Curso de Enfermagem
Artigo Revisão
ANÁLISE DOS AGRAVOS QUE AFETAM O PROFISSIONAL DE SAÚDE EM UMA
CENTRAL DE MATERIAL ESTERILIZADO.
ANALYSIS OF MAJOR INJURIES AFFECTING HEALTH CARE IN A CENTRAL STERILE MATERIAL.
Demerlúce da Silva Gomes¹, Helena Alves Santana¹, Zulene Silva Rodrigues¹, Mauro Trevisan²
1.
2.
Aluno do curso de enfermagem
Professor Orientador do curso de enfermagem
RESUMO
introdução: Este estudo buscou salientar a importância da Central de Material Esterilizado dentro do ambiente hospitalar, mostrou
brevemente o seu funcionamento, analisou os principais agravos sofridos pelos profissionais que ali trabalham devido a falta de
conhecimento e da utilização dos EPI’s, bem como a sobrecarga de trabalho e o déficit de pessoal. Objetivos: Verificar o uso de EPI’s
por parte dos profissionais de saúde e o seu conhecimento acerca dos mesmos; Identificar quais elementos afetam a saúde do
profissional na CME; Analisar como o déficit de profissionais de saúde e a sobrecarga de trabalho podem colaborar para o processo de
adoecer Metodologia: Pesquisa de ordem qualitativa, tendo como método o descritivo e a técnica revisão de literatura. Resultados:
conclui-se que apesar dos profissionais terem conhecimento a respeito dos EPI’s eles não os utilizam como deveriam, isso, juntamente
com a sobrecarga de trabalho e déficit de pessoal faz com que estejam expostos a vários riscos, comprometendo assim a sua saúde.
Palavras-chave: CME; Agravos; Enfermagem; EPI’s; sobrecarga de trabalho; déficit de pessoal.
Abstract
Introduction: This study sought to emphasize the importance of Sterilized Material Center within the hospital environment, briefly
showed its operation, examined major injuries suffered by the professionals working there due to lack of knowledge and use of PPE, as
well as the overhead of work and personal deficit. Objectives: To investigate the use of PPE by healthcare professionals and their
knowledge about them; Identify which elements affect health professional in CME; Analyze how the deficit of health professionals and
work overload can contribute to the process of becoming ill Methodology: This was a qualitative order, with the method of the descriptive
and technical literature review. results: concludes that despite having professional knowledge about the PPE they do not use them as
they should, this, along with the workload and staffing deficit causes are exposed to various risks, thus compromising their health.
Keywords: CME; Diseases; nursing; PPE; work overload; shortage of personnel.
Contato:
Introdução
houver
centros
cirúrgicos,
obstétricos
e/ou
ambulatoriais, hemodinâmica, emergência de alta
Segundo
a
Resolução
de
Diretoria
Colegiada (RDC) nº. 307, (MS, 2002) a “CME é
complexidade e urgência.
uma unidade de apoio técnico, que tem como
Esse
importante
setor
no
âmbito
do
finalidade o fornecimento de materiais médico-
hospital destina-se à recepção, expurgo, preparo,
hospitalares
esterilização, guarda e distribuição de materiais
proporcionando,
adequadamente
assim,
processados,
condições
para
o
para todas as unidades que prestam cuidados
atendimento direto e a assistência à saúde dos
aos pacientes (Brasil,1985; Molina,1997; Moura,
indivíduos enfermos e sadios”. Segundo a mesma
1999).
resolução acima, a CME deve existir quando
A equipe de enfermagem da CME presta
cuidados
indiretos
ao
tão
continuada, visando a reforçar a necessidade do
quanto
à
prestada
uso de EPIs e avaliar o nível de conhecimento
diretamente, pois a esterilização de artigos evita a
desse profissional a respeito da importância que
infecção hospitalar.
tem a sua utilização.
importante
paciente,
sendo
ressaltar a necessidade de uma educação
assistência
Diariamente, essa equipe está exposta a
O presente artigo estruturou-se da seguinte
riscos seja por contato com secreções, fluídos
forma: primeiro tratou-se sobre a descrição da
corporais ou riscos relacionados ao ambiente
Central de Material Esterilizado, o tipo de
como temperaturas elevadas etc. Esse projeto irá
materiais processados, a sua relevância para o
analisar quais os riscos, os profissionais da CME
hospital, funcionários, paciente e usuário.
