UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO Por: Francisco Carlos Vasconcelos Orientador Professora: Adélia Araújo Rio de Janeiro 2007 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Finanças e Gestão Corporativa. Por: Francisco Carlos Vasconcelos 3 AGRADECIMENTOS Agradeço professores. aos amigos, parentes e 4 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos meus pais, que me deram base para vida. 5 METODOLOGIA Pesquisa de caráter explicativa que utiliza como fonte para coleta de dados a bibliografia disponível sobre o assunto. Utiliza-se como ponto de partida o livro de (THOMPSON) Planejamento Estratégico: Elaboração, Implementação e Execução, que serviu como base para o levantamento de dados, pesquisas e propostas apresentadas nesta monografia. 6 SUMÁRIO INTRODUÇÃO..........................................................................................................7 CAPÍTULO 1 – Estratégia: Conceitos e Definições.............................................9 1.1. Estratégia e a sua Implementação..................................................................10 1.2. Tarefas da Gerência Estratégica.....................................................................11 1.3. As Tarefas de Elaboração de Estratégia.........................................................14 1.4. Refinamento da Estratégia..............................................................................18 CAPÍTULO 2 – Planejamento Estratégico: Uma Ferramenta Fundamental para Gestão...................................................................................................................24 2.1. As Cinco Estratégias Competitivas Genéricas................................................24 2.2. Treze Mandamentos para Elaboração de Estratégias Vitoriosas...................34 CAPÍTULO 3 – O Planejamento como Ferramenta para Definição de uma Estratégia de Enfrentamento ao Mercado Competitivo....................................36 3.1. Como a Estrutura Evolui à Medida que a Estratégia Evolui............................40 3.2. Criando Políticas e Procedimentos de Apoio à Estratégia..............................44 3.3. Relacionando-se com as Políticas da Empresa..............................................45 CONCLUSÃO.........................................................................................................47 BIBLIOGRAFIA......................................................................................................48 7 INTRODUÇÃO Este trabalho tem o objetivo de entender como o Planejamento Estratégico pode ser utilizado visando manter a Empresa em condições de competição com a concorrência. Estudar os procedimentos a serem adotados pela empresa visando atingir os objetivos traçados, associando-os às iniciativas e aos recursos necessários para alcançar a meta traçada. Vamos avaliar também o potencial da empresa e associar esse potencial com os objetivos. O desenvolvimento do trabalho visa aprender sobre esta ferramenta, desde os conceitos básicos até a sua implementação, apontar as tarefas da Gerência Estratégica, as tarefas de Elaboração da Estratégia, vantagem competitiva, ajustes da Estratégia à situação da Empresa e os processos de implementação sob as óticas orçamentais, políticas, práticas e culturais. Outro objetivo do trabalho é entender o processo abrangente do Planejamento Estratégico visando identificar as técnicas a serem utilizadas pela Empresa no intuito de atingir seus objetivos e suas metas assim como seu detalhamento, desde o levantamento dos objetivos, desenvolvimento da visão estratégica e a missão do negócio até a sua implementação. O Planejamento Estratégico pode ser utilizado como um processo de gestão que apresenta, de maneira integrada, o aspecto futuro das decisões institucionais, a partir da formulação da filosofia, da instituição, sua missão, sua orientação, seus objetivos, suas metas, seus programas e as estratégias a serem utilizadas para assegurar sua implementação. É a identificação de fatores competitivos de mercado e potencial interno, para atingir metas e planos de ação que resultem em vantagem competitiva, com base na análise sistemática de mudanças ambientais previstas para um determinado período. 8 Portanto, o planejamento estratégico não deve ser considerado apenas como uma afirmação das aspirações de uma empresa, pois inclui também o que deve ser feito para transformar essas aspirações em realidade. O trabalho será focado no ambiente empresarial, onde serão apresentadas as Estratégias, suas vantagens competitivas e posteriormente o ajuste da Estratégia à situação da empresa. O primeiro capítulo fala sobre os conceitos e definições das estratégias, abordando as tarefas da gerência estratégica, desenvolvimento da visão estratégica, estabelecimento de objetivos e implementação. No segundo capítulo, a parte de gestão é mais aprofundada, apresentando o Planejamento Estratégico como uma ferramenta fundamental para os gestores. Algumas das principais estratégias competitivas são estudadas a fim de consolidar a base de conhecimento sobre o tema. No terceiro e último capítulo, complementando o estudo desta ferramenta fundamental no ponto de vista empresarial, o planejamento é visto como um instrumento de enfrentamento ao mercado competitivo e como este se relaciona com as políticas da empresa. 