UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE NA RELAÇÃO
PROFESSOR ALUNO
Por: Marly Leite da Silva
Orientador
Ms Nilson Guedes de Freitas
ABRIL/2005
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE NA RELAÇÃO
PROFESSOR ALUNO
Por : Marly Leite da Silva
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AGRADECIMENTOS
O ato de agradecer esta alicerçado na simplicidade em
demonstrar a gratidão aqueles que de modo direto ou
indiretamente, contribuíram para a confecção desse
trabalho acadêmico, a todos os autores, Corpo Docente,
e colegas de curso.
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho de pesquisa ao meu marido e meu
sobrinho. Foram eles, cada um a seu tempo e a seu
modo, que me inspiraram a querer sempre mais para
poder transmitir o melhor e enriquecer os conhecimentos
na busca constante
do aperfeiçoamento pessoal e
profissional; também ao meu querido filho, que é a
alegria da minha vida.
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RESUMO
A pesquisa bibliográfica trata da afetividade na relação professoraluno, definido-a como condição imprescindível para o desenvolvimento da
criança na escola pública de ensino fundamental.
Tem como pretensão levar o professor a entender as diversas
atitudes e comportamentos dos alunos em sala de aula levando-o refletir,
também sobre sua prática pedagógica.
É uma reflexão das relações interpessoais; da diversidade cultural e
da complexidade da própria instituição escolar compreendida com as
particularidades do processo ensino-aprendizagem que envolve diretamente
interesses e desempenho do corpo docente dos alunos e respectivas
famílias e comunidades e da realidade que precisa ser compreendida em
uma visão maior, formar o aluno para um novo tempo; para o
desenvolvimento de suas potencialidades como elemento de auto realização
e de conscientização do seu próprio papel na sociedade.
Para Freire (1996), expressar a afetividade ao aluno esta é a base
para o sentimento de confiança.
A análise final sugere ainda a necessidade da educação continuada e
da auto-avaliação docente como fatores importantes não apenas para
melhor lidar com alunos, mas para seu aperfeiçoamento pessoal e
profissional.
Palavra Chave: Afetividade.confiança.professor.aluno.
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EPIGRAFE
A dor tem seu aspecto amargo, mais o tem também doce; tudo
dependera do lado por onde olhemos.
É duro trabalhar muitos dias semeando a semente e cuidar dela; mais
é agradável colher os frutos; é duro passar horas a fio estudando, mas é
agradável receber o título e o diploma; é duro realizar esforços e mais
esforços para construir a casa, mais é agradável ter em seguida seu próprio
lar, é duro fazer qualquer esforço mais logo é agradável gozar do fruto
gerado.
Para chegar a ser bom de verdade, temos que realizar também
grandes esforços, conseguir penosas vitórias, porém em seguida podemos
usufruir a alegria de vir a ser o que devemos ser. Que não desanimem os
esforços que se devem realizar, alegremo-nos com os resultados
conseguidos por esses esforços.
Alfonso Milagro
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SUMÁRIO
Introdução .................................................................................................... 08
Capitulo I ......................................................................................................11
Produção do Conhecimento
Capitulo II ......................................................................................................17
A importância da relação professor aluno na aprendizagem
Capitulo III .................................................................................................... 23
Espontaneidade, Respeito, Liberdade e participação
Capitulo IV ................................................................................................... 29
Mudança na educação
Conclusão .................................................................................................... 35
Referência Bibliográfica ............................................................................... 38
Anexo ........................................................................................................... 40
Índice .......................................................................................................... 42
Folha de avaliação ....................................................................................... 44
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INTRODUÇÃO
Atualmente verifica-se cada vez mais o aumento da violência,
resultante de inúmeros fatores sociais, mais como reflexo de uma grande
ausência de modelos afetivos originários inicialmente do meio familiar. Em
conseqüência de diversos problemas sociais surge a desestruturação da
família. cabendo a escola tentar recuperar a afetividade perdida, numa
relação professor-aluno mais próxima e dialógica.
Tomando como base os estudos e utilizando como procedimento
metodológico a pesquisa bibliográfica, tentaremos responder ao problema
que é destacar qual a importância das relações interpessoais e da
afetividade na relação professor-aluno do 1º segmento nas escolas públicas
de nova Iguaçu? Onde o objetivo geral é analisar a diversidade sócio-cultural
presente na instituição Escolar, verificando as causas que interferem na
construção
do
conhecimento
e
a
importância
da
afetividade
no
desenvolvimento e formação do aluno.
Faz-se necessário refletir sobre os fatores que contribuem para a
formação do indivíduo enquanto ser social e o processo pedagógico que
cada um de nós, professores, educadores comprometidos com o
desenvolvimento psicosocial do indivíduo que estamos preparando para
inserir na sociedade; vendo a escola como uma instituição fundamental para
a formação cidadã necessária a constituição de uma sociedade digna.
É preciso pensar a escola não apenas como um lugar ou de produção
e de divulgação do saber, mas também, um espaço de troca de intercâmbio
de relações, isto é, de aprendizagem social onde os processos de
aprendizagem presentes nos diferentes espaços sociais precisam ser
incluídos e valorizados. Valorizando também as relações interpessoais e
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clima socialmente positivo, em termos de respeito e liberdade que são
fundamentais para o desenvolvimento do educando.
Cabe,
então,
apontarmos
os
momentos
que
norteiam
o
desenvolvimento das idéias que se pretende apresentar
No 1º capitulo, referimo-nos a produção do conhecimento em suas
dimensões: intelectual, afetiva e cultural; explicando como se dá a
construção do sujeito na relação com o conhecimento, que permite a
apreensão lógica das realidades. Abordamos a dimensão afetiva como um
conhecimento de si mesmo e a dimensão cultural, pois trata-se de sujeitos
contextualizados inseridos em uma cultura. O conhecimento é produzido por
um processo histórico pelo qual os sujeitos em relação com o mundo, com
os outros sujeitos transformam a natureza e a si mesmos. A sociedade
expressa esse conhecimento através da arte, ciência, tecnologia, educação
mitos, política, criando um processo de simbolização e permitindo que a
experiência acumulada seja transmitida e transformada pela dimensão
cultural, os sujeitos inserem-se no conhecimento, mediante a aprendizagem.
No 2º capítulo, considerando que o processo de aprendizagem se
passa na convergência das dimensões intelectuais, afetivas e culturais e
marca um lugar para o sujeito, o lugar de professor-aluno pode contribuir ou
não na formação mais integral do aluno e enfatizando a importância da
afetividade nessa relação.
