ARTIGO ORIGINAL As redes de atenção à saúde Health care networks Eugênio V ilaça Mendes RESU M O A transição dem ográfica e epidem iológica resultante do envelhecim ento e do aum ento da expectativa de vida significa crescente increm ento relativo das condições crônicas. A crise contem porânea dos sistem as de saúde caracteriza-se pela organização da atenção em sistem as fragm entados voltados para a atenção às condições agudas,apesar da prevalência de condições crônicas,e pela estrutura hierárquica e sem com unicação fluida entre os diferentes níveis de atenção.O perfil da situação de saúde do B rasil é de tripla carga de doenças,pela presença concom itante das doenças infecciosas e carenciais,das causas externas e das doenças crônicas.A solução para o SU S consiste em restabelecer a coerência entre a situação de saúde de tripla carga de doenças e o sistem a de atenção à saúde em prática,pela im plantação de redes de atenção à saúde. A dota-se com o princípio que cada nível de atenção deva operar de form a cooperativa e interdependente.O s elem entos constitutivos das redes são: a população,a estrutura operacional e o m odelo de atenção à saúde.C onclui-se que há evidências na literatura internacional sobre as redes de atenção à saúde de que essas redes podem m elhorar a qualidade clínica,os resultados sanitários e a satisfação dos usuários e reduzir os custos dos sistem as de atenção à saúde. D outor em O dontologia,E specialista em Planejam ento de Saúde Palavras-chave: A ssistência Integral à Saúde; Transição D em ográfica; Transição Epidem iológica; D oença C rônica. ABSTRACT The demographic and epidemiologic transition resulting from aging and the life expectation increase mean increasing increment related to the chronic conditions. The healthcare systems contemporary crises is characterized by the organization of the focus on fragmented systems turned to the acute conditions care, in spite of the chronic conditions prevalence, and by the hierarchical structure without communication flow among the different healthcare levels . Brazil healthcare situation profile is that of the triple diseases load, due to the concomitant presence of infectious diseases and needs, external causes and chronic diseases. The solution for SUS is to restore the consistence between the diseases triple load on the healthcare situation and the current system of healthcare practice, with the implantation of healthcare networks. The adopted principle is that each level should operate under the cooperative and interdependent form. The networks constitution elements are: the population, the operational structure and the health care model. The conclusion is that there are evidences in the international literature on health care networks that these networks may improve the clinical quality, the sanitation results and the users’ satisfaction and the reduction of the healthcare systems costs. Key words: Comprehensive Health Care; Demographic Transition; Health Transition; Chronic Disease. Endereço para correspondência: Eugênio V ilaça Mendes Rua do O uro,1.920/601 B B elo H orizonte – MG C EP 30210.90 E -m ail: eugenio.bhz@ terra.com .br Rev Med Minas Gerais 2008; 18(4 Supl 4): S3-S11 Suplemento_Conceicao.indb 3 3 11.02.09 09:20:58 A s redes de atenção à saúde O P R O B LEM A O s sistem as de atenção à saúde são respostas sociais deliberadas às necessidades de saúde da população.O B rasil vive um a situação de saúde que se expressa em um a transição dem ográfica acelerada e um a transição epidem iológica singular,com forte predom ínio relativo das condições crônicas. Essa situação de saúde não pode ser respondida adequadam ente com sistem as de atenção à saúde fragm entados e voltados para a atenção às condições agudas.Esse é o problem a fundam ental dos sistem as de atenção à saúde em todos os países do m undo e não pode ser solucionado fazendo m ais do m esm o.