INDICADORES
Brasil
Ações do Santander UNT
Econom ico
(em R$)
14,01
14,27
14,05
13,35
12,29
www.brasileconomico.com.br
29/10
30/10
31/10
03/10
04/10
PUBLISHER RAMIRO ALVES . CHEFE DE REDAÇÃO OCTÁVIO COSTA . EDITORA CHEFE SONIA SOARES . QUARTA-FEIRA, 5 DE NOVEMBRO DE 2014 . ANO 6 . Nº 1.302 . R$ 3,00
Governo autoriza
Petrobras a elevar
gasolina e diesel
A estatal fez mistério, mas o Conselho de Administração da empresa aprovou o reajuste dos
combustíveis. “Reajuste não se anuncia: pratica-se”, disse Graça Foster, ao sair da reunião
que durou sete horas. Os dois produtos estão com os preços congelados desde o final do ano
passado. Com um reajuste de 5%, o impacto no IPCA pode chegar a 0,5 ponto percentual,
dificultando o esforço para manter a inflação dentro da meta prevista para 2014. P7
Varejista
alemã cai
na rede
brasileira
Bonprix, que na
Alemanha tem lojas
físicas, investe pesado
para conquistar o
mercado nacional com
operação de comércio
eletrônico. P8
Piervi Fonseca
INDÚSTRIA
Produção
voltou a cair
em setembro
Após dois meses consecutivos
de alta, a produção industrial
caiu 0,2%, segundo pesquisa
do IBGE. No ano, a retração
do setor chega a 2,9%. Em
relação a setembro de 2013,
houve queda de 2,1%, acumulando variação negativa
de 2,2% em 12 meses. P4
BANCOS
Massa italiana com jeito de Brasil
Após lançar uma linha com ovos como gostam os brasileiros, a Barilla está levando
para os mercados massa pronta para que os consumidores provem. “Queremos ser
líderes”, diz Maurizio Scarpa , diretor da empresa para o Brasil e América Latina. P10
OCTÁVIO COSTA
Das duas faces de Getúlio,
que a presidenta Dilma
escolha a sedução. P24
AUTOMANIA
A Peugeot volta à briga com
o bem sucedido 2008, que
será produzido no Brasil. P13
TERROR
Inteligência britânica diz que
gigantes da web dão suporte
involuntário a grupos. P19
Itaú tem mais
lucro e menos
inadimplência
Maior banco privado brasileiro, o Itaú Unibanco obteve, no
terceiro trimestre, um lucro
líquido de R$ 5,4 bilhões. O
resultado é 35,7% maior do
que o registrado no mesmo
período de 2013. P14
2 Brasil Econômico Quarta-feira, 5 de novembro, 2014
MOSAICO POLÍTICO
GILBERTO NASCIMENTO
[email protected]
COM LEONARDO FUHRMANN
PSB TENTA CRIAR BLOCO
“
Eu acho que é
fundamental que a
presidenta Dilma
possa ter, além do
PT, dois partidos
ou frentes fortes
que possam
ajudá-la na
governabilidade”
O
PSB no Senado pretende formar um bloco independente e, para isso, tenta atrair possíveis
parceiros como o PV, Psol e o PCdoB. A partir do ano que vem, o partido terá seis representantes
na Casa. Os blocos ou partidos com pelo menos nove senadores contam com vantagens no
funcionamento do Senado. O senador João Capiberibe (AP) defende que o PSB dê preferência ao
diálogo com partidos mais à esquerda, para não descaracterizar as bandeiras socialistas. Caso a proposta
se concretize, os pessebistas serão os líderes do grupo, por ser o maior partido do bloco. Capiberibe
lembra que o PSB já atua de forma independente no Senado desde 2013, quando decidiu deixar os cargos
no governo para articular a candidatura presidencial do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos.
AE
Para o senador João Capiberibe, a
independência será uma forma de
agradar tanto os defensores da
neutralidade e os que apoiaram o
presidenciável Aécio Neves (PSDB) no segundo turno da eleição
deste ano, como os que permaneceram ao lado da presidenta reeleita. Outro grupo dentro do PSB defende uma atitude oposicionista,
com a formação de um bloco com
partidos como o Solidariedade e o
PPS, mais próximos do PSDB e do
DEM. A decisão deve ser tomada
pela executiva nacional do PSB no
próximo dia 18. A possibilidade de
ficar independente também facilita a relação com o governo federal
dos três governadores eleitos pelo
partido: Paulo Câmara em Pernambuco, Ricardo Coutinho na
Paraíba e Rodrigo Rollemberg no
Distrito Federal. Capiberibe avalia que a independência coloca o
PSB numa posição “equidistante”
entre governistas e oposição.
Cid Gomes (Pros)
Wilson Dias/ABr
Governador do Ceará, ao se
oferecer para criar uma
alternativa ao bloco que o
PMDB pretende formar
Amigo é pra essas coisas
O empresário Paulo Garcia, dono da Kalunga, foi um dos principais
colaboradores da campanha a deputado de Andrés Sanchez (PT), na
esperança de ter o apoio dele nas eleições para a presidência do
Corinthians. Amanhã, Garcia será lançado como principal nome da
oposição. Seu vice será o também empresário Osmar Stábile. Mas
Andrés deve apoiar o candidato da situação, Roberto Andrade. Roque
Citadini, conselheiro do TCE, queria ser candidato, mas ficará de fora.
PT se aproveita de atos, diz tucano
Contava contigo
PSDB pede investigação de convênio
Um das acolhidas mais fervorosas
a Aécio Neves, ontem no Senado,
partiu de seu colega Cristovam
Buarque (PDT-DF). Ele abraçou o
tucano e disse: “Tenho certeza
que apoiei a pesso certa”. Em
retribuição, ouviu do candidato
derrotado: “Foi uma pena. Tinha
planos que lhe incluíam".
O líder da minoria na Câmara, deputado Domingos Sávio (PSDB-MG), vai
questionar no Ministério da Justiça o convênio entre o governo da
Venezuela e o MST para treinamento de suas lideranças, sob o argumento
de que a proposta fortalece o socialismo no Brasil. “Como um movimento
que não tem sequer personalidade jurídica pode representar o Brasil?
Somente quem pode falar em políticas para um país é seu governo”,
questiona. Sávio quer que a PF investigue os propósitos desta iniciativa que
“usurpa a autoridade política do povo brasileiro”. Ele pretende também
convocar o diretor-geral da Abin, Wilson Trezza, para falar sobre o assunto.
FALE CONOSCO
O presidente do PSDB no
Estado de São Paulo, Duarte
Nogueira, rebate afirmações
de que simpatizantes de seu
partido apoiam manifestações
a favor da volta da ditadura
militar no País. “O PT é que
está imputando essa pecha ao
nosso partido”, reclama. “Eles
é que têm mais características
de apoio a movimentos de
supressão de liberdade e
cerceamento de imprensa”,
afirma. “Não apoiamos
rompimento institucional nem
regime militar”, assegura.
Murillo Constantino
Colaborou Edla Lula
E-mail: [email protected] Cartas para a redação: Rua dos Inválidos, 198, 1º andar,
CEP 20231-048, Lapa, Rio de Janeiro (RJ). As mensagens devem conter nome completo, endereço, telefone e assinatura.
Em razão de espaço ou clareza, Brasil Econômico reserva-se o direito de editar as cartas recebidas. Mais cartas em www.brasileconomico.com.br
Torneira seca já é
realidade antiga
para muitos
Prioridade para
aproveitamento da
paisagem do Rio
Projetos de
mobilidade nadam
contra a maré
Muito se fala na crise de
abastecimento que assola o país.
Mas e os bairros nas grandes
capitais que já não recebem água
regularmente por falta de
estrutura das distribuidoras?
Muitos passam por uma espécie
de racionamento há anos e, ainda
por cima, recebem conta. Agora
que a falta de água afeta a todos,
existe uma mobilização nacional.
Esta ciclovia que está em
construção para ligar a zona sul
do Rio à Barra da Tijuca será
ótima alternativa para lazer e
turismo, mas não é de longe
prioridade para a cidade. No
quesito mobilidade, dificilmente
será bem aproveitada. Quem vai
trocar o conforto do ar
condicionado do carro para ficar
na poeira e debaixo de sol?
Existem tantos planos para
corredores exclusivos para ônibus
no Rio de Janeiro. Quando
veremos projetos semelhantes às
barcas em outros pontos da
cidade? São tantos quilômetros
de praias. Seria falta de vontade
do governo ou favorecimento de
determinadas empresas? Parece
que vamos sempre contra tudo o
que há de moderno pelo mundo.
Fabiana Correa
João Gabriel Santos
Nélio Campana
Rio de Janeiro, RJ
Rio de Janeiro, RJ
Rio de Janeiro, RJ
INDICADORES
O Ibovespa encerrou o dia em alta de 0,81 %, aos 54.383 pontos, após
sessão volátil marcada pela expectativa em torno da reunião do Conselho
de Administração da Petrobras. O giro financeiro foi de R$ 7,4 bilhões.
TAXAS DE CÂMBIO
▲ Dólar comercial (R$ / US$)
COMPRA
VENDA
2,5049
2,5054
▲ Euro (R$ / E)
3,1436
3,1452
JUROS
■ Selic (ao ano)
META
EFETIVA
11,25%
11,15%
BOLSAS
▲ Bovespa - São Paulo
▲ Dow Jones - Nova York
▼ FTSE 100 - Londres
VAR. %
ÍNDICES
0,81
54.383,60
0,13
17.389,51
0,52
6.453,97
Quarta-feira, 5 de novembro, 2014 Brasil Econômico 3
▲
BRASIL
Pedro Ladeira/Folhapress
MENSALÃO
Dirceu vai para casa cumprir o semiaberto
O ex-chefe da Casa Civil da Presidência da República José Dirceu,
condenado na Ação Penal 470 (mensalão) a 7 anos e 11 meses de
prisão — e cumprindo pena desde 15 de novembro de 2013 — deixou
ontem o Centro de Progressão Penitenciária de Brasília e começou a
cumprir o restante de sua pena em casa, após assinar, na Vara de
Execuções Penais, o termo de liberação autorizado pela Justiça. ABr
Editor: Paulo Henrique de Noronha
[email protected]
Governo e oposição mantém
clima de guerra das eleições
Cid Gomes se propõe a montar blocão de esquerda para defender governo Dilma. Ao chegar no Senado, Aécio
Neves, ovacionado, disse que será “oposição permanente e dura” para cobrar os compromissos eleitorais do PT
Roberto Stuckert Filho/PR
Para que governo
não fique “refém
do PMDB”, Cid Gomes
sugeriu criação de
bloco de esquerda
com a fusão de partidos
como PCdoB, PDT
e alguns integrantes
do PSB e do Psol
Edla Lula
[email protected]
Brasília
O clima de guerra e forte divisão
entre governo e oposição, que
marcou as últimas semanas, promete continuar no Congresso. Ontem, enquanto o senador Aécio Neves (PSDB-MG) retornava ao trabalho de forma apoteótica, ao
som de gritos de “presidente”, o
governador do Ceará, Cid Gomes,
prometia à presidenta Dilma Rousseff montar uma frente de esquerda em apoio ao seu governo.
“Éfundamental que a presidenta
possa ter dois partidos ou frentes
quepossamajudá-lanagovernabilidade”,disseGomes, aodeixarareunião com Dilma. A preocupação do
governador e de Dilma se relaciona
não apenas à oposição mais intensa
no Congresso. Parte do PMDB, descontentecomaatuaçãodoPTaolongoda campanha,também surge co-
Dilma recebeu o governador do Ceará, Cid Gomes, e seu substituto em 2015, Camilo Santana
Wilson Dias/ABr
Aécio Neves repudiou
de forma radical
as manifestações
pela volta dos militares
ao poder e disse:
“Eu sou filho
da democracia”
mo ameaça. “Penso que esse movimento (a frente de esquerda) reduz
o espaço da pressão que muitas vezes beira até a chantagem”, comentou Gomes, em referência à atuação
do PMDB. Para o governador, o bloco de esquerda terá de arregimentar
ao menos 10% da Câmara, para não
ficar “refém do PMDB”. Ele sugere a
fusão de partidos como PC do B,
PDT e partes do PSB e do PSol.
O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), reconhece a necessidade de formar uma base
mais fiel aos princípios do PT em
contraposição ao PMDB. “É melhor uma maioria menos expressiva, porém fiel e leal, do que uma
grande maioria que não consegue
ter unidade política para defender
as propostas do governo”. O Planalto também conta com a pressão de governadores sob suas bancadas para fazer maioria no Congresso, lembrou Costa, segundo
quem a presidenta tentará um diálogo mais frequente com os governos locais. “Incorporar ao concei-
Simpatizantes fizeram festa para o senador Aécio Neves, em seu retorno ao Congresso Nacional
to de governabilidade a participação dos governadores, que exercem influência sobre suas bancadas, prefeitos e movimentos sociais rende mais frutos do que ficar produzindo maiorias que não
são consistentes”, disse o líder.
Enquanto isso, o deputado
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pivô
do desconforto entre o governo e
o PMDB, torna cada vez mais sóli-
da a sua candidatura para presidir
a Câmara. Ofereceu almoço a lideranças partidárias que saíram do
encontro prometendo apoio ao
seu nome na disputa marcada para 2 de fevereiro. Além de parte do
PMDB, Cunha conseguiu apoio
dos líderes de PTB, PR, PSC e SD.
A proposta, no entanto, ainda deverá ser submetida a cada uma
destas bancadas.
A entrada triunfal de Aécio Neves no Congresso foi uma mostra
do que será a oposição neste ano.
Aclamado por populares e funcionários do Senado com gritos de
“fora PT” e “Aécio presidente”, o
candidato derrotado mandou recado à presidenta: “Vou ser oposição sem adjetivos ao governo.
Mas serei oposição permanente e
dura para cobrar cada um dos
compromissos assumidos”.
Neves tratou de desvencilhar a
sua imagem das manifestações de
rua nos últimos dias, que pedem o
impeachment da presidenta e até
uma intervenção militar. “Quanto à volta dos militares, expresso o
meu repúdio mais violento e mais
radical. Esta é uma apropriação indevida de um sentimento de liberdade da sociedade brasileira. Eu
sou filho da democracia”.
Mas o senador disse serem legítimas as manifestações de insatisfação com o governo atual e prometeu representar este sentimento no Parlamento: “Quando o governo olhar para a oposição, sugiro que deixe de contabilizar as cadeiras que ocupamos no Senado e
na Câmara e passe a enxergar
mais de 51 milhões de eleitores
que querem mudanças e não têm
mais paciência para tanto desgoverno e tanta irregularidade”.
Humberto Costa, que havia desafiado mais cedo, da tribuna, o
opositor a dar declarações pelo fim
das manifestações que pedem o impeachment e a volta da ditadura,
rebateu a fala de Aécio. “Na democracia, quem ganha vai governar
para o país como um todo e a oposição vai cumprir seu papel institucional de oposição. Mas se (Aécio)
estiver raciocinado com a ideia de
um país dividido, não vai conseguir cumprir seu papel”.
4 Brasil Econômico Quarta-feira, 5 de novembro, 2014
Estefan Radovicz
▲
BRASIL
CONSUMO
Pesquisa aponta mais compras de Natal
Pesquisa do SPC Brasil revela que, este ano, mais brasileiros devem ir
às compras e gastar mais com os presentes de Natal, comparado ao
ano passado. De acordo com o levantamento, 87% dos consumidores
entrevistados têm a intenção de comprar ao menos um presente este
ano. Em 2013, eram 67%. O valor médio com cada presente deve
passar de R$ 86,59 no Natal passado para R$122,40 em 2014. Redação
Produção industrial volta a cair
Depois de dois meses seguidos de crescimento, CNI aponta queda em setembro na comparação com agosto.
Resultado ruim é puxado especialmente por alimentos. Já veículos têm terceiro mês consecutivo de recuperação
Divulgação
Patrícia Büll
[email protected]
São Paulo
A produção industrial recuou
0,2% entre agosto e setembro, descontados os efeitos sazonais, segundo a Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada ontem pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). Com isso, a produção retoma a tendência de queda, após duas altas consecutivas
na margem, acumulando retração
de 2,9% em 2014. Em relação a setembro de 2013, houve queda de
2,1%, acumulando variação negativa de 2,2% em 12 meses.
Gerente da Coordenação de Indústria do IBGE, André Macedo
explicou que, embora setembro interrompa as duas elevações anteriores, chama atenção o índice
apresentar um resultado mais disseminado de variações positivas.
Faltando menos de dois
meses para o Natal,
o resultado afasta, ao
menos no curto prazo,
percepção de retomada
no nível de atividade
no comércio, mesmo
com as vendas de fim
de ano tão próximas”
Fabio Bentes
Economista da CNC
Prejudicada pela grave estiagem, produção de açúcar cai em setembro e derruba alimentos, diz IBGE
Dos 24 setores
PRODUÇÃO
analisados pelo IBGE,
INDUSTRIAL EM BAIXA
apenas sete tiveram
resultado negativo,
PRODUÇÃO VOLTA A CAIR,
com destaque para a
MAS EM RITMO MENOR Variação % (mês anterior)
produção de alimentos,
2,4
que caiu 4,1%
Segundo a pesquisa, das 24 atividades analisadas, 15 tiveram crescimento. Nas influências positivas
estão a produção de veículos automotores (10,1%); de produtos farmacêuticos (10,1%); de borracha
e material plástico (4,6%); de perfumaria e produtos de limpeza
(2,3%); de metalurgia (2,0%) e
produtos diversos (6,3%).
Os destaques negativos foram
produtos alimentícios (-4,1%); de
coque; produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,3%);
metal (-2,6%) e outros equipamentos de transporte (-2,7%). “O
que puxou o resultado da produção industrial para baixo foi principalmente produtos alimentícios, que têm um peso bastante
grande no resultado final. Olhando os produtos mais especificamente, o açúcar teve o maior peso
negativo no grupo, provavelmente pela questão da estiagem e antecipação da safra”, disse Macedo.
Por outro lado, ele destacou o
bom desempenho do segmento
de veículos automotores, que teve
o terceiro resultado positivo consecutivo, mas lembrando que vem
sobre uma base de comparação reprimida. “Essa sequência de resultados positivos não superou a que-
“
Comerciante ainda confiante,
mas um pouco menos
ÍNDICE DE CONFIANÇA EM OUTUBRO
Variação
Índice
Mês
anterior
Ante igual
mês 2013
-1,6
-11,1
-0,9
-16,9
-2,6
-9,0
-1,0
-9,3
0,2
-3,7
119,6
-1,4
-8,3
106
-1,6
-13,1
105,6
-3,3
-13,1
114,7
-2,5
-11,8
111,5
-1,7
-11,1
Icec
111,5
Condições atuais
80,8
Expectativas
146,3
-0,2
Intenção de
investimento
-1,4
107,5
-3,5
OUT/ NOV DEZ JAN/ FEV MAR ABR
2013
2014
MAI
JUN JUL AGO SET
123,9
DESEMPENHO POR SETOR
Nordeste
SET-2014/ SET-2014/ ACUMULADO
AGO-2014 SET-2014
JAN/SET
Bens de capital
Bens intermediários
Bens de consumo
Duráveis
Semiduráveis e
não duráveis
Indústria geral
Norte
ACUMULADO
ÚLTIMOS
12 MESES
1,9
-1,6
1,0
8,0
0,8
-7,9
-1,7
-0,5
-7,3
1,6
-8,2
-2,5
-2,2
-9,6
0,2
-4,3
-2,2
-1,7
-7,6
0,2
-0,2
-2,1
-2,9
-2,2
Sudeste
Sul
Centro-Oeste
Total
Fonte: IBGE/PMI
da que o setor viveu entre março e
junho”, afirmou Macedo.
Entre as categorias de uso, apenas bens intermediários exibiram
queda ante agosto, de 1,6%. Já
bens de consumo duráveis tiveram alta de 8,0%, seguidos por
bens de capital (1,9%) e semiduráveis e não duráveis (0,8%).
Mesmo com a interrupção de
resultados positivos, Macedo avaliou que a produção da indústria
nos últimos meses traz um saldo
claramente mais positivo do que
no primeiro semestre. “Ainda assim, há um espaço grande a percorrer para recuperar as perdas recentes. O desempenho da indús-
Fonte: CNC
tria no último trimestre será importante para entender qual a trajetória de 2014”, afirmou Macedo.
Varejistas menos confiantes,
apesar do Natal
Indicando que a atividade econômica segue contaminada pelo cenário macroeconômico, a Confe-
deração Nacional do Comércio de
Bens, Serviços e Turismo (CNC) divulgou ontem que o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Ices) teve queda de 1,6% em
outubro, na comparação com setembro, com ajuste sazonal, para
111,5 pontos. Acima de 100 pontos
representa confiança.
A queda na confiança vem uma
semana depois de a Confederação
revisar para baixo a expectativa
de vendas de Natal, de 3% para
2,6%. “Faltando menos de dois
meses para o Natal, o resultado de
outubro afasta, ao menos no curto
prazo, a percepção de retomada
no nível de atividade no comércio, mesmo com as vendas de fim
de ano tão próximas”, afirmou Fabio Bentes, economista da CNC.
Assim, 2014 caminha para ser
o ano de menor nível de confiança
desde 2003. “A confiança é contaminada pela variável relativa às
vendas, que também deve se consolidar como a menor taxa de crescimento desde 2003. Faz todo sentido a confiança estar lá embaixo,
já que as vendas não deslancham”, disse Bentes.
Desaquecimento do mercado
de trabalho, crédito escasso e juros elevados são apontados como
os fatores que mais influenciaram
na queda. “Apenas a melhora dessas variáveis apontariam para a recuperação das vendas e, assim, da
confiança do empresário. Elas
não melhoraram e o aumento surpresa da Selic sinaliza um ciclo
mais duradouro de elevação da taxa básica de juro e isso terá reflexo
no balcão”, disse Bentes.
