História do Rio
Grande do Sul
Pré-História
Há 11 mil anos chegaram os primeiros grupos de
caçadores-coletores, formando culturas como a
Umbu, a Humaitá e a Sambaqui.
A cultura Taquara alcançou sofisticação, visível na
cerâmica, na engenharia de abrigos subterrâneos,
interligados por túneis, revestidos de pedra
cimentada com barro.
Outros vestígios foram encontrados na forma de
instrumentos de pedra lascada, inscrições rupestres,
amuletos, tumbas e ossadas.
Há cerca de dois mil anos chegaram os índios
guaranis. Sendo um povo mais forte e mais
organizado, submeteram praticamente todos os
antigos habitantes.
Início da colonização
O território que hoje constitui o Rio Grande do Sul já
constava nos mapas portugueses, sob o nome de
Capitania d’El-Rei, desde o século XVI.
O Tratado de Tordesilhas definia o fim das terras
portuguesas na altura de Laguna. Contudo, Portugal
desejava estender seus domínios até o Rio da Prata.
Ignorando os tratados, em
17 de julho de 1676, através
de Carta Régia, Portugal
delimitou duas capitanias no
sul, que em conjunto se
estendiam de Laguna até o
Rio da Prata, doadas ao
Visconde de Asseca e a João
Correia de Sá.
Em 1676 a bula papal Romani Pontificis Pastoralis
Solicitudo criou o bispado do Rio de Janeiro,
estabelecendo como seus limites desde a Capitania
do Espírito Santo até o Rio da Prata.
Com isso a Coroa Portuguesa passou a cogitar
seriamente a ocupação das terras do sul, legalmente
espanholas.
Ocupação do litoral
Em 1680, Dom Manuel Lobo, conseguiu tocar o Prata
e fundar a Colônia do Sacramento.
Em 1681, a Espanha, fragilizada por guerras contra a
França, estabeleceu-se o Tratado Provisional,
delimitando novas fronteiras na região e
reconhecendo a soberania portuguesa sobre a
margem esquerda do Rio da Prata.
Os portugueses passaram a se interessar pela
ocupação das terras entre o Sacramento e a
Capitania de São Vicente.
Contudo, em 1737 uma expedição
militar portuguesa, comandada
pelo Brigadeiro José da Silva Paes,
teve que prestar socorro à
Colônia que vinha sendo atacada
pelos espanhóis.
Brigadeiro Silva Paes
Em 1737 alcançou-se a barra da Lagoa dos Patos,
erroneamente tomada como um rio, o Rio Grande.
Ali foi erguido o Forte Jesus, Maria e José,
constituindo a origem da cidade do Rio Grande,
primeiro centro de governo da região.
As primeiras famílias colonizadoras chegariam ali
ainda neste ano (1737), mas outros pontos como, os
campos da região de Vacaria, na serra do nordeste,
também estavam sendo povoados pelos tropeiros.
A partir de 1748 começaram a chegar as famílias
açorianas. Instalaram-se primeiro em Rio Grande, e
depois outras se fixaram na região da futura Porto
Alegre.
Partindo dali, outros
grupos avançaram
pelos vales dos rios
Taquari (afluente) e
Jacuí (deságua na
Lagoa dos Patos).
Rio Jacuí
Primeira ocupação europeia do interior
Na parte noroeste do estado, os jesuítas
espanhóis, haviam estabelecido desde 1626
aldeamentos muito organizados reunindo
grande população indígena (cerca de 40 mil
pessoas), as reduções ou missões.
As mais conhecidas foram os Sete Povos das
Missões.
Em 1750, portugueses e espanhóis assinaram
um novo acordo - o Tratado de Madrid.
Através deste tratado, estabeleceu-se a
permuta da Colônia do Sacramento pelos Sete
Povos, cujas populações indígenas seriam
transferidas para a área espanhola além do rio
Uruguai.
Os jesuítas e os índios protestaram...
A situação se agravou e o conflito eclodiu em
Rio Pardo, originando a chamada Guerra
Guaranítica.
Depois da Guerra, a capitania sulista
desvinculou-se de Santa Catarina e foi ligada
diretamente à sede carioca, passando a ser
governada por um civil.