É preciso um a m udança radical nesses sistem as.1 Essa m udança im plica o restabelecim ento da coerência entre a situação e o sistem a de atenção à saúde por m eio da construção social das redes de atenção à saúde. A S IT U A Ç Ã O D E S A Ú D E N O B R A S IL O B rasil vive um a transição dem ográfica acelerada. A população brasileira, apesar de baixas taxas de fecundidade,vai continuar crescendo nas próxim as décadas, com o resultado dos padrões de fecundidade anteriores. Mas, m anifesta-se um envelhecim ento da população em decorrência da queda da fecundidade e do aum ento da expectativa de vida. O percentual de jovens de zero a 14 anos,que era de 42% em 1960 passou para 30% em 2000, deverá cair para 18% em 2050. D iversam ente, o percentual de pessoas idosas m aiores de 65 anos, que era de 2,7% em 1960, passou para 5,4% em 2000 e alcançará 19% em 2050, superando o núm ero de jovens.2 U m a população em processo rápido de envelhecim ento significa crescente increm ento relativo das condições crônicas porque as doenças crônicas afetam m ais os segm entos de m aior idade. O s dados da Pesquisa N acional de A m ostra D om iciliar do IB GE m ostram que 77,6% dos brasileiros de m ais de 65 anos de idade relataram ser portadores de doenças crônicas,um terço deles com m ais de um a doença crônica.3 A análise epidem iológica m ostra um a form a de transição singular. Tradicionalm ente,trabalha-se,na análise de situação de saúde, com um a divisão entre doenças 4 transm issíveis e não -transm issíveis. Essa tipologia é largam ente utilizada,em especial pela epidem io logia.É verdade que essa tipologia tem sido m uito útil nos estudos epidem iológicos, m as, por outro lado, ela não se presta para referenciar a organização dos sistem as de atenção à saúde. A razão é sim ples: do ponto de vista da resposta social aos problem as de saúde – o objeto dos sistem as de atenção à saúde – certas doenças transm issíveis, pelo longo período de seu curso natural, estão m ais próxim as da lógica de enfrentam ento das do enças crônicas que das doenças transm issíveis de curso rápido. Por isso, tem sido considerada um a nova categorização,com base no conceito de condição de saúde.4,5 A s condições de saúde podem ser definidas com o as circunstâncias na saúde das pessoas que se apresentam de form a m ais ou m enos persistente e que exigem respostas sociais – reativas ou pró -ativas; eventuais ou contínuas; e fragm entadas ou integradas – dos sistem as de atenção à saúde.A s condições de saúde têm sido divididas em agudas e crônicas. A s condições agudas, em geral, apresentam curso de curta duração e tendem a se autolim itar; ao contrário, as condições crônicas têm um período de duração m ais ou m enos longo e, nos casos de doenças crônicas, tendem a se apresentar de form a definitiva e perm anente.A s condições agudas,em geral,são m anifestações de doenças transm issíveis de curso curto, com o dengue, am igdalite, febre am arela e outras ou de causas externas, com o os traum as. A s doenças transm issíveis de curso longo, com o tuberculose, hanseníase e H IV/A ID S, são consideradas condições crônicas porque seu enfrentam ento pelo sistem a de atenção à saúde exige respostas pró -ativas e contínuas. A s condições crônicas vão, portanto, m uito além das doenças crônicas (diabetes, doença cardiovascular, câncer, doença respiratória crônica, etc.) ao envolverem doenças infecciosas persistentes (hanseníase, tuberculose, H IV/A ID S, tracom a, hepatites virais,etc.); condições ligadas à m aternidade e ao período perinatal (acom panham ento das gestantes e atenção ao parto,às puérperas e aos recém natos); condições ligadas à m anutenção da saúde por ciclos de vida (puericultura, herbicultura e m onitoram ento da capacidade funcional dos ido sos); distúrbios m entais de longo prazo; deficiências físicas e estruturais contínuas (am putações, Rev Med Minas Gerais 2008; 18(4 Supl 4): S3-S11 Suplemento_Conceicao.indb 4 11.02.09 09:20:58 A s redes de atenção à saúde cegueiras,deficiências m otoras persistentes,etc.); e doenças bucais. U m a análise da m ortalidade no país indica que, em 1930, as doenças infecciosas respondiam por 46% das m ortes e que este valor decresceu para próxim o de 5% em 2000; ao m esm o tem po, as do enças cardiovasculares, que representavam em torno de 12% das m ortes em 1930, responderam , em 2000,por quase 30% de todos os óbitos6.A m ortalidade proporcional, em 2004, foi determ inada em 9,3% pelas doenças infecciosas e nutricionais; em 11,3% por causas externas; em 3,2% por causas m aternas e perinatais; em 62,8% por doenças não -transm issíveis; e em 13,4% por causas m al definidas. Isso significa que, som ando -se as causas m aternas e perinatais e as doenças crônicas, 66,0% das m ortes ocorridas em 2004 foram por condições crônicas. D o ponto de vista da m orbidade hospitalar, no ano de 2005, das prim