No 3º capitulo tratamos de espontaneidade, respeito e liberdade,
reconhecendo a importância da diversidade cultural existente nas
instituições de ensino. As questões de auto-estima, auto-imagem continuam
como questões básicas que só serão trabalhadas e desenvolvidas em uma
realidade concreta e objetiva. Atendendo as necessidades do educando
tanto com relação aos aspectos cognitivos e psicomotores como afetivos.
Favorecendo as relações entre o desenvolvimento e aprendizagem entre
desenvolvimento e seu ambiente-sócio-cultural.
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No 4º capitulo analisaremos a necessidade de uma educação em
movimento valorizando o aperfeiçoamento pessoal e profissional do
professor. Promovendo uma reflexão sobre a necessidade da educação
continuada
e
da
auto-avaliação
docente,
currículo,
programas
e
regulamentos. Mencionamos os aspectos da relação professor-aluno os
quais devem ser abordados na formação do professor, e instrumentá-lo para
construir com os alunos um espaço de autonomia e autoria de pensamento.
Nas considerações finais enfatizamos a importância da reflexão sobre
a prática docente, em especial, das relações estabelecidas na escola,que
possamos contribuir para a resignificação da mesma.
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1. PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO
Os seres humanos para sobreviver precisam transformar a natureza,
o mundo em que vivem. Esse processo não ocorre de forma individual, mas
sim em conjunto, agindo em sociedade.
Como explica a Profª. Marilena Chaui, a origem da sociedade
coincide com a dos próprios sujeitos. Estes são autores que, através da
ação, colocam a sociedade histórica no real.
o real não são coisas, nem idéias, não são dados empíricos nem
ideais, mas o trabalho pelo qual uma sociedade se institui , se
mascara, se oculta, constrói seu imaginário e simboliza sua
origem, sem cessar de repensar essa instituição, seu imaginário e
seus símbolos (Marilena Chaui 1982, p.17).
A expressão desta construção que cria a ordem simbólica da
sociedade, a partir das relações dos sujeitos entre si, com a natureza e suas
respectivas interpretações, e materializada sob a forma de padrões de
comportamento, costumes, linguagem, crenças, valores, produtos técnicos,
científicos e denomina-se cultura.
Os sujeitos necessitam se apropriar deste real, conhecer o mesmo.
Esta atividade de busca tem por objetivo obter soluções aos desafios que
surgem para a satisfação de suas necessidades, de seus desejos. Ao agir
sobre o mundo, os sujeitos sofrem a interferência do mesmo.
A verdade do mundo e do homem não é dada: é buscada. E
nesta procura ela é construída, marcando o homem e o mundo,
deixando gravadas no homem e no mundo as marcas da ação do
homem sobre o mundo e do mundo sobre o homem (1993, p. 24).
Não podemos esquecer que o ser humano é capaz de produzir
conhecimentos por possuir características específicas que o diferencia de
outros animais.
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Veiga (1992) explica esta diferença ao afirmar que o animal traz
consigo um programa de computador chamado instinto, sem precisar
negociar nada com ninguém. Já o bebê ao nascer é quase totalmente
incapaz. O autor conclui que o bebê necessita negociar com o mundo,
através dos adultos. Estes são mediadores entre a criança e a cultura, pois
ambos, criança e adulto, estão inseridos em uma sociedade histórica. Isto
significa que, para “existir” enquanto sujeito, este bebê necessita da
aprendizagem que se inscreve na dinâmica da transmissão da cultura, como
explica Sara Pain. A produção do conhecimento através da aprendizagem
pode ser abordada a partir de três dimensões fundamentais: intelectual,
afetiva e cultural. Sendo que as mesmas se articulam entre si. É na
dimensão intelectual que se dá a construção da objetividade do sujeito,
permitindo a apreensão da realidade. Esta apreensão ocorre através da
utilização de esquemas mentais tornando acessível o objeto de
conhecimento.
Já a dimensão afetiva proporciona a construção da subjetividade,
dando origem ao sujeito na construção do conhecimento, pois na medida
que o sujeito conhece ele significa o objeto e se auto significa.
1.1 Construção da Objetividade: Capacidade de Organização
Lógica
De acordo com os pressupostos piagetianos, existe um paralelo entre
o processo de reinvenção por parte da criança na apropriação do
conhecimento e conseqüentemente no desenvolvimento da inteligência, com
o processo de construção contínua. “Conhecer um objeto e agir sobre e
transforma-lo, apreendendo os mecanismos dessa transformação vinculados
com as ações transformadoras”. (Piaget, 1970, p.30).
A teoria piagetiana nos fala como o ser humano constrói o real na
mente (o desenvolvimento da inteligência) e explica como os sujeitos vão
conhecendo e interpretando o mundo e, construindo-se enquanto sujeitos.
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Para este teórico, o ser humano nasce com uma bagagem hereditária
e programada da própria espécie (filogênese). A maturação da bagagem
filogenética do sujeito acontece a partir da interação com o meio (físico, o
Outro, a cultura).
O desenvolvimento cognitivo é um processo que se realiza em todo
ser humano e tem um caráter seqüencial ocorre numa série de estágios,
sendo cada um deles necessário.
Piaget explica que o processo é contínuo e produz estados de
equilíbrio. Estes são denominados Estruturas. Ao conjunto de estruturas
básicas que possuem coerência na forma específica de interpretar o mundo,
em determinados momentos, denominamos estágios ou períodos de
desenvolvimento Identificam-se quatro estágios descritos por Piaget:
Estágio da inteligência sensório-motora (0 a 2 anos) Estágio da
inteligência pré-operatória ou intuitiva (2-6 anos) Estágio da inteligência
operatória (7-12 anos) Estágio da inteligência operatória formal (a partir da
adolescência).
Cada estágio resulta, necessariamente do precedente e, ao mesmo
tempo o prepara para o seguinte.
O alcance de uma etapa superior na organização inteligente, não se
consegue senão com um progressivo intercâmbio do sujeito com o
meio onde ele vai provando suas possibilidades de domínio, num
jogo permanente de ações. Intercâmbio que, inicialmente, der-se
através de ações materiais que vão progressivamente sendo
interiorizadas e transformadas em operações. (FERNANDEZ, 1991,
p 73).
Verifica-se que as operações intelectuais e a socialização estão
intrinsecamente relacionadas.No início de sua vida, o sujeito está totalmente
centrado, não se diferenciando dos objetos ou do mundo. As diversas fases
do egocentrismo indicam a capacidade do sujeito assumir pontos de vista
que não os dele, sua dificuldade em aceitar posições diferentes frente ao
mesmo problema.
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O gradativo relacionamento com os outros sujeitos propicia a inserção
na vida social. Conclui-se que as relações estabelecidas em sociedade
interferem contribuindo ou não.