estão expostos e quais afetam a saúde desse
Em segundo, os principais problemas
trabalhador.
relacionados aos riscos ocupacionais aos quais
A pesquisa teve como problema: Quais os
estão expostos os trabalhadores da CME: carga
principais problemas resultantes na atuação do
de trabalho excessiva; tarefas repetitivas; contato
profissional de saúde na CME?
com
material contaminado
sem
o uso de
equipamento de proteção individual.
Nessa linha de raciocínio, os objetivos são:
Estudar os fatores que levam os trabalhadores da
Materiais e Métodos:
Central de Material Esterilizado a incorrer em
Este estudo constitui em uma pesquisa
patologias; Verificar o uso de EPI’s por parte dos
profissionais de saúde e o seu conhecimento
acerca dos mesmos; Identificar quais elementos
afetam a saúde do profissional na CME; Analisar
como o déficit de profissionais de saúde e a
sobrecarga de trabalho podem colaborar para o
inicialmente exploratória que para Gil (1996,
p.45):
“A
pesquisa
exploratória
tem
como
finalidade proporcionar uma maior familiaridade
com o problema, com vistas a torná-lo mais
explícito ou a construir hipóteses”.
Ainda, de acordo com Gil (1996), os
processo de adoecer.
procedimentos adotados para a coleta de dados
A escolha do tema apresentado se justifica
serão:
a
pesquisa
bibliográfica
e
pesquisa
principalmente, por tratar-se de uma área do
documental. A pesquisa bibliográfica desenvolve-
hospital que não fica exposta, e por isso, muitos
se a partir de um material já elaborado, e a
não sabem da sua existência. Sendo assim, os
pesquisa documental desenvolve-se a partir de
profissionais de saúde alocados na CME passam
materiais que não receberam análise. “Pesquisa
quase que despercebidos e juntamente com eles,
bibliográfica é aquela que se desenvolve a partir
os
seus
Principalmente,
problemas
no
que
e
necessidades.
de
diz
respeito
principalmente de livros e artigos científicos” (GIL,
aos
problemas de saúde que são adquiridos durante
um
material
já
elaborado,
constituído
1996, p.48).
Para o desenvolvimento da pesquisa e
os longos anos de profissão.
melhor compreensão do tema, este trabalho será
A ideia é chamar atenção para a saúde
desse
profissional,
detectando
os
principais
agravos que os acometem, sejam eles físicos ou
psicossociais,
não
esquecendo
também
de
elaborado a partir dos registros, análise e
organização
dos
dados
instrumentos
que
permitem
bibliográficos,
uma
maior
compreensão e interpretação crítica das fontes
obtidas.
Críticos: são aqueles que estão envolvidos
em alto risco de aquisição de infecção se
Fez-se um recorte quanto aos artigos
estiverem contaminados com quaisquer micro-
selecionados quanto ao ano de publicação,
organismos, incluindo os esporos bacterianos.
selecionaram-se artigos publicados entre 2004 e
Estes objetos penetram tecidos estéreis ou
2013. Os critérios de inclusão foram artigos
sistema vascular e devem ser esterilizados para
relacionados ao tema e que contribuíram para o
uso.
desenvolvimento da pesquisa, bem como o
urinário e cardíaco, implantes, agulhas, etc.
Ex:
instrumentos
cirúrgicos,
cateteres
aspecto referente ao ano de publicação. Os
Semicríticos: São artigos que entram em
critérios de exclusão foram artigos fora do ano
estabelecido da seleção para desenvolver o
referido artigo e assuntos que não tinham relação
contato com membranas mucosas íntegras ou
pele
não
íntegra.
Estes
artigos
requerem
desinfecção de alto nível. Ex: equipamentos
com o tema.