Quarta-feira, 5 de novembro, 2014 Brasil Econômico 5
Divulgação
ÔNIBUS URBANOS
Motoristas e cobradores param em SP
Motoristas e cobradores de ônibus da capital paulista param suas
atividades das 10h às 14h de hoje para protestar contra os ataques a
coletivos e a falta de segurança. De 1º de janeiro a 3 de novembro, as
empresas de ônibus tiveram 98 ataques a coletivos, além de 21 a
cooperativas que atuam na periferia. A SPTrans, que administra o
transporte por ônibus, não se manifestou sobre o protesto. ABr
Vanderlei Almeida/AFP
Desafio do Rio para
2016 será manter a
cidade funcionando
Opinião é do presidente
da União Internacional do
Transporte Público
(UITP), Peter Hendy
Vista noturna do Rio: clientes residenciais da Light terão aumento de 17,75% na conta de luz
Clientes da Light
terão aumento
médio de 19,23%
Reajuste aprovado pela Aneel considera o aumento de gastos
com a compra de energia diante da estiagem prolongada
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) autorizou ontem reajuste na conta de luz de 3,7 milhões de clientes atendidos pela
distribuidora Light em 31 municípios localizados no Estado do Rio
de Janeiro. A nova tarifa começará a ser cobrada no dia 7 de novembro. Para os consumidores residenciais, o aumento chegará a
17,75%. Na média, o reajuste da tarifa cobrada pela empresa será
19,23%. De acordo com a Aneel,
colaboraram para o reajuste fatores como custo de compra e transporte de energia, além de pagamento de encargos setoriais.
Um dos principais motivos do
aumento, segundo a superintendente de Regulação da Light, Ângela Magalhães Gomes, foi o uso
expressivo de energia termelétrica, que têm custo de produção
mais alto do que a hidrelétrica.
“Para os consumidores, o aumento está carregando os custos de
compra de energia e relacionado à
compra das termelétricas”, explicou. A tarifa anterior da Light considerava um preço de R$ 122 por
megawatt-hora (MWh), mas este
ano, o mercado de curto prazo passou a maior parte do tempo com
preço em torno dos R$ 800 por
MWh. Para os consumidores de
baixa tensão, o efeito médio será
de 19,11%. Nos de alta tensão, alcançará 19,46%.
A alta do custo da energia, provocado pela estiagem prolongada,
foi responsável por percentuais altos de reajuste na maior parte do
país. Em São Paulo, por exemplo,
a Eletropaulo teve reajuste de
18,06% na tarifa residencial. Em
Minas Gerais, o aumento para residências atendidas pela Cemig foi
de 14,24%.
A Aneel aprovou
também a adaptação
de equipamentos
públicos de ginástica
na capital fluminense
para para gerar
energia elétrica com
o aproveitamento
da força motriz
Agência autoriza geração
em academias públicas
A Aneel deu ontem o primeiro
passo para transformar academias de ginástica em micro ou
minigeradoras de energia elétrica. Isso será possível a partir da adaptação de equipamentos para aproveitar a força
motriz humana aplicada durante os exercícios. Por enquanto, a autorização da
Aneel vale apenas para academias públicas, disponibilizadas em praças e parques pela
Prefeitura do Rio de Janeiro.
Elas fazem parte de um projeto piloto, em parceria com a
empresa Adabliu Eventos e a
concessionária Light. “Toda
energia gerada será computada e compensada nas instalações da Prefeitura”, informou
o relator do processo na Aneel,
Reive Barros dos Santos. Em
abril de 2015, o projeto será
avaliado, podendo, então, ser
ampliado para outros empreendimentos. “Temos exemplos
de experiência internacional
com valores significativos (de
energia gerada)”, afirmou o diretor da Aneel. ABr
Claudio de Souza
[email protected]
Em visita ao Rio de Janeiro, o presidente da União Internacional do
Transporte Público (UITP), Peter
Hendy, que também é comissário
da Transport For London (autoridade londrina de transportes),
avalia que o maior desafio da sede
dos Jogos Olímpicos de 2016 será
manter a cidade funcionando para a população durante o evento.
Segundo ele, Londres investiu 7 bilhões de libras (R$ 28 bilhões) em
mobilidade urbana e, mesmo assim, teve de pedir aos moradores
que mudassem os horários de trabalho e que evitassem deslocamentos em certas áreas, para que
os transportes públicos pudessem
atender bem à demanda.
O presidente da UITP ressaltou
que, pela geografia da cidade, com
montanhas e avenidas mais largas
do que Londres, a opção carioca pelos corredores BRT foram uma excelente resposta aos desafios da
mobilidade urbana. “Por suas características geográficas, o Rio
sempre terá um grande sistema de
ônibus e os BRTs são um modo fantástico de operar esses veículos”,
afirmou Hendy.
A construção de três corredores
BRT está no caderno de encargos
dos Jogos (documento que contém
os compromissos do poder público
com o Comitê Olímpico Internacional). Dois deles, o Transoeste e o
Transcarioca, já estão em operação
e transportam 400 mil passageiros
por dia. O terceiro, o Transolímpica, está em construção e deve ser
inauguradonoanoque vem.Há ainda um outro corredor BRT, o Transbrasil, cuja construção deve come-
çar neste mês, mas não deve ficar
pronto a tempo dos Jogos. Além
desses quatro, há ainda projetos de
instalação de mais 10 BRTs na Região Metropolitana do Rio até 2018.
O presidente da UITP lembrou
ainda que, apesar da rede de metrô de Londres estar entre as maiores do mundo, os ônibus ainda são
o meio de transporte que mais leva passageiros na capital inglesa.
Segundo ele, os ônibus transportam 6,2 milhões de passageiros
por dia e o metrô, 4,2 milhões.
Hendy está no Rio para participar
do 16º Etransport, congresso brasileiro sobre mobilidade urbana que
será realizado de hoje à sexta-feira, no Riocentro, e que também
abriga a 8ª Conferência Internacional sobre Ônibus da UITP.
O secretário-geral da UITP ,
Alain Flausch, lembrou também
que a entidade está lançando a
campanha global “Transporte Público x 2”. A meta é dobrar a participação do transporte público nos
deslocamentos diários das metrópoles mundiais até 2025. “As cidades que continuarem com a tendência do uso do carro como transporte vão morrer. Se antes, havia
o slogan ‘meu carro, minha liberdade’, agora é ‘meu carro, minha
prisão’, porque ninguém se move
mais nos engarrafamentos.”
EM LONDRES
6 milhões
Número aproximado de
passageiros que os ônibus
de Londres transportam
diariamente.
4 milhões
Quantidade estimada de
pessoas que utilizam o
metrô londrino
diariamente. O metrô
local tem uma das maiores
redes do mundo.
6 Brasil Econômico Quarta-feira, 5 de novembro, 2014
▲
BRASIL
TCU adverte governo
para riscos do uso da
contabilidade criativa
Elza Fiúza/ABr
Mantega foi alertado,
em maio, que as contas
de 2014 poderão ser
recusadas ano que vem
O Tribunal de Contas da União
(TCU) advertiu o Ministério da Fazenda sobre o risco de a chamada
contabilidade criativa tornar-se
um obstáculo à aprovação das contas federais em 2015. A advertência, segundo o presidente do tribunal, Augusto Nardes, foi feita ao
próprio ministro da Fazenda, Guido Mantega, numa reunião em
maio, pouco antes do julgamento
do parecer do órgão sobre as contas federais de 2013.
“O ministro esteve no tribunal. Nós salientamos que era um
dado grave, que poderia ocasionar um problema maior, até mesmo a eventual rejeição das contas
no próximo ano”, disse Nardes, referindo-se ao risco de o TCU recomendar ao Congresso Nacional
que não aprove as contas relativas
a 2014, caso sejam identificadas,
como ocorreu neste ano, práticas
“atípicas” na contabilidade federal. “Sabemos onde estão os problemas”, acrescentou Nardes.
No dia 28 de maio, o TCU aprovou, com 26 ressalvas, o parecer
prévio sobre as contas do governo
Dilma Rousseff de 2013. Em seu parecer, Carreiro apontou que, “ao
longo dos últimos anos, mudanças
metodológicas e transações atípicas vêm contribuindo para reduzir
a transparência e dificultar o entendimento sobre que superávit primário o governo federal de fato tem alcançado”. Das ressalvas, oito eram
relacionadas ao relatório de execução do orçamento e 18 relativas ao
Balanço Geral da União. A Corte
identificou problemas como “a ausência de evidenciação contábil”
dos passivos atuariais referentes ao
regime de previdência dos servidores e de provisões e passivos contin-
Autorização
para Rnest deve
sair este mês
Petrobras disse que a licença de operação de órgão ambiental
de Pernambuco, emitida dia 30, antecede a liberação pela ANP
Ministro Nardes: “Sabemos
onde estão os problemas”
gentes decorrentesde demandas judiciais contra a União, além de divergências na contabilidade da dívida pública e de falhas de divulgação de subavaliação das participações societárias.
O TCU apontou, ainda, o uso
dos restos a pagar como manobra
para alcançar o superávit primário. Segundo o órgão, R$ 72,6 bilhões, equivalente a todo o superávit do ano, poderiam ter sido pagos em 2013 e foram postergados
para ajudar no superávit. No mesmo relatório, Carreiro informou
ter proposto “alerta” ao Executivo, sobre “a possibilidade de o
TCU emitir opinião adversa sobre
o Balanço Geral da União, caso as
recomendações expedidas não sejam implementadas”. E acrescenta que a Fazenda comprometeuse a fazer as correções.
Para Nardes, a falta de transparência é também um problema de
gestão e governança. No próximo
dia 17, em evento que incluirá governadores eleitos e representantes do governo federal, o tribunal
apresentará um diagnóstico da
atuação do setor público em cinco
áreas-chave: saúde, educação, segurança pública, previdência e infraestrutura.
GENUS CAPITAL GROUP GESTÃO DE RECURSOS LTDA.
CNPJ nº 10.172.364/0001-02
ASSEMBLÉIA GERAL EXTRAORDINÁRIA
EDITAL DE CONVOCAÇÃO
Ficam os Senhores Quotistas da GENUS CAPITAL GROUP GESTÃO DE
RECURSOS LTDA. convocados para a AGE, a se realizar no dia 18 de
Novembro de 2014, às 10:00, na sede social desta empresa, na Avenida
e deliberarem sobre a exclusão, por justa causa, da sócia Viviane Gonzales
Pierre André Santana, portadora do RG nº 20.164.992-8, expedido pelo
DIC/RJ, inscrita no CPF/MF sob o nº 123.314.697-17, do quadro social da
Sociedade, nos termos da Cláusula 10.2 do Contrato Social e do artigo 1.085
da Lei 10.406/02; podendo o Sócio ser representado na AGE por outro sócio,
! " " !
#$ autorizados, devendo o mandato ser depositado na sede da Sociedade com
% & ' (#$ )* + <
novembro de 2014. ALEXANDRE KLABIN - Sócio Administrador.
A Refinaria do Nordeste
(Rnest), em Pernambuco, da
Petrobras, deve ter a autorização da Agência Nacional do
Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) ainda na
primeira quinzena de novembro para iniciar a operação,
informou a petroleira nesta
terça-feira.
A Licença de Operação, emitida no dia 30 de outubro pelo
órgão ambiental de Pernambuco (CPRH), precede a autorização da ANP, afirmou a Petrobras em nota.
Assim que receber o aval
da ANP, a petroleira explicou
que iniciará a fase de operação
da Rnest, composta pelas etapas de gaseificação das unida-
ANP informou,
em nota,
que está analisando
os documentos
enviados pela
Petrobras e que,
só após análise,
a diretoria discutirá
a autorização
des, processamento de petróleo,
sistema de armazenamento de
combustíveis e, por fim, o envio
para o mercado.
A Petrobras informou anteriormente que a produção da refinaria
— envolvida em suspeitas de superfaturamento, com um custo estimado de quase US$ 20 bilhões —
deve ser inaugurada neste mês.
Entretanto, provavelmente a
refinaria não venderá combustíveis antes do início do próximo
ano, segundo afirmou uma fonte
do mercado, já que até segundafeira as distribuidoras de combustíveis ainda não haviam sido notificadas oficialmente sobre a produção de volumes pela Rnest.
As distribuidoras têm até o terceiro dia útil de cada mês para fazer pedidos de combustíveis para
o mês seguinte, explicou a fonte.
A Agência Nacional de Petróleo informou em nota, após ser
procurada, que está analisando
os documentos apresentados pela Petrobras, como parte do processo de autorização. “Quando
essa etapa for concluída, passará
pela reunião de diretoria”, disse
a autarquia.
Nova unidade deve trazer
alívio às contas da estatal
A licença expedida pelo órgão ambiental de Pernambuco permite
que a unidade processe 45 mil barris/dia, ou 39% da capacidade do
primeiro trem de refino, de 115
mil barris de petróleo/dia, segun-
A licença expedida pelo
órgão ambiental de
Pernambuco permite
que a unidade processe
45 mil barris/dia,
ou 39% da capacidade
do primeiro trem de
refino, de 115 mil barris
de petróleo/dia
do documento obtido pela Reuters. De acordo com a Petroleira, a
Rnest encontra-se no fim de sua
fase de pré-operação e alguns sistemas, máquinas e equipamentos
já estão em funcionamento.
Uma segunda unidade de refino, que completará a capacidade
total da refinaria de 230 mil barris/
dia, deverá entrar em operação
apenas no próximo ano.
A entrada em operação desta
unidade deve trazer alívio para a
Petrobras, que tem sofrido grandes prejuízos ao importar combustíveis do exterior. Com os preços de gasolina e diesel administrados, há anos a estatal tem sido
obrigada a vender esses combustíveis no país por preços mais baratos do que são comprados do
exterior. Reuters
Produção de petróleo cresce 12,6% no país
A produção de petróleo no
país em setembro deste ano
cresceu 12,6% na comparação
com o mesmo período do ano
passado. De acordo com
dados divulgados ontem pela
Agência Nacional do Petróleo
(ANP), foram produzidos 2,36
milhões de barris de óleo por
dia em setembro, volume 1,4%
superior a agosto deste ano.
A média diária da produção da
camada pré-sal ficou em 533,3
mil barris de petróleo. O óleo foi
produzido a partir de 35 poços
nos campos de Lula, Jubarte,
Sapinhoá, Baleia Azul, Baleia
Franca e Barracuda, entre outros.
Já a produção média diária de
gás natural no país chegou a
88,9 milhões de metros cúbicos,
dos quais 18,3 milhões vieram da
camada pré-sal. Houve um
aumento de 13,8% em relação a
setembro de 2013 e uma queda
de 2,2% na comparação com
agosto.
O aproveitamento do gás
extraído ficou em 95,6%, o que
significa que 4 milhões de metros
cúbicos foram queimados e
lançados na atmosfera sem
transformar-se em energia. ABr
Quarta-feira, 5 de novembro, 2014 Brasil Econômico 7
Roosevelt Cassio/Reuters
SISTEMA CANTAREIRA
Chuva forte mantém o nível de água
O nível dos reservatórios do Sistema Cantareira se manteve ontem
em 11,9%, mesmo percentual da véspera, segundo a Sabesp.
A manutenção se deve à chuva forte que atingiu a cabeceira do
sistema, chegando a 15,7 milímetros. Segundo o meteorologista do
Centro de Gerenciamento de Emergências, Thomaz Garcia, este mês
deve seguir a média histórica de precipitações, de 128 milímetros. ABr
Governo dá sinal verde para
o reajuste dos combustíveis
Após sete horas de reunião do Conselho de Administração da estatal, Graça Foster, disse apenas que o aumento
da gasolina e do diesel “não se anuncia, pratica-se”. Risco de estourar o teto da meta da inflação persiste
Fernando Souza
Nicola Pamplona
[email protected]
Sonia Filgueiras
[email protected]
A expectativa pelo anúncio de reajustes nos preços dos combustíveis era grande, mas a Petrobras
manteve o suspense ao final da
reunião de seu Conselho de Administração, que durou cerca de sete
horas. Segundo fontes, a direção
da empresa foi autorizada pelo governo a aumentar os preços da gasolina e do diesel, mas não foi definida uma data para o anúncio da
medida. Na saída da reunião, a presidente da empresa, Graça Foster,
afirmou apenas que “aumento de
combustíveis não se anuncia, pratica-se”. Analistas apontam para
o risco de estouro da meta de inflação, cujo teto máximo é de 6,5%,
caso o aumento seja colocado em
prática nos próximos dias.
Até o fechamento desta edição, não havia confirmação de aumentos ou do teor das discussões
na reunião do conselho, que aconteceu em Brasília. No início da noite, a empresa divulgou esclarecimento à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) dizendo que ainda não havia decisão sobre o tema. O texto, porém, respondia
questionamentos sobre uma reportagem publicada no fim-desemana e não se referia à reunião
terminada momentos antes. A expectativa é que o martelo seja batido em reunião de diretoria da empresa, em uma tentativa de mostrar autonomia com relação ao
acionista controlador.
O estatuto da Petrobras dá à diretoria a prerrogativa de decidir
aumentos nos preços, mas o assunto sempre foi decidido em reuniões do Conselho de Administração. No final do ano passado, Graça Foster anunciou uma nova política de preços, que respeitaria
parâmetros internacionais do
mercado de petróleo, mas o modelo não chegou a ser aplicado. O
último reajuste ocorreu em novembro de 2013, quando o preço
da gasolina subiu 4% e o diesel
aumentou 8%.
Este ano, os preços do petróleo
entraram em trajetória de queda
no mercado internacional, diante
do excedente de oferta mundial.
O petróleo Brent atingiu ontem,
em Londres, a menor cotação des-
No final do ano passado, Graça Foster anunciou uma nova política de preços, que respeitaria parâmetros internacionais do
mercado de petróleo, mas o modelo não chegou a ser aplicado. O último reajuste ocorreu em novembro de 2013
Banco Fibra calcula
em 0,14 ponto
percentual o peso
de um reajuste dos
combustíveis que
fique entre 4% e 5%,
distribuído
em parcelas em
novembro e dezembro
de outubro de 2010: US$ 82,82 por
barril. Em Nova York, o barril do
WTI fechou o pregão a US$ 78,78,
o menor valor desde outubro de
2011. Com a queda, a empresa reduz as perdas com a importação
de combustíveis para venda a preços mais baixos no mercado interno, que vêm provocando sucessivos rombos no resultado de sua
área de refino.
Mesmo assim, Graça demanda
reajustes para recuperar as perdas
dos últimos meses e melhorar sua
situação financeira — hoje debilitada pelo alto nível de endividamento — e garantir os recursos necessários para o investimento no
pré-sal. O governo prefere dar reajustes no final do ano, como ocorreu em 2013, para reduzir o impacto inflacionário no ano vigente.
Impacto na inflação é grande,
dizem economistas
Cristiano Oliveira, economista
do Banco Fibra, calcula em 0,14
ponto percentual o peso de um
reajuste nos combustíveis entre
4% e 5% distribuído em parcelas
em novembro e dezembro. Ele já
incorporou a correção em sua
previsão de inflação para 2014,
que está acima da meta: 6,53%.
“O calculo incorpora apenas a
correção da gasolina na bomba.
Ao longo de janeiro e fevereiro,
ocorreriam outros impactos indiretos”, explica ele.
É exatamente por causa do risco de estourar a meta que André
Perfeito, economista-chefe da
corretora Gradual, não está trabalhando com um aumento de combustíveis neste ano. Sua projeção
de IPCA para este ano é de 6,3%.
Segundo ele, caso a correção na
bomba alcance 4% a 5%, o peso
no IPCA passa a ser maior, da ordem de 0,2 pontos. O economistachefe da Opus e professor da PUCRJ, José Márcio Camargo, faz uma
projeção mais elevada para o peso de um aumento de 5% diretamente no bolso do consumidor:
0,5 ponto percentual. O cálculo
inclui o reajuste do combustível e
seus efeitos imediatos sobre custos para bens que o utilizam. Camargo prevê um IPCA de 6,4%
sem reajuste. “Nosso calculo é otimista”, diz ele. com Reuters
Este ano, preços
do petróleo caíram
no mercado
internacional.
O petróleo Brent
atingiu ontem, em
Londres, a menor
cotação desde 2010:
US$ 82,82 por barril
8 Brasil Econômico Quarta-feira, 5 de novembro, 2014
▲
EMPRESAS
Editora: Flavia Galembeck
Roland Magunia/AFP
[email protected]
Rodrigo Carro
[email protected]
Segundo maior varejista online
do mundo no segmento B2C (business-to-consumer), o alemão
Otto Group desembarcou no
país sem alarde. No Brasil há
dois anos com a marca Bonprix,
com vendas exclusivamente via
internet, o grupo intensificou
sua exposição com inserções publicitárias na TV aberta, inclusive em horário nobre. Apesar do
cenário desfavorável, com grandes varejistas online ainda no
vermelho, a Bonprix aposta na
forte expansão do mercado e no
crescimento do poder de compra de clientes jovens para alavancar seus negócios no Brasil.
“O Brasil é um importante
mercado e o forte crescimento
do varejo e do e-commerce local também são cenários que
contribuíram para a decisão”,
conta Fábio Ferreira, recémchegado ao posto de diretor-gerente da Bonprix no Brasil, referindo-se à decisão da empresa
de iniciar sua operação no país.
O público-alvo são as brasileiras jovens, na faixa de 29 a 44
anos. Para atender às encomendas, a companhia montou um
centro de distribuição no município catarinense de Blumenau,
conhecido pela colonização alemã. No site brasileiro da Bonprix é possível adquirir moda feminina e de praia, lingerie e calçados, entre outros itens.