Piaget (1970, p.32) não acredita em relações sociais que sempre
favoreçam o desenvolvimento, fazendo uma clara distinção entre dois tipos
de relações sociais: coerção e cooperação. Coerção é a relação entre dois
indivíduos “na qual intervém um elemento de autoridade e de prestígio”. O
sujeito aceita o que o outro lhe transmite como verdade absoluta, devido ao
lugar de poder em que se encontra este outro.
Por estar coagido o sujeito não participa da construção do
conhecimento, aceita como válido o produto final e tende a repetir o que lhe
impuseram. Este tipo de relação social corresponde a um baixo nível de
socialização, age como um freio ao desenvolvimento da inteligência ,
impossibilita dessa forma o desenvolvimento da inteligência, impossibilita
dessa
forma
o
desenvolvimento
das
operações
mentais
e,
conseqüentemente, a construção da objetividade do sujeito.
As relações de cooperação representam justamente aquelas que
vão pedir e possibilitar esse desenvolvimento. A cooperação
pressupõe a coordenação das operações de dois ou mais sujeitos,
proporcionando discussão, troca de pontos de vista diferentes,
possibilitando um alto nível de socialização e a construção de uma
objetividade na qual os sujeitos podem ser criativos e
transformadores. (IVES, 1992, p.19).
Ives identifica uma limitação na teoria piagetiana que não faz
referência a cultura (crenças, religiões ideologia, classes sociais) ao remeterse as influências da interação social no desenvolvimento cognitivo.
1.2 A Construção da Subjetividade: Significação Simbólica
O sujeito desde sua origem é um ser desejante e a constituição de
sua significação simbólica ocorre a partir de sua constante negociação com
o Outro. Conforme Fernandez, (1991, p.22), o Outro “está constituído por
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todos os outros, que simbolicamente permitem reconhecer a individualidade
construída”.
A aprendizagem assume papel fundamental, pois se dá sempre pela
intermediação de um outro-primeiro da mãe, depois pelos demais
representantes da cultura.
O nível simbólico criado, a partir das relações dos sujeitos entre si,
com a natureza e das suas respectivas interpretações, e a expressão de um
determinado processo histórico materializando-se através da dimensão
cultural. O sujeito apropria-se do nível simbólico pela via do consciente, por
meio da inteligência e pela via do inconsciente através do desejo que
organiza sua vida afetiva de significações. “A linguagem, o gesto, e os afetos
agem como significantes, com os quais o sujeito pode dizer como sente seu
mundo”.(Fernandez, 1991, p.74).
A mesma explica que teoricamente, ao observar as atitudes do
sujeito, podemos discriminar o processo objetivante (lógico-intelectual) do
processo subjetivante (simbólico-desejante): a soma de ambos os processos
e o ato que resulta. Portanto, no processo de aprendizagem, interagem o
nível cognitivo e o nível desejante do sujeito, além do organismo e do corpo.
O conhecimento não é em parte influência do meio e em parte
produto de herança; o conhecimento não está no sujeito, nem no objeto,
nem no somatório dos dois, entre o sujeito e o objeto existe a ação e é essa
que lhe permitirá construir seu conhecimento.
1.3 Dimensão Cultural
Para falar de produção de conhecimento, não basta explicar sua
dimensão objetiva e subjetiva.E preciso levar em conta a dimensão cultural.
Tal dimensão está relacionada com as dimensões objetiva e subjetiva do
sujeito, pois se trata de um sujeito contextualizado, histórico, inserido numa
cultura.
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Mesmo existindo tendências gerais de organização na história dos
grupos humanos, não é possível estabelecer seqüências fixas para detalhar
fases de cada realidade cultural, pois a produção de cada cultura é resultado
de uma história particular e de suas relações com outras culturas.
A sociedade expressa esse conhecimento através da arte, religião,
esportes, tecnologia, ciência política educação, mitos. Os grupos humanos
codificam sua realidade em palavras, idéias, doutrinas, teorias rituais, ou
seja, criam um processo de simbolização, de substituição de uma coisa por
aquilo que a significa, permitindo que a experiência acumulada seja
transmitida e transformada.
A cultura é um processo histórico pelo qual os sujeitos, transformam
a natureza e a si mesmos. O trabalho de transformar e significar o
mundo é o mesmo que transforma e significa o sujeito, é uma
prática coletiva onde a ação é motivada pela sociedade na qual o
homem se transforma em ser humano e em parte da cultura, esse
processo de conhecer conhecendo constrói socialmente a
consciência. (BRANDÃO, 1989, p.65).
É importante salientar o papel da aprendizagem, pois a mesma
inscreve o ser humano como sujeito de uma cultura, podemos afirmar que o
processo de aprendizagem se passa na convergência das dimensões
intelectuais, afetivas e culturais e marca um lugar para o sujeito. Esse
processo é, portanto, mediado pelos “outros”. Entre esses outros destacamse além dos pais, o professor. No próximo capítulo, será abordado o papel
do professor enquanto o “outro” que é mediador entre sujeito e a cultura.
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2. A IMPORTÂNCIA DA RELAÇÃO PROFESSOR
ALUNO NA APRENDIZAGEM
Na produção do conhecimento, como já foi mencionado, interagem
três dimensões fundamentais: a intelectual, a afetiva e a cultural.
Essa atuação transferencial inconsciente pode gerar atitudes que são
justificadas conscientemente pelo professor com argumentos cujas origens
ele desconhece, gerando autoritarismo, coersão, competição. Essas atitudes
refletem na forma de produção do conhecimento pelo aluno.
Tanto a dimensão cultural, que permite a apreensão da realidade,
como a dimensão afetiva, que permite a auto-significação e a significação da
realidade pelo sujeito, ambas são mediadas pela dimensão cultural.
A percepção da realidade pelo sujeito quando criança se constrói na
interação com os membros se sua família e nessa interação vão se
estabelecendo modelo, significados que vão fortalecendo a individualidade
desse sujeito.
Os
sujeitos,
e
produtores
de
um
processo
histórico
são
contextualizados, inseridos em uma determinada cultura. A aprendizagem
possibilita ao sujeito inserir-se na vida social.
através da aprendizagem o sujeito é inserido, de forma mais
organizada no mundo cultural e simbólico, que o incorpora a
sociedade... a escola e, então, participante desse processo de
aprendizagem que inclui o sujeito no seu mundo sócio cultural.
(NADIA BOSSA, 1994, p.67).