O procedimento de estudo deu-se da
seguinte forma: após a escolha do tema, fez-se
respiratórios
e
de
anestesia,
endoscópio
digestivo, etc.
uma estrutura com o objetivo de esclarecer os
Não-Críticos: São artigos que entram em
pontos a serem desenvolvidos e como os
contato com pele íntegra, mas não com mucosas.
mesmos seriam. Cada ponto foi desenvolvido e
Os artigos não críticos dependendo da sua
discutido pelo grupo que ao final chegou nesse
particularidade ou grau de contaminação poderão
resultado.
ser lavados com água e sabão, ou receber
desinfecção de nível intermediário ou baixo. Ex:
comadres, aparelhos de pressão, móveis do
Revisão de Literatura
paciente etc.
A Central de Material e Esterilização (CME)
Entende-se por esterilização o processo de
é definida pelo conjunto de elementos destinados
à recepção, expurgo, preparo, esterilização,
guarda e distribuição dos materiais para as
unidades dos estabelecimentos de saúde. Vários
autores referem que a CME tem um papel
fundamental na assistência e desenvolvimento
das atividades de todas as unidades hospitalares,
ressaltando
tanto
os
aspectos
estruturais,
administrativos, econômicos e técnicos visando à
garantia da qualidade dos artigos odonto-médicohospitalares ali processados. (Rev Esc Enferm
USP. 2005; SOBECC; 1995).
eliminação de todas as formas de vida microbiana
(bactérias nas formas vegetativas e esporuladas,
fungos e vírus), utilizando agentes químicos,
físicos ou pela associação de ambos (Longui e
Richtmann,
Manual Técnico da CME (MS, 2000), da seguinte
forma:
Sociedade
Brasileira
de
Enfermeiros de Centro Cirúrgico e Sala de
Recuperação Anestésica e Centro de Material e
Esterilização - Sobecc, 2003). Esse processo
envolve
preparo,
várias
etapas:
esterilização
limpeza,
propriamente
secagem,
dita
e
estocagem.
A limpeza é o processo usado na remoção
Os materiais processados pela Central de
Materiais e Esterilização são classificados pelo
1997;
de sujidades presentes em qualquer superfície ou
artigo.
Todo
processo
de
desinfecção
ou
esterilização deve ser precedido de limpeza e
secagem rigorosas do artigo. Quanto mais limpo
estiver um artigo, menores serão as chances de
haver falhas no processo de desinfecção ou
assemelha, em alguns aspectos, a uma indústria,
esterilização ( Sobecc, 2000; Brasil, 2001a).
embora
a
evolução
profissionais
O procedimento manual para a remoção de
sujidades é realizado por meio de ação física
aplicada sobre a superfície dos artigos, os quais
devem ser lavados um a um, dando especial
atenção às dobradiças e ranhuras, nas quais há
que
tecnológica
atuam
exija
nesta
dos
área
o
conhecimento de novas matérias-primas, novas
embalagens, novos mecanismos de esterilização,
entre outros que possibilitem a utilização segura e
eficaz de toda a tecnologia e avanço existentes.
(Silva,1996).
acúmulo frequente de matéria orgânica (Molina,
Embora seja inegável para as instituições
1997; Sobecc, 2000, 2003).
hospitalares
Esse método, bastante usual no país,
potencializa
o
risco
de
contaminação
dos
trabalhadores, pois aumenta o risco de acidentes
com perfurocortantes (APECIH, 2004). De acordo
com
Souza
(2001),
risco
biológico
é
a
possibilidade de contato com material biológico –
sangue ou outro fluído orgânico – que pode
transportar
agentes
biológicos
patogênicos,
causadores de prejuízos à saúde do homem.
diretamente com a segurança do processo de
esterilização dos materiais processados, pois
quando não são preparados de forma adequada,
os
materiais
hospitalares
procedimentos
utilizados
podem
nos
contribuir
significativamente para a elevação dos índices de
infecção hospitalar. (Ferraz Bianchi, 1992).
por
enfermagem,
enfermeiros,
auxiliares
de
técnicos
de
enfermagem
e
auxiliares administrativos, cujas funções estão
descritas
nas
práticas
recomendadas
da
CME
ainda
inadequada caracterizada por cruzamento de
áreas, espaços físicos reduzidos, sistemas de
ventilação inadequados, bancadas e cadeiras
desconfortáveis,
carência
e
insuficiência
de
recursos materiais e equipamentos. Tanto os
problemas ligados a estrutura física como os
ligados a previsão e provisão dos artigos
a organização do
processo de
trabalho e a saúde do trabalhador. (A.Silva,
1996).