9 CAPÍTULO I ESTRATÉGIA: CONCEITOS E DEFINIÇÕES. Segundo Thompson (2000), o planejamento estratégico poderia ser definido como um processo de gestão que apresenta, de maneira integrada, o aspecto futuro das decisões institucionais, a partir da formulação da filosofia, da instituição, sua missão, sua orientação, seus objetivos, suas metas, seus programas e as estratégias a serem utilizadas para assegurar sua implementação. É a identificação de fatores competitivos de mercado e potencial interno, para atingir metas e planos de ação que resultem em vantagem competitiva, com base na análise sistemática de mudanças ambientais previstas para um determinado período. Portanto, o planejamento estratégico não deve ser considerado apenas como uma afirmação das aspirações de uma empresa, pois inclui também o que deve ser feito para transformar essas aspirações em realidade. Quando se considera a metodologia para o desenvolvimento do planejamento estratégico nas empresas, têm-se duas possibilidades, que se definem: • Em termos da empresa como um todo, "aonde se quer chegar” e depois se estabelece “como a empresa está para se chegar à situação desejada”; ou • Em termos da empresa como um todo "como se está” e depois se estabelece "aonde se quer chegar". Pode-se considerar uma terceira possibilidade que é definir "aonde se quer chegar" juntamente com "como se está para chegar lá". Cada uma dessas possibilidades tem a sua principal vantagem. No primeiro caso, é a possibilidade de maior criatividade no processo pela não- 10 existência de grandes restrições. A segunda possibilidade apresenta a grande vantagem de colocar o executivo com o pé no chão quando inicia o processo de planejamento estratégico. Com a finalidade de evitar que o desafio estratégico surja num momento em que a empresa está despreparada para enfrentá-lo, a alta administração deve estar permanentemente alerta para identificar o estímulo inicial ou, talvez mesmo, até provocá-lo em determinadas situações. No atual ritmo de mudanças ambientais, nenhuma empresa pode considerar-se imune às ameaças do ambiente, tais como a obsolescência do produto ou a saturação do mercado. Por essa razão, todas as empresas devem fazer revisões periódicas de sua estratégia de produto-mercado e outras atividades dentro de um processo contínuo de identificação das ameaças e oportunidades externas. (THOMPSON, 2000). 1.1. Estratégia e a sua Implementação. Segundo Thompson (2000), moldar todas as decisões e ações da empresa em um mesmo padrão coerente é o maior desafio da implementação da estratégia. O diretor executivo da empresa tem o encargo maior de elaborar e implementar a estratégia da empresa, embora muitos outros gerentes participem do processo. Ou seja, essa responsabilidade não se restringe ao diretor executivo, porque todas as principais unidades organizacionais de uma empresa têm um papel de liderança ou de apoio no planejamento do jogo estratégico da empresa. Nas grandes empresas existem especialistas em planejamento e análise estratégica. Eles formam o departamento de planejamento estratégico, responsável pela coleta de informações necessárias aos implementadores de estratégia, elaborando análises das situações ocorrentes, estabelecendo e administrando revisões da estratégia. 11 Os planejadores estratégicos podem ajudar os gerentes a visualizar os problemas que precisam ser abordados, fornecendo dados úteis, analisando as condições da indústria e da competitividade e desenvolvendo avaliações do desempenho estratégico. Mas os planejadores estratégicos não devem assumir a responsabilidade dos gerentes na execução dos planos estratégicos, porque embora os planejadores sejam peritos em análise estratégica e na elaboração das estratégias, eles não estão envolvidos tanto quanto os gerentes com as situações locais que ocorrem diariamente na sua área. Nas organizações que não tem o departamento de planejamento estratégico, a responsabilidade da elaboração e implementação da estratégia é dos gerentes-chave. Nesta situação o conselho de administração tem o papel de observar as tarefas gerenciais, avaliando as mudanças estratégicas e aprovando oficialmente os planos estratégicos fazendo com que o conselho seja o responsável final pelas ações estratégicas tomadas. (THOMPSON, 2000). 1.2. Tarefas da Gerência Estratégica. Visando atingir os objetivos da empresa, o papel da Gerência Estratégica serve como “ponto de partida” parar implementações das ações e analisar o desempenho e abordagens estratégicas. Segundo Oliveira (1998), através da visão é possível identificar quais são as expectativas e os desejos dos acionistas, conselheiros e elementos da alta administração da empresa, tendo em vista que esses aspectos proporcionam o grande delineamento do planejamento estratégico a ser desenvolvido e implementado. A gerência deve definir: “quem são”, “o que fazem” e “para onde estão direcionados”, estabelecendo um curso para a organização. 12 A visão pode ser considerada como os limites que os principais responsáveis pela empresa conseguem enxergar dentro de um período de tempo mais longo e uma abordagem mais ampla. Ela deve ser resultante do consenso e do bom-senso de um grupo de líderes e não da vontade de uma pessoa. A missão é a razão de ser da empresa. Neste ponto procura-se determinar qual o negócio da empresa, por que ela existe, ou ainda em que tipos de atividades a empresa deverá concentrar-se no futuro. Aqui procura-se responder à pergunta básica: “Aonde se quer chegar com a empresa?” Na realidade, a missão da empresa representa um horizonte no qual a empresa decide atuar e vai realmente entrar em cada um dos negócios que aparecem neste horizonte, desde que seja viável sobre os vários aspectos considerados. Esses negócios identificados no horizonte, uma vez considerados viáveis e interessantes para a empresa, passam a ser denominados propósitos da empresa. Os objetivos correspondem à explicitação dos setores de atuação dentro da missão que a empresa já atua ou está analisando a possibilidade de entrada no