Em 1760 o governador espanhol em Buenos
Aires, Pedro de Cevallos, começou a intimar os
portugueses a abandonarem todas as terras
ocupadas ilegalmente.
Diante da ausência de resposta, em 1763
atacou e conquistou Rio Grande.
Agora o território português se resumia a uma
estreita faixa entre o litoral e o vale do rio Jacuí.
Em 1773 a capital foi transferida de Viamão
para Porto Alegre, em vista de sua situação
geográfica privilegiada.
Em 1776 a vila de Rio Grande foi retomada
pelos portugueses.
Um outro tratado, o de Santo Ildefonso, de
1777, mais uma vez retificaria as fronteiras e
estabeleceria desta vez como posse espanhola
tanto Sacramento como os Sete Povos.
O modelo estancieiro
Com a paz de Santo Ildefonso se intensificou
a concessão de sesmarias aos que se haviam
destacado na guerra, e esta classe de
militares, agora donos de terras, foi a origem
da aristocracia pastoril gaúcha, consolidando
o regime das estâncias.
Cada grande sesmeiro era como um poderoso
senhor feudal que só atendia aos seus
interesses e os impunha pela força.
A vida na estância era precária em todos os
sentidos.
Somente os senhores podiam ter algum luxo
numa casa grande, que mais se parecia a uma
fortificação.
Em torno dela se agrupavam a senzala e
famílias livres, que vinham em busca de
proteção e recebiam uma porção de terra em
troca de um compromisso de fidelidade servil
para com o proprietário, produzindo
alimentos e bens
manufaturados para
seu sustento próprio e
do seu patrão.
Estância rio-grandense
Todavia, muitas estâncias produziam uma
variedade considerável de produtos agrícolas,
tornando a propriedade autossuficiente e as
condições gerais um pouco melhores.
Havia também momentos de entretenimento
como frequentar pequenas casas de
comércio, participar de festas religiosas na
capela local, entre outros.
Nesses encontros começou a se formar o
folclore do Rio Grande do Sul, na contação de
causos em torno do fogo, na troca de
experiências sobre a vida campeira, na
absorção e transformação dos mitos
indígenas locais.
O empregado da estância foi, assim, um dos
formadores do “gaúcho”, uma figura que de
fato foi "construída" na região no século XX,
mas que hoje é parte importante da cultura do
estado.
Outra parte do caráter desse “gaúcho” diz
respeito à insubmissão, que foi emprestada
do povo errante, de homens sem lei, formado
por índios evadidos das missões, caçadores
de couros, escravos e bandidos foragidos,
que percorriam os campos de gado livre.
Diversos nomes se deram a essa população,
entre eles índios vagos, gaudérios, guascas e
gaúchos.
A construção da imagem - “mito” - do homem gaúcho
Viviam em bandos, comendo carne e bebendo
mate e/ou aguardente, vestidos de uma
indumentária simples e adaptada à vida
constante sobre um cavalo, tendo de dormir
via de regra a céu aberto.
Eram um perigo para os estancieiros e era
comum se envolverem em rusgas com os
espanhóis na fronteira.
Por um lado competiam na presa do gado
solto, mas também podiam ser contratados
para fazerem o mesmo serviço para um
senhor ou prestar tarefas militares junto a um
destacamento oficial.
Inicialmente, o grande interesse das pessoas
no que se referia ao gado era o couro.
A carne era apenas para uso familiar, e todo o
excedente era desprezado.
Depois de 1780 o gado livre começou a rarear,
mas então se abriu um novo e amplo mercado
para a carne que era descartada, iniciando a
cultura das charqueadas, cujo produto seguia
para o Nordeste a fim de alimentar os
escravos dos engenhos de açúcar.
Século XIX
Em 1801 é assinado um novo acordo - o
Tratado de Badajos – que entregou as
Missões para Portugal, permanecendo
Sacramento com a Espanha.
Nos poucos centros urbanos como Porto
Alegre, Rio Grande, Viamão, Pelotas e Rio
Pardo, a sociedade começava a se estruturar.
Tratado de Badajós - 1801
Porto Alegre começava a crescer como força
econômica, assumindo a posição de maior
mercado do sul.