É necessário insistir no papel do professor: ele é um profissional
educador de fato, comprometido não só com a construção do conhecimento
do aluno, mas desde como um todo. Um professor que saiba viabilizar, entre
seus alunos, as trocas necessária ao exercício de cooperações que irão
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sustentar o desenvolvimento de personalidade autônomas no domínio
cognitivo, moral, social e afetivo.
Dentre as possibilidades para a escolha docente aposentadas pela
autora, está o amor aos alunos, que pode atuar de forma possessiva.
Segundo Nádia Bossa:
permitir e liberar, mediante corinho e segurança, o aluno no seu
caminho em busca do saber, relativizando as coisas, não
apresentando respostas como verdade terminadas, mas
acompanhando-o na reconstrução de conhecimentos..., Que se
sempre provisórios, conforme a eterna reformulação dos saberes,
que se acredita sejam importantes para a vida dos homens em
sociedade. (1994, p.71)
É a dimensão afetiva que inclui os sentimentos, interesses, impulsos
ou tendências, como a vontade e valores que constituem os padrões de
comportamento.
Segundo a teoria piagetiana, para que o ensino-aprendizagem
contribua pra o desenvolvimento da inteligência do aluno, deve
metodologicamente favorecer múltiplas interações entre os alunos e os
conteúdos. Segundo essa teoria, o aluno constrói aos poucos seu
conhecimento através da ação. O professor orienta o processo e canaliza as
experiências, traduzidas pelos alunos, para que ocorra a apropriação de
conhecimento significativo.
O professor, desafiando os alunos a conhecer, cria um espaço onde
podem ocorrer situações de desequilíbrio e equilíbrio para que os conteúdos
escolares possam ser assimilados e acomodados.
Cabe
ao
professor
propiciar
situações
propiciar
situações
desencadeadoras de conflitos cognitivos, pois tais estando vinculadas ao
processo de socialização do sujeito. Dessa forma, o professor pode
contribuir para o desenvolvimento da inteligência, propiciando relações
sociais cooperando ou, ao contrário, propiciando relações sociais cognitivas.
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No processo educativo as relações coercitivas, estabelecidas por
professores,
estão
vinculadas
ao
autoritarismo,
a
concepção
de
conhecimento como pronto, como uma única verdade a ser apresentada.
Este tipo de relação, não contribuiu para o desenvolvimento da inteligência.
Geralmente tais sujeitos, que estabelecem este tipo de relação, possuem
uma visão de mundo estática, fragmentada e concebem a produção histórica
e cultural da humanidade como pronta, devendo ser reproduzida.
Já as relações, que procuram criar um espaço de cooperação entre
professor e aluno, priorizando a discussão, troca de pontos de vista,
contribuem para o desenvolvimento da inteligência, da socialização e,
conseqüentemente, para o exercício de relações democráticas. Neste
contexto, procura-se trabalhar o processo de construção do conhecimento,
desafiando os alunos a perguntar, a pensar, a estabelecer um espaço
criativo e de autoria do pensamento. Geralmente tais sujeitos questionam e
procuram contribuir para a transformação das relações de poder. Os
mesmos concebem os sujeitos como produtores da história e procuram
contribuir para sua formação.
...a experiência é sempre necessária para o desenvolvimento
intelectual... o sujeito deve ser ativo, deve transformar as coisas e
descobrir, então, a estrutura de suas próprias ações sobre os
objetos . ... as crianças necessitam comunicar-se com as outras.
Este é um fator essencial ao desenvolvimento intelectual.
Cooperação e na verdade cooperação. O professor deve
proporcionar os instrumentos que a criança possa usar para decidir
as coisas por si própria ... A verdade já feita é apenas uma meia
verdade. O principal objetivo da educação é criar homens que sejam
capazes de criar coisas novas, não simplesmente de repetir o que
outra geração já tenha feito- homens que sejam criativos, inventivos
e descobridores. O segundo objetivo da educação é formar mentes
que possam ser crítica, possam verificar e não aceitar tudo que lhes
seja oferecido. O grande perigo hoje são os slogans, opiniões
coletivas, tendências prontas de pensamento. (Paulo Freire,
1991, p. 94).
Paulo Freire também defende a importância do estabelecimento de
relações professor/aluno baseadas na cooperação, na democracia e como
ele diz, no diálogo para contribuir na formação de sujeitos críticos.
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O autor enfatiza que os professores não são neutros, estão inseridos
num processo histórico, em uma cultura. De forma consciente ou não,
assumem, na relação com o aluno, uma opção progressista, democrática ou
autoritária, reacionária (1993, p.98).
A opção educação e a democracia se vive “em sua cotidianeidade
escolar, que submete sempre a sua análise crítica, a difícil mais possível e
prazerosa experiência de falar aos educandos e com eles” (Paulo Freire,
1993 p.87); isto é, criando um espaço de diálogo que contribui para a
formação de cidadãos e cidadãs responsáveis e críticos. Tal contribuição
não é suficiente pra mudar o modo, mas considera que as relações
democráticas na escola contribuem fundamentalmente para a construção da
democracia.
Segundo o mesmo, para o estabelecimento de tal dialogo, é
necessário que os educadores saibam o que se passa no mundo concreto
dos educandos.
Para uma prática competente e compromissada Paulo Freire (1993)
enfatiza a necessidade da formação permanente do educador, implicando
em uma reflexão crítica sobre a prática, pois a mesma está influenciada
pelos “condicionamentos que o contexto cultural tem sobre nós, sobre nossa
maneira de agir, sobre nossos valores” (Paulo Freire, 1993, p.106)
Paulo Freire diz também que não existe ensinar sem aprender, pois
para ele...
o aprendizado do ensinante ao ensinar se verifica na medida em
que o ensinante, humilde, aberto, se ache permanentemente
disponível a repensar o pensamento, rever-se em suas posições;
em que procura envolver com a curiosidade dos alunos e os
diferentes caminhos e veredas que ela o faz percorrer. (PAULO
FREIRE, 1993, p.110).
Do que foi abordado, pode-se dimensionar a importância do papel do
professor do processo de ensino-aprendizagem. No âmbito da dimensão
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cultural, a educação como um ato político, no âmbito da dimensão afetiva, o
professor como mediador para acelerar o desenvolvimento dos esquemas
mentais do aluno.
Destaca-se estes aspectos, devido a nossa preocupação com um
processo de aprendizagem, que se dá no âmbito da relação professor aluno,
que tenha como perspectiva a formação de sujeitos críticos, com autonomia
e com autoria de pensamento.
Não basta que o professor tenha acesso aos aspectos conscientes
desse processo, as vantagens de uma aprendizagem democráticas, com
diálogo, não autoritária, com cooperação entre ensinantes e aprendentes.
