Teoria sobre o Fantástico
O verde é a cor do Fantástico, da Morte e de outras coisas...
PAULA JÚNIOR, Francisco Vicente
Levando em consideração a carga semântica das cores, em todo tipo de arte,
resolvemos investigar a utilização das mesmas, principalmente da cor verde, na
Literatura Fantástica moderna e contemporânea. Assim, percebemos a presença do
verde reforçando a perspectiva sobrenatural em diversos autores. Partindo das
observações de M. Lurker (1997) sobre as cores, percebemos que o verde tem
ligação estreita com o sobrenatural porque, em muitos casos, e em muitas
culturas, representa o mal, o diabo, a putrefação, o extramundo e até a morte. Nessa
linha de raciocínio, e investigando a utilização do potencial semântico e simbólico das
cores, descobrimos que o verde , nascido tecnicamente da fusão do azul ( cor do
surrealismo e da imaterialidade ) com o amarelo ( cor da materialidade ), serve ao
Fantástico por ser esteticamente propício a uma relação com o Sobrenatural,
representando
em textos do gênero a presença do que é surreal ( gnomos,
duendes,fadas, bruxas etc. ) no seio da legalidade e da materialidade cotidiana. Depois
do aparato teórico, quando recorremos aos principais críticos do Fantástico ( T.
Todorov, Louis Vax, F. Furtado, H. P. Lovecraft e Irene Bessierè ) procedemos a leitura
e organização de textos que apresentam essa prática, ou seja, que se utilizam do
verde para simbolizar o sobrenatural, o onírico, o extramundano e todas as temáticas
do gênero. Por conseguinte, foram listados excertos de textos como Os verdes abutres
da colina, de José Alcides Pinto; Antes do baile verde, de Ligia F. Telles; O caminho de
Poço Verde, de R. de Figueiredo, dentre outros, que comprovam a utilização do verde
numa poética do fantástico, a partir de sua diacronia, enfatizando o que acontece
principalmente nas manifestações contemporâneas. Assim, dentro dessa perspectiva
semiológica preconizada por Locke, Pierce e Cassirer, e de todas as simbologias que as
cores possam nos sugerir, asseguramos que o verde, atualmente, é a cor do
Fantástico. Observamos ainda que isso pode ser comprovado não apenas na Literatura,
mas em toda a arte imagética, desde os quadros insólitos de Bosch aos ícones da
sétima arte como O Exorcista, Stigmata, Hulk e Matrix, por exemplo.
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Professor de Literatura Brasileira e mestre em Literatura pela UFC.
Ensaio completo sobre as cores no site www.literaturafantastica.pro.br
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