setor, ainda que esteja numa situação de possibilidade reduzida. As empresas precisam de objetivos estratégicos e objetivos financeiros. Os objetivos estratégicos referem-se à competitividade da empresa e as perspectivas de longo prazo do negócio. Os objetivos financeiros relacionam-se com medidas como o crescimento das receitas, retorno sobre o investimento, poder de empréstimo, fluxo de caixa e retorno dos acionistas. A empresa bem-sucedida tem uma visão do que pretende, e esta visão trabalhada quanto a seus propósitos e a seu modelo de gestão constitui a missão que fornece à empresa o seu impulso e sua direção. (OLIVEIRA, 1998) Para Certo & Peter (1993), estabelecer estratégia significa definir de que maneira pode se atingir os objetivos de desempenho da empresa. A estratégia é concebida como uma combinação de ações planejadas e reações adaptáveis para a indústria em desenvolvimento e eventos competitivos. 13 Raramente a estratégia da empresa resiste ao tempo sem ser alterada. Há necessidade de adaptação de acordo com as variáveis do mercado, necessidades e preferências do consumidor, manobras estratégias de empresas concorrentes. A implementação da estratégia é a sua execução, a fim de se obter o desempenho programado dentro do prazo previsto. Os principais aspectos da implementação da estratégia: • Desenvolver uma organização capaz de executar a estratégia com sucesso. • Desenvolver orçamentos que direcionam os recursos para atividades internas críticas para o sucesso estratégico. • Estabelecer políticas de apoio à estratégia. • Motivar as pessoas para perseguir os objetivos energicamente e, se necessário, modificar seu comportamento de trabalho para adequar melhor às necessidades para execução da estratégia com sucesso. • Associar a estrutura de recompensas com a realização dos resultados programados. • Criar uma cultura corporativa e clima de trabalho que conduzam à implementação da estratégia de maneira bem-sucedida. • Instalar uma série de sistemas internos de apoio que capacitem o pessoal para executar seu papel estratégico eficientemente todos os dias. • Instituir as melhores práticas e programas para a melhoria contínua. • Exercer a liderança interna necessária para avançar com a implementação e continuar melhorando a maneira de execução da estratégia. (CERTO & PETER, 1993). Na visão de Certo & Peter (1993), a missão da empresa, os objetivos, a estratégia e a abordagem da implementação nunca finalizam porque sempre ocorrem novas situações que acarretam ajustes corretivos. 14 A gerência tem a responsabilidade de procurar atingir um melhor desempenho, descobrindo meios de melhorar a estratégia existente e a maneira com que ela está sendo executada; portanto precisam manter-se próximos de situações de mudança nas condições externas a fim de revisar periodicamente a missão da empresa, os objetivos de desempenho, a estratégia e as abordagens de execução da estratégia. 1.3. As Tarefas de Elaboração de Estratégia. O processo de elaboração de estratégia vai desde a visão estratégica até o estabelecimento de objetivos em longo prazo. Segundo Ansoff & Donell (1993), a visão estratégica é representada pela visão do tipo de empresa que a gerência está tentando criar e sua intenção de manter uma posição comercial específica. A visão estratégica fornece um quadro em perspectiva de “o que somos o que fazemos e para onde vamos”. Ela não deixa dúvidas quanto ao rumo de longo prazo da organização. As expressões visão estratégica e missão estratégica ou missão do negócio enfatizam “o que estamos prestes a fazer e para onde vamos”. A finalidade de uma declaração de visão/missão estratégica é destacar uma empresa das outras e estabelecer sua própria identidade. Existem três aspectos distintos para a formação de uma visão estratégica e sua expressão na forma de declaração de missão da missão da empresa: • Compreender o negócio em que a empresa realmente está; • Comunicar a visão e missão de modo claro, excitante e inspirador; • Decidir quando o rumo estratégico da empresa e sua missão no negócio devem ser alterados. Para Ansoff & Donell (1993), o desafio empreendedor no desenvolvimento de uma missão é reconhecer quando as condições do mercado fazem com que um novo rumo de longo prazo seja desejável. 15 Especificar o negócio de uma organização não é uma tarefa fácil. Para se chegar a uma boa definição de negócio, normalmente é necessário considerar três fatores: Necessidades do consumidor, ou o que está sendo atendido. Grupos de consumidores, ou quem está sendo atendido. Tecnologias usadas e funções executadas, ou como as necessidades dos consumidores estão sendo atendidas. Conhecer os produtos ou serviços fornecidos pela empresa não é suficiente. Para os clientes, o importante é a satisfação de uma necessidade ou desejo. Os Grupos de consumidores indicam o mercado a ser atendido, a região geográfica a ser coberta e os tipos de compradores que a firma deve procurar. A tecnologia e as funções executadas indicam como a empresa vai satisfazer as necessidades de seus clientes e quanto às atividades vão abranger da cadeia de produção. O negócio de uma empresa pode ser especializado ou totalmente integrado. No caso de ser especializado ocupa apenas um estágio da cadeia de produção e no caso de ser totalmente integrado abrange todas as partes da cadeia de produção/distribuição da indústria. Para ter valor gerencial, as visões estratégicas, as definições de negócio e as declarações de missão devem ser restritas o suficiente, para destacar o real interesse do negócio. Apesar das definições amplas – restritas, serem relativas, considere os exemplos seguintes: Definição Ampla • Bebidas • Calçados • Equipamentos • Viagens e Turismo Definição Restrita • Refrigerantes • Calçados atléticos • Equipamentos de jardinagem • Cruzeiros Marítimos pelo Caribe 16 As empresas diversificadas têm definição de negócio mais ampla, que as empresas que operam com um único negócio. A maneira de comunicar a visão estratégica para os gerentes dos vários níveis inferiores e empregados é de extrema importância. A declaração de missão deve ser comunicada de uma maneira que inspire e desafie os empregados, induzindo-os a aceitar a idéia. (ANSOFF & DONELL, 1993). Os objetivos representam o compromisso gerencial de produzir resultados específicos por um determinado tempo. Eles são os alvos ou situações que se pretendem atingir. (CERTO & PETER, 1993). Geralmente, as empresas cujos gerentes estabelecem objetivos para cada área e buscam ações calculadas para atingir suas metas de desempenho, superam as empresas cujos gerentes são cheios de boas intenções, tentam, persistem e aguardam o sucesso. Atingir o desempenho estratégico é essencial para sustentar e melhorar a posição de mercado e a competitividade de longo prazo da empresa. Uma empresa demonstra propósito estratégico quando ela persegue incansavelmente um objetivo estratégico específico de longo prazo. Uma organização precisa de objetivos de longo prazo e de objetivos de curto prazo. Estabelecer metas de desempenho com cinco ou mais anos de antecedência, fazendo com que os gerentes executem ações agora para atingir mais tarde. (OLIVEIRA, 1998). Pesar o impacto das decisões de hoje no desempenho de longo prazo. Geralmente, o homem deixa para se preocupar com o futuro mais tarde, colocando em risco a posição de longo prazo da empresa no negócio. Os objetivos de curto prazo estabelecem resultados imediatos e de curto prazo a serem alcançados. Indicam a velocidade com que os gerentes querem que a organização progrida, bem como o nível de desempenho estabelecido como meta para os próximos dois ou três períodos. 17 Os objetivos de curto prazo estabelecem os resultados imediatos e de curto prazo a serem alcançados. Eles indicam a velocidade com que os gerentes querem que a organização progrida bem como o nível de desempenho estabelecido como meta para os próximos dois ou três períodos. As escolhas estratégias, por exemplo, não podem ser feitas em um vácuo financeiro; é necessário que haja disponibilidade de recursos financeiros para executar a estratégia escolhida. Sendo assim, as decisões sobre estratégia dependem do estabelecimento dos objetivos de desempenho financeiro da organização em nível suficientemente alto: • Para executar a estratégia escolhida; • Para financiar outras ações necessárias; • Para satisfazer os investidores e a comunidade financeira. É necessário que se estabeleçam objetivos em todos os níveis de gerência. Para que a organização esteja no caminho escolhido, todos os gerentes, do diretor executivo ao gerente de nível mais baixo, devem ser responsáveis pelos resultados específicos de cada área fornecendo suporte para os objetivos da empresa. O estabelecimento de objetivos precisa ser um processo mais de uma para baixo que de baixo para cima. De um modo geral, os objetivos e estratégia da organização como um todo precisam ser elaborados primeiro para que possam orientar os níveis mais baixos. O estabelecimento de objetivos e a elaboração de estratégia de cima para baixo orientam as unidades de níveis, inferiores para os objetivos e estratégias que suportam a empresa como um todo. (OLIVEIRA, 1998). 18 1.4. Refinamento da Estratégia. Não há estratégia certa ou errada, não há receitas. Cada empresa deve seguir seus objetivos de acordo com sua missão, metas e prazos. O refinamento da estratégia varia de acordo com a empresa. Segundo Serra (2003), as organizações precisam de estratégias para orientar-se sobre como atingir os objetivos, seguir a missão da organização, atingir as metas de desempenho, superar os rivais, atingir vantagem competitiva sustentável, reforçar a posição de longo prazo no negócio da empresa e transformar em realidade a visão estratégica da gerência para a empresa. A estratégia necessária para a empresa como um todo, para cada negócio em que a empresa está, e para cada parte funcional de cada negócio. A elaboração da estratégia de focalizar as importantes facetas do plano de jogo de gerência para a condução da empresa, ou seja, aqueles elementos de ação que determinam a posição que a empresa está tentando manter no mercado e que confirmam se a empresa vai ser bem sucedida ou não. Nas diversas empresas, as estratégias são iniciadas em quatro níveis distintos da organização: 1. Estratégia corporativa: A elaboração da estratégia corporativa para uma empresa diversificada envolve quatro tipos de iniciativas: Fazer mudanças para executar a diversificação; Iniciar ações para reforçar o desempenho combinado dos negócios nos quais a empresa se diversificou; Descobrir maneiras de conquistar a sinergia entre as unidades de negócio correlatas e transformá-la em vantagem competitiva; Estabelecer prioridades de investimento e direcionar os recursos coorporativos para as unidades de negócio mais atrativos. 19 2. Estratégia de negócios: A estratégia do negócio é o plano de ação para gerenciar uma única linha de negócios. A finalidade da estratégia do negócio é como formar e reforçar a posição competitiva de longo prazo da empresa no mercado; procurando-se: Formar respostas para as novas necessidades e preferências do consumidor; Elaborar as mudanças competitivas e abordagens de mercado; Unificar as iniciativas estratégicas dos departamentos funcionais; Comunicar problemas estratégicos específicos em relação ao negócio da empresa. Para uma empresa de um único negócio, a estratégia corporativa e a estratégia do negócio são a mesma coisa; a distinção entre elas é relevante somente se a empresa for diversificada. 