eiras 15 causas de internações pelo SU S, nove foram por condições crônicas.7 A análise da carga de doença,m edida em anos de vida perdidos ajustados por incapacidade, dem onstra que 14,7% dessa carga são por doenças infecciosas, parasitárias e desnutrição; 10,2% por causas externas; 8,8% por condições m aternas e perinatais; e 66,3% por doenças crônicas.8 O som atório das suas últim as,que são condições crônicas, revela que 75% da carga de doença no país são determ inados por condições crônicas. A situação epidem iológica brasileira distanciase da transição epidem iológica clássica om ram iana, observada nos países desenvolvidos. Ela se define por alguns atributos fundam entais: a superposição de etapas,com a persistência concom itante das doenças infecciosas e carenciais e das condições crônicas; as contratransições, m ovim entos de ressurgim ento de doenças que se acreditavam superadas, as reem ergências de doenças com o a dengue e febre am arela; a transição prolongada, a falta de resolução da transição num sentido definitivo; a polarização epidem iológica, representada pela agudização das desigualdades sociais em m atéria de saúde; e o surgim ento das novas doenças ou enferm idades em ergentes.4 Essa com plexa situação tem sido definida,recentem ente,com o tripla carga de doenças porque envolve, ao m esm o tem po: um a agenda não concluída de infecções, desnutrição e problem as de saúde reprodutiva; o desafio das doenças crônicas e de seus fatores de riscos,com o o tabagism o,o sobrepeso e a obesidade,a inatividade física,o estresse e a alim entação inadequada; e o forte crescim ento da violência e das causas externas.9 Essa situação de saúde de tripla carga de doença, com predom ínio das condições crônicas não pode ser enfrentada com sucesso por sistem as de atenção à saúde fragm entados e voltados para a atenção às condições agudas. O S S IS T E M A S F R A G M E N T A D O S D E A T E N Ç Ã O À SAÚDE A transição da situação de saúde, juntam ente com outros fatores com o o desenvolvim ento científico,tecnológico e econôm ico,determ ina a fase de m udança da atenção à saúde. Por essa razão, em qualquer tem po e em qualquer sociedade, deve haver coerência entre a situação e o sistem a de atenção à saúde. Q uando essa coerência se rom pe,com o ocorre,neste m om ento,em escala global e no B rasil, instala-se um a crise nos sistem as de atenção à saúde. A crise contem porânea dos sistem as de atenção à saúde reflete o desencontro entre um a situação epidem iológica dom inada relativam ente pelas condições crônicas – nos países desenvolvidos de form a m ais definitiva e no B rasil pela situação de tripla carga de doenças – e um sistem a de atenção à saúde voltado para responder às condições agudas. Isso não está dando certo nos países desenvolvidos,logo,não dará certo no nosso país. H am 10 faz um a análise histórica dos sistem as de atenção à saúde, m ostrando que até a prim eira m etade do século X X,eles se voltavam para as doenças infecciosas e, na segunda m etade desse século, para as condições agudas. E afirm a que neste início de século X X I,os sistem as de atenção à saúde devem ser reform ados profundam ente para darem conta da atenção às condições crô nicas.O autor resum e as razões num a citação: “O paradigm a predom inante da doença aguda é um anacronism o.Ele foi form atado pela noção do século X IX da doença com o um a ruptura de um estado norm al,determ inada por um agente externo ou por um traum a... Sob esse m odelo a atenção à condição aguda é o que enfrenta diretam ente a am eaça... D e fato, a epidem iologia m oderna m ostra que os problem as de saúde prevalecentes Rev Med Minas Gerais 2008; 18(4 Supl 4): S3-S11 Suplemento_Conceicao.indb 5 5 11.02.09 09:20:58 A s redes de atenção à saúde hoje, definidos em term os de im pactos sanitários e econôm icos,giram em torno das condições crô nicas”. N a m esm a linha, a O rganização Mundial da Saúde4 enfatiza que o paradigm a do enfoque agudo é dom inante e, no m om ento, prepondera em m eio aos tom adores de decisão,trabalhadores da saúde, adm inistradores e pacientes. Para lidar com a ascensão das condições crônicas,é im prescindível que os sistem as de atenção à saúde transponham esse m odelo predom inante.A atenção às condições agudas será sem pre necessária, pois a m aior parte delas surge em função de agudizações de condições crônicas; contudo,os