, e procurariam discutir se esse algo novo, agrega valor, como citado que “eu penso que deveria dividir com pessoas que tem o conhecimento, pra fazer uma boa crítica [...], e verificar se aquele algo novo realmente agrega valor para companhia ou pra aquilo que eu estou realmente pensando implementar”. Na opinião dos entrevistados, a empresa mais aprende com planejamento e com aporte de conhecimentos internos e externos. Foi citado, predominantemente no nível tático, a necessidade de filtrar as informações, de selecionar o que realmente pode ser útil para a empresa, pois, um problema gerado pelo avanço da tecnologia da informação nas empresas é a sobrecarga. Adverte Sveiby (1998) que o acréscimo de informação tende a confundir em vez de esclarecer. No que diz respeito à percepção do conhecimento como fonte de inovação, criação de estratégias e vantagem competitiva, os integrantes percebem e reconhecem sua importância, e ressaltam que manter esses fatores é uma questão de competitividade e sobrevivência, pois o conhecimento é essencial para a elaboração do planejamento e para enfrentar situações que muitas vezes não foram planejadas. Depoimentos como “o conhecimento é um fator determinante, um divisor de águas nas estratégias das organizações” ou “o conhecimento das pessoas é muito importante pra você enfrentar aquilo que muitas vezes não foi planejado”, é um indicio dessa realidade. O conhecimento é considerado pelos entrevistados, como o fator de produção mais importante da empresa, como uma ferramenta que dá subsídios, como um diferencial, no qual, o ideal é registrar esses conhecimentos ao longo do tempo, para que as futuras gerações de gestores possam usufruir os mesmos. Para Fleury e Fleury (2000) a construção da memória organizacional refere-se ao processo de armazenagem de informações com base na história organizacional e deve incluir todas as experiências, que podem auxiliar a aprendizagem e a tomada de decisões. Outro aspecto relevante citado, é que o conhecimento adquire-se ao longo do tempo, por acúmulo, ou pela busca de conhecimentos externos, conforme discurso 43 que “a empresa Y, tem conhecimento muito grande no business, no negócio, na produção agrícola, na parte de trade, e a curto espaço de tempo em logística, [...] não tinha o conhecimento muito grande na parte de fábrica, e com a construção dessas fábricas teve que buscar conhecimento externo, de técnicos que conhecem o processo de crushing, de esmagamento”. Quanto à localização de conhecimento na empresa, o nível estratégico considera que esteja nas pessoas, no planejamento estratégico, nas estratégias e a execução das mesmas. Por outro lado, os demais níveis consideram que o conhecimento localiza-se em todos os departamentos, na vivência e na experiência das pessoas, porém o conhecimento estratégico da empresa encontra-se bastante restrito na diretoria, gerando depoimento como “o conhecimento estratégico da organização está no nível de diretoria neste momento”. O compartilhamento de conhecimento ocorre basicamente através de reuniões, de treinamentos conforme depoimento que “se a gente está treinando, está uniformizando o conhecimento dos colaboradores”. Entretanto, um entrevistado do nível operacional acredita que o compartilhamento de conhecimento na empresa ocorre por conveniência, por necessidade e são compartilhamentos isolados. Para Sveby (1998, p. 17) “uma idéia ou habilidade compartilhada com alguém não se perde, e sim se multiplica por dois”. Vale ressaltar que a empresa está iniciando um processo de gestão diferenciado, onde os gestores são incentivados a compartilharem com suas equipes, para que esses conhecimentos sejam difundidos por todos os níveis e não fiquem apenas centralizados no corporativo do grupo. Assim, os departamentos são estimulados a compartilharem entre si, seja através de reuniões, internet, intranet ou e-mail. Desta forma, na opinião de Davenport e Prusak (1998), a tecnologia deve ser tratada de maneira integrada, orientada para o ser humano e suas necessidades, com o objetivo de criar um ambiente do conhecimento dinâmico. A empresa possui ainda um programa de treinamento subsidiado, em que participa do processo de crescimento intelectual e cultural das pessoas, contribuindo 44 com um percentual financeiro, para facilitar o ingresso às universidades, e adquirir conhecimentos e técnicas que posteriormente serão utilizados na empresa. Os entrevistados reconhecem que o compartilhamento de conhecimento depende da cultura, da personalidade das