Entre 2008 e 2011,
o faturamento
da categoria moda
saltou da 15ª posição
para a primeira,
no ranking brasileiro
de e-commerce
Criada em 1986, a Bonprix
atua em 27 países, com um total de aproximadamente três
mil funcionários. No ano fiscal
terminado em 28 de fevereiro
deste ano, a empresa alcançou
vendas de ¤ 1,288 bilhão, um incremento de 5,4% em relação
ao período anterior. Já o Grupo
Otto é um gigante que reúne
cerca de 60 lojas online e mais
400 estabelecimentos físicos
espalhados pelo mundo. No
ano fiscal de 2012/2013, faturou ¤ 11,8 bilhões.
A aposta da Bonprix na ampliação do poder de compra das
consumidoras jovens no país,
principalmente a partir da ascensão da nova classe média, é vista
com bons olhos pelo consultor
especializado na área de varejo
Marcelo Cherto. “A ascensão da
Classe C é um fenômeno que ainda não se esgotou. E a situação lá
fora (Europa e Estados Unidos)
não está nenhuma maravilha.
Por isso, muitos varejistas estão
Michael Otto, chairman do Conselho de Administração do Grupo Otto, fundado em 1949, é um dos homens mais ricos da Alemanha
Varejista alemã de
sotaque catarinense
Parte de um dos maiores grupos mundiais de e-commerce, Bonprix investe em
publicidade para tornar sua marca conhecida no país, onde aportou há dois anos
Klaus Tuma
Além de 60 lojas online, grupo tem ainda 400 unidades físicas
olhando para o Brasil”, argumenta o presidente do Grupo Cherto.
“Nos últimos dez, 12 anos surgiu
um Canadá de consumidores no
país”. Como exemplo de que a
compra de roupas pela web se
tornou relativamente comum no
Brasil, Cherto cita o caso de uma
amiga que adquiriu seu vestido
de casamento num site chinês,
por cerca de US$ 700. “O vestido chegou faltando menos de
uma semana para o casamento,
mas foi uma pechincha. No Bra-
sil, minha amiga tinha visto modelos semelhantes com preço entre R$ 6 mil e R$ 7 mil”, conta.
Apesar do potencial de mercado, o consultor frisa que o varejo
online ainda atravessa um período bastante complicado no Brasil, com grandes players registrando sucessivos prejuízos. Mesmo assim, as perspectivas são extremamente positivas no segmento de moda, conforme atestam dados da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm). Entre 2008 e 2011, o faturamento da categoria moda saltou da 15ª posição para a primeira, no ranking brasileiro de
e-commerce. E vem se mantendo nesta colocação desde então.
“Nas compras cross-border (em
sites estrangeiros) dos consumidores brasileiros, a categoria de
moda também é líder”, diz Mauricio Salvador, presidente da ABComm. Entre os fatores que afe-
tam positivamente o varejo online de moda, ele lista a facilidade
no transporte e manuseio de roupas pelos operadores logísticos
de e-commerce. “A logística desse tipo de produto é razoavelmente mais simples”, sustenta o
executivo. Salvador destaca,
também, a influência das redes
sociais, canais utilizados pelos
consumidores para compartilhar suas preferências em termos de roupas e acessórios.
Para 2014, o faturamento previsto pela ABComm para o segmento varejista online de moda
é de R$ 3,02 bilhões, levando em
consideração apenas as lojas virtuais nacionais. Embora reconheça as dificuldades oferecidas pelo mercado brasileiro de varejo
online, Salvador afirma que o
percentual de negócios lucrativos de e-commerce é muito
mais elevado entre as pequenas
e médias empresas.
Quarta-feira, 5 de novembro, 2014 Brasil Econômico 9
Paulo Fridman/Bloomberg
E-COMMERCE
Lucro do Alibaba cresce 15,5% no 3˚ tri
O Alibaba Group teve alta de 15,5% no lucro líquido entre julho
e setembro, para US$ 1,11 bilhão, ficando dentro das estimativas
do mercado. O balanço foi o primeiro divulgado desde o IPO recorde
de US$ 25 bilhões. A receita para o trimestre subiu 53,7%, a US$ 2,75
bilhões, com destaque para os serviços em dispositivos móveis, que
foram dez vezes maiores do que no mesmo período de 2013. Reuters
Gol se volta para o interior do país
Com meta de inserir três novos destinos regionais por ano, aérea, que já oferece voos para 27 localidades mais distantes, pode
ampliar iniciativa, a partir dos desdobramentos do Plano de Aviação Regional do governo. Mudanças na frota não estão no radar
Erica Ribeiro
[email protected]
O presidente da companhia aérea
Gol, Paulo Kakinoff, disse ontem
que está nos planos da aérea inserir
de dois a três destinos regionais por
ano em sua malha aérea, de olho
no mercado que irá se abrir com o
desenrolar do Plano de Aviação Regional, desenvolvido pelo governo
federal e que prevê a reforma ou
construção de 240 aeroportos em
todo o país. Os destinos que são do
interesse da Gol, no entanto, não foram revelados por Kakinoff, que se
justificou informando que a companhia está em período de silêncio,
por conta da divulgação dos resultados do terceiro trimestre, que serão apresentados no dia 11/11.
“Nosso interesse é em ampliar
em dois a três destinos por ano.
Mas tudo depende do andamento
do Plano de Aviação Regional.”
Oexecutivocomentouque a empresa já vem inserindo maisvoos regionais à sua malha e que, este ano,
Altamira (PA), Bonito (MT), Caldas
Novas (MG) e Carajás (PA) passaram a ter voos pela aérea. Ele destacou, ainda, que a companhia já tem
metade de seus destinos domésticos para o mercado regional. A Gol
voa hoje para 69 cidades ao todo,
sendo 15 destinos internacionais.
Sem poder comentar sobre projeções para o futuro do mercado aéreo em função do período de silêncio, ele destacou que 14 milhões
de pessoas voaram pela primeira
vez de avião usando a Gol como
empresa aérea e que a padronização da frota traz ganhos operacionais, de custos e de eficiência,
além de pontualidade. De acordo
A Gol voa hoje para
69 cidades ao todo,
sendo 15 destinos
internacionais. O
índice de pontualidade
no primeiro semestre
foi de 93,3%, enquanto
a média do mercado
foi de 92,2%
com a Gol, o índice de pontualidade de janeiro a julho de 2014 foi de
93,3%, enquanto a média do mercado foi de 92,2%. E que os planos
da companhia é manter a frota padronizada. Mas no final de setembro a companhia afirmou que poderia estudar a compra de aviões
da nova família Embraer, em caso
de rotas que justificassem aeronaves de 130 a 140 assentos.
Fluxo global de passagens
aéreas cresce 5,3%
O fluxo global de passageiros do
transporte aéreo teve crescimento
de 5,3% em setembro, em relação
ao mesmo mês do ano passado,
considerando-se voos domésticos
e internacionais. A informação é
da Associação Internacional do
Transporte Aéreo (IATA, na sigla
em inglês). A oferta de assentos te-
ve alta de 5,1% na mesma base de
comparação. A taxa média de ocupação dos aviões ficou em 80,3%.
De janeiro a setembro, o mercado global de viagens aéreas acumula crescimento de 5,9%, na comparação anual, com alta de 5,7% na
oferta de assentos e aproveitamento médio das aeronaves de 80,3%.
Por regiões, a América Latina
apresentou crescimento de 4,3%
na demanda por voos domésticos e
internacionais em setembro, ante
igual período do ano passado. A
oferta de assentos registrou aumento de 4,1% e o aproveitamento médio das aeronaves foi de 79%.
“O fortalecimento das economias dos Estados Unidos e da Ásia
foi compensada pela fraqueza na
Europa e na América Latina”, afirmou o diretor-geral e CEO da IATA, Tony Tyler, em comunicado.
10 Brasil Econômico Quarta-feira, 5 de novembro, 2014
▲
EMPRESAS
Piervi Fonseca
“
Só trabalhávamos com
produtos importados de
grano duro. Mas
estávamos fora de 96%
do mercado brasileiro,
que é de massas com
ovos. Hoje temos as duas
linhas em paralelo. E
queremos ser líderes”
Maurizio Scarpa
Diretor-geral da Barilla para o
Brasil e América Latina
Italiana acelera sua
expansão no país
Após lançar produtos adaptados ao paladar brasileiro, Barilla aposta em food truck, espaço
para experimentação e campanhas na TV e internet para aumentar conhecimento da marca
Gabriela Murno
[email protected]
De carona na nova onda do mercado de refeições fora de casa em São
Paulo, os food trucks, a Barilla está
levando seu próprio caminhão às
grandes redes de supermercados
para que os consumidores experimentem seus produtos, de forma a
aumentar o conhecimento da marca no país. Depois da estagnação
do mercado na Europa — a empresa cresceu apenas 1% no ano passado na Itália, seu país de origem —,
o Brasil, considerado o terceiro
maior mercado mundial de massas, perdendo apenas para a própria Itália e Estados Unidos, é uma
das principais apostas da empresa.
A companhia italiana dobrou
de tamanho em 2013 no país, impulsionada principalmente pelo
lançamento de uma nova linha de
massa com ovos. Foi a primeira
vez que a Barilla adaptou seus produtos a um mercado em seus 137
anos de existência. Em cerca de
um ano e meio, a empresa amealhou 3,7% de participação nessa
categoria, diz o diretor-geral da
Barilla para o Brasil e América Latina, Maurizio Scarpa. A marca líder, diz ele, tem por volta de 12%.
“Só trabalhávamos com produtos importados grano duro. Mas
estávamos fora de 96% do mercado brasileiro, que é de massas
com ovos. Hoje temos as duas linhas em paralelo. Saímos de um
mercado pequeno e entramos em
um muito maior. E queremos ser
líderes de mercado em massa
com ovos”, ressalta Scarpa, acrescentando que nos estados considerados chave, a penetração da
Barilla no segmento já é maior:
“Já temos de 5% a 7% no Rio e em
São Paulo, e 17% em Brasília”.
A Barilla tem hoje 11 itens da linha tipicamente brasileira, sendo
o último lançamento a lasanha. A
adaptação ao mercado nacional fez
com que o Brasil se tornasse referência para a entrada da marca em
outros países. Já a linha grano duro, presente há mais tempo no Brasil, conta hoje com mais de 30 produtos, que dão a ela 30% de market share na categoria. A empresa
possui ainda oito tipos de molhos.
Para crescer no país, a empresa
NÚMEROS
R$ 4,023 bi
Valor movimentado pela indústria
de massas no Brasil no primeiro
semestre de 2014, segundo a
Associação Brasileira das
Indústrias de Massas Alimentícias,
Pão & Bolo Industrializado, em
parceria com a Nielsen.
30%
Participação de mercado da
Barilla no segmento de grano duro.
Em massa com ovos, segmento
que entrou no ano passado, a
marca detém 3,7%.
73 mil
Pontos de venda onde são
encontrados produtos da Barilla, a
partir de 49 distribuidores.
investiu em produção local, por
meio de parceiros. Por enquanto,
só a linha com ovos é fabricada
por aqui, o restante continua a ser
importado da Itália. Outra mudança foi o aumento da distribuição.
Em 2012 eram apenas seis distribuidores, que garantiam a chegada a cerca de 3,6 mil pontos de
venda. Hoje, são 49 e os produtos
estão em 73 mil lojas. “Quando trabalhávamos só com os importados, nosso foco eram as grandes redes de supermercado. Agora focamos na distribuição numérica para todo o tipo de varejo. Só não estamos no atacado”, diz Scarpa.
Segundo o executivo, a marca
não descarta aquisições ou formação de joint ventures com empresas locais — a exemplo do que já foi
feito no México. “Não temos uma
busca ativa, mas estamos atentos
às oportunidades de mercado”,
pondera ele, que também pensa,
no longo prazo, em ter fábricas próprias, dependendo do ritmo de
crescimento local, e ainda trazer
outros produtos da Barilla — maior
empresa alimentícia da Itália, com
sede em Parma —, como biscoitos.
“Os molhos são importados da
Itália. Nossos produtos têm qualidade superior e não usam conservantes químicos e nem ingredientes geneticamente modificados, o
que dificulta a importação, muito
por conta da data de validade. A taxa de importação é alta, o que impacta no custo e, consequentemente, no giro”, declara Scarpa.
Além do food truck, a Barilla
tem ainda apostado em outras
ações para aumentar o conhecimento da marca no Brasil. Entre
os investimentos está o Espaço Esperienza Barilla para promover experiências de marca e cursos de
gastronomia italiana na capital
paulista. “São Paulo é um local
em que a marca é muito reconhecida. A tarefa difícil é aumentar a
distribuição e o conhecimento fora dali”, diz a gerente de marketing da Barilla para Brasil e América Latina, Fabiana Araújo.
A televisão, devido à sua cobertura e ao impacto mais rápido, ainda é uma das principais armas para dar continuidade à expansão.
Mas recebe o reforço do digital.
“Lançamos uma página no Facebook e fizemos um trabalho estruturado para trazer sempre conteúdos e relevância para o consumidor. Inicialmente, o food truck está restrito a São Paulo. Mas se tudo
der certo, a tendência é que chegue
a outros locais”, ressalta Fabiana.
Segundo dados da Associação
Brasileira das Indústrias de Massas
Alimentícias, Pão & Bolo Industrializado em parceria com a Nielsen,
o volume de massas vendidas no
primeiro semestre deste ano cresceu 6,25% ante o mesmo período
de 2013, atingindo 643 mil toneladas, e a indústria movimentou R$
4,023 bilhões, alta de 18,14%.
Quarta-feira, 5 de novembro, 2014 Brasil Econômico 11
Graham Crouch/Bloomberg
FIDELIDADE
TudoAzul no aluguel de motocicletas
A Azul Linhas Aéreas fechou parceria com a EagleRider Brasil,
especializada em locação de motos exclusivas e roteiros turísticos
sobre duas rodas. Todos os clientes cadastrados no programa
TudoAzul poderão acumular um ponto para cada R$ 1 gasto
na locação de motos e passeios guiados. O objetivo é aumentar
a oferta de produtos voltados para o mercado de luxo. Redação
Para Moody's, venda de ativos
acrescenta incertezas à Oi
Segundo a agência de classificação de risco, a medida seria positiva se os recursos fossem usados
para reduzir a dívida da operadora, mas ela acredita que eles serão usados para aquisições no país
André Mourão
A venda de ativos da PT Portugal
ao grupo francês Altice — que no
último domingo apresentou proposta no valor de ¤ 7,025 bilhões à
Oi — seria positiva para a operadora brasileira caso os recursos fossem usados para reduzir o endividamento da companhia, mas ampliaria as incertezas com relação à
estratégia da empresa. Essa é a avaliação da agência de classificação
de risco Moody’s, que anteontem
divulgou relatório sobre o tema assinado pelos analistas Marcos Schmidt, Mark Stodden e Marianna
Waltz. Caso se confirme, a operação não teria impacto imediato sobre o rating da companhia (Ba1,
com perspectiva de crédito negativa), ressaltaram os analistas.
Com uma dívida líquida consolidada que somava R$ 46,2 bilhões
no fim de junho, a Oi aumentaria
sua flexibilidade financeira com a
venda da PT Portugal, subsidiária
que detém ativos operacionais antes pertencentes à Portugal Telecom, destacou a Moody’s. Apesar
dos potenciais desdobramentos
positivos, os analistas frisaram
que “a venda de ativos da PT, cerca de um ano após o anúncio da fusão e pouco antes da sua conclusão, acrescentaria incertezas em
relação à estratégia futura da Oi.”
Fora o aspecto da desalavancagem financeira, a transação com a
Altice tornaria mais viável finan-
A venda de ativos da PT, cerca de um ano após o anúncio da fusão e pouco antes da sua conclusão,
acrescentaria incertezas em relação à estratégia futura da Oi, afirma a agência norte-americana
Segundo informações
do jornal português
“Diário Económico”,
além de Altice, o
fundo de investimento
Apax Partners e a Bain
Capital também
estariam na disputa
pela PT Portugal
ceiramente a possibilidade de a
Oi adquirir uma parte da TIM,
dentro de uma estratégia de “fatiamento” da operadora controlada pela Telecom Italia. Conforme
mencionado num relatório anterior da Moody’s, a decisão da Oi
de não participar do leilão da faixa de frequência de 700 megahertz (MHz) — considerada pelos
especialistas como essencial para a expansão do serviço 4G — é
neutra no curto prazo, mas negativa no longo. “Por esta razão,
acreditamos que a empresa provavelmente vai usar os recursos
(da venda de ativos) para partici-
par na consolidação do setor de
telecomunicações no Brasil”, disseram os analistas no relatório de
anteontem.
Segundo informações publicadas no site do jornal português
“Diário Económico”, a Altice
não está sozinha na disputa pela
PT Portugal. Representantes do
fundo de investimento Apax Partners também estariam ontem
em Portugal para participar de
reuniões relacionadas à compra
dos ativos.Outro interessado potencial na aquisição seria a Bain
Capital, empresa norte-americana de gestão de recursos.
Crescimento
mais lento não
muda preços de
Michael Kors
Segundo o CEO da grife,
empresa não entrará em
guerra de descontos por
ser uma marca de luxo
Michael Kors está preocupado
com o Natal, mas isso não vai fazer com que a grife reduza os preços para que todos possam encontrar uma bolsa python de franja
ou uma parka de pele sob a árvore de Natal.
A empresa registrou crescimento de vendas de 11% no trimestre
encerrado em setembro nas lojas
abertas há mais de um ano nos
EUA, uma queda em relação ao salto de 24% do período anterior.
“Houve definitivamente uma redução no tráfego de shoppings”,
disse o CEO da Kors, John Idol, ontem, em teleconferência.
A temporada de descontos começa a ser um rito anual no varejo. Com esse movimento a cada
ano, as vendas rastejam em outubro, enquanto as margens desaparecem. Kors se recusa a jogar esse
jogo. “Achamos que é a coisa certa
para nós fazermos como uma marca de luxo.Estamos competindo
globalmente com Vuitton, Prada,
Gucci”, disse Idol.
Kors, com certeza, tem alguns itens de luxo, mas também
vende itens mais acessíveis. E
parte do seu segredo é parecer
uma top marca de luxo sem nem
sempre cobrar tanto quanto
uma. Bloomberg Businessweek
12 Brasil Econômico Quarta-feira, 5 de novembro, 2014
▲
EMPRESAS
Bematech cresce
15% e registra
recorde de receita
Resultado do terceiro trimestre consolida três anos consecutivos
de crescimento da companhia de automação comercial e hoteleira
Murillo Constantino
Moacir Drska
[email protected]
São Paulo
Na contramão do viés de baixo crescimento da economia, a Bematech
continua a colher os frutos de seu
processo de reestruturação iniciado há pouco mais de três anos. A
companhia encerrou o terceiro trimestre com uma receita líquida de
R$ 110,8 milhões. Mais que o salto
de 15,1% na comparação com
igual período de 2013, o desempenho representa a maior receita trimestral da história da empresa. No
período, o lucro líquido cresceu
13,7%, para R$ 15,3 milhões.
“Estamos numa toada forte, de
três anos consecutivos de crescimento”, afirmou Cleber Morais,
presidente da Bematech, em entrevista ao Brasil Econômico. “E um
indicador importante dessa evolução é o crescimento da participação das receitas recorrentes na operação, o que é um símbolo da transformação dos nossos negócios no
decorrer desse período”, disse.
Com um crescimento de 31,7%
em relação ao terceiro trimestre de
2013 e uma participação atual de
29,4% na receita total da Bematech, as receitas recorrentes estão diretamente ligadas à remodelação
da companhia. De um portfólio antes restrito aos equipamentos e ao
foco em produtos, a empresa investiu na incorporação dos softwares
e serviços em sua oferta, bem como em uma estratégia de especialização nos setores de varejo, hotelaria e restaurantes. Nesse formato,
os contratos que abrangem soluções completas são baseados em
pagamentos mensais e cada vez
mais em tecnologias dentro do conceito de computação em nuvem.
Segundo Morais, esse escopo
NÚMEROS
R$ 319,8 mi
É a receita acumulada da
Bematech nos nove meses de
2014, o que representa um
crescimento de 21% sobre igual
período em 2013.
31,8%
É o crescimento do lucro líquido
acumulado pela companhia nos
nove meses de 2014 em
comparação à cifra do mesmo
intervalo no ano passado.
R$ 90 mi
Foi o saldo de caixa da Bematech
no encerramento do terceiro
trimestre. Há um ano, a companhia
encerrou igual período com
R$ 72,6 milhões em caixa
“
Hoje, temos uma forte
resiliência. Nosso
diferencial tem sido
a venda de uma solução
completa, o foco
em inovação e a
capilaridade de 5 mil
parceiros de venda
em todo o país”
Cleber Morais
Presidente da Bematech
mais diversificado é o principal fator por trás do crescimento sustentável nesse intervalo e a base da
companhia para enfrentar eventuais impactos de uma crise econômica. “Hoje, temos uma resiliência muito forte. Se, por exemplo,
os varejistas decidem adiar projetos, conseguimos compensar esse
efeito negativo sazonal com outros
segmentos”, afirmou. Ao mesmo
tempo, a Bematech já tem uma base bem distribuída entre clientes
de grande porte e pequenas e médias empresas, acrescentou.
Setor de maior destaque no trimestre — especialmente pelos projetos ligados à preparação para as
vendas de fim de ano —, o varejo é
o segmento que apresenta melhores perspectivas em curto e médio
prazos. Um dos elementos que fundamentam essa projeção é o crescimento dos projetos de grandes redes e de pequenos e médios varejos regionais. Como reforço a esse
cenário, ele citou a aquisição recente da UNUM, empresa especializada em sistemas no modelo de nuvem. “Além da questão tecnológica, o acordo está ampliando nossa
presença no varejo para setores como vestuário e óticas”, explicou.
Ainda no varejo e também no
segmento de restaurantes, o executivo destacou o crescimento do modelo de franquias no país, tanto
por redes locais como por marcas
multinacionais. Já no setor de hotelaria, o horizonte positivo mescla
elementos como a tendência de interiorização das redes e a proximidade da Olimpíada de 2016.