Faz-se necessário, além disso que o professor possa tomar conhecimento
dos aspectos inconscientes que permeiam essa relação e que são
decorrentes de sua corporeidade, de sua modalidade de aprendizagem que
foram constituídas ao longo de sua vida na relação com os “outros”,
apropriando-se de mandatos da cultura na qual estão inseridos e que
influenciam em sua atuação.
Para que o professor possa proporcionar uma aprendizagem que
privilegia a autonomia, criatividade, autoria de pensamentos dos alunos, é
preciso que o mesmo vivencie este tipo de aprendizagem, podendo libertar
esse desejo de conhecer tudo, contactando com a função positiva de
ignorância e com o limite de conhecer parcialidades.
A relação professor - aluno não se limita à expressão relações
humanas, abrange todas as dimensões do processo ensino-aprendizado que
se desenvolve na sala de aula também dando estrutura ao aprendizado,
orientando.
O importante é entender que no decorrer de todo processo de
desenvolvimento a afetividade é como uma “energia” que impulsiona as
ações, ficando claro, no caso da escola, a importância da relação entre
professor e aluno, de modo que ambos convivam em um ambiente de
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harmonia, e que a aprendizagem, assim, possa fluir com mais facilidade,
havendo maior rendimento e maior interação entre ambos.
O desenvolvimento da inteligência permite, sem dúvida, que a
motivação possa ser despertada por um
numero cada vez maior de
objetivos ou situações. Todavia, ao longo desse desenvolvimento, o princípio
básico permanece o mesmo: a afetividade é a mola propulsora das ações, e
a razão está ao seu serviço (LA TAILLE, 1992:65).
Acreditamos que a escola deve se ocupar com seriedade com a
questão do saber, do conhecimento. Se um professor for competente, ele,
através do seu compromisso de educar para o conhecimento, contribuirá
com a formação da pessoa, podendo inclusive contribuir para a superação
de desajustes emocionais.
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3. ESPONTANEIDADE, RESPEITO, LIBERDADE E
PARTICIPAÇÃO
A criança é um ser em desenvolvimento em que predomina a
atividade lúdica, através da qual descobre, conquista o mundo, uma grande
novidade para ele. Um ser em que predomina a fantasia, a imaginação, o
jogo, atividades quase únicas de seu dia-a-dia antes do início da
escolarização. Um ser que prevalece a espontaneidade.
O aprendizado é um processo meramente cognitivo ou intelectual.
O modo como nas sentimos influi poderosamente em como e
quando aprendemos Ignorar essa dimensão emocional não conduz
a nada e, alem disso prestar atenção ao âmbito afetivo dos alunos
pode melhorar o aprendizado convencional das matérias (PEDRO
MORALES, 1999, p.61)
O autoritarismo excessivo, em que não se permite à criança
manifestar-se livremente, em especial quando essa manifestação importa
em discordância, resulta num ser passivo, dependente, sem iniciativa. Com
a iniciativa de reprimir o erro, muitas vezes o professor tolhe uma iniciativa
participativa, corta uma possibilidade de aprendizagem, impede um
desenvolvimento mais espontâneo. Afinal, o erro geralmente é o caminho
para o acerto.
A qualidade das relações interpessoais manifesta-se de muitas
maneiras: dedicar tempo à comunicação dos alunos, manifestar afeto e
interesse, interagir com os alunos com prazer.
A relação professor aluno é uma relação profissional. É claro que
essa profissão é um tanto especial. Nela, as próprias emoções e
sentimentos desempenham um papel que não está presente em
outra ocupação mais mecânica ou burocrática. (PEDRO
MORALES,1999,p.62)
É preciso conquistar o educando mostrando-lhe que o conhecimento
pode ser trabalhado de diferentes formas e não somente nas mais
tradicionais, seja aplicando recursos tecnológicos, alternativos para tornar o
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ensino uma atividade prazerosa com a implementação de atividades em
grupo que envolvam tema do cotidiano dos alunos.
Principalmente, quando o professor vai trabalhar numa comunidade
que não é a sua, surge à necessidade de que ele compreenda a realidade
diferente dos alunos.
Ao mesmo tempo pelo contato com o professor, os alunos podem
tomar conhecimento de outras realidades, diferentes da sua. Esse
intercambio pode ser útil para a formação de pessoas abertas, tolerantes, e
para o desenvolvimento de uma visão de conjunto, integrada, útil ao domínio
e à utilização do conhecimento.
3.1 A Espontaneidade
Na medida em que todos os comportamentos passam a ser
controlados por um rígido sistema de recompensas e punições, sobra pouco
espaço para comportamentos espontâneos, gratuitos. Se toda vez que sentir
vontade de fazer algo, o indivíduo tiver que se preocupar com conseqüência
desse comportamento, pelas possíveis punições desenvolverá grande
insegurança e dependência em relação aos outros.
Embora o fato de viver em sociedade exige de todas as pessoas o
respeito, o que caracteriza o comportamento humano é justamente o fato de
que pode mudar constantemente, em razão de modificação das situações.
Na medida em que o comportamento se torna um hábito, fruto de
condicionamento, perde essa característica humana, torna-se automático.
Acusa-se a escola de matar a espontaneidade, de controlar de
maneira rígida todos os comportamentos da criança. Na verdade, não é
necessário que assim seja. A escola pode criar oportunidades para a livre
manifestação da criança. Tais momentos são importantes para a criança
possa conhecer-se melhor, possa colocar em prática suas preferências,
possa desenvolver características próprias.
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O desejo de saber e a necessidade de compreender estão dentro
da criança e vão se prolongar através das inúmeras perguntas que
ela vai fazendo, pois a curiosidade e o prazer da descoberta e o
conhecimento fazem parte da própria dinâmica da vida. “nada nem
ninguém pode obrigar alguém a desejar” (CORDIÉ, 1996, p.23).
A formação da personalidade individual esta na dependência das
oportunidades de que as pessoas dispõem para agir de maneira
espontânea, segundo seus desejos e preferências sem o risco de punições
externas. O único risco que pode existir é aquele que resulta do próprio
comportamento: se subir numa arvore pode cair, se não estudar não
aprenderá, etc.
3.2 A Liberdade
A educação para a liberdade é outro fator que leva a escola a
contribuir para a mudança social. O indivíduo educado para ser livre é
aquele capaz de analisar criticamente uma situação e, a partir dessa análise,
toma a decisão que acha mais viável diante dela; poderá concluir que a
situação é a mais adequada e, por isso, lutar para mantê-la; mas também
julgar que a situação deve ser modificada e contribuir para a mudança.
A liberdade não se ensina, qual matéria escolar teórica, mas se
aprende praticando. Assim, não adianta o professor e a escola declararemse a favor da liberdade se, ao mesmo tempo, reprimirem toda e qualquer
manifestação dos alunos.