pessoas, no qual revelam que muitas pessoas seguram o conhecimento, até mesmo por insegurança, e que a empresa é um tanto vulnerável neste aspecto. Porém existem pessoas que tem o hábito de compartilhar e reconhecem sua importância, como relato que “eu aprendi muito cedo que compartilhar conhecimento fazia bem pra carreira das pessoas, e que quanto mais pessoas bem treinadas e competentes ao seu lado, maior a chance de se vencer”. No grupo pesquisado, a hipótese de compartilhamento entre todos do grupo, é visto de forma positiva, como uma melhoria contínua, uma mudança de estágio, de clima organizacional e de nível de gestão. Entretanto uma parcela do nível operacional considera que não é conveniente que determinados conhecimentos sejam compartilhados, conforme declaração do tipo: “tem conhecimento, que não tem a necessidade de todo o grupo conhecer”. Assim para Sveby (1998), o compartilhamento de conhecimento é a principal atividade nas organizações do conhecimento. Desta forma, os rumos e objetivos da empresa são repassados através de procedimentos internos como reuniões, internet, intranet entre outras, no qual a área de comunicação é responsável de repassar em nível do grupo. Percebeu-se que todos os entrevistados conhecem os rumos, os objetivos da empresa, conforme relato que “fazemos reuniões com a equipe, em que se discute os problemas, os objetivos, os procedimentos, porque que temos objetivos que devem ser alcançados”. No que tange os conhecimentos adquiridos, sob a ótica do nível estratégico, eles são transmitidos e disseminadas de maneira formal através de reuniões, de Internet e e-mail. Os demais níveis se dividiram, no qual, alguns citaram que depende de cada área e de cada conhecimento, sendo que o conhecimento estratégico fica limitado ao corporativo, e só é repassado o que é necessário para o 45 desenvolvimento da atividade. Também foi citada a abaixa formalização destes procedimentos, pois toda a informação recebida por e-mail, por exemplo, parece ter uma vigência, um determinado tempo de validade, o que deixa a empresa muito vulnerável na questão de repasse de treinamentos para os colaboradores recém contratados. Quanto à relação de conhecimento com poder, a maioria do grupo pesquisado reconhece que conhecimento é poder e os benefícios atribuídos aos seus detentores, onde afirmam que “o conhecimento é um dos maiores tesouros que se têm”. Uma pequena parcela admite que conhecimento é poder, porém faz algumas ressalvas como “conhecimento dá um poder [...] pra estar numa posição melhor, mas isso não significa que você vai ter realmente autoridade, que você realmente vai estar em destaque”. Vale ressaltar, que apenas um entrevistado do nível operacional não reconhece conhecimento como poder. No grupo pesquisado, observou-se uma unanimidade, em que todos reconhecem que o conhecimento é usado para aumentar a competitividade da empresa, no qual foi ressaltado que “a empresa tem que ter objetivos e metas bem claras, e em cima disto ela vai se diferenciar [...] a competitividade depende muito daquilo que se quer”. Observou-se que os entrevistados consideram o conhecimento como uma ferramenta estratégica para a competitividade da organização, e que utilizam este conhecimento de forma prática para analisar mercado, concorrência, ameaça de novos entrantes e poder de barganha de fornecedores e clientes. Neste mesmo contexto, os entrevistados consideram que o capital intelectual da organização é o fator primordial para o aumento da competitividade, conforme relato como: “aquelas cabeças pensantes dentro da organização é o diferencial da empresa [...] e conhecimento é a habilidade de decidir, de formular estratégias, de assumir posições diferentes do concorrente, e isso vai depender do nível de conhecimento que se tem dentro da empresa”. Isso talvez explique porque cada vez mais o conhecimento é o único ativo realmente próprio, e de certa forma, inimitável de uma empresa, pois se aplicado corretamente, com diferenciação, torna-se a principal arma de competitividade no mercado. 