A estratégia da Bematech para
se beneficiar desse contexto inclui ainda duas pontas: o investimento em inovação — especialmente em tecnologias ligadas à
mobilidade — e as parcerias para
ganhar escala e acelerar o ganho
de participação em mercados ainda pouco explorados. Nessa última frente, a empresa acaba de
anunciar uma parceria com a Rede para a oferta de um pacote de
gestão completa — do estoque aos
meios de pagamento e à emissão
de nota fiscal eletrônica — via dispositivos móveis, voltado aos pequenos e médios varejistas.
Quarta-feira, 5 de novembro, 2014 Brasil Econômico 13
AUTOMANIA
MARCELLUS LEITÃO
[email protected]
Fotos Divulgação
Multas
pesadas
LEÃO ‘BOMBADO’
N
o balanço do Salão do Automóvel de São Paulo, que
termina domingo próximo, chama a atenção a curva
de retorno da Peugeot ao cenário automotivo. A
expectativa remete à época do hatch 206, que aqueceu a
marca no mundo e no Brasil. O lançamento do Peugeot
2008 é sintomático e celebra o resultado surpreendente
deste crossover compacto nos vários mercados. Sua fábrica
em Mulhouse (foto), nordeste da França, trabalha em três
turnos para atender à demanda e comemora a produção de
200 mil unidades do carrinho. Ano que vem ele estará
sendo vendido no Brasil, ‘made in’ Porto Real, no Rio, de
onde devem sair muitas unidades ávidas a disputar
mercado com os veteranos Duster e EcoSport, além dos
novatos Honda HR-V e Jeep Renegade. Por trás dos
resultados, uma bem sucedida aliança com os chineses da
Dongfeng, que absorvem tecnologias e entregam ao leão o
seu maior mercado consumidor.
Diretor de comunicação de Peugeot do Brasil, Marcus Brier
classifica como importantíssimo o lançamento do 2008
para o reposicionamento da marca no Brasil. Segundo o
executivo, a montadora “encontrou seu caminho em carros
cada vez mais equipados e mais sofisticados. O primeiro
degrau desta estratégia foi o 208 e o segundo será o 2008,
que chega no primeiro semestre de 2015”.
Brier lembra que o projeto 2008 foi desenvolvido por
equipes da França, Brasil e China e envolve o novo ‘face
family’ de sucesso mundial. Como diferenciais, em
momento de explosão do mercado de SUVs e congêneres,
Brier ressalta a característica que cativa no 2008: imagem
de SUV e posição elevada de dirigir, com disposição de
crossover e dirigibilidade e conforto de um bom hatch.
Soma-se a isto o nível de acabamento, equipamentos e
conectividade e temos um ótimo produto, que será
referência no segmento, acrescenta. Para Marcus Brier, o
2008 entrega características “bem parecidas com o que
temos no 208, ou seja, volante menor, teto panorâmico e
espaço de um monovolume”. Brier promete surpresas, mas
sabe-se que o modelo terá várias opções de motor e
câmbio, inclusive um automático de seis marchas. Para o
prazer ao dirigir o motor 1.6 THP Flex, Turbo High Pressure,
exibido no estande. O novo modelo não terá tração integral.
O discurso urbano é patente, “embora ele seja robusto e
possa encarar aventuras de fim de semana, pela grande
altura do solo” garante Brier.
PONTO-A-PONTO
■ Além do leão aí de cima, o Salão
do Anhembi foi marcado pelos
conceitos, que antecipam futuros
modelos, como o Duster Oroch,
uma bem resolvida picape, e o SUV
Kick, da Nissan. Ambos serão
carros reais nos próximos anos. A
nova ofensiva chinesa com o Chery
Celer e os SUVs da JAC também
chamou a atenção, quase tanto
quanto os protestos dos
ambientalistas do Greenpeace,
que questionam os índices de
emissões no Brasil em relação às
versões semelhantes vendidas na
Europa. O calor, desta vez, foi
atenuado por um exótico sistema
de ar -condicionado, que
funcionava bem em alguns lugares.
■ O balanço positivo do Salão vai
■ A Chrysler vendeu 22% a mais nos EUA em
outubro. A marca celebra o sucesso e a
retomada das marca coligadas Jeep e RAM. Na
Jeep, a subida foi de 52%, atribuída à
renovação de modelos como os Grand
Cherokee (foto) e Cherokee. Na Chrysler faz
sucesso o sedã médio 200, que vendeu mais
40% no
período.
O grupo vai
bem ainda
na Itália,
onde o
grupo FCA
subiu 5,6%
e a Jeep
136,8%.
ter reflexos nos próximos anos da
indústria, que apostou bastante e
usa a exposição como balão de
ensaio para prospectar novas
oportunidades. Entre elas o óbvio
e registrado desejo pelos SUVs,
um formato mundial de
automóvel. Mas, no total,
’circularam’ pelo pavilhão do
Anhembi também hatches, sedãs,
picapes, elétricos e híbridos, quase
500 modelos de 41 marcas e deste
total 150 lançamentos. Até o
fechamento da feira, dia 9,
domingo que vem, cerca de 750
mil visitantes terão passado por
lá e justificado o investimento
de R$ 26 milhões.
As autoridades norte-americanas
da Agência Nacional de Segurança
nas Estradas (NHTSA) jogam duro
com a segurança e as informações
relativas aos automóveis. Os
episódios envolvendo milhões de
carros made in USA respingam nos
importados e a Ferrari (na foto a
California) recebeu uma das
maiores multas da história, US$ 3,5
milhões por ocultar dados de falhas
em seus modelos superesportivos.
Três mortes em acidentes foram
comprovadas desde 2011, quando a
marca voltou oficialmente ao
mercado.
Mas o valor é cerca de 10% dos US$
300 milhões que as coreanas Kia e
Hyundai, que lá são unidas, vão
pagar à Agência de Proteção
Ambiental dos EUA por terem
mentido em dados de baixo
consumo de seus modelos, entre
eles o Soul e o Veloster (foto abaixo)
vendidos no mercado brasileiro. A
pena é a maior já aplicada a
automotivas e se divide em US$ 100
milhões em multas mais US$ 200
milhões em créditos regulatórios.
Lancer
‘brazuca’
O Mitsubishi Lancer agora é
montado em Goiás para encarar
pesos pesados como o Civic,
Corolla, Cruze, Sentra etc. A seu
favor, o sistema multimídia com tela
touch grande, a conectividade e
controles dinâmicos. Preços entre
R$ 66,5 mil e R$ 97,5 mil.
Coluna publicada às quartas-feiras
14 Brasil Econômico Quarta-feira, 5 de novembro, 2014
▲
FINANÇAS
Editora: Eliane Velloso
[email protected]
Itaú lucra R$ 5,4 bi, com menor
inadimplência desde 2008
Resultado cresceu 35,7% no 3º trimestre deste ano, com aumento do crédito e melhora dos índices
de atrasos, que ficou em 3,2% no período; rentabilidade sobre o patrimônio líquido médio atingiu 24,7% ao ano
Murillo Constantino
Léa De Luca
[email protected]
São Paulo
O Itaú Unibanco, maior banco
privado brasileiro, voltou a registrar aumento no resultado trimestral, apesar do desaquecimento
da economia. A instituição informou ontem que obteve R$ 5,46 bilhões de lucro líquido recorrente
(sem contar efeitos extraordinários). O montante é 35,7% maior
do que o registrado no mesmo período de 2013. O lucro contábil do
banco ficou em R$ 5,4 bilhões. A
rentabilidade sobre o patrimônio
líquido médio atingiu 24,7% ao
ano. Nos primeiros nove meses
de 2014, o lucro líquido recorrente totalizou R$ 15 bilhões, com retorno de 23,7%.
Marcelo Kopel, diretor corporativo, de controladoria e de relações com investidores do banco
disse que nos próximos meses a
rentabilidade pode recuar, já que
não espera novos ganhos com cortes de custos e de despesas, mas
que deve seguir acima dos 20%.
Uma das economias feitas pelo
banco no trimestre passado foi
com provisões para devedores duvidosos, por sua vez possível pela
queda, pelo nono trimestre seguido, das taxas de inadimplência.
“Temos hoje a menor taxa de atrasos acima de 90 dias desde a fusão
com o Unibanco, em dezembro de
2008”, diz Kopel.
A inadimplência do banco
atingiu 3,2%, uma melhora de
0,2 ponto percentual na comparação com o segundo trimestre de
2014, e de 0,7 ponto percentual
na comparação com o terceiro trimestre de 2013. Já a inadimplência de curto prazo (créditos com
atrasos entre 15 a 90 dias) também recuou 0,1 ponto percentual
na comparação com o segundo
trimestre de 2014 e 0,4 ponto percentual na comparação com o terceiro trimestre de 2013, atingindo 2,6%. O resultado de créditos
de liquidação duvidosa dos primeiros nove meses de 2014, líquido das recuperações de créditos,
reduziu-se 9,3% em relação ao
mesmo período de 2013. As despesas do banco com provisões para perdas com calotes somaram
R$ 3,9 bilhões no trimestre, alta
de 5,1% em três meses e de 3,9%
ano a ano. Para Kopel, ainda há es-
paço para queda dos atrasos neste último trimestre do ano.
A queda da inadimplência é resultado da estratégia adotada em
2012, quando o banco decidiu desacelerar os empréstimos para veículos e focar em linhas com risco
mais baixo, como o consignado e
o imobiliário. A carteira do banco
cresceu exatamente baseada nessas linhas, e também no crédito
para grandes empresas, que cresceram 77,1%, 22,4% e 13,9%, respectivamente, em 12 meses. Contrariando essa lógica, outra linha
que cresceu bem acima da média
foi a de cartões de crédito: 26%,
para R$ 54,3 bilhões. No entanto,
Kopel avisou que a alta de 11,5%
da carteira total, que terminou o
trimestre em R$ 536,3 bilhões,
não deve se manter. O banco não
alterou seu “guidance” de crescimento entre 10% e 13%, mas informalmente já avisou que espera
agora alta de apenas 8%. “A comparação inclui movimentos de
aquisição da Credicard e da associação com o BMG no consignado,
que alavancaram esse aumento e
não vão se repetir”, explicou.
A carteira de veículos, por sua
vez, continuou minguando — e
Kopel não prevê uma reversão dessa tendência a curto e médio prazos. No caso dos empréstimos para pequenas e médias empresas,
porém, a situação é diferente: também houve recuo, mas o executivo prevê uma retomada no ano
que vem, acompanhando a ligeira
melhora do crescimento da economia para 1,5%, segundo seus eco-
Queda da inadimplência
é resultado da estratégia
adotada em 2012,
quando o banco
decidiu desacelerar
os empréstimos para
veículos e focar em
linhas com risco mais
baixo, como consignado
e imobiliário
Kopel:2015comcrescimentomaioreresultados‘iguaisoumelhores’
nomistas. Alem disso, Kopel informa que o banco ressegmentou essa faixa de clientes, e que o atendimento passou a ser realizado exclusivamente na rede de agências.
“Esses empréstimos devem voltar
a crescer, embora lentamente. A
principal linha é antecipação de
recebíveis de cartões”, diz.
Segundo Kopel, a prova de que
a estratégia de mudança do mix
da carteira de crédito para o banco é que os spreads líquidos (depois de deduzida as despesas com
calotes) se manteve em 7,9%, apesar da queda dos spreads brutos
de 12,8% para 11,9%. Spread é a diferença entre o que o banco paga
para captar dinheiro e quanto cobra para emprestar.
Outra linha que ajudou o banco a lucrar mais foi a aplicação de
recursos próprios, conhecida como operações de tesouraria. “A
margem financeira e os ganhos
com tesouraria cresceram mais
até do que as receitas de serviços
no trimestre: 34,7%. As receitas
do grupo com tarifas e serviços
evoluíram 17,3% no comparativo
anual, para R$ 6,56 bilhões.
O banco espera um 2015 com
crescimento maior, e resultados
“iguais ou melhores” para o Itaú.
O executivo não vê espaço para
aumento dos juros — apenas para
repassar a alta Selic. Ou seja, a
margem tende a permanecer estável. Mas, também, não espera
acirramento da competição dos
bancos públicos.
Quarta-feira, 5 de novembro, 2014 Brasil Econômico 15
BTG PACTUAL
Lucro no trimestre é de R$ 769 milhões
O banco BTG Pactual anunciou ontem um lucro líquido de R$ 769
milhões no terceiro trimestre, o que representa um crescimento de 3,1%
em relação a igual período do ano passado. As receitas da instituição no
período chegaram a R$ 1,702 bilhão, uma alta de 20,1% em relação ao
terceiro trimestre de 2013. O lucro líquido acumulado do banco entre
janeiro e setembro é de R$ 2,563 bilhões.
Santander cresce com
economia fraca
Lucro recorrente do banco espanhol superou estimativas e subiu 4,1%, para
R$ 1,5 bilhões no terceiro trimestre; crédito avançou 7,5%
Léa De Luca
[email protected]
São Paulo
O banco espanhol Santander registrou no Brasil um aumento de
4,1% no seu lucro líquido ajustado
no terceiro trimestre, totalizando
R$ 1,465 bilhão. O lucro contábil,
de R$ 537 milhões, teve uma alta
de 8%.O presidente da instituição, Jesús Zabalza, atribuiu a melhora ao “perfil mais sustentável e
de menor risco da carteira de crédito, que resultou em uma queda
forte da inadimplência”.
O banco tinha em setembro
carteira de crédito total de R$
234,5 bilhões, crescimento de
5,6% em doze meses e 3,6% no trimestre. A inadimplência acima de
90 dias caiu para 3,7%, ante 4,1%
no segundo trimestre — e, segundo Zabalza, deve ficar estável nos
próximos trimestres.
Apesar da economia fraca, o
banco decidiu apostar em segmentos mais lucrativos, como o de automóveis, que vem sendo deixado
de lado pelos concorrentes; ou de
pequenas e médias empresas. Para
Zabalza, o crédito a veículos só é
de alto risco “se for mal feito”, disse, acrescentando que tem fechado parcerias com diversas montadoras e que pretende liderar o segmento. “Nossa estratégia para veículos é baseada na parceria com
montadoras (Renault e Hyundai e
Volvo). Conhecemos muito bem o
negócio, por isso para nós é de baixo risco”. consignado o Santander passa por uma fase de reestruturação — acaba de fechar parceria com o banco mineiro Bonsucesso, mas os primeiros frutos come-
Banco Pan tem
resultado negativo
de R$ 69,7 milhões
A carteira de crédito
com resultado retido
cresceu 14,9%, para
R$ 16,4 bilhões
André Boudon
[email protected]
Murillo Constantino
Jesus Zabalza : “banco foi o
que mais cresceu no crédito”
çam a ser colhidos no ano que
vem. No crédito imobiliário, a alta
foi de mais de 25%, e sua participação subiu a 9,9% em 2014.
“Somos o banco privado que
mais cresceu em crédito neste trimestre”, afirmou Zabalza. “Vamos continuar crescendo pelo
menos o mesmo que a média do
mercado”. Além de parcerias e
de ocupar espaços deixados por
outros, o Santander também prepara ofensiva no crédito rural.
Mas não pretende deixar de lado
suas atividades junto a grandes
grupos empresariais, que cresceu 16,7%: “Temos uma participação importante e vamos continuar participando de tudo. Somos protagonistas”, diz.
O Grupo Santander obteve lucro líquido de 1,6 bilhão de euros
no terceiro trimestre, alta de
52% em 12 meses e de 10% em
três meses. A operação brasileira
respondeu por 20% do resultado
global. Com Reuters
O Banco Pan apresentou um prejuízo de de R$ 69,7 milhões no
balanço consolidado do terceiro trimestre, comparado aos resultados negativos de R$ 70,4
milhões no trimestre anterior e
de R$ 20,5 milhões no mesmo
trimestre de 2013. O patrimônio líquido consolidado atingiu
R$ 3,4 bilhões em setembro de
2014, e o Índice de Basileia ficou em 18,1%, ambos reforçados pelo aumento de capital de
R$ 1,33 bilhão.
A originação de ativos de
crédito alcançou uma média
mensal de R$ 1,33 bilhão, valor
13,6% superior ao R$ 1,17 bilhão atingido no mesmo trimestre do ano passado, e
10,1% superior ao R$ 1,21 bi-
O banco apertou o
controle em relação
às suas despesas
administrativas, que
alcançaram R$ 403,1
milhões, com queda
de 0,6% em relação
ao mesmo trimestre
do ano anterior
lhão atingido no segundo trimestre de 2014.
A carteira de crédito com resultado retido, que exclui da carteira total os créditos cedidos
com coobrigação no passado e
indica a medida da carteira que
rende receitas de juros para o
Banco, atingiu R$ 16,4 bilhões,
valor 14,9% superior ao registrado no terceiro trimestre de 2013.
Mesmo com o crescimento
da carteira, a boa qualidade de
concessão continua sendo observada, fator que pode ser verificado pelo aumento da parcela de
contratos com rating entre “AA”
e “C”, que passou a representar
90,6%, comparado a 85,9% no
terceiro trimestre de 2013.
A despesa líquida de provisão
para créditos de liquidação duvidosa do Pan reduziu de R$ 181,3
milhões no segundo trimestre
de 2014 para R$ 160,4 milhões
neste terceiro trimestre, reforçando a questão da qualidade da
carteira.
A margem financeira líquida
do Pan foi de 9,2% no terceiro trimestre de 2014, valor inferior
aos 12,1% do trimestre anterior.
Essa redução decorre de um menor volume de créditos cedidos
sem coobrigação, que, em contrapartida, contribui para o crescimento da carteira, e de um diferente mix de produtos cedidos.
Para compensar parcialmente esse efeito, o Banco Pan apertou o controle em relação às suas
despesas administrativas, que alcançaram R$ 403,1 milhões no
terceiro trimestre de 2014, com
queda de 0,6% em relação ao
mesmo trimestre do ano anterior, comparado a uma inflação
acumulada de 6,7% no período.
BB Seguridade lucra R$ 822,3 milhões no terceiro trimestre, alta de 50,1%
Seguradora do Banco do
Brasil teve expansão
anual de 41,8% na receita
líquida no 3º trimestre
A companhia de seguros BB Seguridade teve lucro líquido ajustado
de R$ 822,3 milhões no terceiro trimestre, crescimento de 50,1% ante os R$ 548 milhões obtidos no
mesmo período de 2013.
A empresa controlada pelo Banco do Brasil mudou algumas proje-
ções para o ano. A estimativa para
o crescimento de prêmios emitidos na divisão de seguros de patrimônio Mapfre BB SH2, caiu de
19% a 26% para 12% a 15% em
2014. Já a previsão para o crescimento da arrecadação de títulos
de capitalização caiu de 10% a
15% para 3% a 6%.
A empresa informou que em relação ao segundo trimestre, o lucro líquido caiu 2,7%, “explicado
principalmente pela queda nas receitas de comissões, em razão da
As despesas da
empresa subiram
5,8% na comparação
com o terceiro
trimestre de 2013 e
avançaram 2,6% sobre
os meses de abril
a junho, a
R$ 133,4 milhões
sazonalidade nas vendas, com
maior concentração no encerramento de cada semestre”.
A seguradora teve expansão
anual de 41,8% na receita líquida
do trimestre, a R$ 1,121 bilhão. Na
comparação com o segundo trimestre, houve queda de 3%.
As despesas, enquanto isso, subiram 5,8% na comparação com o
terceiro trimestre de 2013 e avançaram 2,6% sobre os meses de
abril a junho, a R$ 133,4 milhões.
A BB Seguridade teve retorno
sobre patrimônio líquido ajustado
de 60,9% no terceiro trimestre,
ante 42,6% no mesmo período do
ano passado, e 64,9% no comparativo com o trimestre imediatamente anterior.
Braço de seguros, previdência e
capitalização do banco do Brasil, a
BB Seguridade abriu seu capital na
BM&FBovespa em abril do ano passado, com a maior oferta inicial de
ações (IPO, na sigla em inglês) da
história da Bolsa, que levantou R$
11,5 bilhões. Com Reuters
16 Brasil Econômico Quarta-feira, 5 de novembro, 2014
O MERCADO COMO ELE É...
LUIZ SÉRGIO GUIMARÃES
[email protected]
BC AVALIZA NOVO CÂMBIO
Editoria de Arte/Paulo Esper
I
ntensa volatilidade e fraco giro de negócios marcaram ontem um
mercado de câmbio ávido por conhecer os rumos da política
econômica em um segundo mandato que a presidente Dilma
Rousseff se recusa a antecipar. Durante a sessão, o dólar chegou a
cair 0,28%, cotado a R$ 2,4934, e a subir 1,34%, a R$ 2,5337, e fechou
com valorização modesta de 0,20%, vendido a R$ 2,5054. A
oscilação e o acanhado volume de negócios (US$ 900 milhões)
denunciaram a presença exclusiva de profissionais. Mesmo diante de
um mercado de baixa liquidez (o afastamento de investidores
tradicionais favorece a atuação dos especuladores) e alta tensão, o
Banco Central decidiu reduzir a oferta de contratos de swaps cambiais
destinados a meramente rolar os antigos que irão vencer em 1˚ de
dezembro. É uma tentativa de apagar incêndio injetando gasolina?
O BC iniciou ontem a renovação
dos US$ 9,831 bilhões em títulos
cambiais que serão liquidados
em dezembro. A sinalização foi
de que de ontem até o fim de novembro irá vender todos os dias
nove mil swaps com esta finalidade. Como cada lote corresponde a US$ 450 milhões, encerrará
novembro com uma colocação
de US$ 8,1 bilhões, o suficiente
para rolar apenas 82% do vencimento. Tal intenção representa
uma mudança de política cambial em relação à que foi praticada em setembro e outubro, meses em que a rolagem foi integral. Ou seja, o BC vai negar proteção cambial a quem (empresas
endividadas em dólar e investidores que não querem correr o
risco cambial) já está hedgeado
no montante de US$ 1,731 bilhão. Empresas e investidores terão de substituir essa proteção já
formada por outros instrumentos de mercado ou por meio da
compra à vista de moeda. Tratase, em suma, de um convite à valorização do dólar. Então isso
quer dizer que o BC acha pouco
que o dólar tenha subido 12,5%
apenas de setembro para cá?