Seu comércio se fortalecia com a atividade
crescente do porto.
Pelotas se firmava como maior centro da
produção de charque e através dele nascia
uma aristocracia urbana.
Em 1807 a Capitania ganhou sua autonomia e
em 1809 foi elevada a Capitania Geral,
composta por apenas quatro municípios:
Porto Alegre, Santo Antônio da Patrulha, Rio
Grande e Rio Pardo.
Em 1811 o estado já se via envolvido em nova
disputa internacional, agora despertada pela
revolução iniciada em Buenos Aires e que
pretendia unificar todos os estados do Prata.
Montevidéu pediu ajuda ao príncipe Dom
João, e este enviou tropas gaúchas para
combater. No avanço militar pelo pampa,
fundaram-se cidades como Bagé e Alegrete.
Retirou-se o exército pouco depois, em
função da assinatura de um armistício,
apenas para ser substituído em 1816 por um
batalhão ainda maior vindo de Portugal, a fim
de rechaçar a invasão argentina.
As lutas terminaram com a anexação da
Banda Oriental, o atual Uruguai ao Reino
Unido de Portugal, Brasil e Algarves sob o
nome de Província Cisplatina, que na prática
se tornou uma extensão do Rio Grande.
Em 1822, com a Independência do Brasil, a
Capitania gaúcha se tornou uma Província, foi
constituída a primeira Assembléia eleita, e
recebeu seu primeiro governante civil, José
Feliciano Fernandes Pinheiro.
As guerras, porém, continuavam. O estado foi
a base de operações durante a Guerra
Cisplatina, que eclodiu em 1825.
Fructuoso Rivera chegou a reconquistar os
Sete Povos das Missões, mas com a
assinatura da Convenção Preliminar de Paz,
em 1828, as Missões foram devolvidas e o
Brasil acabou por ter de entregar a Cisplatina
por força do Tratado do Rio de Janeiro, que
criou a República Oriental do Uruguai.
Pelo interior do estado os povoados se
multiplicavam, aparecendo Jaguarão, Passo
Fundo, Cruz Alta, Triunfo, Taquari, Santa
Maria.
O ano de 1824 foi marcado pelo início da
colonização alemã no estado, engrossando as
forças de defesa do território e dinamizando o
abastecimento das cidades.
O grosso do contingente imigrante seguiu
para a região ao norte da capital,
concentrando-se em torno do Rio dos Sinos,
formando os núcleos iniciais de cidades
como Novo Hamburgo e São Leopoldo.
As levas de imigrantes germânicos
continuariam a chegar ao longo de todo o
século XIX.
Gramado
Colonos alemães gaúchos
Revolução Farroupilha
Em 1835 seria a vez da Revolução
Farroupilha, que durou dez anos e onde
morreram de 3 a 5 mil pessoas.
Explodiu a revolta como consequência do
declínio na economia estadual (sobretaxa do
charque e do sal, a ineficiência administrativa
do governo da Província e as sucessivas
perdas agrícolas por pragas naturais).
Em 1835 rebeldes tomaram Porto Alegre. Em
seguida, o movimento adquiriu feição
separatista e republicana.
A reação do governo central não tardou. Porto
Alegre foi recapturada logo, mas o interior não
foi fácil.
Em 1845, quando comandados pelo Duque de
Caxias, foi assinada a Paz do Poncho Verde,
que anistiava os revoltosos, indenizava chefes
militares e libertos, entre outros benefícios.
Esta revolta, que chegou a resultar na
proclamação da efêmera República RioGrandense e dominar cerca de metade do
estado, propagando-se até Santa Catarina,
mobilizou dois terços da força militar
nacional, enviada para sufocá-la.
A guerra serviu para acentuar o espírito
regionalista com a consolidação do poder dos
estancieiros e se transformou num símbolo
de identidade na construção da memória do
estado.
Crescimento e novos conflitos
O governo de Dom Pedro II procurou
recuperar a economia local e pacificar os
ânimos.
As maiores urbanizações receberam verbas
para melhorar a infraestrutura e os serviços
públicos, melhorando a condição de vida das
pessoas.
Em 1851 o estado recebeu um desenho muito
próximo do atual, com a retificação das
fronteiras com a República do Uruguai.