46 No que se refere à utilização do conhecimento como recurso nas estratégias empresariais, na opinião dos entrevistados o conhecimento permite que a empresa formule seu planejamento estratégico com melhor visão do futuro, propiciando à tomada de decisão, que é fundamental para definir as estratégias de intervenção e envolve o conhecimento de mercado, conhecimento dos fatores internos e externos, além dos recursos disponíveis da empresa, como relato que “se tem acesso a várias informações de mercado, de concorrentes de economia, de logística, e conseqüentemente essas informações, todo esse conhecimento, é usando para montar as estratégias”. Para Garvin (2000), uma organização baseada no conhecimento é uma organização de aprendizagem que reconhece o conhecimento como recurso estratégico, e cria conhecimento que pode ser processado internamente e utilizado externamente, aproveitando o potencial de seu capital intelectual. Por outro lado, o nível estratégico e o nível tático percebem que a maior dificuldade de implementar novos procedimentos na empresa é a resistência a mudanças, onde expuseram algumas colocações como o fato de a empresa ser familiar, e ainda ter o estigma do fundador. É importante salientar que os componentes destes níveis relacionam estes fatos à filosofia e a cultura da empresa, que precisa ser mudada. Neste mesmo sentido, uma pequena parte do nível operacional citou como dificuldade a resistência a mudanças. O restante do grupo relatou que não possuem dificuldades de se implementar novos procedimentos na empresa. Por fim, na opinião dos entrevistados a organização possui vários conhecimentos que são considerados como diferencial. Assim, os integrantes citaram o planejamento, o conhecimento do negócio, conhecimento na produção, na comercialização, na logística, nas relações internacionais e principalmente o conhecimento de todo o processo, o conhecimento holístico, como o diferencial da empresa, e talvez, o que lhe conceda uma posição diferenciada no cenário nacional e internacional. 47 Desta forma, Stewart (1998) analisa como as organizações têm mudado e como o conhecimento tem se tornado um recurso econômico proeminente, afirmando que a administração do conhecimento, ou seja, encontrá-lo, armazená-lo vendê-lo e compartilhá-lo, tem se tornado a tarefa econômica mais importante dos indivíduos, das empresas e dos países. 48 5 CONCLUSÕES Considerando os objetivos pelo qual se propôs esta pesquisa, algumas ponderações são importantes no que diz respeito à percepção do conhecimento que existe dentro das empresas pesquisadas e qual sua aplicação estratégica. 5.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE A EMPRESA X Do ponto de vista da percepção do conhecimento, conclui-se que o nível estratégico possui um conceito alinhado aos dos autores citados, o que é benéfico para empresa, visto que cabe a este nível a responsabilidade do planejamento estratégico. Assim para Nonaka e Takeuchi (1997), “o conhecimento está essencialmente relacionado com a ação humana”, já para Davenport e Prusak (1998), o conhecimento é algo fundamental para o sucesso e a sobrevivência das organizações. Diante disto, fazendo uma relação com a pesquisa, percebe-se uma grande possibilidade de se implementar a gestão do conhecimento na empresa. Por outro lado, uma parcela do nível tático faz certa confusão entre conhecimento e informação, isso pode trazer uma idéia distorcida de conhecimento e não ser explorado e usado na sua totalidade como ferramenta para o alcance dos objetivos da empresa. Neste sentido Sveiby (1998, p. 51), reconhece a noção radical de que “a informação é desprovida de significado e vale pouco”. Embora ainda de forma não organizada, constatou-se a conversão do conhecimento através da combinação, onde envolve diferentes buscas de conhecimento. Para Nonaka e Takeuchi (1997, p. 75), “os indivíduos trocam e combinam conhecimentos através de meios como documentos, reuniões, conversas ao telefone ou redes de comunicação computadorizadas”. Deste modo, concluiu-se que o compartilhamento ocorre entre os setores somente quando as pessoas entendem que é um conhecimento necessário para o outro setor, o que pode gerar uma visão apenas parcial do negócio. Todavia, se houvesse um compartilhamento intenso e ordenado de conhecimento entre os 49 departamentos da empresa, ter-se-ia uma visão holística, o que facilitaria para um planejamento estratégico. É importante salientar que mesmo sabendo da importância e necessidade de compartilhar o conhecimento, não observou-se nenhum projeto ou planejamento que visasse o compartilhamento do conhecimento entre os departamentos, o que de certa forma pode inibir esta troca dificultando o fortalecimento de uma personalidade ou cultura própria. De um modo geral os conhecimentos existentes na empresa são gerados internamente, o que se revela positivamente, pois demonstra a capacidade de captar as habilidades individuais em busca de uma inovação criativa, e assim criarem-se