14/10/2014 O modelo assistencial de Leavell & Clark (1965) responde? Esse modelo assistencial propunha organização da assistência e da prevenção em saúde pelos níveis primário, secundário e terciário passa a requerer uma revisão profunda. Cada vez menos se poderá segmentar o atendimento das necessidades das pessoas em um nível determinado de organização do sistema assistencial. Quality and safety along the continuum of health care: A Latin American approach Walter Mendes http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/nejmp1406033#t=article Há muito já se impunha um modelo assistencial baseado no cuidado contínuo A OMS revê conceitos: Condições Crônicas A fase em que as doenças agudas que podiam ser curadas foi substituída por outra em que se requerem cuidados continuados e permanentes A Organização Mundial de Saúde estabeleceu um conceito de “condições crônicas” como aquelas que “requerem cuidados continuados por um período de anos ou décadas”, ultrapassando o conceito tradicional de doenças crônicas, como diabetes, asma ou insuficiência cardíaca, para incluir doenças transmissíveis para as quais o avanço tecnológico transformou seu curso, como HIV-AIDS, distúrbios mentais como esquizofrenia, e incapacidades não classificáveis como doenças, como cegueira e problemas músculo-esqueléticos. A. Cochrane (1972) As doenças crônicas, sejam elas resultantes de infecções, traumas, anomalias de desenvolvimento, defeitos autoimunes, susceptibilidades genéticas ou degeneração celular, são um produto de múltiplas influências sobre a saúde. Já não existe um 'agente' culpado da causa das doenças, e "doença" em si não é mais um conceito simples Há um aumento da longevidade Esperança de vida ao nascer, 1960-2010 B. Strafield (2008) Há uma mudança epidemiológica Slide cedido por José Noronha 1 14/10/2014 Há a Multimorbidade Um quadro semelhante no Brasil, (2008) Barnett K, Mercer SW, Norbury M, Watt G, Wyke S, Guthrie B.Epidemiology of multimorbidity and implications for health care, research, and medical education: a cross-sectional study. The Lancet, Volume 380, Issue 9836, Pages 37 43, 7 July 2012 Fonte: IBGE, PNAD 2008, Suplemento de Saúde Observa-se uma mudança no uso dos serviços de saúde Também uma mudança no perfil dos gastos dos serviços de saúde Intensidade de Uso de Serviços por idade, morte aos 65 anos 60 50 40 30 20 10 120 100 80 60 0 40 0-14 15-59 >60 20 Custo População 0 0.5 1 5 10 15 20 25 26 27 30 40 50 60 65 66 70 80 90 Intensidade de uso de serviços Slide cedido por José Noronha A evolução do perfil de morbi-mortalidade Cuidados continuados com qualidade Definição Dimensões Segurança • Predomínio crescente das doenças crônicas, mudando o paradigma da cura para o cuidado • Declínio da mortalidade, mas estabilidade na incidência. • Aumento das pessoas em uso contínuo de serviços de saúde. Processos de referência e contra referência continuados. • Aumento das necessidades de cuidados multiprofissionais. • Aumento de idosos levando a necessidade de reinstituição de espaços institucionais de longa permanência e cuidados paliativos e, sobretudo, aumento da integração com sistemas de suporte a nível comunitário (cuidadores, assistência social, PSF, CRAIS etc; redes locais). • Aumento dos gastos com atenção de média e alta complexidade Evitar lesões e danos nos pacientes decorrentes do cuidado que tem como objetivo ajudá-los. Cuidado baseado no conhecimento científico para todos que dele possam se beneficiar, evitando seu uso Efetividade por aqueles que provavelmente não se beneficiarão (evita subutilização e sobreutilização, respectivamente). Cuidado respeitoso e responsivo às preferências, necessidades e valores individuais dos pacientes, e que Cuidado centrado no assegura que os valores do paciente orientem todas as decisões clínicas. Respeito às necessidades de paciente informação de cada paciente Redução do tempo de espera e de atrasos potencialmente danosos tanto para quem recebe como para Oportunidade quem presta o cuidado. Cuidado sem desperdício, incluindo o desperdício associado ao uso de equipamentos, suprimentos, ideias e Eficiência energia. Qualidade do cuidado que não varia em decorrência de características pessoais, como gênero, etnia, Equidade localização geográfica e condição socioeconômica. Ouverney AM, Noronha JC. Modelos de organização e gestão da atenção à saúde: Redes locais, regionais e nacionais TRAVASSOS, C.; CALDAS, B. A qualidade do cuidado e a segurança do paciente: histórico e conceitos. In: (Ed.). Assistência segura: uma reflexão teórica aplicada à prática. Brasília: ANVISA, 2013. 2 14/10/2014 Centrado no paciente ou na pessoa? O cuidado continuado integrado Cuidados integrados têm sido definidos como o conjunto funcional de práticas de atenção, articulados em torno das necessidades de saúde de cada cidadão por meio da fixação da responsabilidade clínica em um profissional capaz de ter uma visão ampla do processo saúde/doença. Starfield B. Is Patient-Centered Care the Same As Person-Focused Care. Perm J. 2011 Spring; 15(2): 63-69. Os cuidados continuados com qualidade, integrados e orientados para a multimorbidade Entretanto... Os cuidados praticados são, • Fragmentados • Incompletos • Ineficazes • Ineficientes SMITH, G.; CLARKE, D. Assessing the Effectiveness of Integrated Interventions: Terminology and Approach. Medical Clinics of North America, v. 90, p. 533-548, 2006 São muitos os problemas para o enfrentamento da multimorbidade • Especialistas estão orientados para doenças singulares dentre as múltiplas • As mensurações de qualidade ignoram as consequências das múltiplas intervenções para aderir a todas as medidas aplicáveis • Benefícios incertos e danos potenciais em decorrência da administração simultânea de numerosos tratamentos • Piora de uma doença singular pelo tratamento de uma doença coexistente • Carga de tratamento que surge pela adesão a vários protocolos clínicos Tinetti ME, Fried TR, Boyd CM. Designing Health Care for the Most Common Chronic Condition— Multimorbidity. JAMA. 2012;307(23):2493-2494. Os cuidados continuados com qualidade, integrados e orientados para multimorbidade precisam ser coordenados • • • • • • • • Resultados de exames ou sumários não disponíveis no momento da consulta Pedidos de exames duplicados Informações críticas não compartilhadas entre os prestadores Especialistas sem história clínica ou médico regular sem informações do especialista Erros de medicação ou exames Problemas no encaminhamento após alta hospitalar ou cirurgia. Médico regular sem informações. Não ocorrência de revisão do conjunto da medicação por médico ou farmacêutico Falta de engajamento do paciente nos processo de cuidado Pensando no micro para calcular a distância Hand over Conciliação medicamentosa Coordenação clínica Schoen C, Osborn R, Squires D, Doty M, Pierson R, Applebaum S . New 2011 survey of patients with complex care needs in eleven countries finds that care is often poorly coordinated. Health Aff (Millwood). 2011 Dec;30(12):243748. doi: 10.1377/hlthaff.2011.0923. Epub 2011 Nov 9. 3 14/10/2014 Obrigado! ¡Gracias! [email protected] 4