Soluções Financeiras
RISCO DE CRÉDITO
OBJECTIVO
O risco de crédito está presente no quotidiano de qualquer empresa, sendo hoje reconhecido, por uma grande parte das
organizações, como uma das suas principais preocupações.
Também nas empresas financeiras este termo conheceu novos desenvolvimentos, resultado de um conjunto de factores,
nomeadamente, o aumento do número de eventos de falência, a desintermediação e globalização dos mercados, o aumento
estrutural da volatilidade e da regulamentação.
Assim, torna-se crucial a utilização de metodologias de avaliação do risco de crédito cada vez mais precisas.
Não sendo a avaliação apenas quantitativa, a análise tem em conta um conjunto muito vasto de indicadores, procurando ao
máximo detectar possíveis riscos endógenos e exógenos.
Estrutura
económico-financeira
Risco
mercado
Ponto crítico
vendas
Quota de
mercado
AVALIAÇÃO DO
RISCO DE CRÉDITO
Risco país
dos clientes e
fornecedores
Sector de
actividade
Posição
concorrencial
Área
geográfica
Soluções Financeiras
RISCO DE CRÉDITO
METODOLOGIA DE APLICAÇÃO ACONSELHADA
O risco de crédito é o risco de perda em que se incorre quando há incapacidade de uma contrapartida, numa operação de concessão
de crédito.
Este risco de crédito varia consoante o tipo de cliente, tipo de produtos ou serviços, montantes em causa e tipo de entidade que
concede o crédito.
Tipos de crédito
Concedido por empresas
comerciais
Concedido por instituições
financeiras
Venda ao público
Venda a empresas
Nas PME, o risco de crédito é
avaliado com base na confiança
que se gera entre o cliente e a
empresa e o historial de crédito
do cliente.
Avaliação do risco de crédito tem
em conta um maior número de
indicadores:
Análise da capacidade de
pagamento da dívida é muito
superficial > Risco de crédito
agravado
• Demonstrações
• Historial
financeiras
de crédito
• Informações
recolhidas pelos
vendedores junto dos clientes
• Notícias
publicadas na
imprensa
Quando se fala de crédito concedido por instituições financeiras, falamos numa análise do risco de crédito mais exaustiva. De
acordo com os resultados obtidos, elas têm produtos de crédito diferenciados para cada um destes segmentos de clientes.
A análise adoptada pelas instituições de crédito até à concessão do crédito propriamente dito segue, normalmente, as seguintes
etapas:
1 Elaboração de uma ficha de
crédito
A ficha de crédito contém informação
que permite a emissão de um parecer
sobre uma operação de crédito.
Conta, normalmente, com os
seguintes elementos:
• carácter
do cliente;
• capacidade
• valor
de gestão;
do património;
• garantias
de crédito;
• envolvente
contextual.
2 Avaliação do risco de crédito
A avaliação do risco de crédito é o
reflexo da multiplicidade, qualidade
e origem das informações disponíveis
para o analista.
Métodos de análise/avaliação dos
risco de crédito:
• Método
de análise da ficha de
crédito;
• Método
do credit scoring;
• Método
do risk rating.
3 Elaboração da proposta
de crédito
Depois de avaliado o risco de crédito,
é emitido um parecer em relação à
concessão do crédito.
Soluções Financeiras
RISCO DE CRÉDITO
Método de análise da ficha de crédito
Consiste na atribuição de pontuação aos parâmetros definidos: a cada factor emite-se um valor subjectivo positivo ou negativo,
cuja soma final pode ser positiva ou negativa, daí resultando um parecer favorável ou desfavorável, respectivamente.
Risco de crédito = Carácter do cliente + Capacidade de gestão + Valor do património + Garantias de crédito + Envolvente contextual
Método do credit scoring
Análise utilizada para avaliação da qualidade do crédito de clientes, sejam pessoas físicas ou jurídicas. Resulta da ponderação
de vários factores: idade, profissão, rendimento, património, entre outros. Classifica os clientes em duas categorias:
•
bons pagadores – os que, potencialmente, têm capacidade para honrar as obrigações do empréstimo obtido;
•
maus pagadores – os que, potencialmente, não reúnem as condições de cumprir as obrigações de crédito.
Método do risk rating
Trata-se de uma metodologia que avalia uma série de factores, atribuindo uma nota a cada um deles e, posteriormente, uma
nota final ao conjunto dos factores analisados.
Com esta nota final é atribuído um risk rating, ou seja, uma classificação para o risco, que determina o valor (risco de crédito)
que a instituição financeira dá ao tomador do crédito.
Rating
Os ratings baseiam-se em informação recolhida junto de um conjunto alargado de fontes de informação, com destaque para a
prestada pela entidade cujos compromissos financeiros são sujeitos a rating.
Apresenta-se, de seguida, a escala de rating mais utilizada:
Grau Protegido
AAA – Empresa com características de Segurança Financeira EXTREMAMENTE FORTES.
AA – Empresa com características de Segurança Financeira MUITO FORTES.
A – Uma empresa com esta classificação detém FORTES características de Segurança Financeira, mas existe alguma probabilidade
de vir a ser mais afectada por condições de negócio adversas do que as empresas com ratings superiores.
BBB – Empresa com BOAS características de Segurança Financeira, mas com maior probabilidade de vir a ser afectada por
condições de negócio adversas do que as empresas com ratings superiores.
Grau Vulnerável
BB – Características de Segurança Financeira MARGINAIS. A empresa detém atributos positivos, mas condições de negócio
adversas poderão levar a capacidade insuficiente para satisfazer os seus compromissos financeiros.