ferramentas para atingir os objetivos da empresa. Assim, conforme afirmam Nonaka e Takeuchi (1997), são necessários diferentes tipos de conhecimento à medida que o ambiente competitivo muda e as habilidades de criar continuamente o novo conhecimento, transformam-se em fonte de competitividade. Neste aspecto, é importante salientar que o conhecimento na produção e na área de custos que a empresa detém, é o que a diferencia no mercado, e talvez o que lhe conceda maior vantagem competitiva. Desta forma Lara (2004, p. 44), afirma que “um conhecimento melhor pode levar, com certeza, à eficiência mensurável no desenvolvimento de produtos e na sua produção”. Por outro lado, verificou-se que a empresa não possui políticas e normas definidas que garantam a propriedade aos conhecimentos gerados, o que de certa forma pode gerar uma insegurança tanto para os colaboradores como para a empresa. Tendo como base o relato dos entrevistados, que percebem a dinâmica e velocidade do mercado em que estão inseridos, concluiu-se que a empresa não utiliza continuamente o conhecimento que possui como recurso na formulação das estratégias. Entretanto esse comportamento pode ser explicado levando-se em conta que o conhecimento precisa primeiramente posteriormente ser valorizado, utilizado e gerenciado. ser identificado para 50 Neste mesmo sentido, a empresa possui um modelo hierarquizado, o que pode dificultar o fluxo de conhecimento e sua disseminação internamente. É importante salientar que o conhecimento transita com maior intensidade e espontaneidade nas empresas que auto organizam-se para geri-los. Contudo, percebeu-se que a empresa possui um repositório de conhecimentos individuais. Assim, se estes conhecimentos isolados forem compartilhados e transformados num conhecimento organizacional, poderão ser utilizados para implementar novas estratégias na empresa. Segundo Nonaka e Takeuchi (1997, p. 14), “a organização não pode criar conhecimento por si mesma, sem a iniciativa do indivíduo e a interação que ocorre dentro da empresa”. Por fim, concluiu-se que ainda são grandes os desafios, onde a empresa precisa fortalecer o compartilhamento e uso de conhecimento, utilizando os inúmeros patrimônios internos que são presentes na experiência dos funcionários, e utilizá-los como forma de agregar valor, e assim torná-la mais competitiva e sustentável. Entretanto, vale salientar que segundo relato, a empresa está passando por um processo de transformação em virtude de seu crescimento, o que gerou uma abertura às mudanças, uma quebra de paradigmas, sendo estas mudanças apoiadas pela cúpula da empresa. 5.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE A EMPRESA Y Alguns pontos fundamentais foram observados após a análise de resultados da pesquisa, destacando-se a percepção do conhecimento, no qual é possível afirmar que do grupo pesquisado existe a perfeita percepção sobre conceito de conhecimento, o que é extremamente importante, pois o sucesso e a sobrevivência de uma empresa dependem do conhecimento dos seus colaboradores, no qual a empresa deve tirar o máximo proveito, administrando-os e incentivando-os de forma a alcançar a máxima produtividade, como observa Lévy (1994), que as empresas tendem a se diferenciar pelo que sabem e pela forma como conseguem usar esse conhecimento. 51 No que se refere à conversão de conhecimento, observou-se que essa ocorre de três formas, no qual a mais intensa é através da combinação, que é a união de diferentes conhecimentos explícitos para formar um novo conhecimento explicito; pela socialização, que há a troca de conhecimento tácito entre indivíduos, principalmente por experiências vivenciadas; e pela internalização, que é o processo de conversão do conhecimento explícito em tácito. Isso revela-se positivamente, considerando que o ideal é que a criação de conhecimento ocorra a partir dos quatro processos de conversão do conhecimento. Neste contexto, o compartilhamento do conhecimento na empresa ocorre tanto de maneira formal, como informal. Assim, para Davenport (1998), o compartilhamento corresponde á transferência do conhecimento, seja esta espontânea (informal), ou entre os membros da organização. Vale ressaltar, que observou-se uma deficiência no compartilhamento, o qual foi apontado como causa a personalidade e cultura de cada indivíduo e da organização. Destaca-se que foi possível observar que nem todos os integrantes participam do compartilhamento de conhecimento, prevalecendo em muitas ações o individualismo, detendo o conhecimento