De acordo com Robazzi e Marziale, os
agentes microbiológicos peculiares às instituições
hospitalares
têm
sido
responsáveis
pelo
surgimento de doenças ocupacionais e acidentes
de trabalho, trazendo danos aos trabalhadores e
às instituições.
Quanto ao quadro de pessoal, deve ser
composto
relevância
observamos muitos problemas. A estrutura física
influenciam
A relevância desta unidade relaciona-se
a
pela
Sociedade Brasileira de Enfermeiros de Centro
Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Centro de
Material e Esterilização (SOBECC, 2005).
É oportuno salientar que grande parte da
população de trabalhadores em enfermagem é
constituída
comprometer
por
a
mulheres,
saúde
o
dessas
que
pode
profissionais,
considerando-se a sobrecarga de atividades, pois
além da jornada laboral há um acréscimo de
trabalho decorrente das responsabilidades sobre
as tarefas domésticas, o que contribui para o
Em relação à dinâmica de trabalho no
adoecimento e, com ele a possibilidade de
tarefas
afastamentos por licença para tratamento de
rotineiras e repetitivas, especialmente pela forma
saúde, que, por sua vez sobrecarrega outro
sequencial de processamento dos materiais e
trabalhador. ( Gehring Junior et al ).
CME,
pela
evidencia-se
necessária
a
presença
produtividade,
de
o
que
o
De acordo com Chen et al apud Nery et al
2013, um nível aceitável de sobrecarga pode ser
para a redução, ou até mesmo eliminação dos
riscos existentes.
definido como aquele em que um indivíduo é
capaz de realizar uma atividade, em um estado
fisiologicamente estável, sem cansaço, fadiga ou
desconforto. Assim, a análise da fadiga no
trabalho representa uma importante medida em
saúde. Considerando o contexto do trabalhador
de enfermagem, o estudo da associação da
fadiga junto a outros parâmetros funcionais e
demográficos pode ser útil para a identificação
precoce de sobrecargas e para a compreensão
dos
fatores
envolvidos
nas
atividades
ocupacionais.
equipamentos de proteção individual e define os
EPIs como “todo dispositivo ou produto, de uso
individual utilizado pelo trabalhador, destinado à
proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a
segurança
e a saúde
no trabalho”.
Estes
equipamentos devem ser utilizados em todas as
etapas do processo, sempre relacionando a
atividade ao equipamento (MS, 2001).
Dentre essas Normas Regulamentadores,
destaca-se a NR-5 (MTE, 1978), que dispõe
Apesar da necessidade do uso dos EPI’s
(equipamentos
de
teoricamente
aceita
proteção
individual),
por
todos,
ser
muitos
profissionais de enfermagem não fazem uso dos
mesmos porque pensam não correrem risco de
contrair doenças ou porque não gostam de usar
EPI`s, confirmando o relato de Souza (2002): os
profissionais
A NR-6 (MTE, 1978), dispõe sobre os
enfermagem
de
Acidentes
(CIPA)
nos
estabelecimentos, objetivando a prevenção de
acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de
modo a tornar compatível permanentemente o
trabalho com a preservação da vida e a promoção
da saúde do trabalhador.
Exposição ocupacional é definida como
para prevenção de
sendo o contato com sangue ou outro material
acidentes, mas nem sempre as aplicam, tornando
biológico, potencialmente infeccioso, no local de
um agravante que contribui para que acidentes de
trabalho. Esse contato acontece por meio de
trabalhos
acontecendo
perfurações com agulhas, objetos cortantes,
(BALSAMO; FELLI, 2006; GIR ET al., 2004;
respingos ou espirros nas mucosas oral, nasal e
MOURA, 2006).
ocular, e ainda, por contato direto com a pele
de segurança
ainda
Segundo
conhecem
Prevenção
as
medidas
de
sobre a constituição da Comissão Interna de
continuem
Consolidação
das
Leis
do
lesionada (Brevidelli et al., 1997).