Num clima de liberdade, o professor pode discordar do aluno, e viceversa, mas cada um defende o direito do outro expor seu ponto de vista.
Quando há liberdade, desenvolve-se um clima de respeito mutuo, de
valorização da pessoa do outro. Compreende-se que, sendo respeitados em
seu direito de divergir, o individuo também considere necessário respeitar os
demais e sua liberdade.
A educação deve ser um processo onde o aluno se sinta livre para
fazer descobertas e partilhá-las com os colegas. O que só é possível quando
26
o professor oportuniza essa possibilidade, através de uma prática reflexiva e
aberta para mudanças.
Aceitação afetiva (ao menos a não recusa) será sempre importante
para que as mensagens que consideramos valiosas cheguem aos alunos.
Boas mensagens se perdem simplesmente porque se recusa o mensageiro.
O professor pode ensinar mais com que é, do que com aquilo que
pretende ensinar, seu modo de fazer as coisas implica mensagens implícitas
de efeitos que podem ser positivos ou negativos, se aceitam ou recusam
suas atividades e seus valores, reforça-se o interesse ou o desinteresse pelo
aprendido.
Os estudantes precisam pensar sobre as próprias atitudes e
reconhecer os sentimentos que movem suas ações. Quando eles fazem
isso, surgem oportunidades de na prática, construir valores positivos.
O modo como os professores enxergam os alunos é essencial para o
sucesso da aprendizagem. Quando não julgam e procuram se aproximar do
aluno, acreditem nele, observam seu comportamento e incentivam suas
capacidades, ele tem tudo para crescer.
A flexibilidade é importante; é fundamental não se aprisionar por um
papel, o professor se apresenta da forma como é, pessoas
humanas, com sentimentos e opiniões pessoais, com algo pessoal a
comunicar ocasionalmente e, além disso, professores. (PEDRO
MORALES, 1999).
Os professores têm a responsabilidade ética e moral de fazer-se
consciente do impacto que eles têm sobres os alunos.
O impacto e influência sobre os alunos vão além dos conhecimentos e
habilidades que é ensinado; incide-se sobre valores, hábitos, motivações e
como
eles vêem a si mesmos; não se limita a contemplar o mero
aprendizado das matérias como objetivo único, ou mais importante, a
relação com os alunos na sala de aula adquiri toda a sua importância.
27
Escola é lugar onde se faz amigo, não se trata só de prédios, salas,
quadros, programas, horários, confeitos. ...escola é sobretudo
gente, gente que trabalha, gente que estuda, gente que se alegra,
que se conhece, que se estima. O diretor e gente, o professor é
gente, o aluno é gente, cada funcionário é gente e a escola será
bem melhor na medida em que cada ser se comporta como colega,
como amigo. Nada de ilha cercada de gente por todos os lados.
Nada de ser como tijolo que forma paredes indiferentes, frio, só.
Importante na escola não é só estudar, é também criar laços de
amizade e criar ambiente de camaradagem, é convencer, se
amarrar nele. Ora é lógico ....em uma escola assim vai ser faceou
estudar, crescer, fazer amigos, educar e ser feliz. (PAULO FREIRE,
1999)
Tal influência não se dá apenas nos conhecimentos e do
desenvolvimento intelectual, mas também no desenvolvimento moral, no
discernimento dos próprios valores.
Um bom relacionamento com os alunos, se não haver eficácia na
tarefa docente, não é uma boa relação de um ponto de vista mais integral.
Segundo Sara Pain (1988, p.80) “a aprendizagem pode ser definida
de modo muito geral, como o processo de transmissão de conhecimento”,
transmissão esse que não ocorre em bloco, de forma mecânica, e sim
através do que chama de “insígnias” ou sinais de conhecimento. O ensinante
faz um recorte do conhecimento transmitindo sinais que levam conhecimento
e ignorância, para que o aprendente possa, transformando tais sinais,
reproduzi-los.
O conhecimento transmitido e definido pela autora como “a
organização operatória de um código, isto é, as regras pelas quais se pode
gerar significado”. (Sara Pain, 1988, p.80).
Segundo a mesma, não ocorre auto-aprendizagem, pois as estruturas
mentais não atuam no vazio. Mesmo havendo autodidatismo, esta sempre
relacionado a um processo de identificação com um outro que serve como
modelo. Além de o processo de aprendizagem pressupor a existência do
outro, a relação estabelecida entre o sujeito que aprende e o outro é
mediada pelo corpo dos mesmos.
28
Alicia Fernandez (1994, p.44) explica que o aprender e o ensinar
ocorrem através do corpo dos sujeitos. A construção desse corpo que serve
de mediação na relação de aprendizagem “é uma construção realizada
sobre a “matéria-prima” que dá o organismo, atravessado pela inteligência e
o desejo, em um momento histórico determinado”.
29
4. MUDANÇAS NA EDUCAÇÃO
No processo ensino-aprendizagem, em qualquer contexto em que se
esteja inserido, é necessário que se conheça as categorias que integram
este
processo
como
elementos
fundamentais
para
um
melhor
aproveitamento da aprendizagem.
A interação social é uma forma privilegiada de acesso a informação,
de acesso ao objeto de conhecimento. O sujeito, em todas as suas
dimensões, é de formação histórica, isto é seu pensamento, a sua
consciência surgem como emanação direta da concretude de suas
interações.
As escolas devem oportunizar a este sujeito o conhecimento cientifico
e tecnológico, de forma a democratizar o saber em sua totalidade. O
conhecimento é herança da comunidade, direito de todos, e a escola tem o
compromisso de resignificar este acervo cultural.
É
necessário
que
haja
a
compatibilização
entre
objetivos
educacionais, as expectativas da clientela e os recursos existentes, o que
pressupõe o conhecimento prévio da escola e da comunidade, tal
conhecimento favorece uma definição mais realista das metas propósitos, e
conseqüentemente maior segurança no alcance dos resultados esperados.
Para atender as necessidades básicas da educação, é preciso que a
formação de professores seja repensada, de modo que esteja comprometida
em reverter as práticas pedagógicas que ignoram a cultura do aluno.
O favorecimento da prática reflexiva no espaço escolar deve ser
entendido como estratégia para ser empregada como ações pedagógicas
significativas que contribuam para a prática docente, preparando o
profissional para superar as dificuldades que envolvem o ensinar e aprender.
30
É importante valorizar as relações que se desenvolvem no ato
educativo, reforçando ao professor que é preciso considerar, no
desenvolvimento de suas atividades, tanto suas ações quanto as ações de
seus alunos.