como forma de proteção, o que interfere negativamente na aplicação do conhecimento. De outro modo, muitos conhecimentos são reconhecidos pelos gestores como estratégicos e, portanto, devem ser resguardados até como forma de competir no mercado. Neste sentido, Figueiredo (2004) adverte, “qualquer profissional que queira permanecer no mercado terá de se abrir a oportunidades de troca”. O compartilhamento na empresa ocorre de forma involuntária, e este fato talvez se atribua à ausência de um projeto que vise à partilha desse conhecimento. Porém, a empresa está iniciando um processo de gestão baseado na disseminação de conhecimento a todos os níveis organizacionais, o que pode levar a uma visão holística e auxiliar na elaboração de estratégias alicerçadas pelo conhecimento, e elevar a empresa a outro patamar de valor. É também importante frisar que os colaboradores da organização repassam, disseminam, transmitem os conhecimentos através de reuniões, que acontecem 52 semanalmente de acordo com cada setor, porém na rotina da empresa, são usados basicamente instrumentos de comunicação como Internet, intranet e e-mail. Esse comportamento aponta a ênfase na valorização da tecnologia em favor do conhecimento, mostrando-se como uma ferramenta facilitadora da criação e disseminação do conhecimento, de maneira a aproveitar o máximo possível dos seus recursos, atribuindo a esse, agilidade e eficiência. A empresa possui registros de procedimentos de suas atividades, entretanto não observou-se nenhum projeto que privilegiasse essa formalização, dificultando o treinamento de novos colaboradores. Contudo, se a empresa criasse um repositório coletivo de conhecimentos, poderia aproveitar melhor as informações, no qual, todo o grupo teria acesso, considerando que ao fazer uso, na sua maioria, dos recursos tecnológicos e esses apresentarem vigência na sua temporalidade, as informações acabam ficando no âmbito individual. Observou-se que a empresa possui uma habilidade de buscar conhecimentos externos, no qual a busca pelo conhecimento se dá pela seleção do profissional altamente capacitado na área, o que representa que a empresa não mede esforços para encontrar o melhor profissional do mercado e assim tê-lo em sua equipe de colaboradores, e conseqüentemente posiciona-se no mercado com vantagens competitivas, provindas do conhecimento. Por fim, a empresa utiliza o conhecimento, mesmo não intencionalmente, para organizar-se no mercado competitivo a partir do modelo das cinco forças de Porter, que torna-se a base na elaboração das estratégias empresariais e na tomada de decisões. Desta forma concluiu-se que existe na empresa uma valorização e percepção do conhecimento, que é intensamente utilizado na elaboração do planejamento estratégico, o que lhe confere um diferencial que a conduz a uma maior competitividade no mercado nacional e internacional. 5.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante da pesquisa realizada, pode-se responder aos objetivos iniciais afirmando que foi possível verificar que os pesquisados percebem o conhecimento 53 existente, tanto individual quanto organizacional. Entretanto, destaca-se que na empresa X, uma parcela dos integrantes, confunde o conceito de conhecimento com o de informação. Já na empresa Y há clareza no que se refere ao conceito de conhecimento, no qual existe a percepção e utilização do conhecimento, o que interfere positivamente no crescimento individual e coletivo do grupo e da empresa. Diante desta realidade, acrescenta-se que se as empresas tiverem consciência do que sabem, e souberem gerenciar estrategicamente o conhecimento e buscarem formas eficazes de transferi-lo, certamente aumentarão seus lucros, como sugere Sveby (1998) que uma estratégia orientada para o conhecimento gera lucros cada vez maiores, basicamente, a partir de ativos que convertam receitas invisíveis geradas por um grande número de atividades em receitas tangíveis. Quanto ao segundo objetivo, sabe-se que o conhecimento está localizado nas pessoas, porém nas duas empresas existe uma crença que os detentores do conhecimento são os integrantes do nível estratégico. Para a empresa X, observouse que o conhecimento está localizado nos departamentos, de forma que gera uma visão parcial da empresa. Já para a empresa Y, não existe fronteiras departamentais para o conhecimento, o que leva, de certa forma a uma visão holística da empresa. No universo pesquisado, ressalta-se que não foi identificado nenhum projeto que visasse o compartilhamento de