Projecto europeu desenvolve sistema de
previsão de crises de epilepsia
O investigador António Dourado acredita que "é possível criar um aparelho
que preveja, em tempo real, as crises de epilepsia", embora sublinhe que
"ainda há muito trabalho a fazer" nesse sentido.
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O investigador e docente da Faculdade de Ciências e Tecnologia da
Universidade de Coimbra (FCTUC) manifestou esta convicção hoje, em
Coimbra, na Escola Superior de Enfermagem, durante as IV Jornadas de
Epilepsia, numa sessão de apresentação do Projeto Epilepsiae.
O projeto, que está a ser desenvolvido pela FCTUC, em parceria com os
Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC) e entidades de França,
Alemanha e Itália, já criou um pequeno aparelho capaz de emitir previsões de
crises de epilepsia, mas ainda "não resulta em todos os doentes", nem
"alcançou resultados clinicamente credíveis".
De todo o modo, ao longo dos três anos que a investigação tem vindo a ser
desenvolvida, com financiamento da União Europeia (UE), "foram dados
passos muito significativos", afirmou António Dourado à agência Lusa à
margem da sessão.
O "sistema inteligente de alarme preventivo" que está a ser estudado, ligado
ao doente e transportado por ele próprio, emitirá informações para um
computador que enviará ao doente a informação, em tempo real, de previsão
de uma crise.
O dispositivo, de dimensões relativamente reduzidas e com ligações sem
fios, fabricado pela empresa italiana Micromed, está a ser testado em duas
centenas de doentes portugueses, franceses e alemães e no próximo ano
deverá ser ensaiado em mais uma centena de doentes, pois "há indicações"
que apontam para que a UE continue a apoiar o projeto, adiantou António
Dourado.
Embora já existam medicamentos capazes de controlar a epilepsia, "cerca de
um terço dos doentes" não reage a estes tratamentos, continuando expostos
a crises em qualquer momento e em quaisquer circunstâncias e sem
possibilidade de previsão, acrescentou o investigador.
É para os "doentes refratários aos tratamentos clínicos" que o dispositivo
que está a ser desenvolvido se destina, pois os outros já conseguem
controlar a doença.
Em Portugal estão diagnosticadas cerca de 50 mil pessoas com epilepsia e
calcula-se que surjam anualmente cerca de quatro mil novos casos,
revelaram a Liga Portuguesa Contra a Epilepsia e a Associação Portuguesa
de Familiares, Amigos e Pessoas com Epilepsia, organizadoras das IV
Jornadas de Epilepsia.
Estima-se que padeçam de epilepsia mais de 50 milhões de pessoas em todo
o mundo, seis milhões das quais vivem na Europa, o que representa um
rácio de "cinco a sete por cada mil habitantes", o que faz desta doença "a
mais comum das desordens neurológicas".
Além da FCTUC, dos HUC e da Micromed, estão envolvidos no Projeto
Epilepsiae o Centro Nacional de Investigação Científica de França e a
Universidade de Freiburgo (Alemanha) e hospitais associados a estes dois
estabelecimentos.
Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
Lusa
http://sic.sapo.pt/online/noticias/vida/projecto+europeu+desenvolve+sistema+de+previs
ao+de+crises+de+epilepsia.htm
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SIC Notícias - Epilepsia