Imigrantes alemães registraram confrontos
sangrentos com remanescentes dos povos
indígenas nas áreas desbravadas.
Outro grave problema que ocorreu foi entre
os próprios alemães, como a Revolta dos
Muckers, de caráter messiânico (Jacobina
Mentz Maurer e João Maurer).
Os alemães fundaram uma série de outras
cidades como Estrela, São Gabriel, Taquara,
Teutônia e Santa Cruz do Sul.
Em 1864, nova guerra. Desta feita contra o
Paraguai. O estado enviou mais de dez mil
homens para a frente de batalha.
A Guerra do Paraguai afetou diretamente
apenas três cidades gaúchas: São Borja,
Itaqui e Uruguaiana.
O ano de 1875 também foi importante, pois
assinala a chegada das primeiras levas de
imigrantes italianos, a serem instalados na
Serra do Nordeste, ao norte da área ocupada
pelos alemães.
Até o final do século chegariam grupos
menores de judeus, polacos, austríacos e
outras etnias.
Através dessa nova onda imigratória foram
fundadas cidades como Caxias do Sul,
Antônio Prado, Nova Pádua, Bento Gonçalves
e Garibaldi.
Mesmo com o crescimento de várias cidades,
principalmente Porto Alegre, Pelotas ocupava
posição de destaque econômico no estado,
com o charque vivendo seu apogeu.
Política
Em 1881 voltou à sua terra natal um grupo de
jovens liderado por Júlio de Castilhos, depois
de uma temporada de estudos em São Paulo.
Liderou a campanha abolicionista ao mesmo
tempo em que criava um Partido Republicano
diferenciado - o Partido Republicano Riograndense.
Castilhos assumiu a secretaria do governo e
em seguida participou no Rio da elaboração
da nova Constituição.
Voltando ao estado em 1891,
passou a trabalhar na
Constituição Estadual.
Aprovada, no mesmo dia se
realizou a primeira eleição para
Castilhos
uma Presidência constitucional, saindo-se
Castilhos vencedor.
Depois de várias mudanças
de governo deflagrou-se
uma nova guerra civil em
1893, a Revolução
Federalista, liderada por
Silveira Martins, antigo
adversário de Castilhos,
que estava de novo no
poder.
Silveira Martins
Durou mais de dois anos e ceifou mais de dez
mil vidas. Com a derrota dos rebeldes em
1895, Júlio de Castilhos concentrou em si o
controle absoluto do estado.
Em 1898 deixou o governo assegurando a
continuidade do seu programa através da
eleição de Borges de Medeiros num pleito
sem adversários.
Anos 30 a 60
Em 1928 Getúlio Vargas sucedeu a Borges
de Medeiros.
Borges de Medeiros
Getúlio Vargas
Em 1947 foi eleito um novo governador, Walter
Jobim. Faz um bom governo.
Nas eleições que se seguiram, vence Ildo
Meneghetti. Como governador não conseguiu
cumprir muitas metas, apesar de ter sido
reeleito.
Sucedeu-lhe Leonel Brizola. Seu governo foi
pautado por um Plano de Obras, que tinha
como objetivo melhorar a infraestrutura e
ampliar a rede escolar.
Sua atuação mais dramática foi o
lançamento da campanha da Legalidade, em
1961, quando o Palácio Piratini, onde ele
estava, foi votado ao bombardeio pelas
chefias militares federais, o que, devido à
desobediência dos soldados gaúchos,
acabou não acontecendo.
História recente
Pedro Simon foi o primeiro governador (pósditadura).
Pedro Simon
Dados do Estado do Rio Grande do Sul
*Taxa de analfabetismo abaixo dos 10%.
*PIB - o quarto maior do Brasil
*PIB per capita - R$ 15,8 mil.
*A expectativa de vida - 70 anos,
*População - 80% vive em zona urbana
*Um dos maiores produtores e exportadores
de grãos do país
Festas
Festa da Uva – Caxias do Sul
Expointer - Esteio
Fenasoja – Santa Rosa
Fenarroz – Cachoeira do Sul
Festival de Gramado e Porto Alegre em Cena.
Bienal do Mercosul
Fórum Social Mundial.
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