conhecimento, e nas duas empresas o conhecimento é compartilhado de forma informal, não intencional, fruto da cultura das pessoas, que utilizam alguma conveniência para compartilhar o conhecimento. Percebeu-se que os envolvidos na pesquisa têm consciência de que existem falhas nesse sentido, porém, ressaltam que esse compartilhamento depende de cada um, da cultura e dos interesses individuais. Isso permite salientar que uma estratégia voltada para o conhecimento valoriza os ativos intangíveis, e é o processo apropriado para maximizar o potencial do conhecimento existente em uma organização, disponibilizando todo conhecimento necessário para que as pessoas que constituem a empresa desempenhem suas tarefas eficazmente. A formulação de estratégias depende de um clima que deve ser conquistado em ambientes abertos, com processos participativos, com fluxos 54 eficientes de comunicação, com compartilhamento de informações, com linguagem adequada que flua em todos os níveis da organização. Na empresa Y, mesmo com ausência de projeto para o gerenciamento do conhecimento, este é amplamente utilizado para formulação das estratégias empresariais e isso a qualifica como uma empresa de sucesso, pois verificou-se que o conhecimento é utilizado na elaboração do planejamento estratégico, e faz do conhecimento uma ferramenta de apoio para enfrentar a dinâmica competitiva do mercado. Para a empresa X, o conhecimento não é totalmente utilizado na sua essência para a formulação das estratégias empresariais e isso pode contribuir para que a empresa fique em posição de fragilidade diante de seus concorrentes, uma vez que o conhecimento envolve uma leitura do cenário globalizado e, desta forma, fica fragmentado o seu processo de gestão empresarial, ou parcialmente constituído, o que interfere na sua tomada de decisão e otimização de resultados. Dessa forma, observou-se a importância do conhecimento nas estratégias empresariais, no qual, contribuem para que as empresa alcancem seus objetivos, considerando a interação dinâmica do ambiente. Vale ressaltar que deve-se levar em conta os pontos fortes existentes e os potenciais, para superar as mudanças no ambiente, pois um processo de criação, implantação e sucesso da estratégia de uma empresa representam o compartilhamento de conhecimento e aprendizado contínuo, resultando em informações valiosas e fundamentais na dinâmica do mercado. Vale ressaltar, que os resultados da pesquisa sugerem que o futuro construído pelas organizações se pauta baseado no conhecimento, por um planejamento estratégico ininterrupto, holístico e objetivo na execução, visando obter um maior controle das situações pelas quais não foram planejadas. Dessa forma, o conhecimento revela-se como um forte aliado capaz de responder o questionamento sobre o que vai acontecer no futuro, e assim tomarem-se decisões mais seguras e soluções de longo alcance. 55 Conclui-se, portanto que para que as empresas possam consolidar-se no cenário competitivo, numa excelência de resultados, devem se preocupar com suas estratégias, buscando patamares cada vez maiores e de destaque. Um espaço que pode ser alcançado mediante de um processo articulado e intencional, em busca do sucesso, da conhecimento. qualidade, do desempenho global do compartilhamento de 56 REFERÊNCIAS ANGELONI, Maria Terezinha (Org). Organizações do conhecimento: infraestrutura, pessoas e tecnologias. São Paulo: Saraiva, 2002. ANGELONI, Maria Terezinha; DAZZI, Márcia Cristina Schiavi. A era do conhecimento. In: SILVA, Ricardo Vidigal da; NEVES, Ana (ORG). Gestão de empresas na era do conhecimento. São Paulo: Serinews Editora Ltda, 2004. ANGHINONI, Ediane M. Lazzari; HAMER, Eleri. 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Se descobrisse algo novo na sua atividade, o que faria? 5. Na sua opinião como a empresa mais aprende? 6. Qual a importância do conhecimento no seu negócio? 7. Na sua opinião, como o conhecimento é percebido como fonte de inovação, criação de estratégias e vantagem competitiva? 8. Acredita que conhecimento é o fator de produção mais importante da sua empresa? Porque? 9. Onde está localizado o conhecimento em sua empresa? 10. Como a empresa estimula o compartilhamento de conhecimentos? 11. Pensa que os seus colegas compartilham o conhecimento que possuem ou deixam reservados somente para eles? 12. Se o conhecimento for compartilhado entre todos do grupo, o que pensa que vai acontecer? 13. Conhecimento é poder? Porque alguém se disporia a compartilhá-lo? 14. Nas reuniões da empresa são feitos registros? De que forma? 