ano 1
número 1
novembro de 2013
“Quando assumi a chefia de
Centro Cirúrgico no HC tive
que levantar muita literatura”
Entrevista I João Francisco Possari,
Diretor Técnico de Enfermagem do ICESP
Autor de nove de livros, todos relacionados a Centro Cirúrgico (CC) e Centro
de Material e Esterilização (CME), o Enfermeiro Doutor em Ciência, pela
Escola de Enfermagem da USP, com linha de pesquisa em Gerenciamento
de Recursos Humanos para Centro Cirúrgico, João Francisco Possari, ao
lado de outros profissionais que iniciaram a SOBECC, se dedicou para que a
entidade atingisse o status de ser referência da classe, sendo reconhecida
nacionalmente pelo setor da saúde. Dentro desse contexto, Possari também
contribuiu para a atual valorização do Enfermeiro de CME.
SOBECC News (SN): Por que escolheu a profissão de Enfermeiro?
João Francisco Possari (JFP): Quando terminei o meu período de serviço militar
no Tiro de Guerra, queria estudar Medicina. Mas optei por Enfermagem e não me
arrependo. Entrei em 1979 na Faculdade de Enfermagem São José, que era ligada
à Santa Casa de Misericórdia, Largo do Arouche, na capital paulista. Escolhi essa
Faculdade por estar entre as mais renomadas em Enfermagem.
SN: Fale sobre a sua trajetória profissional.
JFP: Quando saí da Faculdade de Enfermagem, fui trabalhar em um Hospital na
periferia de São Paulo. Em 1982, passei no concurso para o Hospital das Clínicas (HC)
onde estou até hoje. No HC fui trilhando a minha carreira. Passei pelas funções de
Enfermeiro Assistencial, Enfermeiro Encarregado, Enfermeiro Chefe de UTI e Diretor de
Serviço, posição que assumi até 2008. Nesse mesmo ano fui convidado pela diretoria do
Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) para ajudar na montagem da área
cirúrgica, ocupando, na sequência, o atual cargo de Diretor Técnico de Enfermagem.
SN: E quando surgiu o lado escritor?
JFP: Foi quando assumi o comando do Centro Cirúrgico no HC. Um universo bastante
complexo, surgindo a necessidade de estudo aprofundado. Não havia no Brasil
quase nenhuma bibliografia voltada para CC, RPA e CME. Precisei levantar bastante
literatura. Chegou um momento que eu tinha um rico material para transformar
em livros. Em 2000, fui coautor do Guia de Recomendações Práticas em Processo de
Esterilização em Estabelecimento de Saúde elaborado pela 3M. Em 2003, escrevi o
meu primeiro livro sozinho, intitulado Esterilização por Óxido de Etileno, pela Editora
Iátria. O interesse aumentou e escrevi outros títulos que foram publicados pela
Iátria e pela Editora Érica, adquirida recentemente pela Saraiva. Com o sucesso do
primeiro livro, vieram as outras obras: Esterilização por Vapor de Baixa Temperatura e
Formaldeído, Esterilização por Plasma de Peróxido de Hidrogênio, Centro de Material
e Esterilização, Prontuário do Paciente e os Registros de Enfermagem, Assistência de
Enfermagem na Recuperação Anestésica, Glossário Técnico – Termos de A a Z na Área
Médica e Centro Cirúrgico: Planejamento, Organização e Gestão, que já está na 4ª
edição. Esse conjunto soma mais de 20 mil exemplares vendidos.
SN: Qual foi a sua contribuição na SOBECC?
JFP: Fui vice-presidente da SOBECC nas gestões de 1999 a 2001 e de 2001 a 2003.
Depois atuei como diretor do Conselho Fiscal de 2003 a 2005, e como 1º Tesoureiro
de 2007 a 2009. A Associação no início não tinha recursos. Eu e os demais executivos
iniciamos uma série de eventos em hospitais, que acreditaram na proposta da
SOBECC e nos abriram as portas, com o objetivo de disseminar conhecimento e
levantar verba para manter a entidade. Nesse começo, eu dedicava praticamente
todos os fins de semana para a realização dos eventos. Foi na primeira gestão que
publicamos a 1ª edição Práticas Recomendadas, que hoje é um material de referência,
direcionando diretrizes para várias instituições de saúde. Por motivos pessoais, tive
que diminuir o ritmo de atuação dentro da SOBECC. Continuo ativo auxiliando a
Associação na revisão das Práticas, na elaboração dos cursos preparatórios de Título
de Especialista e nos eventos. A SOBECC é um dos meus maiores orgulhos.
SN: Como vê a evolução do CME?
JFP: No passado, o CME ficava em locais ruins dentro das instituições e visto
como linha de montagem, com muitos profissionais para lavar, secar e esterilizar
materiais. Ou seja, um setor da Enfermagem com atuação menos nobre, que tinha
ainda dificuldade de gerenciar pessoas e equipamentos. Atualmente, é tido como
o coração de um hospital, devido ao papel que assumiu de assegurar a esterilidade
dos produtos médicos focando a segurança do paciente quanto ao controle
de infecção. Para isso, surgem novas tecnologias e processos que exigem mais
capacitação dos profissionais e aprendizado constante. O perfil do enfermeiro para
trabalhar em CME deve ser altamente especializado. Nessa questão, a SOBECC tem
sido responsável por mostrar essa evolução.
SN: Como avalia o mercado profissional?
JFP: O mercado está altamente aquecido. Há carência de enfermeiros em várias
regiões do país, principalmente para atuar em CME e CC em função do perfil mais
especializado para lidar com os avanços tecnológicos, como a cirurgia robótica e os
sistemas informatizados.
SN: Qual é a sua mensagem para os novos profissionais que queiram atuar em
CC ou CME?
JFP: A minha sugestão é que busquem uma especialização. O aluno hoje sai da
universidade pouco preparado para atuar no mercado. Não é fácil encontrar
profissionais que queiram trabalhar em CC e CME. E hoje é uma das áreas crescentes
e com carência de enfermeiros.
A SOBECC
é um dos
meus
maiores
orgulhos.
Não é fácil
encontrar
profissionais
que queiram
trabalhar em
CC e CME.
E hoje é uma
das áreas
crescentes
e com
carência de
enfermeiros.
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