Trabalho (Decreto-lei nº. 5.452) (BRASIL, 1943),
Segundo a Constituição da República
artigo 166, seção IV, os EPI’s devem ser
Federativa do Brasil, inciso XXII, artigo 7º, faz
fornecidos ao trabalhador pela empresa, sem
referência à redução dos riscos inerentes ao
qualquer ônus financeiro.
trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e
Em 1978, através da Portaria nº. 3.214
(MTE, 1978) o Ministério do trabalho aprovou as
Normas
Regulamentadoras
(NR)
relativas
à
segurança e à medicina do trabalho. As NR´s
foram criadas e ampliadas para a manutenção de
condições seguras no ambiente de trabalho e
segurança.
Portanto,
ao
ocupacionais, destaca-se
Moraes
Ga
(Normas
estudar
os
riscos
a classificação de
regulamentadoras
comentadas), que os divide em cinco grupos,
conforme sua natureza, a saber: riscos físicos;
químicos;
acidentes.
biológicos;
ergonômicos
e
de
Os riscos a que estão expostos os
trabalhadores
da
Central
de
danos aos usuários que procuram pelos serviços
Materiais
de saúde e ao próprio trabalhador. Esse contato
Esterilizados de acordo com a portaria citada
acontece por meio de perfurações com agulhas,
acima:
objetos cortantes, respingos nas mucosas oral,
nasal
Riscos de acidentes: Qualquer fator que
coloque o trabalhador em situação vulnerável e
possa afetar sua integridade, e seu bem-estar
físico e psíquico. São exemplos de risco de
acidente: as máquinas e equipamentos sem
proteção, probabilidade de incêndio e explosão,
arranjo
físico
inadequado,
armazenamento
inadequado, etc.
ocular,
continuidade
e
na
ainda
pele.
por
Além
solução
disso,
de
essa
invisibilidade é percebida em dois aspectos
complementares.
invisibilidade
Um
dos
aspecto
se
refere
micro-organismos,
à
outro
aspecto que propicia a invisibilidade do CME é
capacitação frágil dos trabalhadores deste setor
que não favorece o reconhecimento e valor social
de suas atividades. Neste contexto, estes micro-
Riscos ergonômicos: Qualquer fator que
possa
e
interferir
nas
psicofisiológicas
do
desconforto
afetando
características
trabalhador,
causando
organismos
acabam
sendo
esquecidos
no
processo de trabalho, pois a sua existência se
revela somente em um conhecimento abstrato,
São
não palpável, quase irreal. Neste sentido, a não
exemplos de risco ergonômico: o levantamento
visualização ou percepção desses riscos permite
de peso, ritmo excessivo de trabalho, monotonia,
uma exposição maior desses trabalhadores. No
repetitividade, postura inadequada de trabalho,
entanto, no cotidiano é comum não se dar
etc.
importância aos microrganismos e aos riscos que
ou
sua
saúde.
eles representam para a nossa saúde, pois a
Riscos físicos: Consideram-se agentes de
rotina e exposição frequente a esses riscos
risco físico as diversas formas de energia a que
parece tornar os trabalhadores “imunes a coisas
possam estar expostos os trabalhadores, tais
tão insignificantes” (KOERICH et al, 2006).
como: ruído, calor,
frio, pressão, umidade,
radiações ionizantes e não-ionizantes, vibração,
A
visibilidade
dos
riscos
biológicos
começou com a constatação dos agravos sofridos
etc.
por profissionais de laboratórios que atuavam
Riscos químicos: São as substâncias,
com micro-organismos e material clínico no início
compostos ou produtos que possam penetrar no
dos anos 40 do século passado. Antes disso, os
organismo do trabalhador pela via respiratória,
profissionais de saúde não eram considerados
nas formas de poeiras, fumos, gases, neblinas,
uma categoria profissional de alto risco para
névoas ou vapores, as quais, pela natureza da
acidentes de trabalho. (RAPARINI, 2007).
atividade de exposição, possam ter contato ou
serem absorvidas pelo organismo através da pele
ou por ingestão.