sistem as de atenção à saúde devem adotar o conceito de cuidados inovadores para as condições crônicas. U m a observação dos sistem as de atenção à saúde, num a perspectiva internacional, m ostra que eles são dom inados pelos sistem as fragm entados voltados para a atenção às condições agudas e que se (des)organizam a partir de um conjunto de pontos de atenção à saúde isolados,sem com unicação entre eles e, por conseqüência, são incapazes de prestar atenção contínua à população. Em geral, não há um a população adscrita de responsabilização, o que im possibilita a gestão baseada na po pulação. N eles, a atenção prim ária à saúde não se com unica fluidam ente com a atenção secundária e esses dois níveis tam bém não se com unicam com a atenção terciária nem com os sistem as de apoio. A atenção prim ária não pode exercitar seu papel de centro de com unicação do sistem a de atenção à saúde.E a atenção prim ária não pode exercitar seu papel de centro de com unicação desse sistem a. O s sistem as fragm entados caracterizam -se por: a form a de organização hierárquica; a inexistência da continuidade da atenção; o foco nas condições agudas por m eio de unidades de pronto-atendim ento; a centralidade em indivíduos; a passividade do paciente; a ação reativa à dem anda; a ênfase relativa nas intervenções curativas e reabilitadoras; o m odelo fragm entado de atenção à saúde e sem estratificação dos riscos; a atenção centrada no cuidado m édico; e o financiam ento por procedim entos.11 O s sistem as fragm entados têm sido um desastre sanitário e econôm ico.Tom e-se o exem plo dos Estados U nidos. A quele país gastou, em 2005, 15,2% do PIB em saúde, um dispêndio per capita de U S$ 6.350,0012, de longe o m aior gasto per capita do m undo. N ão obstante, apresenta resultados sanitários insatisfatórios.Em relação ao diabetes,apenas 6 50% dos portadores estão diagnosticados,30% não estão controlados, 35% desenvolvem nefropatias e 58% doenças cardiovasculares,pouco m ais de 50% realizam o exam e oftalm ológico de rotina e a carga econôm ica da doença é de 90 bilhões de dólares anuais.Em relação à hipertensão arterial,som ente 15 a 24% têm a hipertensão controlada,27 a 41% não sabem que têm hipertensão e 17 a 19% não aderem aos tratam entos recom endados.13 E a terceira causa de m ortes no país são as iatrogenias m édicas,o que pode alcançar,a cada ano,40 a 98 m il m ortes.1 A S RED ES D E ATEN ÇÃ O À SA Ú D E A solução do problem a fundam ental do SU S consiste em restabelecer a coerência entre a situação de saúde de tripla carga de doenças com predom inância de condições crônicas e o sistem a de atenção à saúde. Isso vai exigir m udanças pro fundas que perm itam superar o sistem a fragm entado vigente a partir da im plantação de redes de atenção à saúde. O conceito de redes de atenção à saúde A s redes de atenção à saúde são organizações poliárquicas de conjuntos de serviços de saúde vinculados entre si por um a m issão única,por objetivos com uns e por ação cooperativa e interdependente, que perm item ofertar atenção contínua e integral a determ inada população, coordenada pela atenção prim ária à saúde – prestada no tem po certo,no lugar certo,por custo certo,com a qualidade certa e de form a hum anizada – e com responsabilidades sanitária e econôm ica por essa população. D essa definição em ergem os conteúdos básicos das redes de atenção à saúde: apresentam m issão e objetivos com uns; operam de form a cooperativa e interdependente; intercam biam constantem ente seus recursos; são estabelecidas sem hierarquia entre os diferentes com ponentes, organizando -se de form a poliárquica, em que todos os pontos de atenção à saúde são igualm ente im portantes e se relacionam horizontalm ente; im plicam contínuo de atenção nos níveis prim ário, secundário e terciário; convocam a atenção integral com intervenções prom ocionais, preventivas, curativas, cuidadoras, reabilitadoras e paliativas; funcionam sob Rev Med Minas Gerais 2008; 18(4 Supl 4): S3-S11 Suplemento_Conceicao.indb 6 11.02.09 09:20:58 A s redes de atenção à saúde coordenação da atenção prim ária à saúde; prestam atenção oportuna,em tem pos e lugares certos,de form a eficiente e ofertando serviços seguros e efetivos,em consonância com as evidências disponíveis; focam -se no ciclo com pleto de atenção a um a condição de saúde; têm responsabilidades sanitárias e econôm icas inequívocas por sua população; e geram valor para a sua população. Os elem entos constitu tiv os da atenção à saúde A s redes de atenção à saúde constituem -se de três elem entos: a população,a estrutura operacio nal e o m odelo de atenção à saúde. A p o p u la ç ã o O prim eiro elem ento das redes de atenção à saúde e sua razão de ser é um a população colocada sob sua responsabilidade sanitária e econôm ica.