3. Estratégia Funcional: A estratégia funcional está relacionada com o plano do jogo gerencial de um departamento ou atividade funcional dentro do negócio. A estratégia funcional oferece detalhes importantes ao plano geral do negócio, estabelecendo as ações, abordagens e práticas para a operação de um departamento ou função do negócio. A tarefa principal de uma estratégia funcional é fornecer apoio para a estratégia geral de negócios e para a abordagem competitiva da empresa. 4. Estratégia Operacional: 20 As estratégias operacionais estão relacionadas com iniciativas estratégicas e abordagens mais restritas para o gerenciamento de unidades operacionais chaves e para o tratamento de tarefas operacionais diárias que tenham significado estratégico. Por terem abrangência mais restrita, acrescentam mais detalhes e complementos para as estratégias funcionais e para o plano geral do negócio. Fatores internos e externos devem ser considerados na elaboração de uma estratégia. Fatores externos da empresa: Considerações políticas, legais de cidadania da comunidade. Atratividade da indústria, mudanças da indústria e condições competitivas. Oportunidades e ameaças da empresa A tarefa de fazer com que a estratégia de uma empresa seja socialmente responsável significa conduzir as atividades organizacionais eticamente e no interesse público geral, responder positivamente às prioridades e expectativas sociais emergentes, demonstrar boa vontade de executar as ações antes que ocorra um confronto legal, equilibrar os interesses dos acionistas com os interesses da sociedade como um todo e comportar-se como um bom cidadão na comunidade. (SERRA, 2003) A estratégia de uma empresa deve fazer uma combinação perfeita da indústria com as condições competitivas e ainda precisa ser direcionada para conquistar oportunidades de crescimento. Do mesmo modo a estratégia deve ser equipada para proporcionar defesa do bem-estar da empresa e do seu desempenho futuro contra ameaças externas. Fatores internos da empresa Pontos fortes e pontos fracos da empresa e capacidades competitivas; 21 Ambições pessoais, filosofia de negócio e princípios éticos dos executivoschave; Valores compartilhados e cultura da empresa. A estratégia deve ser muito bem combinada com os pontos fortes, os pontos fracos e com as capacidades competitivas da empresa, ou seja, deve ser baseada naquilo que ela faz bem e deve evitar aquilo que ela não faz bem. Os pontos fortes básicos de uma organização constituem uma importante consideração estratégia pelas habilidades e capacidades que fornecem para aproveitar determinada oportunidade, aonde podem proporcionar vantagem competitiva para a empresa no mercado e potencialidade que tem para se tornar a base da estratégia. As ambições, valores, filosofias de negócio, atitudes perante o risco e crenças éticas dos gerentes têm influências importantes sobre a estratégia e são impregnadas nas estratégias que eles elaboram. Os valores gerenciais também modelam a qualidade ética da estratégia de uma empresa, quando os gerentes têm fortes convicções éticas, exigem que sua empresa observe um estrito código de ética em todos os aspectos do negócio, por exemplo, falar mal dos produtos rivais. As políticas, práticas, tradições e crenças filosóficas da organização são combinadas para estabelecer uma cultura distinta. Em alguns casos as crenças e cultura da empresa chegam a dominar a escolha das mudanças estratégicas. Toda ação estratégica que a empresa executar deve ser ética. Uma empresa tem responsabilidades éticas para com os proprietários, acionistas, empregados, clientes, fornecedores, a comunidade onde ela opera e o público em geral. Os proprietários/acionistas esperam retorno sobre seu investimento; os empregados esperam ser valorizados, uma vez que devota sua energia ao negócio; o cliente espera ficar satisfeito pela compra de um bem ou serviço. 22 O dever ético de uma empresa para com seus fornecedores surge da relação de mercado que existe entre eles. O dever ético da empresa para com a comunidade é posicionar-se na condição de boa cidadã, ou seja, apoiar as atividades da comunidade, incentivar os empregados a participar nos negócios da comunidade, tratar dos aspectos de saúde e de segurança de suas operações, assumir a responsabilidade pelo tratamento da produção ambiental, relacionar-se com as entidades legais e com os sindicatos, além de apresentar altos padrões éticos. A gerência é responsável pela condução da empresa, portanto, são os gerentes que pesam as decisões estratégicas do ponto de vista de cada constituinte (proprietários, empregados, clientes, fornecedores, comunidade), e onde surgem conflitos, toma uma decisão racional, objetiva, eqüitativa que equilibre os interesses dos cinco constituintes. No caso de uma estratégia vencedora, exibe uma boa adequação à situação, estabelece vantagem competitiva sustentável e melhora o desempenho da empresa. Para que o gerente possa julgar qual opção, estratégica é a melhor para a empresa e ainda, quais padrões determinam se a estratégia é bem-sucedida ou não. Existem três testes que podem ser usados para avaliar os méritos de uma estratégia: • Teste da excelência na adequação. Uma boa estratégia ajusta-se bem às circunstâncias externas de mercado da empresa, aos seus pontos fortes, pontos fracos e capacidades competitivas. • Teste da vantagem competitiva. Uma boa estratégia conduz a uma vantagem competitiva sustentável. Quanto maior for a vantagem competitiva que a estratégia ajudar a formar, maior é o seu vigor e eficácia. • Teste de desempenho. Uma boa estratégia reforça o desempenho da empresa. Dois tipos de melhoria no desempenho são os mais notáveis: 23 lucratividade e ganhos no vigor e na posição competitiva de longo prazo da empresa. (SERRA, 2003). 24 CAPÍTULO II PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO: UMA FERRAMENTA FUNDAMENTAL PARA GESTÃO. Na visão de Oliveira (1998), as estratégias vencedoras de negócios são apoiadas em vantagem competitiva sustentável. Existem muitas fontes de vantagem competitiva: ter o produto mais bem feito do mercado, ser capaz de proporcionar serviço superior ao cliente, obter custos mais baixos que os rivais, estar em uma localização geográfica mais conveniente, tecnologia, patenteada, características e estilos mais atraentes para o comprador, menor tempo de desenvolvimento e teste de novos produtos, nome de marca bem conhecido e reputação, e proporcionar aos compradores um valor maior pelo dinheiro (combinação de boa qualidade, bom serviço e preço aceitável). Entretanto, para formar vantagem competitiva, a estratégia da empresa deve, essencialmente, ter o objetivo de proporcionar aos compradores o que eles percebem como valor superior – um bom produto a um preço menor, ou um produto tão melhor que vale a pena pagar um pouco mais por ele. (OLIVEIRA, 1998). 2.1. As Cinco Estratégias Competitivas Genéricas. Para Tavares (2000), a estratégia competitiva de uma empresa consiste das abordagens de negócios e iniciativas que ela executa para atrair os clientes, suportar as pressões competitivas e reforçar sua posição no mercado. O objetivo é liquidar as empresas rivais, conquistar vantagem competitiva no mercado e cultivar clientela leal. A estratégia competitiva tem um campo menor que a estratégia do negócio que enfrenta não somente o problema de como competir, mas abrange também as estratégias de áreas funcionais, como a gerencia planeja responder a todos os 25 tipos de condições em mudança na indústria e como os gerentes enfrentam toda uma gama de problemas estratégicos que desafiam o negócio. Entretanto, a estratégia competitiva trata exclusivamente do plano de ação da gerencia para competir com sucesso e criar valor para o cliente. Existem cinco categorias de abordagem de estratégia competitiva que se destacam: (TAVERES, 2000). Estratégia de Liderança de Custo Baixos – empenhar-se para ser o detentor de baixo custo geral de um produto ou serviço atraente para uma grande faixa de clientes. Estratégia de Grande Diferenciação – procura diferenciar o produto da empresa em relação ao mesmo produto oferecido por rivais de maneira a atrair uma grande faixa de compradores. Estratégia de Fornecedor de Melhor Custo – oferece aos clientes mais valor pelo dinheiro, combinado a ênfase de custo baixo com a ênfase de diferenciação classe A. A meta é obter os melhores (mais baixos) custos e preços em relação aos produtores de produtos comparáveis. Estratégia de Enfoque ou Nicho de Mercado Baseado em Custos Menores – concentrar em um segmento mais estreito de compradores e superar a concorrência dos rivais na base de menor custo para servir os membros do nicho. Estratégia de Enfoque ou Nicho de Mercado Baseado na Diferenciação – oferecer aos membros do nicho um produto ou serviço personalizado de acorda com seus gostos e suas necessidades. Estratégia de Provedor de Baixo Custo. A meta é abrir uma vantagem de custo sustentável sobre os concorrentes e depois usar a vantagem de baixo custo da empresa como base para colocar preços mais baixos que os preços dos concorrentes e ganhar participação no mercado ou obter uma maior margem de lucro, vendendo ao preço do mercado. 26 Tipo de Vantagem Competitiva Procurada M e r c a d o A t i v o Grande Faixa de Compradores em Todo o Mercado Custo Mais Baixo Diferenciação Estratégia de Liderança de Baixo Custo Geral Estratégia da Grande Diferenciação Estratégia de Provedor de Melhor Custo Segmento Particular de Compradores ou Nicho de Mercado Estratégia Enfocada no Baixo Custo Estratégia Enfocada na Diferenciação Para obter uma vantagem de custos, os cumulativos de uma empresa, ao longo da cadeia de valor, devem ser mais baixos que os custos cumulativos de seu concorrente. Existem duas maneiras para se conseguir: Fazer o trabalho melhor que os rivais executando as atividades de maneira eficiente e gerenciando os fatores que impulsionam os custos das atividades da cadeia de valor. Revisar a cadeia de valor da empresa para desviar de algumas atividades geradoras de custo. A descoberta de maneiras de inovar na reestruturação de processos e tarefas, cortes de supérfluos e fornecimento de coisas básicas de maneira econômica, pode revelar vantagens de custo reconfigurando sua cadeia de valor que incluem: Simplificação do projeto do produto. Remoção de tudo que for extra e oferecendo somente o básico, sem produtos ou serviços supérfluos, cortando atividades com múltiplas características e opções e seus custos associados. Mudança para um processo tecnológico mais simples, menos intensivo de capital ou mais eficiente. 