O olhar do profissional de enfermagem
acerca da CME:
Riscos biológicos: Consideram-se como
Primeiramente cabe a nós profissionais
agentes de risco biológico as bactérias, vírus,
de enfermagem atribuir a Central de Material
fungos, parasitas, entre outros.
Esterilizado a sua devida importância dentro do
ambiente hospitalar, como um setor que não
A invisibilidade dos riscos biológicos na
Central de Material e Esterilização pode causar
trabalha diretamente com o paciente, mas mesmo
indiretamente tem um papel crucial no processo
Outro agravante é que nem sempre a
de oferecer uma assistência segura e eficaz ao
estrutura oferecida para o desenvolvimento do
paciente.
trabalho é adequada, muitas vezes, com estrutura
física precária, falta de EPI’s e equipamentos
Percebe-se
que
os
trabalhadores
de
enfermagem da CME estão expostos a inúmeros
riscos que podem causar agravos à sua saúde,
acidentes de trabalho e/ou doenças, durante o
desenvolvimento de suas funções e que essa
entre outras coisas. O fato da maioria das
funcionárias serem mulheres e terem dupla
jornada, também acarreta uma sobrecarga de
trabalho com reflexo na diminuição do número de
pessoal trabalhando na CME.
exposição pode trazer consequências para a
saúde do trabalhador em vários aspectos: físico,
Evidenciou-se também que apesar dos
trabalhadores da CME estarem expostos a riscos
psíquico, emocional e social.
de acidente, riscos ergonômicos, riscos físicos,
Para diminuir esses riscos ocupacionais é
necessária uma educação continuada para esses
profissionais,
o investimento
por
parte das
instituições em equipamentos de proteção, a
riscos químicos e riscos biológicos, esse último se
mostrou o de maior importância no tocante aos
agravos que acometem os profissionais que
trabalham em CME, por ser um inimigo invisível.
valorização para os profissionais que trabalham
na CME, e que a CME não seja apenas um setor
Espera-se que essa pesquisa contribua
para onde vão os funcionários que apresentam
para dar maior notoriedade aos profissionais de
alguma restrição seja ela física ou psíquica.
saúde que trabalham na CME, chamando a
atenção para as carências existentes no setor em
Considerações Finais
termos de conhecimento, saúde, segurança no
Apesar da grande maioria dos profissionais
trabalho e diminuição do estresse no dia a dia. E
de saúde estar a par da necessidade da utilização
que possa servir também como fonte de futuras
dos EPI’s para sua segurança, eles não os
pesquisas para trabalhos acadêmicos e afins.
utilizam na maioria das vezes, pois acham que os
acidentes não irão ocorrer com eles, então se
chega à conclusão que só a informação não é o
suficiente para evitar acidentes de trabalho,
temos
que
promover
discussões
sobre
o
problema fazendo com que os profissionais
repensem a sua prática e passem a agir com
maior segurança.
Depois dessas considerações, podemos
dizer que os objetivos da pesquisa foram
atingidos e que o problema foi respondido.
Referências Bibliográficas
1-MOLINA, E. O Centro de Material. In: RODRIGES, E. A. C. et al. Infecções hospitalares: prevenção e
controle. São Paulo: Sarvier, 1997.
2-MOURA M. L. P. A. Enfermagem e Centro de Material e Esterilização. 3. ed. São Paulo: Editora Senac,
1999.
3-SOBECC (Sociedade Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Centro de
Material e Esterilização). Práticas Recomendadas, Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica e
Central de material Esterilizado. 6º edição revisada e atualizada. São Paulo: SOBECC, 2013
4-.AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA – ANVISA. Indicadores nacionais de infecções
relacionadas à assistência à saúde. Ministério da Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
Brasília: Ministério da Saúde, 2010. 17p.
5- CASTRO, Magda Ribeiro de; FARIAS, Sheila Nascimento Pereira de. A produção científica sobre
riscos ocupacionais a que estão expostos os trabalhadores de enfermagem. Esc Anna Nery Rev
Enferm 2008 jun. Disponível em: <www.scielo.br>. Acesso em: 25 nov. 2013.