As ações devem ser adotadas para o interesse dos alunos e para a
concretização dos objetivos sócio-educacionais da instituição escolar. É
necessário que o professor reflitam sobre seus atos pedagógicos.
Considerando relevantes as relações intra e interpessoais que ocorrem no
espaço escola, transformando-se em um investigador da própria prática.
Neste sentido a prática educativa, na escola, deve primar pelas
relações de solidariedade, proporcionar situações que lhe dêem
prazer de construir conhecimento de crescer junto com o outro. Não
há mais espaço para uma educação individualista, quer que seja do
ponto de vista do aluno ou do professor. A educação hoje está
centrada na relação do sujeito meio, nas dinâmica das trocas de
ação que viabilizam a formatação de personalidades que fortalecem
enquanto co-participantes de um grupo e como produtores do seu
saber. (REIS, 1997, p.83).
4.1 Visão de Conjunto
Escola e comunidade não devem ser vistas isoladamente, mas
interagindo e atuando em conjunto para a formação de novas gerações.
A escola será tanto mais eficiente quanto mais estiver aberta às
condições do país e do mundo em que vivemos.
O interesse pelos problemas atuais que infligem a humanidade não
poderia deixar de existir dentro da escola, na medida em que esta pretende
formar pessoas para atuarem de forma construtiva.
A escola cidadã e democrática, voltada para a promoção e
transformação dos sujeitos. A escola comprometida com a aprendizagem,
com a produção do saber e com a intervenção na realidade.
31
Este ideal de escola que sonhamos se constrói no cotidiano e em
ação concretas. Ações que se efetivem na formação continuada de
professores, além do apoio pedagógico e na reorganização do espaço
escolar, no esforço para a aprendizagem de todos, na avaliação formativa e
na opção por práticas pedagógicas que considerem o aluno como sujeito de
sua própria aprendizagem, que inclui os múltiplos saberes reconstruídos nos
diferentes espaços sociais.
A educação escolar tanto pode atuar historicamente, constituindo em
fator de mudança interna e externa.
Para entender o comportamento, as reações, os anseios, e as
necessidades, torna-se indispensável o conhecimento e a compreensão do
meio, suas características, as forças que nele atuam e as expectativas em
relação à escola.
A comunidade e a escola são fontes de recursos com os quais os
educadores poderão e deverão contar com os quais para a consecução dos
objetivos educacionais propostos. A compatibilização entre os objetivos
educacionais, as expectativas da clientela e os recursos existentes o que
pressupõe o conhecimento prévio da escola e da comunidade; tal
conhecimento prévio da escola e da comunidade; tal conhecimento favorece
uma definição mais realista das metas propostas, e conseqüentemente
maior segurança no alcance dos resultados esperados.
No novo papel do professor e da escola, que não são mais as únicas
fontes de informação dos jovens. O educador assume agora a função de
juntar os conteúdos curriculares com conhecimentos que vêm de fora da
escola e de ajudar os alunos a relacionar o aprendizado com o mundo.
A aprendizagem escolar é decisiva na construção coletiva de
significados de valores e de conduta, sendo que o jovem se sensibiliza
quando faz parte de um grupo – a família, a escola, a sociedade. Os
32
estudantes precisam pensar sobre suas próprias atitudes e reconhecer os
sentimentos que movem suas ações.
As novas conquistas trazem novos valores, novas leituras da
realidade.
A visão de conjunto permite compreender que mesmo fato pode ser
visto de vários pontos de vista, de varias perspectivas, todas elas possíveis
e viáveis. O aluno será estimulado a desenvolver a compreensão e a
tolerância em relação a posições e pontos de vista alheios.
Entendemos o conhecimento não como um acúmulo de informações,
mas como resultado dos fazeres e saberes resultantes da necessidade
humana de conhecer e intervir na realidade. Este conhecimento não é
neutro, mas sócio-historicamente constituído e está em constante
movimento.
A escola deve oferecer ao aluno pra relacionar-se com a realidade de
forma ativa e critico.
Essa realidade, não só do aluno, mas a do próprio contexto histórico
que a determina precisa ser compreendida em uma visão maior. Estamos
formando o aluno para um novo tempo; para a formação de desenvolvimento
de suas potencialidades como elemento de auto-realização, qualificação
para o trabalho e para o exercício consciente da cidadania. A adversidade e
cultural deve ser respeitada.
As regras de convivência devem basear-se no respeito ao outro, na
solidariedade, na construção da autonomia moral.
4.2 Formação permanente e continuada
33
Para alcançar melhoria na qualificação de ensino, dos fatores
primordiais é a formação dos profissionais envolvidos no processo ensino e
aprendizagem, no reconhecimento do valor que estes representam.
O potencial do professor canalizado para o processo ensinoaprendizagem é que faz a diferença, seu desempenho em termos de
conhecimento, atitudes, habilidades com relação ao processo ensino
aprendizagem fazem parte da melhoria da qualidade de educação,
valorizando a criatividade, respeitando o simbólico, permitindo recuperar a
poesia. O conhecimento não exclui o sentimento, o desejo o afeto.
Todos os fatores que interferem na percepção do sujeito devem ser
analisados no sujeito que ensina, o professor, ele também deve ter suas
“necessidades básicas” satisfeitas para buscar auto-realização, formação e
valorização profissional, valorização de si mesmo e de perspectiva de futuro.
A formação de professores em uma perspectiva intelectual crítica
não deveria ser entendida como circunscrita ao período de
formação acadêmica inicial, mas sim como um processo contínuo
de aperfeiçoamento e aprofundamento reflexivo de professores
sobre sua prática docente. Em nome de um projeto que vislumbre a
educação de futuras gerações nos valores da tolerância e justiça
social; acredita-se que a formação intelectual de professores
representa um importante passo nesta longa caminhada. (CORDIÉ,
1997, p.232).
Para que o professor possa propiciar uma aprendizagem que
privilegia a autonomia, a criatividade, a autoria de pensamentos dos alunos,
é preciso que o mesmo vivencie este tipo de aprendizagem para que possa
dar novo significado seu “papel de professor” podendo libertar seu desejo de
conhecer tudo, reconhecendo seus limites. A avaliação não pode ser uma
prática classificatória e excludente. Deve ser um processo permanente de
reflexão sobre a prática pedagógica, que permita repensá-la no intuito de
promover a aprendizagem de todos.
A prática reflexiva no espaço escolar deve ser entendido como
estratégia a ser empregada nas ações pedagógicas; que contribuem para a
profissionalização docente preparando este profissional a superar as
dificuldades que envolve as questões práticas do ato de ensinar e aprender.