Qual a sua intenção ao diminuir a oferta de swaps? O mercado não sabe, o que é ótimo para
os que lucram com a volatilidade
resultante da incerteza. Mas lança algumas hipóteses. A primeira
é que o BC confia na continuidade do ingresso de capitais externos de investimento, o responsável pela geração de um superávit
de US$ 6,5 bilhões na balança
cambial de outubro. Não só confia: agiu destemidamente nesse
sentido ao elevar a Selic de 11%
para 11,25% três dias depois do
segundo turno das eleições. A entrada adicional de dólares de portfólio compensaria a falta daquele US$ 1,731 bilhão.
A segunda é que o BC, mesmo
ciente das consequências inflacionárias do câmbio depreciado, decidiu avalizar o novo patamar, tido como mais adequado ao enfrentamento de outros graves problemas econômicos. Ele já estaria
agindo em conformidade com teses recentemente defendidas por
um dos candidatos mais fortes para ocupar o Ministério da Fazenda. Nelson Barbosa propõe a estabilização em patamar elevado da
taxa de câmbio real para reduzir o
déficit em conta corrente do balanço de pagamentos, diminuir o
custo unitário do trabalho em dólar e aumentar a competitividade
externa da economia. Os seus efeitos inflacionários, suavizados por
um superávit primário de 2% do
PIB e uma política monetária compensatória, seriam de curto prazo. “À medida que a taxa de câmbio real se estabiliza num novo patamar, o impacto inflacionário da
depreciação cessa e a inflação cai
no médio prazo”, disse o economista em seminário da FGV-SP, escola da qual é professor, realizado
em meados de setembro.
A ideia é substituir dois fatores — expansão fiscal e prioridade ao mercado de trabalho — geradores de inflação e que a experiência recente vem mostrando
serem incapazes de produzir
crescimento econômico por um
terceiro (a manutenção de uma
taxa real de câmbio depreciada)
que, embora igualmente incentivador de inflação, mas de curto
prazo, pode reorganizar a economia. Restaria equilibrar a política industrial composta hoje pela
dupla vertente desoneração fiscal e crédito subsidiado. Para o
mercado, a melhor política industrial é aquela que não existe.
Basta assegurar um câmbio competitivo e liberalizar as concessões públicas.
A suposta permissão dada ontem pelo BC para que o câmbio
encontre uma faixa mais adequada aos setores externo e industrial veio justamente num dia de
divulgação de notícia triste para
a indústria. Após dois meses em
recuperação, a produção industrial brasileira caiu 0,2% em setembro, um resultado exatamente do tamanho da expectativa
dos analistas mas em sentido contrário. No acumulado do ano a
queda alcança 2,9% e, em doze
O patamar elevado da
taxa de câmbio real
poderia reduzir o
déficit em conta
corrente do balanço de
pagamentos, diminuir
o custo unitário do
trabalho em dólar
e aumentar a
competitividade
externa da economia
meses, de 2,2%. “Não há qualquer sinalização clara de reversão desta situação. Pesa também
o início de um novo ciclo de alta
dos juros pelo Copom. As perspectivas para a já fraca atividade
no país não são animadoras”,
constata o economista-chefe do
Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves.
A atividade débil não fará o BC
suavizar o aperto monetário. Este é
o entendimento do pregão de juros
futuros da BM&F. As taxas operaram em alta firme pelo terceiro dia
em sequência. Os contratos longos
subiram mais que os curtos, sinal
de que tesoureiros e gestores não
confiam na implementação da
principal reivindicam dos investidores — um ajuste fiscal ortodoxo e
severo. Enquanto a taxa para janeiro de 2016 subiu apenas 0,03 ponto, de12,31% para 12,34%, o contrato para janeiro de 2021 pulou 0,13
ponto, de 12,14% para 12,27%.
Informes sobre baixo crescimento também deram o tom dos
mercados globais. A Comissão Europeia revisou para baixo suas estimativas de crescimento dos países da zona do euro este ano. Ao invés do avanço de 1,2% previsto anteriormente, agora a entidade projeta 0,8%. Nos EUA, não foi diferente. Dados ruins sobre a balança
comercial devem implicar numa
revisão menos otimista sobre o
crescimento do PIB. Os EUA registraram um déficit comercial de
US$ 43 bilhões em setembro, acima da previsão dos especialistas,
de US$ 40,6 bilhões. Como a preliminar do PIB referente ao terceiro
trimestre, alta de 3,5%, embutia
um déficit de apenas US$ 38,1 bilhões, na segunda leitura a expansão deve ser menor.
Quarta-feira, 5 de novembro, 2014 Brasil Econômico 17
Andrew Harrer/Bloomberg
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FINANÇAS
ZONA DO EURO
Membro do BCE pede avanço em reformas
Um dos seis membros da diretoria executiva que forma o núcleo do
Conselho do Banco Central Europeu (BCE), Benoit Couere, fez ontem
um apelo aos governantes da zona do euro para avançarem
rapidamente com reformas. “A menos que seja adotado um mix
adequado de políticas monetária, fiscal e estrutural, vamos novamente
correr o risco de perder o impulso e adiar a recuperação”. Reuters
BC quer cartão pagando à
lojista em menos de 30 dias
Objetivo é aproximar indústria brasileira do padrão internacional onde o prazo para recebimento e de dois dias
Murillo Constantino
compensação de um cheque”,
avalia. Já no crédito, ele diz que a
questão é mais complexa e é necessário levar em conta as particularidades brasileiras.
Outro tema que também está
sendo discutido com o setor é a
questão chamada de um por um,
onde você transforma moeda física ou escritural em moeda eletrônica. “Essa transformação tem
que ocorrer no exato momento
em que a eletrônica é emitida, é
uma transformação e não uma
multiplicação. Esse é o principio
do um por um”, diz. De acordo
com Mendes, hoje existem empresas de cartão pré-pago que
têm agido como financeiras e este não é o papel delas. O executivo cita o exemplo de uma empre-
Alessandra Taraborelli
[email protected]
São Paulo
O Banco Central já colocou na pauta para 2015 a discussão sobre a redução do prazo de pagamento aos
lojistas das compras realizadas
com cartão de crédito. O objetivo
é aproximar a indústria brasileira
dos padrões internacionais, segundo informou ontem em São Paulo
o diretor de política monetária do
Banco Central, Aldo Luiz Mendes,
durante o 9º Congresso de Meios
Eletrônicos de Pagamento.
Hoje, o lojista recebe os pagamentos feitos com cartão de crédito cerca de 30 dias após a compra,
enquanto fora do Brasil esse prazo
é de dois dias. Mendes disse que o
assunto será discutido durante fórum que irá tratar vários temas sobre o setor e que a meta é de que o
primeiro encontro ocorra ainda
nos primeiros seis meses de 2015.
“Queremos atingir as melhores
praticas internacionais e, isso de
30 dias para receber o pagamento
não existe lá fora”, diz o diretor.
O executivo disse ainda que outro objetivo é que os cartões prépagos tenham um prazo de pagamento similar ao de débito, que
hoje é de dois dias. “No pré-pago
talvez estejamos mais próximos
de chegar a um acordo sobre o pagamento para o lojista. Quem recebeu aquela moeda eletrônica não
tem que esperar mais de dois dias
para receber, este é o tempo de
“
No pré-pago talvez
estejamos mais
próximos de chegar
a um acordo sobre o
pagamento ao lojista.
Quem recebeu moeda
eletrônica não tem que
esperar mais de dois
dias para receber”
Aldo Luiz Mendes
Diretor do Banco Ce ntral
sa de voucher alimentação que
credita o valor do almoço do funcionário de empresa ‘A’ no dia 1
de todo mês e só recebe por esta
operação 30 dias depois, por
exemplo. “Não pode fazer antecipação para o funcionário e esperar para receber depois. Isso é um
financiamento e só pode ser feito
por instituição financeira e não
por instituição de pagamento.
Hoje existe esta prática. O setor
tem que funcionar como a lei
prescreve”, afirma Mendes.
O diretor do BC ressalta, no entanto, que não será tomada nenhuma atitude que possa trazer risco
para o setor. “Não vamos mudar a
ferro e fogo algo que já existe no
mercado.O fórum vai ser um excelente lugar para discutir essa questão. A gente não pode ter uma instituição de pagamento fazendo antecipação. Vamos desenhar um
prazo, uma forma de migrar. A
gente tem conversado com esse
segmento, voucher, eles têm trazido essa preocupação”, diz.
O diretor executivo da Abecs,
Ricardo Vieira, ressalta que a discussão é bastante positiva e visa
mitigar possíveis riscos. “Uma empresa pode vender um monte de
pré-pago de uma determinada
companhia que irá pagar daqui a
30 dias. Essa empresa foge para outro país e como fica. Existe um risco e o BC quer evitar que isso aconteça", diz, ressaltando que o objetivo é não permitir a criação de moeda, já que isso é função do BC.
Em dia volátil,Bovespa fecha em alta de 0,81%
Ibovespa encerrou na
máxima da sessão aos
54.383 pontos. O giro
financeiro foi de R$ 7,4 bi
O principal índice da Bovespa
encerrou o pregão em alta ontem após uma sessão volátil,
marcada por resultados trimestrais positivos de bancos e com
o mercado em compasso de espera pelo desfecho de reunião
do Conselho de Administração
da Petrobras. Depois de inverter
de sinal várias vezes ao longo do
dia, o Ibovespa fechou na máxi-
ma da sessão, com avanço de
0,81%, a 54.383 pontos. O giro
financeiro do pregão foi de R$
7,4 bilhões.
Para o sócio da Rio Verde Investimentos Eduardo Cavalheiro, a volatilidade do mercado deve continuar enquanto a equipe
econômica do governo da presidente reeleita Dilma Rousseff permanecer indefinida.
As ações do Itaú Unibanco
exerceram a maior influência positiva sobre o índice, com alta de
1,91 %, após o maior banco privado do país ter divulgado que seu
lucro líquido subiu 35% no tercei-
ro trimestre ante o ano anterior,
beneficiado por alta no crédito e
aumento da rentabilidade.
As units do Santander Brasil,
por sua vez, lideraram os ganhos do Ibovespa com avanço
de 14,32%. O banco, que revelou mais cedo aumento de 8%
no lucro trimestral, divulgou na
véspera um novo programa de recompra de units, envolvendo
até 1,16% de seu capital social.
As ações da Petrobras, que
fecharam em leve queda, oscilaram entre os campos negativo e positivo, conforme mudavam as expectativas em rela-
ção a decisão do Conselho,
que se reuniu ontem, sobre um
esperado reajuste dos preços
dos combustíveis.
As ações preferenciais da estatal fecharam em queda de 0,2%,
depois de oscilarem entre alta
de 1,2% e queda de 3,2%. As
ações ordinárias fecharam estáveis. Até o fechamento da bolsa,
a Petrobras não divulgou informações sobre a reunião. A Eletropaulo foi destaque de alta, após
a equipe do Citi ter elevado a recomendação para o papel em relatório, que apontou que em
meados de 2015 a companhia te-
rá arcado com a maior parte de
seus passivos jurídicos.
Já entre as pressões de baixa, se destacaram as ações da
mineradora Vale, diante de nova mínima histórica do preço
do minério de ferro, com um excedente de oferta pressionando
as cotações da commodity. Já
as preferenciais da operadora
de telefonia Oi tiveram a maior
baixa do índice, após a companhia ter dito na véspera que
não havia qualquer definição
em relação a uma estrutura para compra da rival TIM Participações. Com Reuters
18 Brasil Econômico Quarta-feira, 5 de novembro, 2014
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MUNDO
Editora: Florência Costa
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Eleições legislativas dos EUA
serão a mais cara da história
Especialistas em gastos eleitorais prevêem que pleito do meio de mandato, realizado ontem, para renovação da
Câmara e de parte do Senado americano, terá custado quase US$ 4 bilhões devido ao chamado “dinheiro escuro”
Brendan Smialowski/AFP
Redação
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Os americanos foram às urnas ontem para eleger 100% dos 435 deputados que têm mandato de dois
anos e 33 dos 100 senadores. As
pesquisas de opinião apontavam
vitória dos republicanos no Senado nas eleições legislativas que estão sendo consideradas como as
mais caras da história. Se a previsão de vitória dos republicanos se
confirmar, o presidente Barack
Obama ficará com minoria de
apoio na Câmara e no Senado. Nos
últimos dois anos, mesmo com o
presidente tendo controle do Senado, ele não conseguiu aprovar
seus grandes projetos de lei, como
aumento do salário mínimo e reforma imigratória. Três estados e o
distrito de Columbia, onde está a
capital Washington, realizam plebiscito sobre a legalização do uso
recreativo da maconha.
Segundo o Centro para a Compreensão da Política, que estuda o
uso do dinheiro em campanhas,
estas eleições teriam custado um
total de quase US$ 4 bilhões, ou seja, dez vezes mais do que o governo americano se comprometeu na
luta contra o Ebola na África, informou a rede de televisão americana “CNN”. Boa parte desse dinheiro é gasto pelos partidos e candidatos em salários de funcionários e contratados para atuar na
campanha, nos anúncios e nos esforços para fazer com que os eleitores saiam de casa apara votar, já
que nos Estados Unidos o voto não
é obrigatório.
Uma das principais razões pelas quais essas eleições deverão
ser as mais caras de todas é o crescimento do chamado “dinheiro escuro”. Ian Vandewalker, do Centro de Justiça Brennan, ligado à
New York University que apoia a
proposta de reforma do financiamento de campanhas eleitorais,
explica que esse dinheiro vem de
Ian Vandewalker,
do Centro de Justiça
Brennan, explica que
eo chamado ‘ dinheiro
escuro’ vem de grupos
que não revelam todos
os seus doadores
O presidente Obama votou ontem na eleição legislativa que tem como favoritos os republicanos
Daniel Acker/Bloomberg
Eleitores depositam seus votos na eleição de meio de mandato, em Red Oak, no estado de Iowa
grupos que não revelam todos os
seus doadores. Essa forma de financiamento foi aprovada pela Suprema Corte em 2010, tornando
as regras de captação de recursos
menos rígidas: grupos classificados como organizações sem fins
lucrativos podem captar dinheiro
ilimitado de doadores secretos e
fazer campanhas a favor ou contra os candidatos. Suas listas de
doadores não precisam ser submetidas à Comissão Federal de Eleição, o equivalente no Brasil ao Tribunal Superior Eleitoral. "Doadores de fora estão tentando comprar influência. Nesse ano vimos
maciços gastos em campanhas
competitivas para o Senado. Esses
doadores querem que seus candidatos escolhidos ganhem e eles
querem que os candidatos saibam
que se elegeram por causa deles”,
diz Vandewalker.
Cerca de US$ $1 bilhão do total
a ser gasto nesta campanha terá
vindo destes grupos não oficialmente ligados a candidatos ou partidos. Na campanha de 2010, os
gastos já tinham sido altos: US$
3,63 bilhões. Mas especialistas afirmam que o mais importante não é
o total amealhado, mas a forma como esses recursos se tornaram
mais volumosos nas eleições. “Na
minha opinião, o que é mais problemático sobre isso não é apenas o fato de ter havido um aumento nos
gastos, mas o fato de que nós não
sabemos quem está atrás dos gastos”, observou Lawrence Norden,
vice-diretor do Centro de Justiça
Brennan, em entrevista para a rede de televisão americana “ABC”.
Este gasto recorde é diretamente ligado à decisão da Suprema Corte
há quatro anos, segundo ele.
Como os nomes dos que doam
“dinheiro escuro” ficam no anonimato, os doadores ricos ganharam mais poder de influência nas
eleições. Norden diz que os grupos de “dinheiro escuro” vão ter
desembolsado quase US$ 200 milhões” nas 11 campanhas mais
competitivas de candidatos a senadores. Isso representa mais do dobro dos US$ 97 milhões gastos em
33 campanhas de senadores em
2012. “Pelo o que temos visto nas
últimas eleições, essa tendência
tem sido mais e mais acentuada.
Há cada vez mais dinheiro de fora
e ele continua vindo de fontes desconhecidas”, completou Norden.
Quarta-feira, 5 de novembro, 2014 Brasil Econômico 19
Reuters
ESTADOS UNIDOS
Relação com China é a mais importante
Reuters
A relação entre os EUA e a China é a “mais importante” do mundo
hoje, declarou ontem o secretário de Estado americano, John Kerry,
pouco antes de uma viagem a Pequim. Ele ressaltou que os dois
gigantes somam “um quarto” da população mundial e “um terço” da
economia do planeta. A diplomacia americana tem insistido no fato
de Pequim não ser um “inimigo”, mas um “concorrente”. AFP
Campanha
global pelos
dez milhões
de apátridas
A maior parte dos que
não têm pátria está em
Mianmar, com mais de 1
milhão de pessoas
Inteligência britânica
critica empresas da web
Chefe da inteligência britânica pede mais ajuda de gigantes da web no combate ao terror
Romeo Gacad/AFP
Redação
[email protected]
O novo diretor do serviço de espionagem eletrônica da Grã-Bretanha, Robert Hannigan, provocou
uma grande polêmica ao apontar
o dedo na direção das gigantes de
tecnologia americanas, como Facebook e Twitter, dizendo que
elas se tornaram, involuntariamente, “as redes de comando e
controle da escolha” de grupos
terroristas como o Estado Islâmico (EI). Segundo o diretor do
GCHQ (Government Communication Headquarters), essas companhias estão se recusando a admitir seu papel não intencional como redes escolhidas pelos terroristas. Ele pediu mais ajuda dessas
corporações na luta contra o terror e foi além, afirmando que a privacidade nunca foi um “direito absoluto”, em um artigo publicado
no jornal “Financial Times”.
A GCHQ e a NSA americana
(Agência de Segurança Nacional)
foram alvo de várias denúncias sobre espionagem de cidadãos em
grande escala dentro da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos e também no exterior. As operações de
espionagem também focaram líderes de países, como a chanceler
alemã Angela Merkel e a própria
presidenta Dilma Rousseff. Os escândalos surgiram a partir de denúncias do ex-analista da NSA
Edward Snowden, que hoje vive
exilado na Rússia. Em seu artigo,
Hannigan afirma, sem citar Snowden, que terroristas se “beneficiaram” com estes vazamentos.
Vários defensores dos direitos à
privacidade reagiram ao artigo de
Hannigan, como o vice-diretor
da Privacy International, Eric
King. “Antes de ele condenar os esforços das empresas para proteger
a privacidade de seus usuários, talvez ele devesse refletir sobre porque tem havido tantas críticas ao
GCHQ após as revelações de Snowden”, disse em entrevista à rede
de televisão britânica “BBC”.
Hannigan pregou a criação de
um “novo pacto entre governos”
e as gigantes de tecnologia, defendendo que elas forneçam aos serviços de segurança mais acesso a
suas redes para permitir aos governos que evitem eventuais ataques
terroristas. Ele chamou essas medidas de “decisões urgentes e difíceis”, afirmando que compreen-
Robert Hannigan, o novo chefe
da inteligência do Reino Unido
de o fato de essas empresas terem
“um relacionamento difícil com
governos”. Essa proposta também foi duramente criticada por
vários defensores dos direitos à
privacidade na internet, como a
“Electronic Frontier Foundation
(EFF)”. Jillian York, diretor internacional de liberdade de expressão da fundação,disse que permitir acesso especial de governos a
conteúdos privados é uma “violação de privacidade” e também pode servir para direcionar os terroristas para a clandestinidade, “tornando o trabalho dos defensores
da lei ainda mais difícil”.
Robert Hannigan afirmou que
os serviços de inteligência precisam de um apoio maior do setor
privado. Ele disse que as empresas
da web aspiram ser condutores
neutros de informações, distantes
da política. “Mas cada vez mais os
seus serviços hospedam material
extremista e que serve como rota
de facilitação para o crime e o terrorismo”, disse. Para o diretor do
serviço de espionagem britânica,
as companhias de tecnologia da internet que não gostam de cooperar com os governos estão cometendo um “autoengano”.
O ganhador do prêmio Nobel
arcebispo Desmond Tutu e a
atriz Angelina Jolie apoiaram
uma campanha global lançada
pela ONU para encerrar a condição de pelo menos 10 milhões de pessoas apátridas,
que não têm um país para chamar de lar.Uma criança apátrida nasce a cada 10 minutos, informou a agência das Nações
Unidas para refugiados, o Acnur, no lançamento da campanha “Eu Pertenço”.
“Sem nenhuma nacionalidade, elas crescerão para se
tornar as pessoas mais invisíveis e desamparadas do planeta.Não ter uma pátria faz as
pessoas sentirem que sua própria existência é um crime”,
disse o chefe do Acnur, António Guterres. “Temos uma
oportunidade histórica de encerrar o problema dos sem pátria dentro de 10 anos, e devolver a esperança a milhões de
pessoas”, completou.
Apátridas têm negados direitos e benefícios que a maioria das pessoas nem considera
no dia a dia. Estes "fantasmas
legais” frequentemente vivem
destituídos de direitos e correm altos riscos de serem presos e explorados, inclusive escravizados. Guterres, Jolie e Tutu estão entre uma série de líderes de opinião e celebridades
que assinaram uma carta aberta pedindo por “10 milhões de
assinaturas para mudar 10 milhões de vidas”. Outros que assinaram foram a iraniana ganhadora do prêmio Nobel, Shirin Ebadi e a cantora de ópera
Barbara Hendricks.