6-ESPINDOLA, Marcia Cristina Guimarães; FONTANA, Rosane Teresinha. Riscos ocupacionais e
mecanismos de autocuidado do trabalhador de um centro de material e esterilização. 2012. Rev.
Gaúcha Enferm. Disponível em: <http://www.scielo.br/>. Acesso em: 01 dez. 2013.
7- GALLAS, Samanta Rauber; FONTANA, Rosane Teresinha. Biossegurança e a enfermagem nos
cuidados clínicos: contribuições para a saúde do trabalhador*. Rev. bras. enferm. vol.63 no.5 Brasília
Sept./Oct. 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/>. Acesso em: 02 dez. 2013.
8- LEITE, Patrícia Campos; SILVA, Arlete. Morbidade referida em trabalhadores de enfermagem de um
centro de material e esterilização. 2007. Cienc Cuid Saude Jan/Mar. Disponível em:
<http://bases.bireme.br/>. Acesso em: 02 dez. 2013.
9- LOPES, Dolores Ferreira de Melo et al. Ser trabalhador de enfermagem da Unidade de Centro de
Material: uma abordagem fenomenológica. 2007. Rev Esc Enferm USP 2007. Disponível em:
<http://www.scielo.br/>. Acesso em: 02 dez. 2013.
10-MAGAGNINI, Maristela Aparecida Magri; ROCHA, Suelen Alves; AYRES, Jairo Aparecido. O
significado do acidente de trabalho com material biológico para os profissionais de enfermagem.
2011. Rev Gaúcha Enferm.,jun. Disponível em: <http://www.scielo.br/>. Acesso em: 02 dez. 2013.
11-NERY, Denise et al. Análise de parâmetros funcionais relacionados aos fatores de risco
ocupacionais da atividade de enfermeiros de UTI. 2013. Fisioter. Pesqui. vol.20 no.1 São Paulo Mar.
Disponível em: <http://www.scielo.br/>. Acesso em: 02 dez. 2013.
12-SANTANA, Leni de Lima et al. Cargas e desgastes de trabalho vivenciados entre trabalhadores de
saúde
em um hospital de ensino. 2013.Rev gaucha de enfermagem. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php>. Acesso em: 24 nov. 2013.
13-SILVA, Talita Rodrigues da et al. Acidente com material perfurocortante entre profissionais de
enfermagem de um hospital universitário. 2010. Rev Gaúcha Enferm.dez. Disponível em:
<http://seer.ufrgs.br/>. Acesso em: 30 nov. 2013.
14-TIPPLE, Anaclara Ferreira Veiga et al. Acidente com material biológico entre trabalhadores da área
de expurgo em centros de material e esterilização. 2004. Acta Scientiarum. Health Sciences. Disponível
em: <http://bases.bireme.br/>. Acesso em: 02 dez. 2013.
15-TAUBE, Samanta Andrine Marschall; ZAGONEL, Ivete Palmira Sanson; MÉIER, Marineli Joaquim. O
PROCESSO DE TRABALHO DA ENFERMEIRA NA CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO: uma
perspectiva tecnológica aos instrumentos. 2007. Acta paul. enferm. vol.20 no.4 São Paulo Oct./Dec..
Disponível em: <www.basesbireme.br>. Acesso em: 02 nov. 2013.
16-VASCONCELOS, Bruno Moraes; REIS, Ana Luiza Rafael de Miranda; VIEIRA, Márcia Seixas. Uso de
equipamentos de proteção individual pela equipe de enfermagem de um hospital do município de
Coronel
Fabriciano. 2008.
Revista
Enfermagem
Integrada
–Nov./Dez.
Disponível
em:
<http://www.unilestemg.br/>. Acesso em: 01 dez. 2013.
17-XELEGATI, Rosicler; ROBAZZI, Maria Lúcia do Carmo Cruz. Riscos químicos a que estão
submetidos os trabalhadores de enfermagem: uma revisão de literatura1. Disponível em:
<http://www.scielo.br/>. Acesso em: 02 dez. 2013