Soluções Financeiras
RISCO DE CRÉDITO
B – Empresa com FRACAS características de Segurança Financeira. Condições de negócio adversas, provavelmente, prejudicarão
a capacidade para satisfazer os seus compromissos financeiros.
CCC – Características de Segurança Financeira MUITO FRACAS, estando dependente de condições de negócio favoráveis para
ser capaz de satisfazer os seus compromissos financeiros.
CC – Características de Segurança Financeira EXTREMAMENTE FRACAS, sendo provável que não tenha capacidade para satisfazer
parte dos seus compromissos financeiros.
D – Empresa sujeita a Medidas Regulamentares sobre a sua solvabilidade.
Basileia I e Basileia II
Os bancos que têm sistemas de rating dividem os seus clientes em classes de risco, existindo para cada classe uma probabilidade
de incumprimento da sua obrigação. A cada uma destas classes de clientes fica associado um determinado spread que respeita
à probabilidade do incumprimento – risco de crédito.
Com base nesta divisão, os bancos são capazes de subdividir as suas perdas em: esperadas e não esperadas, com uma dada
frequência de ocorrência.
O capital económico de um banco é o capital que permite fazer face às perdas não esperadas, que têm uma muito pequena mas
definida hipótese de ocorrer.
O acordo Basileia I surge, neste contexto, com o intuito de regulamentar sobre o capital mínimo que as instituições financeiras
devem ter que sirva de caução e responda pelas perdas não esperadas.
Basileia II – o Novo Acordo de Basileia traz uma série de modificações, no que diz respeito à metodologia de cálculo de risco de
crédito, introduzindo conceitos matemáticos muito mais apurados que a metodologia actualmente utilizada pela maior parte das
instituições financeiras.
Baseia-se em três grandes pilares:
Basileia II
Pilar 1
Requisitos mínimos de
fundos próprios
Pilar 2
Processo de supervisão
Pilar 3
Disciplina de mercado
Cada banco deve ter processos
próprios para avaliar a
adequação do seu capital,
processos baseados na
conveniente avaliação dos
riscos – o regulador irá
supervisionar esses processos.
Os bancos deverão dar mais
informação aos mercados e ao
público, de modo a assegurar
maior transparência sobre a
forma como gerem o binómio
risco/rentabilidade.
Soluções Financeiras
RISCO DE CRÉDITO
Desafios e oportunidades para as PME
Organizações que implementem uma estratégia de gestão de risco mais rigorosa poderão beneficiar de uma vantagem competitiva,
não só em termos de poupança de recursos e de concentração nas áreas de negócio onde se revelem mais eficientes mas também
da própria rendibilidade.
O pricing das operações passará a ter uma maior correspondência com o grau de exposição ao risco. Empresas com perfil de
risco mais favorável (induzido a partir de variáveis como a qualidade da gestão, a estratégia de negócio, a rendibilidade e a
estrutura financeira) serão beneficiadas, em termos de pricing, e empresas com uma condição global mais fragilizada obterão
condições de empréstimo mais penalizantes.
Os custos de financiamento (funding) das instituições deverão também ser função da percepção pelo mercado do perfil de risco
das respectivas carteiras, bem como da cultura e procedimentos de gestão de risco.
Há vantagem mútua para as instituições de crédito e respectivos clientes, uma vez que as primeiras poderão premiar os seus
melhores clientes com uma parcela do benefício decorrente da redução do seu custo de funding, proporcionada pelo (potencial)
upgrade na notação externa da instituição (induzido em parte, como referido, pela percepção pelo mercado da melhoria do perfil
de risco da carteira de crédito da instituição).
Por forma a avaliar adequadamente o perfil de risco dos seus clientes, as instituições terão de receber informação mais detalhada,
actualizada e com maior qualidade.
•
Compete às PME dar respostas a estas exigências de informação, num mercado em que a concorrência e a transparência de
actuação reforçam um conjunto mais alargado de oportunidades.
•
As empresas passam a dispor de um melhor conhecimento das áreas que são de facto determinantes, no âmbito dos modelos
de avaliação do risco de crédito.
CONCLUSÕES
O risco de crédito é um indicador que pequenas e médias empresas têm que incorporar no seu dia-a-dia, por forma a tornarem-se financeiramente mais competitivas.
Salienta-se que, no seu apuramento, não são só tidos em conta os resultados financeiros ou a performance económica, aferidos
nos modelos e nas declarações próprios, mas também a qualidade da gestão, a estratégia, as relações com o mercado, entre
outros indicadores qualitativos. Exigem-se, pois, novos comportamentos, sobretudo na clareza e na adequação da informação
prestada a todos os stakeholders da empresa.
Mais do que ver esta exigência como uma ameaça, a temática que envolve o risco de crédito deve ser vista como importante
oportunidade, mormente para as empresas mais competitivas e mais bem organizadas, já que poderão obter spreads e pricings
dos serviços financeiros mais vantajosos.
Soluções Financeiras
RISCO DE CRÉDITO
REFERÊNCIAS
Sites:
http://cemaf.iscte.pt
http://www.bportugal.pt
http://www.pmelink.pt
http://www.iapmei.pt
Outras referências:
Directiva nº 2006/48/CE do Parlamento Europeu
Directiva nº 2006/49/CE do Parlamento Europeu
Capital Requirements Directive – CRD
Neves, João Carvalho (2004), Análise Financeira
Download

Soluções Financeiras