A maior população apátrida
está em Mianmar, onde mais
de 1 milhão de pessoas da etnia
rohingya tiveram sua nacionalidade negada.Outros países
com altos números de apátridas incluem Costa do Marfim,
Tailândia, Nepal, Letônia e República Dominicana. A ONU
alertou que o conflito na Síria
pode aumentar o número de
novos apátridas. Mais de 50
mil bebês nasceram de refugiadas sírias que foram para países vizinhos. Muitos não têm
certidões de nascimento, o que
pode ser um problema para
eles mais pra frente.Reuters
20 Brasil Econômico Quarta-feira, 5 de novembro, 2014
MUNDO
Divulgação
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Trem-bala
mexicano será
construído
pela China
Governo aceita proposta de consórcio
chinês para tirar do papel projeto do
primeiro trem-bala da América Latina
Redação
[email protected]
O primeiro trem-bala da América
Latina será construído por um consórcio chinês. Em mais um passo
para estreitar os laços com Pequim, o governo do México escolheu um consórcio chinês para a
construção de um trem-bala que
promete promover o transporte
ferroviário de passageiros no país.
O grupo chinês foi o único candidato no processo de licitação.
O Ministério dos Transportes
informou que aceitou a proposta
de US$ 3,75 bilhões da chinesa
Railway Construction para a
construção da ferrovia de 210 quilômetros entre a capital, Cidade
do México, e o pólo manufatureiro mexicano de Querétaro. O projeto é parte da decisão do presi-
dente Enrique Pena Nieto para trazer ferrovias de alta velocidade
para o país e reinaugurar os trens
de passageiros na segunda maior
economia da América Latina.
Hoje o México tem ferrovias
de carga, mas possui poucos
trens turísticos, depois que as linhas regulares de passageiros desapareceram a partir da privatização do setor na década de
1990. Um dos resultados dessa
carência são as viagens ilegais de
imigrantes mexicanos e de países da América Central em cima
de um trem de carga apelidado
de “La Bestia” (A Besta), com
destino final nos Estados Unidos, uma viagem que já matou
muitos passageiros.
“Em um país com 120 milhões
de habitantes, onde os principais
centros urbanos são grandes me-
trópoles, o transporte de passageiros deve ser de grande escala”, explica o ministro dos Transportes Gerardo Ruiz Esparza.
“Além disso, a infra-estrutura do
México deve melhorar rapidamente para atender às necessidades atuais e futuras do país e suas
regiões”, completou.
De acordo com autoridades federais, o projeto visa levar 23 mil
passageiros por dia em velocidades de até 300 quilômetros por
hora, reduzindo o trajeto entre a
capital e Querétaro, hoje de duas
horas e meia, para 58 minutos.O
consórcio chinês que venceu a licitação, e que inclui empresas
mexicanas, foi o único a apresentar uma proposta dentro do prazo que ia até o dia 15 de outubro.
O Ministério dos Transportes disse, à época, que 16 empresas com
potencial na área decidiram não
fazer propostas, o que inclui os gigantes industriais Mitsubishi do
Japão, a francesa Alstom, a canadense Bombardier e a alemã Siemens. Esparza explicou que, em
média, apenas duas empresas
costumam fazer propostas para
Segundo autoridades, o
projeto visa levar 23 mil
passageiros por dia em
velocidades de até 300
km por hora, reduzindo
o trajeto entre a capital
e Querétaro, hoje de
duas horas e meia,
para 58 minutos
projetos de trem de alta velocidade em todo o mundo.
De fato, Brasil e Argentina têm
se esforçado para transformar
seus projetos em realidade. O Brasil anunciou planos para um trem
de alta velocidade pela primeira
vez em 2010, mas tem adiado repetidamente o projeto de US$ 16 bilhões de dólares que ligará São
Paulo e Rio de Janeiro. No ano passado, o governo disse que estava
atrasando a licitação a fim de dar
mais tempo para as empresas apresentarem propostas. Isso porque
apenas uma empresa sinalizou estar pronta para entrar na disputa.
Já os planos da Argentina para
uma ligação ferroviária de alta velocidade entre a capital Buenos Aires e Córdoba foram suspensas em
2008 devido às dificuldades financeiras do país.
ANGOLA, DA GUERRA CIVIL ATÉ A LIDERANÇA REGIONAL ECONÔMICA E MILITAR
Simon Dawson/Bloomberg
Há dez anos destruído
pela guerra, o país hoje
alimenta as tropas
de capacetes azuis
da ONU e vive a
bonança do petróleo
Uma década atrás, Angola
saía de uma guerra civil brutal
que devastou o país. Hoje,porém, alimentado pela segunda
maior indústria petroleira da
África, o país tem se transformado em uma potência regional, com um assento no Conselho de Segurança das Nações
Unidas. O governo do presidente José Eduardo dos Santos
está ajudando na mediação
das negociações pelo desarmamento na vizinha República
Democrática do Congo.
A ONU diz que o país, com
24 milhões de habitantes, alcançará status de renda média
até 2020 graças à receita obtida
com o petróleo explorado por
empresas como a BP, a ConocoPhillips e a Repsol. Além disso,
com o quinto maior exército da
África Subsaariana, Angola já
se transformou na principal força negociadora da região que
vai da Guiné-Bissau até o leste
do Congo, inclusive cedendo
homens às missões de paz. Tanto que, no ano passado, o país
aumentou 36% de seu gasto em
defesa para US$ 6,5 bilhões, o
maior montante do continente, segundo o Stockholm International Peace Research Institute. As Nações Unidas estimaram a renda per capita em US$
3.750 no ano passado, mais do
triplo do patamar para ser considerado um país de renda média. Mesmo assim, o país ainda
enfrenta muitos desafios, como o da desigualdade. Mais de
metade da população vive com
menos de US$ 2 por dia. A burocracia faz com que o país seja
um dos lugares mais difíceis do
mundo para fazer negócios e
ele é o 156˚ colocado entre 183
países no Índice de Percepções
sobre Corrupção da Transparência Internacional. Colin McClelland e Manuel Soque, Bloomberg
Quarta-feira, 5 de novembro, 2014 Brasil Econômico 21
CATALUNHA
Suspensa consulta sobre independência
A Corte Constitucional da Espanha suspendeu uma votação
alternativa sobre a independência da Catalunha marcada para
domingo. Pesquisas apontam que a maioria dos catalães são a favor
de votar em um referendo. Estão marcadas manifestações no
domingo a favor da independência , com muitos prometendo votar
de qualquer forma, apesar da decisão da Justiça. Reuters
ENTREVISTA SUZANA KAHN
Presidente do Comitê Científico do Painel brasileiro sobre Mudanças Climáticas
‘ CADA UM ESPERA QUE
O OUTRO AJA PRIMEIRO ’
Suzana Kahn é presidente do Comitê Científico do Painel brasileiro sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU. Ela estava presente na reunião do IPCC em Copenhague, que divulgou, no domingo, um relatório com o alerta mais contundente
até hoje. O relatório diz que se as emissões de gases do efeito estufa não caírem nesta década, será difícil evitar que o planeta fique 2ºC mais quente, limite mais arriscado do aquecimento global . Formada em Engenharia Mecânica, com mestrado
em Planejamento Ambiental e Energético e doutorado em Engenharia Industrial,
Kahn é também professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Divulgação
estaríamos agora com relação
às mudanças climáticas?
Florência Costa
[email protected]
Quais foram as principais
conclusões do encontro
do Painel Intergovernamental
sobre Mudança
Climática (IPCC) ?
Estamos neste momento na fase da briga
A China e os EUA são os
maiores emissores de gases do
efeito estufa. Há sinais de que
estes dois países estão
finalmente agindo para
diminuir essas emissões?
Este encontro foi para sintetizar os três volumes anteriores: Ciência do Clima; Vulnerabilidades e Adaptação; e Mitigação dos gases do efeito estufa. Neste sentido acho que
ficou muito bom pois apresentou de forma bem clara e objetiva a participação humana
no aumento de concentração
dos gases do efeito estufa e
consequente aumento de temperatura, a importância urgente de se descarbonizar o
setor energético já que o mesmo é o principal responsável
pelo aumento da temperatura
global, e da necessidade de se
implementar medidas de
adaptação uma vez que os impactos da mudança climática
já estão ocorrendo.
De certa forma sim, mas por
motivos diferentes. A China
precisa se tornar mais limpa
por conta do problema de poluição local que já enfrenta.
Suas grandes cidades já tem
péssima qualidade do ar. Além
disto, investindo em tecnologias limpas, se abre todo um
novo mercado para venda das
suas tecnologias. Já os Estados
Unidos, por questão se segurança energética, diversifica
suas fontes de energia, o que
faz com que também invistam
em renováveis.
Rajendra Pachauri, presidente
do IPCC, abriu a reunião do
Painel citando o líder pacifista
Mahatma Gandhi:"Primeiro te
ignoram, depois riem de você,
depois brigam e então você
vence". Em que fase
Reunião dos ministros das
finanças e presidentes
dos BCs será nos dias 15 e
16 em Brisbane, Austrália
Redação
[email protected]
Apesar da divulgação, no último
final de semana, do relatório do
Painel Intergovernamental sobre
Mudança Climática da ONU, advertindo para os danos do aquecimento global, o assunto poderá ficar à margem do próximo encontro do G-20, em Brisbane, na Austrália, nos próximos dias 15 e 16,
advertem vários especialistas. Segundo Peter Hannam, editor de
Meio Ambiente do jornal australiano “The Sydney Herald”, o plano
sobre eficiência energética omitirá uma menção sobre o aquecimento global como motivação para cortar o uso de energia, segundo um rascunho do documento ao
qual o jornalista teve acesso.
O governo do primeiro-ministro australiano Tony Abbott tem
enfatizado o papel econômico do
G-20. O Secretário de Tesouro do
país, Joe Hockey, já afirmou que
a questão da mudança climática
não havia sido levantada nos dois
encontros anteriores. O G-20 é o
grupo formado pelos ministros
das finanças e chefes dos bancos
centrais das 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia. Mas há tempo ainda para
o governo australiano modificar
a agenda do encontro, observou
Dermot O’Gorman, diretor da
ONG WWF na Austrália, em entrevista ao “The Sydney Herald”:
“Nós aplaudimos o foco na eficiência energética durante o encontro, mas a mudança climática
ainda não é um item sozinho da
agenda do G-20 e precisa ser”,
disse O’Gorman.
Nicholas Stern, presidente do
Instituto de Pesquisas Grantham
sobre Mudanças Climáticas no
Reino Unido e ex-economistachefe do Banco Mundial, conclamou o primeiro-ministro Tonny
Abbott a não se “esquivar” da
questão da mudança climática
no encontro, ou evitar que o tema seja discutido devido a pressões da “política local” e à “falta
de coragem” para confrontar a
evidência científica. O economista fez os comentários para o jornal britânico “The Guardian”. Segundo ele, a ação para conter o
aquecimento global por parte
dos políticos é hoje “urgente”, já
que a realidade da mudança climátia é “inegável”.
Divulgação
O Brasil tem feito seu dever
de casa no combate às
mudanças climáticas?
Emissões globais aumentam a
cada dia e deverão continuar
aumentando. Na sua opinião,
as pessoas já chegaram a um
ponto de conscientização que
as levem a abaixar o seu nível
de vida para reduzir as
emissões de carbono?
Acho que a conscientização já
ocorreu, mas ainda falta passar
para ação. A questão é que a
ação tem que ser coletiva, já
que é um problema global, o
que faz com que cada um (indivíduo ou nação) espere que o
outro aja primeiro.
Especialistas temem
que G-20 evite o
aquecimento global
“
O relatório do IPCC
apresentou de forma
bem clara a urgência de
se descarbonizar o
setor energético, já que
o mesmo é o principal
responsável pelo
aumento da
temperatura global”
No que se refere as emissões de
desmatamento, sim. Essa era
nossa principal fonte de emissão de carbono. Mas no setor
energético, no qual tínhamos
uma posição privilegiada (com
uma percentagem elevadíssima de energias renováveis, como hidrelétrica e etanol), estamos caminhando para trás.
Especialistas cobram debate sobre aquecimento global no G-20
Por duas décadas,
as Nações Unidas tem lutado
para convencer os governos de
que devem agir para reduzir as
emissões de gás do efeito
estufa. Quais são as chances
de se ter algum resultado
positivo na reunião de Paris,
no ano que vem?
No meu ponto de vista, nenhuma chance.
Edital de Citação - Prazo de 20 Dias. Processo nº 0030367-46.2010.8.26.0005. O Doutor Cesar Luiz de Almeida, MM. Juiz(a) de
Direito da 2ª Vara Cível, do Foro Foro Regional V - São Miguel Paulista, da Comarca de de SÃO PAULO, do Estado de São Paulo,
na forma da Lei, etc. FAZ SABER a Lucas Gomes Coelho, CPF 280.552.968-55 e a Mario Pereira dos Santos Filho, CPF 023.312.91896, Brasileiro, que lhe foi proposta uma ação de Procedimento Ordinário por parte de Porto Seguro Companhia de Seguros Gerais,
alegando em síntese que em 03/10/2007 ocorreu acidente de trânsito na Avenida Bosque da Saúde, na altura da Rua Samambaia,
ocasião em que o veículo marca Chevrolet, modelo Corsa Sedan Maxx 1.8 MPFI Flespower, ano-modelo 2006/2007, placa DJF
7535 foi abalroado pelo veículo marca Fiat, modelo Palio Fire, placa DFV 8905, de propriedade do requerido Lucas, sendo conduzido pelo requerido Mario, de forma imprudente e negligente, em desobediência às regras de trânsito; cumprindo o contrato de
seguro, a autora pagou a importância de R$ 5.505,11 e ao segurado R$ 1.050,00 a título de lucros cessantes, perfazendo a soma
de R$ 6.555,11, requerendo assim a condenação dos requeridos ao pagamento do referido valor, corrigido monetariamente desde
a data do desembolso e acrescido de juros desde a data do evento. Encontrando-se o réu em lugar incerto e não sabido, foi
determinada a sua CITAÇÃO, por EDITAL, para os atos e termos da ação proposta e para que, no prazo de 15 dias, que fluirá após
o decurso do prazo do presente edital, apresente resposta. Não sendo contestada a ação, presumir-se-ão aceitos, pelos rés, como
verdadeiros, os fatos articulados pela autora. Será o presente edital, por extrato, afixado e publicado na forma da lei.
22 Brasil Econômico Quarta-feira, 5 de novembro, 2014
OPINIÃO
Editoria de Arte
A importância
do diálogo
Saturnino Braga
[email protected]
oi feliz a Presidente reeleita no
seu primeiro pronunciamento: o
apelo à união, que não é a unidade de pensamento, mas a disposição ao diálogo. O diálogo pressupõe o respeito ao outro, ao que
tem ideias e interesses diferentes, isto é,
a condição de igualdade no direito a ser
escutado com disposição de acatamento devida à equivalência na cidadania.
Somos todos brasileiros e temos que nos
considerar concidadãos com ideias e interesses e projetos diferentes que foram
postos em confronto na eleição presidencial. Tendo sido escassa a maioria
que escolheu um dos projetos, é especialmente importante que serenem as
paixões da disputa, que foram excepcionalmente violentas, e se instaure o clima de diálogo entre brasileiros.
Um dos projetos propõe um modelo
de desenvolvimento em que o Estado
tem uma presença forte e que prioriza
o objetivo da redução das desigualdades, com políticas públicas voltadas para este fim; enquanto o outro prioriza a
eficiência econômica e afirma que o Estado não deve interferir muito, que o
mercado é o instrumento mais eficiente, e que as desigualdades se vão resolvendo no processo de desenvolvimento, embora admita algumas iniciativas
de cunho igualitário.
Esta diferença entre os dois projetos
foi entendida e considerada pela população e se refletiu claramente no mapa
das votações, com clara predominância
de votos nas regiões mais pobres do país
para o primeiro projeto, e preferência
igualmente clara para o segundo projeto nas regiões mais ricas. Houve quem
acusasse os proponentes do primeiro
projeto de um propósito de dividir o Brasil entre pobres e ricos. O que é absolutamente injusto: nosso país já é, desde
muito, profundamente desigual e dividido entre pobres e ricos, e o primeiro
projeto apenas quer mostrar que é possível corrigir essa distorção.
Outra diferença importante entre os
dois projetos está na política internacional. Enquanto o primeiro prioriza novas alianças para o Brasil, com primazia
para os vizinhos irmãos da América do
Sul, onde a nossa liderança é manifesta,
e com novas aberturas para os países
emergentes dos Brics, onde somos tratados com efetiva igualdade; o segundo
projeto insiste no pragmatismo das
alianças tradicionais com os países ricos, de economias mais poderosas, mesmo que nessas alianças sejamos tratados com certa inferioridade e que esses
países ricos, no momento, estejam mer-
F
Um dos projetos propõe
um modelo de
desenvolvimento em
que o Estado tem uma
presença forte e que
prioriza o objetivo da
redução das desigualdades
gulhados numa crise que já dura muito.
Esta importante diferença entre os
dois projetos não foi suficientemente
tratada nem considerada no confronto
eleitoral de domingo último. É fundamental que seja discutida com atenção
no diálogo brasileiro proposto pela Presidente Dilma.
Outros pontos merecem destaque
neste debate político de cidadania: a
questão da reforma política, capaz não
só de reduzir a influência do poder econômico nas campanhas, como de evitar
a prática da distribuição de cargos públicos para a formação de coalizões de governabilidade. E a reforma do Estado,
promovendo a despolitização do segundo e do terceiro escalões da Administração, com a valorização de gestores capacitados, profissionais das próprias instituições públicas, cumpridores da orientação política do escalão superior.
O combate sistemático à corrupção, evidentemente, deve ser prioritário também, não só na continuidade e
na intensificação do empenho que
vem sendo desenvolvido pelas polícias e pelo Ministério Público, que
nos últimos anos desbarataram numerosas quadrilhas de corruptos no setor público, como, ainda, no enfrentamento dos entes corruptores, igualmente responsáveis, mas pouco atingidos pelas denúncias e pela ação policial e judiciária.
Enfim, um período novo se inaugura
e a intensidade e a gravidade das emoções do embate eleitoral exige que a proposta da presidenta reeleita seja levada
a sério: o diálogo construtivo da cidadania brasileira.
Saturnino Braga é ex-senador e presidente
do Centro Celso Furtado
Quarta-feira, 5 de novembro, 2014 Brasil Econômico 23
SIMONE LOPES
CLAUDIO NASAJON
Executiva de vendas da Compuware APM
Sócio-fundador da Nasajon Sistemas e da
desenvolvedora de negócios Startup Legacy
Seu e-commerce está
pronto para a Black Friday?
Startups regionais são alvos
para investimento global
Ano a ano, a Black Friday tem se popularizado no varejo do
Brasil. Tanto que redes varejistas e consumidores já se preparam para a chegada da data, a fim de fazerem “bons negócios”. De olho nos resultados movimentados em 2013, de R$
424 milhões, que representaram aumento de 95% em relação a 2012, os varejistas se preparam para a grande demanda
que vem por aí este mês. O otimismo está baseado no aumento de pedidos, que chegaram a 969 mil, 79% a mais que
o ano anterior.
Israel, com apenas sete milhões de habitantes, é o terceiro
país do mundo com empresas na bolsa de Nova Iorque. O que
fez um país tão pequeno ter o empreendedorismo tão desenvolvido, enquanto no Brasil, com quase 200 milhões de pessoas, ainda estamos engatinhando? Uma explicação é que o
Brasil, por ser tão grande, não exige a internacionalização das
startups. A questão é que globalizá-las significa relativamente pouco esforço e pode multiplicar várias vezes o potencial
de crescimento. Eis aí uma oportunidade para investidores.
Apesar dos números animadores,
a Black Friday ainda tem alguns desafios a serem enfrentados, principalmente quando a questão é a tecnologia. Considerando que o e-commerce
das redes varejistas, nesse dia, podem
receber um volume de acessos até dez
vezes maior do que os períodos de pico ao longo do ano, muitos usuários
têm grandes dificuldades de navegar
pelos sites, seja por indisponibilidade, lentidão ou mesmo por falhas. Pesquisa desenvolvida pela Opinion Box
apontou que 58% dos consumidores
entrevistados tiveram algum problema de acesso aos sites, em 2013.
Há poucos dias almocei com Jon
Medved, criador da plataforma de investimentos colaborativos OurCrowd
e considerado pelo Washington Post
como “um dos líderes do investimento empreendedor em alta tecnologia”. Ele me falava de como Israel
criou um ecossistema empreendedor
voltado para o mercado internacional
que atrai empreendedores e investidores de todo o planeta num frenesi só
comparável ao do Vale do Silício.
Enquanto isso, no Brasil, a quantidade de projetos de gente que quer
empreender “na esquina” é alarmante. O brasileiro parece ter dificuldade
em pensar no global e se restringe,
desnecessariamente, a menos de
10% do seu potencial, já na largada.
Instituições de pesquisa
internacionais apontam
que a indisponibilidade
dos sites, em níveis
mundiais, resulta
em perdas de
US$ 8 mil por minuto
Essa indisponibilidade, além de
gerar uma experiência negativa dos
usuários, reduz as possibilidades de
negócios da empresa e ainda prejudica a marca, uma vez que os clientes
relatam sua insatisfação, seja no boca a boca, nas redes sociais ou até
mesmo em sites de reclamação que
funcionam como canal do consumidor. Instituições de pesquisa internacionais apontam que a indisponibilidade dos sites, em níveis mundiais,
resulta em perdas de US$ 8 mil perdidos por minuto (Ponemon Institute), que 72% vão para a concorrência
nessas ocasiões (Coleman Parkes Research) e que 58% desses usuários
não voltariam a comprar no site por
conta de uma má experiência (1&1 In-
ternet Inc.). No Brasil, entre as queixas registradas pelo site Reclame
Aqui, 79,83% eram referentes aos sites fora do ar.