É isso que m arca a atenção à saúde baseada na população,um a característica essencial das redes de atenção à saúde. A população de responsabilidade das redes de atenção à saúde vive em territórios sanitários singulares, organiza-se socialm ente em fam ílias e é cadastrada e registrada em subpopulações por riscos sócio -sanitários. A ssim , a população total de responsabilidade de um a rede de atenção à saúde deve ser totalm ente conhecida e registrada em sistem as de inform ação potentes.Mas não basta o conhecim ento da população total: ela deve ser segm entada, subdividida em subpopulações por fatores de riscos e estratificada por riscos em relação às condições de saúde estabelecidas. O co nhecim ento da população de um a rede de atenção à saúde envolve processo com plexo, estruturado em vários m om entos: o processo de territorialização; o cadastram ento das fam ílias; a classificação das fam ílias por riscos sócio -sanitários; a vinculação das fam ílias à U nidade de A tenção Prim ária à Saúde/Equipe do Program a de Saúde da Fam ília; a identificação de subpopulações com fatores de riscos; a identificação das subpopulações com condições de saúde estabelecidas por graus de riscos; e a identificação de subpopulações com condições de saúde m uito com plexas. A e s tr u tu r a o p e r a c io n a l O segundo elem ento constitutivo das redes de atenção à saúde é a estrutura operacional constituída pelos nós das redes e pelas ligações m ateriais e im ateriais que com unicam esses diferentes nós. A estrutura operacional das redes de atenção à saúde com põe-se de cinco elem entos: o centro de com unicação, a atenção prim ária à saúde; os pontos de atenção secundários e terciários; os sistem as de apoio, os sistem as logísticos e o sistem a de governança da rede de atenção à saúde. O s três prim eiros correspondem aos nós das redes e o quarto às ligações que com unicam os diferentes nós.E o quinto,o com ponente que governa as relações entre os quatro prim eiros. O centro de com unicação da estrutura operacional é o nó intercam biador no qual se coordenam os fluxos e os contrafluxos do sistem a de atenção à saúde e é constituído pela atenção prim ária à saúde (U nidade de A tenção Prim ária à Saúde ou equipe do Program a de Saúde da Fam ília). Isso perm ite afirm ar que os sistem as de atenção à saúde baseados num a forte orientação para a atenção prim ária à saúde,analisados em relação aos sistem as de baixa orientação para a atenção prim ária à saúde, são: m ais adequados porque se organizam a partir das necessidades de saúde da população; m ais efetivos porque são a única form a de enfrentar,conseqüentem ente,a situação epidem iológica de hegem onia das condições crônicas e por im pactar significativam ente os níveis de saúde da população; m ais eficientes porque apresentam custos m ais baixos e reduzem procedim entos m ais caros; m ais eqüitativos porque discrim inam positivam ente grupos e regiões m ais pobres e dim inuem o gasto do bolso das pessoas e fam ílias; e de m aior qualidade porque enfatizam a prom oção da saúde e a prevenção das doenças e porque oferecem tecnologias m ais seguras para os usuários e para os profissionais de saúde.11,14,15,16 Entretanto, para que a atenção prim ária à saúde possa resultar em todos esses benefícios, ela deve ser reform ulada para cum prir três papéis essenciais nas redes de atenção à saúde: a reso lução, a capacidade para solucionar m ais de 85% dos problem as de saúde de sua população; a co ordenação, a capacidade de orientar os fluxos e contra-fluxos de pessoas e produtos entre os com ponentes das redes; e a responsabilização,a capaRev Med Minas Gerais 2008; 18(4 Supl 4): S3-S11 Suplemento_Conceicao.indb 7 7 11.02.09 09:20:58 A s redes de atenção à saúde cidade de acolher e responsabilizar-se, sanitária e econom icam ente,por sua população. O segundo com ponente das redes de atenção à saúde são os pontos de atenção secundária e terciária, que são os nós das redes onde se ofertam determ inados serviços especializados, gerados a partir de um a função de produção singular. Eles se diferenciam por suas respectivas densidades tecnológicas, sendo os pontos de atenção terciários m ais densos tecnologicam ente que os pontos de atenção secundários e,por essa razão, tendem a ser m ais concentrados espacialm ente. C ontudo, na perspectiva das redes poliárquicas, não há,entre eles,relações de principialidade ou subordinação,já que todos são igualm ente im portantes para se atingirem os objetivos com uns das redes de atenção à saúde. O terceiro com ponente das redes de atenção à saúde são os sistem as de apoio. O s sistem as de apoio são os lugares institucionais das redes onde se prestam serviços com uns a todos os pontos de atenção à saúde nos cam pos do apoio diagnóstico e terapêutico, da assistência farm acêutica e dos sistem as de inform ação em saúde. O sistem a de apoio diagnóstico e terapêutico envolve os serviços de diagnóstico por im agem , os serviços de m edicina nuclear diagnóstica e terapêutica, a eletrofisiologia diagnóstica e terapêutica, as endoscopias, a hem odinâm ica e a patologia clínica (anatom ia patológica,genética, bioquím ica, hem atologia, im unologia e m icro biologia e parasitologia). O sistem a de assistência farm acêutica envolve um a organização com plexa exercitada por um grupo de atividades relacionadas com os m edicam entos, destinadas a apoiar as ações de saúde dem andadas por um a com unidade, englobando intervenções logísticas relativas a: seleção,program ação, aquisição, arm azenam ento e distribuição dos m edicam entos,bem com o ações assistenciais da farm ácia clínica com o o form ulário terapêutico, a dispensação,a adesão ao tratam ento,a conciliação de m edicam entos e a farm acovigilância. A construção social das redes de atenção à saúde,para ser conseqüente,tem de ser am parada por inform ações de qualidade,ofertadas por bons sistem as de inform ação em saúde. O s sistem as de inform ação em saúde com preendem : os determ inantes sociais da saúde e os am bientes contextuais e legais nos quais os sistem as de atenção à saúde 8 operam ; os insum os dos sistem as de atenção à saúde e os processos relacionados a eles,incluindo a política e a organização,a infra-estrutura sanitária, os recursos hum anos e os recursos financeiros; a perform ance dos sistem as de atenção à saúde; os resultados produzidos em term os de m ortalidade, m orbidade,carga de doenças,bem -estar e estado de saúde; e a equidade em saúde. O quarto com ponente das redes de atenção à saúde são os sistem as logísticos,que são soluções tecnológicas fortem ente ancoradas nas tecnolo gias de inform ação.Estas garantem um a organização racional dos fluxos e contrafluxos de inform ações, produtos e pessoas nas redes de atenção à saúde,perm itindo um sistem a eficaz de referência e contra-referência das pessoas e trocas eficientes de produtos e inform ações ao longo dos pontos de atenção à saúde e dos sistem as de apoio,nas redes de atenção à saúde. O s principais sistem as logísticos das redes de atenção à saúde são: o cartão de identificação dos usuários,o prontuário clínico,os sistem as de acesso regulado à atenção à saúde e os sistem as de transporte em saúde. O quinto com ponente das redes de atenção à saúde são os sistem as de governança. A governança das redes de atenção à saúde é o arranjo organizativo que perm ite a gestão de todos os com ponentes das redes de atenção à saúde, de form a a gerar um excedente coo perativo entre os atores sociais em situação, a aum entar a interdependência entre eles e a obter resultados sanitários e econôm icos para a população adscrita.A governança objetiva criar um a m issão e um a visão nas organizações, definir objetivos e m etas que devem ser cum pridos no curto, m édio e longo prazo para cum prir com a m issão e com a visão, articular as políticas institucionais para o cum prim ento dos objetivos e m etas e desenvolver a capacidade de gestão necessária para planejar,m onitorar e avaliar o desem penho dos gerentes e da organização. A governança das redes de atenção à saúde,no SU S,deve ser feita por m eio de arranjos interfederativos, coerentes com o federalism o cooperativo que se pratica no B rasil.São as C om issões Intergestores que se m aterializam : no plano nacional, na C om issão Intergestores Tripartite; nos estados, nas C om issões Intergestores B ipartite; e