15. De que forma repassa a seus colaboradores os rumos, os objetivos da empresa? 16. Quanto aos conhecimentos adquiridos, como são transmitidos, disseminados? Quais são os procedimentos? 17. Como o conhecimento é usado para aumentar a competitividade da empresa? 18. De que forma o conhecimento é usado como recursos nas estratégias empresariais? 19. Quais as maiores dificuldades de se implementar novos procedimentos na empresa? 20. Que tipo de conhecimento a sua organização possui que é diferencial? 61 APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO 1. O que é conhecimento: ( ) informação ( ) todas as alternativas acima estão corretas ( ) experiência ( ) não sei explicar o que é conhecimento ( ) ação 2. Já descobriu algo novo, uma técnica ou método novo de fazer algo? ( ) sim ( ) não 3. Quando um colaborador utiliza um novo procedimento ou uma nova descoberta, como reage? ( ) com entusiasmo ( ) com indiferença ( ) procura incentivá-lo 4. Quando descobre algo novo na sua atividade, o quê faz: ( ) repassa para os outros ( ) espera para que os outros também descubram ( ) repassa primeiramente aos colegas mais próximos ( ) repassa primeiramente à alta administração ( ) discute com amigos que atuam na mesma área em outra empresa 5. Na sua opinião como a empresa mais aprende? ( ) com os erros ( ) com as experiências anteriores ( ) em palestras, cursos ( ) com o compartilhamento de conhecimento ( ) todas as alternativas citadas 6. O conhecimento é importante no seu negócio? ( ) sim ( ) não ( ) esporadicamente 7. O conhecimento é fonte de inovação, criação de estratégias e vantagem competitiva? ( ) sim ( ) não ( ) às vezes ( ) em determinadas situações ( ) não sei 8. O conhecimento é um fator de produção importante para sua empresa? ( ) sim ( ) não ( ) às vezes ( ) não sei 9. O conhecimento em sua empresa esta localizado: ( ) nas consultorias ( ) nos gerentes ( ) nas assistências técnicas ( ) nos funcionários ( ) nos diretores ( ) todas as alternativas citadas 10. O conhecimento em sua empresa localiza-se no setor: ( ) produção ( ( ) marketing ( ) financeiro ( ) comercialização ( ) recursos humanos ) técnico ( ) todos os setores citados 62 11. Qual o setor na empresa que aprende mais rapidamente: ( ) produção ( ( ) marketing ( ) financeiro ( ) comercialização ( ) recursos humanos ) técnico ( ) todos os setores citados 12. Na empresa compartilha-se o conhecimento? ( ) sim ( ) não ( ) às vezes ( ) quando conveniente ( ) quando motivado 13. Conhecimento é poder? ( ) sim ( ) não ( ) não sei 14. Nas reuniões da empresa são feitos registros? ( ) sim ( ) não ( ) não tenho conhecimento ( ) não são feito reuniões 15. Quem na empresa conhece os rumos, os objetivos da empresa? ( ) os diretores ( ) os gerentes ( ) os encarregados ( ) os colaboradores ( ) todas as pessoas envolvidas na empresa 16. Como são transmitidos, disseminados os conhecimentos na empresa( marcar em ordem de importância, sendo 1 para a mais importante, 2 para a segunda mais importante e assim conseqüentemente)? ( ) em manuais ( ) em reuniões ( ) em cursos ( ) em conversas informais ( ) na intranet ( ) não são disseminados intencionalmente 17. O compartilhamento de conhecimento na empresa ocorre através de: ( ) manuais ( ) reuniões ( ) cursos ( ) conversas informais ( ) intranet ( ) todas as alternativas citadas 18. O conhecimento é usado para aumentar a competitividade da empresa? ( ) sim ( ) não ( ) às vezes ( ) não sei 19. As maiores dificuldades de se implementar novos procedimentos na empresa é: ( ) falta de esclarecimento ( ) falta de motivação( ) falta de interesse ( ) resistência a mudanças ( ) não possui dificuldade 20. O conhecimento que a sua organização possui é um diferencial: ( ) econômico ( ) financeiro ( ) estratégico ( ) competitivo ( ) não é um diferencial 63 ANEXO A – CONSENTIMENTO INFORMADO FACULDADE DO SUL DE MATO GROSSO – FACSUL CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DE RONDONÓPOLIS – CESUR CURSO DE ADMINISTRAÇÃO COM HABILITAÇÃO EM COMÉRCIO EXTERIOR CONSENTIMENTO INFORMADO De acordo com explicações fornecidas pela pesquisadora EDIANE MÁRCIA LAZZARI ANGHINONI, estamos cientes de que ela poderá utilizar os dados coletados na nossa empresa como material para suas pesquisas, mantendo sigilo naqueles aspectos que considerar de boa ética. Rondonópolis, 10 de novembro de 2005. Ediane Márcia Lazzari Anghinoni Pesquisado Pesquisador Observação: O consentimento informado original permanecerá em poder da pesquisadora