O fato é que, com a complexidade
das tecnologias integradas a um website, torna-se complicado para o time
de TI das empresas identificar a origem das falhas geradas pelo alto volume de acesso. Isso porque o problema, que reflete no usuário, pode vir
de uma lista enorme de soluções integradas ao e-commerce. Para prevenir
essas falhas ou geri-las da forma mais
eficaz, evitando perdas por indisponibilidade, o e-commerce precisa ser
constantemente monitorado. Um novo conceito de tecnologia, baseado no
gerenciamento do desempenho das
aplicações, visualiza a experiência do
usuário em tempo real e chega a origem das falhas, para que a empresa tome decisões mais assertivas para a disponibilidade do site.
O principal diferencial das tecnologias de monitoramento é que elas podem contribuir de forma preventiva
ao avaliar o número de acessos simultâneos que o e-commerce suporta. Essa análise permite que a empresa faça
uma intervenção e eleve a performance do site antes da tão esperada Black
Friday ou ainda que atue com mais
agilidade ao identificar incidentes e falhas durante a navegação dos clientes, em tempo de saná-los sem impactar os negócios.
Se sua empresa vai participar da
Black Friday 2014, tenha em mente a
oferta de produtos e preços atrativos
ao consumidor, mas pense também
que é essencial oferecer a ele a melhor
experiência de compra. Por isso, prepare-se para o evento, monitore a performance do seu e-commerce e otimize suas oportunidades de negócios.
Outra consequência
interessante da
abordagem global,
em oposição à regional,
é que se ganha acesso a
um número maior de
canais de capitalização
Um post num blog ou nas mídias
sociais, que seja publicado em português, por exemplo, atingirá, no máximo, um público de aproximadamente 120 milhões de pessoas (número de
internautas que falam português), enquanto que a mesma notícia em inglês poderia impactar mais de 900 milhões de internautas. Em outras palavras, se o empreendedor ajustar a
mente para pensar em “mundo” em
vez de “Brasil” e, ao fazer um website
ou app, incluir, no mínimo, a tradução para o inglês, pode, com pouco esforço, multiplicar as chances de visitação por um fator de dois dígitos.
Outra consequência interessante
da abordagem global, em oposição à
regional, é que se ganha acesso a um
número maior de canais de capitalização e em condições mais convenientes. Para dar um exemplo, os 12 sites
de financiamento coletivo (crowdfunding) funcionando no Brasil atraíram
em conjunto pouco mais de R$ 600
mil em investimentos, valor pequeno
quando comparado aos R$ 110 milhões (duzentas vezes mais) arrecadados por um único site nos EUA.
Existe oportunidade para que investidores possam ajudar empreendedores brasileiros a se lançar na “vitrine” internacional e capitalizar essas
diferenças de potencial. Com aportes
relativamente pequenos, pode-se negociar com empreendedores “locais”
e oferecer apoio para tradução e localização do negócio para “exportação”
do empreendimento, mesmo que a sede e a infraestrutura fiquem aqui. Blogs de alto tráfego, sistemas na web
(vendidos na forma de “software como serviço”) e até cursos online, podem ter seu impacto multiplicado
com pequenas intervenções que facilitem seu uso por clientes fora do país.
O mesmo processo ocorre de fora
para dentro. Há milhares de empreendimentos, principalmente na América Latina, que desejam ingressar no
Brasil, mas veem o país como um
“monstro gigantesco” com barreiras
quase intransponíveis de idioma, cultura e regulamentação. Um parceiro
local, que deseje servir de “ponta de
lança” para ajudar esses empreendimentos a se lançar no Brasil, pode
aproveitar boas oportunidades para
conseguir participação em negócios
que já se mostraram bem-sucedidos
lá fora, com relativamente pouco
aporte de recursos.
Presidente do Conselho de Administração Maria Alexandra Mascarenhas
Diretor Presidente José Mascarenhas
BRASIL ECONÔMICO é uma publicação da
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Publisher Ramiro Alves
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24 Brasil Econômico Quarta-feira, 5 de novembro, 2014
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PONTO FINAL
OCTÁVIO COSTA Chefe de Redação
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Talvez falte
à presidente Dilma
Rousseff capacidade
de sedução.
Se é para se inspirar
em Vargas, que seja
em seu lado afável
Que Dilma gosta muito de ler não
é novidade. E a biografia de Vargas por Lira Neto já se tornou
obra de referência, ganhando o
merecido destaque graças ao apuro do autor. Mas daí a afirmar
que a presidente usará a experiência do líder trabalhista vai gran-
em 1935 após a tentativa de golpe
comunista liderada por Luiz Carlos Prestes, levou choques elétricos e teve as unhas arrancadas a
alicate. Preso debaixo de uma escada, enlouqueceu nas dependências do Dops, na Rua da Relação. Prestes ficou um ano inco-
AROEIRA
de distância. Antes de mais nada,
vale lembrar que existem dois Getúlios. O primeiro comandou
uma ditadura cruenta nos anos
30. Com a polícia chefiada por Filinto Müller, os inimigos do regime eram tratados a ferro e fogo.
O americano Harry Berger, preso
co carismático que deixou a vida
para entrar para a história.
São, portanto, dois personagens antagônicos. O que é reconhecido pelo próprio Lira Neto,
autor da biografia elogiada por
Dilma. Em entrevista, ele resumiu o perfil de Getúlio: “Era um
homem ambíguo, contraditório,
permeado de ambivalências. Tinha a capacidade de seduzir e,
por vezes, cooptar adversários.
Era um hábil negociador, um político astuto, que sabia usar da afabilidade para desconcertar e desarmar o interlocutor mais ríspido. Ao mesmo tempo, quando
exerceu o poder na condição de
ditador, agiu com mão de ferro
para silenciar a oposição e as vozes dissonantes”.
Dilma Rousseff, ao que se sabe, não tem nada de ambígua e é
defensora intransigente das liberdades democráticas. Talvez lhe
falte capacidade de sedução. Se é
para se inspirar na figura de Getúlio, que seja em seu lado afável.
Para desarmar os adversários.
SOBE E DESCE
Murillo Constantino
A
o desembarcar em Brasília depois dos quatro dias de
descanso na Base Naval de Aratu, a presidente Dilma
Rousseff levava debaixo do braço o terceiro volume da
biografia de Getúlio Vargas, de autoria do jornalista Lira Neto. O livro
cobre o período 1945/1954, “da consagração popular ao suicídio”.
Diante da imagem publicada nos jornais, alguns observadores da
cena política concluíram que Dilma quis mandar um recado: em seu
segundo mandato, vai buscar inspiração na vida do caudilho gaúcho.
Eles se baseiam também nos comentários que a presidente fez ao ler
em março o primeiro volume, “Getúlio – 1882-1930 – Dos anos de
formação à conquista do poder”. Ela teria elogiado o livro em
conversa com o senador Francisco Dornelles, sobrinho de Tancredo
Neves e primo em segundo grau de Vargas.
municável numa solitária. Foi salvo pelo advogado católico Sobral
Pinto, que pediu que a ditadura
respeitasse ao menos o Código de
Defesa dos Animais.
Este Getúlio, que chegou a simpatizar com Hitler e com a ocupação da Europa pelo III Reich, ficou no passado. Graças aos herdeiros do trabalhismo, como
João Goulart e Leonel Brizola, fala-se muito mais sobre o avô bonachão que foi procurado em sua
fazenda de São Borja em 1950 para voltar ao poder nos braços do
povo. Hoje, reverencia-se apenas o Vargas nacionalista que
criou a Petrobras e o BNDES, ampliou os direitos dos trabalhadores e reforçou o poder dos sindicatos. Também é dada ênfase especial ao homem que enfrentou as
elites que se abrigavam sob a legenda da conservadora União Democrática Nacional (UDN). Apresenta-se Getúlio como o pai dos
pobres que foi levado ao suicídio
porque enfrentou os inimigos das
causas populares. Enfim, o políti-
■ Em rara demonstração de
desapego ao poder, o presidente
do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco
Cappi, recusou o convite da
presidenta Dilma Rousseff para
substituir Guido Mantega no
Ministério da Fazenda.
Divulgação
AS DUAS FACES DE GETÚLIO
■ O prefeito de Taubaté, José
Bernardo Ortiz Jr. (PSDB), teve
seu mandato cassado pelo TRE
-SP por abuso de poder político e
econômico. Ele está com
os bens bloqueados e
vai recorrer ao TSE.
PROJETOS DE MARKETING
Quarta-feira, 05 de novembro, 2014 Brasil Econômico
Arte Fani Loss
ESPECIAL PREVIDÊNCIA PRIVADA
$
Aposentadoria
na medida
certa
A carteira de investimentos da previdência
privada acumulava, em agosto, R$ 406,8
bilhões, 14,58% a mais do que em igual
período do ano passado. Setor traça
novas estratégias para retomar a taxa
média de crescimento de 26% ao ano
2 Brasil Econômico Quarta-feira, 5 de novembro, 2014
$
PROJETOS DE MARKETING
ESPECIAL PREVIDÊNCIA PRIVADA
Investimentos crescem 5,68%
e chegam a R$ 49,5 bi até agosto
Carteira da previdência privada alcançou R$ 406,8 bilhões, 14,58% a mais do que em igual período do ano passado
Iolanda Nascimento
Mercado ainda
não alcança
10% do PIB
[email protected]
A previdência privada aberta brasileira iniciou o segundo semestre
mais otimista, esperando alcançar
atéofinaldoanoaaltade10%projetada para 2014 em novas receitas.
Depois de passar por um dos piores,
ou o pior, momentos de sua história
em 2013, quando reverteu o crescimento anual acima de 20% dos seus
principais indicadores verificados
na última década, o setor está retomando o curso. No acumulado do
ano até agosto, o volume de investimento em previdência cresceu
5,68%,paraR$49,5bilhões,eacaptaçãolíquida (diferença entre os resgates e os aportes) 11,82%, para R$
22,4 bilhões, comparativamente a
igual fase do ano anterior. O volume de novos recursos aplicados pelos participantes do sistema cresceu
41,10% e somou R$ 6,2 bilhões em
agosto deste ano em comparação
com o mesmo mês de 2013, quando
foram investidos R$ 4,4 bilhões.
Os valores dos
primeiros oito meses
foram fortemente
impulsionados pelo
desempenho do setor
em julho, que teve
captação de R$ 2,2 bi
No encerramento de agosto, a
carteira de investimentos acumulava R$ 406,8 bilhões, 14,58% a
mais do que em igual período do
ano passado, conforme dados da
Federação Nacional de Previdência
Privada e Vida (FenaPrevi). O crescimento, no entanto, ainda não está nada próximo da média anual de
26% que vinha registrando até
2012 - em 1993, o saldo era de R$ 3
bilhões. Expansão que foi resultado da estabilidade econômica e da
melhoria na renda e no nível de emprego do brasileiro, que trouxeram
novos participantes para esse mercado na última década, observam
os especialistas, mas que, em 2013,
esbarrou no retorno da trajetória
de alta da taxa Selic, que influenciou os juros de longo prazo que recaem sobre essas carteiras de investimento, afugentando os investidores, como explica Osvaldo Nascimento, presidente da FenaPrevi.
Os valores dos primeiros sete meses do ano foram fortemente impulsionados pelo desempenho do setor do mês julho. “Foi o mês da reação contra o pior mês em 50 anos”,
diz o presidente da Bradesco Vida e
Previdência, uma das líderes do setor, e vice-presidente da FenaPrevi, Lúcio Flávio de Oliveira, lembrando que em igual mês de 2013 a
captação líquida ficou negativa em
Fotos Divulgação
Oliveira: o mercado aquece
mais no segundo semestre
Nascimento:sóem2016ritmo
decrescimentoseráretomado
R$ 396 milhões. Em julho deste
ano, ela ficou positiva em R$ 2,2 bilhões, fruto de um salto de 50,41%
no volume de novos recursos aplicados, de R$ 5,8 bilhões.
“Ainda estamos muito abaixo da
expansão estimada para 2014, mas
historicamente o segundo semestre é sempre melhor e 2013 foi muito ruim”, afirma Nascimento. Para
o executivo, o setor só deverá retomar o ritmo de crescimento médio
anteriorem 2016. Conforme o presidente da Bradesco, o mercado é
sempre mais aquecido na segunda
metade do ano por causa da proximidade do fim do exercício fiscal,
já que os produtos de previdência
que mais têm se destacado,e impulsionado o setor, são aqueles que oferecem vantagens tributárias, como
o Vida Gerador de Benefício Livre
(VGBL) e Plano de Gerador de Benefícios Livre (PGBL),permitindo abatimento no Imposto de Renda.
De acordo com Adriana Hennig, coordenadora de seguros de vida e previdência da Superintendência de Seguros Privado (Susep), as contribuições para a previdência privada cresceram 4,8% no
primeiro semestre de 2014, para
R$ 5,4 bilhões. O valor não inclui
os aportes em planos VGBL, que
são considerados pela Susep como
produtos de seguros, uma vez que
embutem cobertura de sobrevivência. “As receitas de seguros de pessoas com cobertura de sobrevivência, segmento no qual se insere o
VGBL, somaram R$ 32,9 bilhões
no mesmo período, com redução
de 3,9%”, diz Adriana.
O presidente da FenaPrevi considera difícil prever, no momento,
qual será o desempenho da previdência privada aberta no próximo
ano diante da conjuntura atual 2014 está sendo marcado pelo baixo crescimento da economia e inflação em curva ascendente, que
diminuem o poder de poupança
da população, o que afeta em
cheio o setor. “Mesmo com esse cenário, estamos vendo que o mercado gradualmente vem se recuperando porque os juros de longo prazo estão se estabilizando. Mas não
conseguimos ainda saber quais serão as correções que serão feitas para melhorar esse cenário macroeconômico para o ano que vem. E
correções podem ser dolorosas. Podem afetar o poder de poupança
do cidadão e, em consequência, o
setor”, diz Nascimento.
Mas o mercado de previdência
complementar aberta ainda
tem grande potencial no Brasil,
onde não alcança nem 10% do
Produto Interno Bruto (PIB).
Quando somados os aportes
em fundos de pensão, a
chamada previdência
complementar fechada, o
volume cresce e se aproxima
de R$ 1 trilhão, mas segundo
Osvaldo Nascimento,
presidente da FenaPrevi, o país
tem potencial para ter o dobro
desse montante. “Em países
onde esse mercado é mais
desenvolvido, os recursos
aplicados em previdência
privada chegam a representar
entre 40% e 60% do PIB”, diz.
A baixa renda da população
brasileira combinada com a
falta de cultura de poupança de
longo prazo e as contribuições
obrigatórias dos trabalhadores
assalariados para a
previdência pública são alguns
dos fatores que explicam o
mercado mais enxuto. “A maior
parte dos brasileiros tem plano
de curtíssimo prazo. Não faz
planejamento de longo prazo e
previdência é de longo prazo”,
explica o economista Carlos
Honorato, professor da
Fundação Instituto de
Administração (FIA),
observando também que o teto
da previdência pública
brasileira é considerado alto
quando comparado a outros
países e à renda média da
população.
No entanto, o futuro da
previdência pública é sempre um
grande ponto de interrogação, já
que o país tem arrecadado cada
vez menos para fazer frente aos
benefícios pagos, enquanto,
paralelamente, a expectativa de
vida do brasileiro aumenta, as
famílias têm menos filhos e os
jovens demoram mais para
ingressar no mercado de
trabalho. Somente neste ano, o
déficit na previdência social
poderá chegar na casa dos
R$ 50 bilhões — no primeiro
semestre, o rombo se aproximou
de R$ 23,5 bilhões. “A
previdência é um problema
crônico que ninguém quer
aceitar e discutir de verdade.
Aumenta a longevidade,
o que é positivo, mas o tempo
de contribuição continua o
mesmo. Essa conta não fecha”,
diz Honorato.
Quarta-feira, 5 de novembro, 2014 Brasil Econômico 3
4 Brasil Econômico Quarta-feira, 5 de novembro, 2014
$
Iolanda Nascimento
[email protected]
O mercado brasileiro de previdência privada aberta espera que finalmente saia do papel no próximo ano
o Vida Gerador de Benefício Livre
(VGBL) Saúde. O produto vem sendo desenhado há cerca de cinco
anos e poderá duplicar o número de
participantes nesse mercado, além
de aproximá-lo de seu potencial de
R$ 2 trilhões, ante o R$ 1 trilhão
atual, quando somado com a previdência fechada. Conforme Osvaldo
Nascimento, presidente da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi), o projeto teve
avanços significativos este ano,
umavezqueaSuperintendência Nacional de Seguros Privados (Susep)
abriu consulta pública, encerrada
em15desetembro,paraqueasseguradoras pudessem opinar sobre as
regras do plano. Também tramita
no Congresso um projeto de lei que
regulamentaoplano,prevendoisençãodeImpostodeRenda,seuprincipalatrativo,seosrecursosacumulados forem gastos com saúde.
As principais seguradoras brasileiras esperam apenas ostrâmites finais para lançar seus produtos. Mas
enquanto isso não acontece, elas
afiam as estratégias para manter e
continuar expandindo suas carteiras nesse momento desafiador para
o mercado. Entre as principais
ações, as empresas estão investindo em lançamentos e remodelação
de produtos; taxas diferenciadas;
exploração de novos nichosde mercado e avançosobre outros hoje ainda pouco desenvolvidos; e expansãogeográficadaatuação.Masespecialmente investem em pesquisas
de mercado, para conhecer melhor
o investidor, e programas de educação financeira e previdenciária para
que os clientes tenham consciência
de que é um produto de longo prazo, pouco afetado pelas volatilidades do curto prazo, e que os seus
principais benefícios, como os fiscais,perdemosefeitoscom osresgates antecipados, que por sua vez
atrapalham a vida dos gestores.
“Investimos muito em educação, principalmente do público
maisjovem”, diz Miguel Cícero Terra Lima,presidente da BrasilprevSeguros e Previdência, que já contabiliza mais de 1 mil palestras e 50 mil
participantes em seu projeto. Em
PROJETOS DE MARKETING
ESPECIAL PREVIDÊNCIA PRIVADA
Mercado está pronto
para o VGBL Saúde
Desenhado há cerca de cinco anos, o produto poderá duplicar o número de participantes,
somando R$ 2 trilhões. As seguradoras já foram convidadas para opinar sobre as regras
Fotos Divulgação
parceria com FundaçãoGetulioVargas (FGV), a Icatu Seguros oferece
há cerca de um ano cursos online
gratuitos de organização financeira
e já contabiliza mais de 480 mil inscritos, segundo Sérgio Prates, superintendente de produtos de previdência da companhia.
Investem ainda no treinamento de distribuidores, para que ofereçam os produtos certos de acordo com o perfil e a necessidade
do comprador. “É a qualificação
na oferta do produto que vai consolidá-lo como previdência de
longo prazo. Por isso, investimos
muito em treinamento de pessoal
para que a oferta tenha qualidade”, afirma o presidente da Bradesco Vida e Previdência, Lúcio
Flávio de Oliveira. Prates, da Icatu, diz que a seguradora tem investido bastante também em distribuição, ampliando a rede.
“Nós últimos três anos, investimos muito na abertura de escritórios e hoje estamos praticamente
em todas as capitais.”
Na área de produtos, as empresas têm concentrado foco na oferta
de produtos específicos de acordo
com o perfil de clientes, explorando suas necessidades de poupança
de longo prazo, seja para aposentadoria ou a realização de algum projeto. Nesse contexto, os planos direcionados para os filhos vão conquistando mercado. Dados da FenaPrevi mostram que entre janeiro
e julho deste ano os investimentos
nessa modalidade cresceram
10,82%, ante o mesmo período de
2013, para R$ 1,1 bilhão.
ESTRATÉGIAS
■ Em parceria com Fundação
Getulio Vargas (FGV), a Icatu
Seguros oferece há cerca de um
ano cursos on-line gratuitos de
organização financeira e já
contabiliza mais de 480 mil
inscritos.
■ A Mongeral tem crescido ao
apostar em nichos, como produtos
de previdência direcionados para o
funcionalismo público e
cooperativas, além do público de
alta renda, na área individual.
■ A Brasilprev Seguros e
Previdência investe em educação,
principalmente do público mais
jovem e ja contabiliza mais de 1 mil
palestras e 50 mil participantes
em seu projeto.
Prates: "Abrimos escritórios e estamos quase em todas as capitais"
As seguradoras também estão
concentrandomaisesforçosnosplanos empresariais, especialmente os
voltados para as pequenas e médias
companhias, segmento ainda pouco desenvolvido no Brasil. “Estamos desenhando novo produto para esse nicho, que deve chegar ao
mercado em janeiro. Em agosto do
ano passado, remodelamos um que
estava na prateleira e com as alterações conseguimos arrecadar neste
último ano tudo oque ele havia vendido em suas histórias”, conta Terra
Lima,sobreopotencialdessemercado, que pode também ser verificado
na pesquisa da FenaPrevi. No acumulado do ano até julho, os aportes
nos planos empresariais cresceram
23,12%, para R$ 4,7 bilhões e tendem a crescer mais ainda.
Andrea Levy, assessor da presidência e especialista em longevidade da Mongeral Aegon, diz que o
mercado de previdência privada
brasileira é muito novo e, por isso,
ainda em evolução, com vários nichos a ser explorados. O que a companhia vem fazendo com sucesso.
A Mongeral tem crescido ao apostar
em nichos, comoprodutos de previdência direcionados para o funcionalismo público e cooperativas,
além do público de alta renda, na
área individual. “O cooperativismo
cresce entre 20% e 30% ao ano no
Brasil, enquanto em outros países já
está instalado. É uma área de muita
oportunidade”, diz Levy, afirmando que a empresa atua nesse segmento há apenas cerca de 3 anos e
ele já responde por algo entre 5 e
10% do faturamento.