nas regiões de saúde, nas C o m issões Intergestores Regionais. Rev Med Minas Gerais 2008; 18(4 Supl 4): S3-S11 Suplemento_Conceicao.indb 8 11.02.09 09:20:58 A s redes de atenção à saúde O m o d e lo d e a te n ç ã o à s a ú d e O terceiro elem ento constitutivo das redes de atenção à saúde é o Modelo de A tenção à Saúde. O m odelo de atenção à saúde é um sistem a ló gico que organiza o funcionam ento das redes de atenção à saúde, articulando, de form a singular, as relações entre a população e suas subpopulações estratificadas por riscos, os focos das intervenções do sistem a de atenção à saúde e os diferentes tipos de intervenções sanitárias, definidos em função da visão prevalecente de saúde, das situações, dem ográfica e epidem iológica, e dos determ inantes sociais da saúde vigentes em determ inados tem po e sociedade.A necessidade de se m udarem os sistem as de atenção à saúde para que possam responder com efetividade,eficiência e segurança a situações de saúde dom inadas pelas condições crônicas levou ao desenvolvim ento dos m odelos de atenção à saúde. Por isso, eles têm sido dirigidos,principalm ente,para o m anejo das condições crônicas. O s m odelos de atenção à saúde, destinados à orientação dos sistem as de atenção à saúde, voltados para as condições crônicas, são construídos a partir de um m odelo sem inal, o m o delo de atenção crônica.17 D ele derivam várias adaptações aplicadas em diferentes partes do m undo,tanto em países desenvolvidos com o em países em desenvolvim ento.Ele tem sido adotado,com m odificações adjetivas,no C anadá18,na E spanha19, nos E stados U nidos20, na H olanda21, no Reino U nido 22 e em diferentes países em desenvolvim ento11.N o B rasil,Mendes7 propôs,tam bém com base no m odelo sem inal de W agner,o m odelo de atenção às condições crônicas para utilização no SU S. E sse m odelo com põe-se de seis elem entos, subdivididos em dois grandes cam pos: o sistem a de atenção à saúde e a com unidade.N o prim eiro,as m udanças devem ser feitas na organização da atenção à saúde, no desenho do sistem a de prestação de serviços, no suporte às decisões, nos sistem as de inform ação clínica e no auto cuidado apoiado.N a com unidade,as m udanças estão centradas na articulação dos serviços de saúde com os recursos da com unidade. E sses seis elem entos apresentam inter-relações que perm item desenvolver usuários inform ados e ativos e equipe de saúde preparada e pró -ativa para produzir m elhores resultados sanitários e funcionais para a população. H á evidências abundantes e robustas,na literatura internacional,sobre os efeitos positivos do m odelo de atenção crônica,seja na sua avaliação conjunta,seja na avaliação de seus elem entos separadam ente.O estudo avaliativo clássico desse m odelo foi realizado pela Rand Corporation e pela U niversidade de B erkeley,C alifórnia23,e teve dois objetivos: avaliar as m udanças ocorridas nas organizações de saúde para im plem entar o MA C e estabelecer o grau em que a adoção desse m odelo m elhora os processos e os resultados em relação às condições crônicas. E ssa avaliação durou quatro anos e envolveu aproxim adam ente 4 m il portadores de diabetes,insuficiência cardíaca, asm a e depressão em 51 organizações de saúde e gerou significativa quantidade de publicações que m ostram que o m odelo funciona. Vários outros trabalhos de avaliação do m odelo de atenção crônica estão disponíveis na literatura. A lguns são de avaliação geral da aplicação do m odelo 24,25,10, m as há os que avaliam : a m elhoria da qualidade dos serviços de atenção às condições crônicas26; condições crônicas particulares27; aspectos organizacionais28; e avaliação econôm ica.29 A S E V ID Ê N C IA S S O B R E A S ATEN ÇÃ O À SA Ú D E REDES DE N o tocante às evidências sobre as redes de atenção à saúde, há, na literatura internacional, provinda de vários países, evidências de boa qualidade de que essas redes podem m elhorar a qualidade clínica, os resultados sanitários e a satisfação dos usuários e reduzir os custos dos sistem as de atenção à saúde.Esses resultados foram positivos em várias situações: na atenção às pessoas idosas30,31; na saúde m ental32,33,34,35; no controle do diabetes 36,37,38,39; no aum ento da satisfação dos usuários40; e na redução da utilização de serviços especializados.25,41, R E F E R Ê N C IA S 1. 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