27 Transferência das instalações para mais perto dos fornecedores ou clientes (ambos) para cortar custos de logística de entrada e saída etc. O fato de ser um provedor de baixo custo em uma indústria oferece alguma defesa atrativa contra as cinco forças competitivas: Enfrentar o desafio de concorrentes rivais. Defender-se contra o poder de barganha dos compradores. Enfrentar a alavancagem de barganha dos fornecedores. A entrada potencial de novas empresas. A concorrência contra substitutos. Conseqüentemente, a capacidade que tem uma empresa de baixo custo para estabelecer o piso do preço da indústria e ainda ter lucro propicia uma barreira contra sua posição de mercado. A qualquer tempo que a concorrência de preço torna-se uma grande força de mercado, as rivais menos eficientes sofrem uma pressão esmagadora. Uma descoberta tecnológica pode proporcionar redução de custos para rivais que anulem os investimentos e ganhos em eficiência de um líder de baixo custo. As empresas rivais podem achar fácil ou barato imitar os métodos de custo baixo do líder, conseguindo assim alguma vantagem por certo período de tempo. Uma empresa que zelosamente reduzir seus custos pode tornar-se tão obcecada pela redução de custos que deixa de reagir contra as variações de mercado sutis e mais significativas – tal como o interesse crescente do comprador em maiores características ou serviços. Para evitar os riscos de uma estratégia de liderança de custo baixo, os gerentes devem compreender que o objetivo estratégico é custo baixo em relação aos concorrentes e não um custo baixo absoluto. (Tavares, 2000). Estratégias de Diferenciação. As estratégias de diferenciação tornam-se uma abordagem competitiva atrativa sempre que as necessidades e preferências do comprador forem muito 28 diversificadas para serem completamente satisfeitas por um produto padronizado. Para ter sucesso com uma estratégia de diferenciação, a empresa precisa estudar as necessidades e o comportamento do comprador cuidadosamente para compreender sua opinião sobre o que é importante o que constitui valor, e quanto eles estão dispostos a pagar. A vantagem competitiva surge quando os compradores, em número suficiente, tornam-se altamente interessados nos atributos e características que um diferenciador incorporou no produto oferecido; quanto mais forte for a atratividade do comprador pelas características de diferenciação da empresa, mais forte será a vantagem competitiva. Segundo Oliveira (1998), as empresas podem procurar a diferenciação de muitos ângulos: um sabor diferente, características especiais, serviços superiores, disponibilidade de peças de reposição, mais pelo dinheiro projeto de engenharia e desempenho, prestígio e distinção, confiabilidade do produto, qualidade da fabricação, liderança tecnológica, uma grande variedade da serviços, uma linha completa de produtos, imagem e reputação de toda uma linha. Uma compreensão completa das fontes de diferenciação e das atividades que se tornam inigualáveis é a preparação gerencial necessária para formar uma boa estratégia de diferenciação e avaliar o potencial da vantagem competitiva de várias abordagens de diferenciação. Existem três abordagens de criação de valor para o cliente. • É incorporar atributos do produto e características do usuário que reduzem os custos gerais do comprador para usar o produto da empresa. • Incorpora as características que aumentam o desempenho que o cliente espera daquele produto. • É incorporar características que aumentam a satisfação do cliente de maneira não-econômica ou intangível. Os compradores raramente pagam por um valor que não percebem, não importando se esses extras excluídos são reais. Por isso, o preço extra que uma 29 estratégia de diferenciação acarreta reflete o valor realmente oferecido ao comprador e o valor percebido pelo comprador (mesmo que não seja realmente fornecido). A evidência de valor pode ser tão importante quanto o próprio valor. A diferenciação oferece um pára-choque contra as estratégias rivais, quando ela resulta em maior lealdade do comprador para uma marca ou modelo da empresa e maior disposição de pagar um pouco mais por isso. A diferenciação permite que a empresa cobre um preço mais alto pelos produtos fornecidos. Desta forma, tal como acontece com a liderança de custos, a diferenciação cria linhas de defesa contra as cinco forças competitivas. As abordagens de diferenciação mais atrativas são as que custariam caro ou seriam difíceis de ser imitadas pelos rivais. As características de diferenciação fáceis de serem copiadas são pouco atrativas porque não produzem uma vantagem competitiva sustentável. (OLIVEIRA, 1998). É claro que não existe garantia de que a diferenciação produza uma vantagem competitiva significativa. Se os compradores virem pouco valor na distinção do produto, então uma estratégia de baixo custo pode derrotar facilmente uma estratégia de diferenciação. Além disso, a diferenciação pode ser derrotada se os concorrentes puderem copiar rapidamente a maior parte ou todos os atributos atraentes do produto desenvolvidos pela empresa. Portanto, para ser bem-sucedida na diferenciação, a empresa deve pesquisar fontes duradouras de distinção que sejam onerosas para serem superadas pelos rivais. A Estratégia de ser o Provedor de Melhor Custo. Segundo Serra (2003), a estratégia de ser o provedor de melhor custo combina a ênfase em baixo custo com a ênfase em qualidade, serviço, característica e desempenho mais que minimamente aceitável. A finalidade é tornar-se provedor de baixo custo de um produto ou serviço com atributos de qualidade boa a excelente, para depois usar a vantagem de custo para vender a um preço mais baixo que o das marcas que tenham atributos comparáveis. 