Quarta-feira, 5 de novembro, 2014 Brasil Econômico 5
Resultados na ponta do lápis
A estratégias das empresas
para driblar as dificuldades
que o mercado de previdência vem enfrentando desde
2013 estão dando resultados e, para algumas, os
avanços tem sido bastantes
superiores aos próprio setor. Líder com 31,34%, ou
cerca de R$ 130 bilhões, do
total da carteira de investimento, a Bradesco estima
crescimento entre 10 e 12%
nas receitas este ano e de ao
menos 10%, em 2015, mesmo percentual que espera
de alta para o mercado como um todo. “São percentuais importantes, se considerarmos os atuais aspectos
macroeconômicos e como
os produtos de investimento de longo prazo são afetados por eles”, afirma o presidente da Bradesco Vida e
Previdência, Lúcio Flávio
de Oliveira.
Já na Brasilprev Seguros
e Previdência, segunda no
ranking, com uma fatia de
24,47% da carteira de investimento, tem expectativas
ainda mais otimistas. “Sempre crescemos acima do
mercado e neste ano não está sendo diferente. Esta-
mos dentro do guidance de
33% de aumento na arrecadação previsto para 2014”,
diz Miguel Cícero Terra Lima, presidente da instituição. No primeiro semestre
deste ano, a Brasilprev obteve lucro 27,1% superior em
relação ao mesmo período
de 2013, alcançando R$
339,9 milhões, enquanto
os ativos sob gestão cresceram 29,5%, totalizando R$
98,1 bilhões, e a arrecadação subiu 21%, somando
R$ 14,5 bilhões.
Andrea Levy, assessor
da presidência e especialista em longevidade da Mongeral Aegon, diz que em
2013 a companhia registrou
aumento de 22% nas vendas, que totalizaram R$ 625
milhões, e espera alta em
torno de 20% este ano, o
mesmo percentual previsto
para 2015. “No primeiro semestre já crescemos 19%,
faturando R$ 360 milhões”,
diz o executivo.
O grupo Icatu Seguros alcançou captação líquida de
R$ 420,1 milhões no primeiro semestre do ano, em linha
com a meta de crescimento
de 20% até o final do ano. I.N.
Planos individuais no topo
Lima: "Estamos no guidance de 33%
de aumento na arrecadação"
Segundo dados da FenaPrevi,
os planos individuais de
previdência complementar
aberta foram os que mais
receberam aportes dos
poupadores em agosto. Os
investidores fizeram R$ 5,5
bilhões em novas aplicações,
volume 43,47% superior ao
valor registrado no mesmo
mês do ano anterior. Os
recursos alocados nos planos
para menores também
avançaram. Foram R$ 149,1
milhões, alta de 10,92%
frente aos R$ 134,4 milhões
registrados em agosto do
ano passado. Os planos
empresariais também
registram crescimento de
aportes. A modalidade
recebeu R$ 580,9 milhões
em novos depósitos, volume
30,01% superior aos R$
446,8 milhões do mesmo
mês em 2013. Os investidores
de planos individuais fizeram
R$ 43 bilhões em novas
aplicações, registrando uma
leve alta de 3,62% na
comparação com os R$ 41,5
bilhões entre janeiro e
agosto de 2013.
O economista Carlos
Honorato, professor da
Agora é a hora.
Faça um Plano de Previdência
PGBL Bradesco até 30/12/2014
e deduza até 12%* do IR de 2015.
Fundação Instituto de
Administração (FIA), aconselha
muita atenção ao investidor na
escolha do plano e do regime,
além de bastante pesquisa.
“Muitos entram nesse mercado
sem conhecê-lo direito e podem
perder dinheiro. É preciso,
antes, ter 100% de certeza de
que não irá precisar dos
recursos antes do prazo,
conhecer bem a seguradora e
verificar se as taxas não vão
engolir os rendimentos, e ver
qual a melhor opção de plano
que se encaixa dentro do perfil
de renda e planejamento
futuro”, explica, observando
que vale também não olhar
para o mercado com
preconceito porque ele oferece
reais vantagens tributárias,
em relação a outros
investimentos, desde que se
tenha os pés no chão.
Os dados da FenaPrevi
mostram, ainda, que o sistema
possuía, em agosto, 104.122
pessoas já usufruindo
benefícios (aposentadorias
complementares, pecúlios, por
morte e por invalidez, e
pensões, por morte e por
invalidez) da previdência
complementar aberta.
6 Brasil Econômico Quarta-feira, 5 de novembro, 2014
$
Dario Palhares
[email protected]
Não faltam opções aos poupadores que pretendem formar um péde-meia para a terceira idade. As
seguradoras locais oferecem mais
de 900 planos Gerador de Benefício Livre (PGBL) e Vida Gerador
de Benefício Livre (VGBL) em um
cardápio concentrado em cinco
modelos básicos de carteira: multimercado e renda fixa, indicados
para os mais conservadores, e fundos com aplicações de até 15%,
30% e 49% em renda variável, voltados aos mais arrojados. No período de janeiro a setembro deste
ano, segundo levantamento realizado pelas consultorias NetQuant
e Towers Watson, os dois primeiros alcançaram as maiores rentabilidades médias no segmento —
7,17% e 6,92%, respectivamente
—, mas os investidores devem colocar na balança, antes de se decidirem por estes ou aqueles, outro
fator que pode comprometer seus
ganhos futuros: a conta apresentada mensalmente pelos administradores dos recursos. “As taxas de
administração são as grandes vilãs dessa modalidade de poupança”, alerta Miguel Leôncio Pereira, professor de Previdência Complementar da Faculdade Fipecafi.
A boa notícia é que as performances dos fundos de previdência mais em conta bateram, com
boa folga, os indicadores dos
mais caros nos nove primeiros meses do ano. De acordo com a pesquisa já citada, as carteiras multimercado e de renda fixa com “pedágios” de até 1,5% sobre o patrimônio líquido proporcionaram,
na média, rentabilidades de
7,60% e 7,20%. Tais índices superaram em 1,55 e 3,53 pontos os ganhos oferecidos por fundos que
cobram tarifas superiores a 3%.
“O ideal é que as taxas de administração não sejam superiores a 1%.
Menos de 10% dos fundos previdenciários operam nesse patamar, mas vale a pena pesquisar”,
destaca o acadêmico.
As vantagens tributárias oferecidas pelos planos PGBL e VGBL
tornam a dupla imprescindível
para a formação de poupança de
longo prazo. Afinal, a primeira op-
PROJETOS DE MARKETING
ESPECIAL PREVIDÊNCIA PRIVADA
Taxa de administração
também deve ser avaliada
O ideal é que não sejam superiores a 1%. Menos de 10% dos fundos operam nesse patamar
Divulgação
AS DIFERENÇAS
■ Plano PGBL permite a dedução
de até 12% da renda tributável,
para quem contribui com
a previdência oficial e utiliza
a declaração completa
do Imposto de Renda (IR).
■ Plano VGBL sofre incidência
do IR exclusivamente sobre
os rendimentos, para aqueles que
optam pela declaração
simplificada, são isentos
ou não realizam
desembolsos para o INSS.
ção permite a dedução de até 12%
da renda tributável, para quem
contribui com a previdência oficial e utiliza a declaração completa do Imposto de Renda (IR), e a
segunda sofre incidência do IR exclusivamente sobre os rendimentos, para aqueles que optam pela
declaração simplificada, são isentos ou não realizam desembolsos
para o INSS. Mesmo assim, o professor da Fipecafi acredita que outras aplicações também devem
ser consideradas. É o caso das Notas Financeiras do Tesouro Nacional (NTNs) das séries B e Principal, atreladas ao IPCA. “São opções interessantes para quem não
tem pressa para resgatar suas aplicações. Além de boa rentabilidade, esses títulos oferecem maior
segurança, garantem o pagamento semestral de rendimentos e podem ser adquiridos por pessoas físicas diretamente do Tesouro Nacional, sem intermediários”, assinala Pereira.
Leôncio Pereira: Notas Financeiras do Tesouro Nacional são boas
opções para quem não tem pressa para resgatar suas aplicações
‘Nossos clientes são poupadores de longo prazo ao pé da letra’
Divulgação
Muitos brasileiros encaram os
planos PGBL e VGBL não como
instrumentos para a formação
de poupança de longo prazo, e
sim como opções convencionais de investimento. Tal distorção, diga-se, é fruto da própria
regulamentação desses planos,
já que o resgate total de recursos pode ser efetuado, em muitos casos, apenas 60 dias após
as aplicações. “Não é à toa, portanto, que as vendas sofrem do
mesmo vício. A maioria das instituições não conscientiza o público sobre a importância e o
verdadeiro papel da previdência complementar”, analisa
Evandro Augusto Raber, diretor geral da Luterprev.
Criada em 1993, a partir de
caixas previdenciárias mantidas
pela comunidade luterana do sul
do País, a empresa é um ponto fora da curva no mercado. Ao contrário da concorrência, que atua
em todas as frentes do setor financeiro, dedica-se exclusivamente a planos previdenciários
individuais e coletivos. Seus ativos, que somam R$ 110 milhões,
estão quase que integralmente
(98%) aplicados em Notas do Tesouro Nacional (NTNs) com vencimentos até 2050. Os títulos entram em carteira e lá ficam até o
resgate. Conservadora ao extremo, a estratégia é garantida pelo
baixo índice de resgates mensais
— inferior a 3% do volume total,
ante uma média do segmento
próxima a 10%, em 2014. “Nos-
Raber, da Luterprev: plano
rendeu 12,99% até setembro
sos clientes são poupadores de
longo prazo ao pé da letra”, assinala Raber, que destaca ainda a
boa performance de seus produtos. “O Plano de Remuneração
Garantida e Performance, o PRGP, rendeu 12,99% entre janeiro
e setembro. Alcançou, dessa forma, o segundo posto no ranking
elaborado pela NetQuant e a Towers Watson.”
A Brasilprev, ligada ao Banco
do Brasil, também vem colhendo números interessantes com
fundos previdenciários de longo
alcance. Seus principais destaques nessa seara são os Ciclos de
Vida 2020, 2030, 2040, que proporcionaram ganhos líquidos de
8,85%, 7,75% e 7,16% até o terceiro trimestre. Como as nomen-
claturas sugerem, os três são voltados para quem quer resgatar
os recursos daqui a seis, 16 e 26
anos. Inspirada em modelos norte-americanos e chilenos, a proposta foi apresentada ao segmento de alta renda em 2007 e
já no ano seguinte chegava ao varejo. “A composição dessas carteiras muda com o passar do
tempo: a renda variável, que
tem grande peso nos primeiros
anos, vai progressivamente cedendo espaço para a renda fixa à
medida que o ciclo se aproxima
do fim”, explica o superintendente de produtos Sandro Bonfim. “Ou seja, a ideia é ousar
mais, de início, em busca de
maior retorno, e depois adotar
uma postura conservadora.”
Quarta-feira, 5 de novembro, 2014 Brasil Econômico 7
Fotos Divulgação
Governo federal
inicia, a partir deste
mês, a distribuição
de livros e materiais
didáticos sobre
matemática
financeira em 3 mil
escolas públicas
de Nível Médio
Silvia Morais: “A educação financeira tem mobilizado toda a sociedade. Total de projetos saltou de 100 para 800 em quatro anos”
Conscientizar é preciso
Cerca de 60% dos programas de educação financeira e previdenciária desenvolvidos
hoje no País são gratuitos, e 31% destas ações têm como foco crianças e adolescentes
Dario Palhares
[email protected]
O Brasil ainda está a descobrir a
previdência complementar. Os cidadãos que contam com coberturas adicionais às oferecidas pelo
Instituto Nacional de Seguridade
Social (INSS) somam cerca de 12,5
milhões — 75% por meio de planos abertos, administrados por seguradoras, e o restante graças aos
fundos de pensão. O potencial de
crescimento do setor é expressivo, já que essa massa de poupadores corresponde a apenas 12,6%
da população economicamente ativa (PEA) e, de quebra, há um novo
público a ser abordado — a classe
média emergente, surgida na esteira dos programas sociais do governo federal. A ampliação dos horizontes e da clientela é um desafio
que requer, sobretudo, pedagogia e paciência, na avaliação de
Osvaldo do Nascimento, presidente da Federação Nacional de
Previdência Privada e Vida, a FenaPrevi. “O País terá de investir fortemente em educação financeira e
previdenciária”, analisa. “Só que
os resultados, claro, não surgem
da noite para o dia. É um trabalho
que demanda continuidade, pois o
público só absorve aos poucos as
informações oferecidas.”
O caminho a ser trilhado foi definido na Estratégia Nacional de
Educação Financeira (ENEF), que
começou a ser discutida em 2007,
no âmbito do Executivo federal, e
ganhou contornos em dezembro
de 2010, com o Decreto Presidencial 7.397. Quatros anos depois, o
programa exibe números encorajadores: as iniciativas públicas e
privadas na área saltaram de 100
para 800. “O tema tem mobilizado a sociedade em geral”, constata Silvia Morais, superintendente
da Associação de Educação Finan-
ceira do Brasil (AEF-Brasil). “Dois
dados relevantes são a gratuidade
de 60% dos projetos existentes e o
foco em crianças e adolescentes
por parte de 31% dessas ações, visando o longo prazo.”
Criada em 2012 por um quarteto de organizações privadas – Febraban, BM&FBovespa, Anbima e
Confederação Nacional de Empresas de Seguros Gerais, Previdência
Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNSeg) – a
AEF-Brasil se tornou um dos pilares da ENEF. Hoje, a entidade responde pela administração do site
do programa oficial (www.vidaedinheiro.gov.br) e o desenvolvimento de tecnologias sociais e educacionais que são colocadas à disposição da sociedade gratuitamente. É o caso do do Programa de Educação Financeira nas Escolas, vol-
A Escolha Certa:
programa da ASCPrev
utiliza histórias
em quadrinhos
para educar
Cerca de 900 mil
funcionários de
empresas e instituições
públicas e privadas
que oferecem fundos
de pensão desprezam
esses benefícios,
segundo estimativas
da Previc
tado ao Ensino Médio, que desde
maio deste ano está à disposição
dos professores no site www.edufinanceiranaescola.gov.br. O próximo passo, a partir de novembro,
será o envio de livros e material didático para 3 mil escolas públicas.
“O projeto envolveu 1.500 professores e 27 mil alunos de 448 escolas, dos quais só 50% receberam lições de educação financeira. Após
as aulas, uma pesquisa constatou
que esses jovens apresentavam
um nível de conhecimento financeiro 7% superior aos dos demais
e, ainda, que suas famílias passaram a poupar 1% a mais”, destaca
Silvia, que já se prepara para uma
nova e grande etapa. “Em setembro, entregamos ao Ministério da
Educação, para análise, livros destinados ao Ensino Fundamental.
São nove volumes para professo-
res e outros nove para alunos –
dois para cada série do curso.”
Até mesmo os fundos de pensão estão preocupados em conscientizar seu público-alvo. Não é
para menos, pois cerca de 900 mil
funcionários de empresas e instituições públicas e privadas que
oferecem planos de complementação de aposentadoria não optam
por tais benefícios, segundo estimativas da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc). A cobrança de
ações de educação financeira e
previdenciária, por parte do órgão federal, foi o mote principal
da criação, há cinco anos, da Associação Catarinense das Entidades
de Previdência Complementar
(ASCPrev). “No início da década,
lançamos o programa ‘A Escolha
Certa’, com o aval da Previc. Parte
dos conteúdos é compartilhada;
outra, é desenvolvida por nossas
13 associadas, de acordo com as
suas necessidades”, explica a presidente Regidia Alvidia Frantz.
Para não cair na “mesmice”,
como assinala a executiva, a ASCPrev realiza reuniões mensais
com o objetivo de definir novas
iniciativas. O cardápio já aprovado nesses encontros inclui um site
exclusivo do projeto (www.aescolhacerta.com.br), um perfil no Facebook, aulas, vídeos, sorteios de
consultorias financeiras individuais, revistas e tiras em quadrinhos que apresentam uma família
às voltas com desafios financeiros. O programa, entre outros feitos, contabiliza dois prêmios, concedidos pela Associação Brasileira
das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp) e
a Associação Nacional dos Contabilistas das Entidades de Previdência (Ancep), 144 mil acessos ao
seu portal, 2.650 inscritos em palestras e cursos e vários interessados na compra de conteúdos.
“Nossas vídeo-aulas são muito cobiçadas”, conta Regidia. “Mas o
indicador mais importante, sem
dúvida, é o crescimento da população atendida pelos 13 fundos de
pensão associados — de 97.923,
em 2011, para 132.165, no último
ano. Um salto e tanto, mas dá para
ir além. Acreditamos que é possível duplicar esse número.”
8 Brasil Econômico Quarta-feira, 5 de novembro, 2014
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PROJETOS DE MARKETING
ESPECIAL PREVIDÊNCIA PRIVADA
ENTREVISTA PAULO TOLENTINO Consultor em Previdência Complementar
‘IDOSOS MAIS PRODUTIVOS
JÁ SÃO UMA REALIDADE’
Divulgação
Paulo Tolentino entende tudo e mais um pouco de previdência complementar. Além de participar da criação da Odeprev, do grupo Odebrecht, a qual pilotou
por 17 anos, este administrador de empresas com mestrado em gestão previdenciária e securitária presidiu a
Associação dos Fundos de Pensão de Empresas Privadas (APEP), entre 2005 e 2010, e marcou presença no
Conselho Nacional de Previdência Complementar, o
CNPC, e em seu antecessor, o CGPC. Do alto de todo esse conhecimento de causa, ele prepara o lançamento,
em novembro, do livro “+ 55, Plano de Felicidade” (Solisluna Editora), com o qual pretende mostrar ao público os passos necessários para garantir um “pós-carreira” tranquilo. “'Aposentadoria' é um termo que carrega alguns preconceitos. Por conta disso, dei preferência, na obra, ao conceito de 'pós-carreira', considerando que tal momento não representa o fim, e sim a possibilidade de um novo começo”, justifica ele.
O título do livro se refere aos condomínios residenciais voltados exclusivamente para idosos – ou seja, cidadãos com mais de 55 anos – existentes na Flórida. É
uma realidade à qual Tolentino está habituado, pois é
proprietário, já há algum tempo, de um apartamento
naquele Estado norte-americano. Por lá, a turma de
cabelos brancos curte o sol e as praias sem abrir mão,
em muitos casos, de empregos, para complementar
os rendimentos. Eles são maioria, por exemplo, em
praças de pedágio e em postos de informações turísticas. “Idosos mais produtivos passam a ser uma realidade visível, inclusive no Brasil. A sociedade tem pela
frente o desafio de se ajustar a esse novo padrão”, explica o autor, que concedeu entrevista exclusiva ao
Brasil Econômico. Confira a seguir.
Dario Palhares
[email protected]
Qual o momento ideal para se
optar pelo “pós-carreira”? Que
fatores devem ser levados em
conta na tomada dessa decisão?
A melhor oportunidade, do
ponto de vista existencial, é o
auge, o apogeu da trajetória
profissional. Assim, permanecem na memória as sensações
de ser aceito, admirado e respeitado. É necessário, contudo,
bastante humildade e desprendimento para perceber isso no
tempo adequado. Evidentemente, nestes momentos, nem
todos contam com as possibilidades materiais e existenciais
adequadas e suficientes para isto. É esta constatação que me leva a propor que todos se preparem, desde cedo, tanto do ponto de vista mental, como material e econômico. Neste último
ponto, os planos previdenciários assumem importância fundamental.
Planos de previdência
complementar colaboram para
manter a motivação de quem
ainda está na ativa?
Com certeza. A segurança econômica de possuir um renda futura estável e suficiente, independentemente de um trabalho profissional, é o mais importante. Além disso, derivando
da segurança econômica, passa-se a ter domínio sobre objetos de desejos — dos mais simples, como a decisão sobre horários de acordar, alimentar-se,
ler e divertir-se, aos mais sofisticados, como a escolha de
uma nova cidade ou mesmo
um outro país para morar, um
hobby ou uma vocação alternativa. Enfim, a segurança econômica e o equilíbrio psicossocial
são chaves importantes para
que cada pessoa, dentro dos
seus anseios íntimos, possa planejar, replanejar, percorrer,
mudar de rumo quando lhe pareça melhor, no seu caminho
para a felicidade.
Os brasileiros, de um modo
geral, têm cultura
previdenciária, valorizam a
formação de um pé-de-meia
para a terceira idade?
“
O sistema 401K,
dos EUA, é muito
semelhante aos nossos
planos de contribuições
definidas, os CDs.
Sua principal
vantagem é a
flexibilidade oferecida
aos participantes”
De um modo geral, penso que
sim.A Lei Eloy Chaves, marco inicial da moderna previdência brasileira, já caminha para uma centena de anos. Foi um bom começo, mas resta muito a nós na missão de educarmos pessoas e desenvolvermos práticas mais simples e amigáveis para empresas,
trabalhadores e beneficiários. Permanece o desafio para as inteligências da população e, especialmente, do setor de previdência.
Qual o nível de conscientização
das novas gerações a respeito?
Já existe umapopulação consciente, a ponto de contratar planos
abertospara osfilhos,espontaneamente, desde o nascedouro, com
as finalidades mais diversas: formação acadêmica, viagenscientíficas,locomoção urbana após for-
matura e até mesmo núpcias. Este
segmento começa a emergir como um negócio à parte.
Que experiências
previdenciárias existentes
no exterior poderiam
ser adotadas no Brasil?
Destacaria o sistema 401K, dos
Estados Unidos, muito semelhante aos nossos planos de contribuições definidas, os CDs.
Sua principal vantagem é a flexibilidade oferecida aos participantes, que dispõem de total liberdade para a escolha do administrador e contam com variados perfis de rentabilidade e risco. Outra opção interessante, hoje praticamente indisponível no
Brasil, são os chamados planos
de anuidades, que garantem rendas vitalícias. Chamo a atenção,
ainda, para o critério de transição da previdência pública para
a privada adotado no Chile, que
possibilitou o fortalecimento
dos investimentos sociais e em
infraestrutura no país.
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