34
É necessário que os profissionais diretamente envolvidos tenham
momentos de partilha e avaliação do trabalho.
Essa formação deve instrumentalizá-lo para que possa lidar, em
especial, com a dimensão afetiva desse processo para que não seja um
obstáculo e sim facilitador ao processo de aprendizagem.
O trabalho solitário e exclusivista poderá levar ao enfraquecimento e
ao distanciamento dos objetivos propostos.
Considerando o professor como um medidor propiciando um espaço
de diálogo, tanto na sala de aula como em todos os espaços da escola,
possibilitando a viabilização de processos de aprendizagem que priorizem o
desenvolvimento pessoal.
É preciso resgatar profissionalização do professor, reconfigurar as
características de sua profissão na busca da identidade profissional.
A formação do educador deverá ter como finalidade a consciência
crítica da educação e o que implica num compromisso radical pela melhoria
da qualidade do ensino.
Considerando-se os limites e possibilidades da ação educativa em
relação aos determinantes sócio-econômicos e políticos que configuram uma
determinada formação social. E de vital importância que o educador tenha
compromisso e envolvimento no trabalho que realiza com seu aluno tanto no
aspecto intelectual como afetivo.
35
CONCLUSÃO
As reflexões acerca da afetividade na importante e difícil relação entre
professores e aluno, feitas a luz das principais teóricos da Psicopedagogia:
Piaget, wallon, Vigotsky, deixam claro que a afetividade e inteligência se
misturam, dependendo uma da outra para evoluir, visto que a dimensão
objetiva é um elemento marcante para o desenvolvimento da
espécie
humana.
É de fundamental importância que o professor esteja consciente de
sua responsabilidade, tomando decisões de acordo com os valores morais e
as relações sociais de sua época, considerando ainda as condições de vida
familiar e social de seus alunos.
O respeito mútuo, de fundamental importância para a criança, deve
ser trabalhado em exercício de cooperação, na convivência em grupo, a
partir da experiência histórica de cada um e de seu nível de
desenvolvimento. São os esquemas mas afetivos, construídos na
interrelação da criança com o seu meio, que irão formar o caráter da criança,
e o sentimento de respeito que a criança nutre em relação a outras pessoas.
Podemos, então identificar a necessidade de que o professor veja
seus alunos com mais atenção, para entender suas condutas e não fazer
julgamentos precipitados. Entendemos que o professor deve estar, antes de
tudo comprometido com a educação, com o conhecimento de forma a
contribuir com a formação da pessoa, do desenvolvimento de sua
personalidade, como participante do grupo social em que vive. Finalmente;
compreendemos que investir na formação do professor é o passo que a
escola deverá dar para lidar com a questão da transferência, que vai além
de suas habilidades teóricas e metodológicas.
Enfim fica evidente a importância que tem para nós educadores, o
conhecimento da afetividade, quer que seja através das emoções, da força
36
motora das ações ou do desejo e da transferência, para o melhor
desenvolvimento da aprendizagem do aluno e, conseqüentemente, para
uma melhor relação entre este e o professor. A escola, portanto, deve voltarse para a qualidade das suas relações, valorizando o desenvolvimento
afetivo, social e não apenas cognitivo, como elementos fundamentais no
desenvolvimento da criança como um todo.
Priorizando as interações entre os próprios alunos e deles com o
professor, o objetivo da escola, então, é fazer com que os conceitos
espontâneos, que as crianças desenvolvem na convivência social, evoluam
para o nível de conceito científico. Conteúdos significativos valorizam o
universo social e histórico da criança, buscando a transformação de seus
conceitos espontâneos em conceitos científicos.
É a dimensão afetiva que incluem sentimentos, interesses, impulsos
ou
tendências,
como
os
valores
que
constituem
padrões
de
comportamentos, por isso é importante uma educação que legitime o papel
dos interesses espontâneos, na atividade diária da escola. A atividade
escolar deve centrar-se em situações de experiências onde são ativadas as
potencialidades, capacidades, necessidades e interesses naturais do aluno.
Os sujeitos produtos e produtores de um processo histórico,
estabelecem a mediação com o mundo, a partir das interações construídas
no decorrer de suas vidas.
Considerando o professor como um mediador significativo para
inserção dos sujeitos na cultura, enfatizando a necessidade de auto reflexão
sobre a prática docente para propiciar um espaço de diálogo, tanto na sala
de aula como em todos os espaços da escola ; possibilitando a viabilização
de processos de aprendizagem que priorizem a afetividade como fator
importante nesse processo.
37
Acreditamos que a formação teórica e prática do professor aliada a
uma
consciência
política das tarefas sociais que deve cumprir pode
contribuir para a elevação da qualidade do ensino e da formação cultural dos
alunos.
A adoção de uma linha de conduta no relacionamento com os alunos
que expresse confiabilidade, coerência, segurança, manifestando interesse
sincero pelos alunos nos seus progressos e na superação das dificuldades,
na formação de vínculos que gerarão conhecimentos de forma prazerosa
para todos.
Acreditamos que essas considerações possam ser ponto de partida
para refletirmos sobre a relação de qualidade com o aluno visando a
melhoria no processo ensino-aprendizagem.
38
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39
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em discussão. São Paulo: Summus, 1992.
TIBA, Içami. Disciplina, limites na medida certa. São Paulo, ed. Gente, 1996
40
ANEXOS
41
42
ÍNDICE
Capa ........................................................................................................... 01
Folha de Rosto ............................................................................................ 02
Agradecimento ............................................................................................ 03
Dedicatória .................................................................................................. 04
Epígrafe ....................................................................................................... 05
Resumo ....................................................................................................... 06
Sumário ....................................................................................................... 07
Introdução .................................................................................................... 08
Capítulos I .................................................................................................... 11
1. PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO
1.1. Construção de Objetividade: capacidade de organização lógica
1.2. A construção da Subjetividade: Significação Simbólica
1.3. Dimensão Cultural
Capítulos II ................................................................................................... 17
2. A IMPORTÂNCIA DA RELAÇÃO PROFESSOR ALUNO NA
APRENDIZAGEM
Capítulos III .................................................................................................. 23
3. ESPONTANEIDADE, RESPESITO, LIBERDADE E
PARTICIPAÇÃO
3.1. A Espontaneidade
3.2. A liberdade
43
Capítulos IV ................................................................................................. 29
4. MUDANÇAS NA EDUCAÇÃO
4.1. Visão de conjunto
4.2. Formação permanente e Continuada
Conclusão ................................................................................................... 35
Bibliografia ................................................................................................... 38
Anexos ......................................................................................................... 40
Índice ........................................................................................................... 42
Folha de avaliação ....................................................................................... 44
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