30 A vantagem competitiva de um provedor de melhor custo origina-se da equiparação com rivais em relação a fatores chave como qualidade, desempenho, características ou serviços, mas vencendo-os nos custos. Para tornar-se uma provedora de melhor custo a empresa tem de equiparar a qualidade, as características e desempenho do produto, tudo a um custo mais baixo que o custo das rivais. A estratégia do detentor de melhor custo é muito atrativa do ponto de vista de posição competitiva. Ela produz valor superior para o cliente balanceando uma ênfase estratégica em baixo custo contra uma ênfase estratégica na diferenciação. Nos mercados em que a diversidade de compradores torna a diferenciação do produto a norma e muitos compradores são sensíveis ao preço e ao valor, uma estratégia de detentor de melhor custo pode ser mais vantajosa que uma estratégia de diferenciação pura associada com a superioridade do produto. Isto acontece porque um detentor de melhor custo pode posicionar-se no centro do mercado com um produto de qualidade média a um preço abaixo da média ou um produto de qualidade média ou um produto muito bom ao preço médio. (SERRA, 2003). Estratégias Enfocadas ou Nichos de Mercado. O que estabelece as estratégias de enfoque longe da estratégia de baixo custo ou da diferenciação é a atenção concentrada em um pequeno segmento do mercado total. O segmento ou nicho pode ser definido pela sua singularidade geográfica, por necessidades especiais de utilização do produto, ou por atributos especiais do produto que servem somente os membros do nicho. O objetivo é fazer um trabalho de atendimento dos compradores do nicho de mercado alvo, melhor que os rivais. (TAVARES, 2000). A estratégia de enfoque baseada em custos baixos depende de um segmento de compradores cujas necessidades são menos dispendiosas para satisfazer em comparação com o resto do mercado. A utilização de uma estratégia 31 de enfoque para competir na base de custo baixo é apenas uma abordagem comercial comum. Procurar uma vantagem de custo via trabalhos enfocados justamente quando a empresa pode descobrir meios de reduzir os custos significativamente, limitando sua base de clientes em um segmento bem definido de compradores. Na verdade, em muitos mercados existe um segmento de compradores dispostos a pagar um preço bem mais elevado por produtos finos, abrindo assim a janela estratégica para que os concorrentes empreguem estratégias de enfoque baseadas na diferenciação, direcionadas para a ponta da pirâmide do mercado. As habilidades especializadas da empresa que aplica uma estratégia de enfoque, em servir o nicho de mercado escolhido como alvo fornecem a base de defesa contra as cinco forças competitivas para servir a clientela enfocada pela empresa. A competência enfocada da empresa para servir os nichos de mercado cria barreiras que dificultam a entrada de empresas de fora. A capacidade inigualável da empresa em servir o nicho também constitui uma dificuldade que os fabricantes de produtos substitutos teriam de vencer. A vantagem competitiva é quase sempre conseguida por meio de mudanças estratégicas ofensivas; as estratégicas defensivas podem proteger a vantagem competitiva, mas raramente constituem a base para alcançá-la. O tempo necessário para que uma ofensiva bem-sucedida crie uma margem é uma função das características competitivas da indústria. Na visão de Tavares (2000), uma mudança ofensiva forma uma vantagem competitiva rapidamente. Quanto mais tempo ela gastar, maior a probabilidade de que os rivais descubram a mudança, estudem seu potencial e iniciem uma resposta. Depois de uma ofensiva competitiva bem-sucedida, vem um período de benefícios durante o qual os frutos da vantagem competitiva podem ser colhidos. Um longo período de benefícios proporciona à empresa um tempo de lucros acima da média e reembolso do investimento feito para criar a vantagem. O período de deterioração começa quando os concorrentes respondem com sérias contra-ofensivas para atacar a vantagem. Portanto para sustentar uma 32 vantagem, a empresa deve projetar uma Segunda ofensiva estratégica. O terreno da Segunda ofensiva estratégica deve ser preparado durante o período de benefícios, para resistir aos esforços inevitáveis dos concorrentes para derrotar a vantagem do líder. Existem seis maneiras básicas de preparar a ofensiva estratégica: • Iniciativas para ou superar os pontos fortes do concorrente, • Iniciativas para aproveitar os pontos fracos dos concorrentes • Iniciativas simultâneas em muitas frentes • Ofensivas de corrida final • Ofensivas de guerrilha • Ataques de ocupação antecipada. Existem dois bons motivos para enfrentar as empresas rivais cara a cara, confrontando os pontos fortes de uma com os da outra, preço com preço, modelo com modelo, tática de promoção com tática de promoção e área geográfica com área geográfica. É tentar ganhar participação no mercado, superando os rivais mais fracos; desafiar os rivais mais fracos nos pontos em que eles são mais fortes é atrativo sempre que a empresa tem um produto superior para oferecer e capacidade organizacional para ganhar participação no mercado em relação aos concorrentes menos competentes e que tenham menos recursos. (TAVARES, 2000). É desgastar a vantagem competitiva do rival mais forte; neste caso, o sucesso pode ser medido pela diminuição da lacuna competitiva. É claro que o mérito do desafio de uma ofensiva de ponto forte a ponto forte depende da quantia gasta para empreender a ofensiva, em relação aos seus benefícios competitivos. Para Ter sucesso, a empresa que inicia a ofensiva precisa de bastante saúde e recursos competitivos para conquistar pelo menos um pouco mais de participação no mercado das rivais alvo. Nesta abordagem ofensiva a empresa tenta invadir o mercado colocando pontos fortes competitivos contra os pontos fracos da rival. Existem várias 33 maneiras legítimas de obter ganhos competitivos à custa dos pontos fracos das rivais: Concentre em regiões geográficas em que a rival tem participação fraca ou exerça menor esforço competitivo. Procure um segmento de compradores que a rival esteja negligenciando ou não esteja bem equipada para atender. Faça apresentação de vendas especiais para os clientes da rival cuja qualidade do produto, características, ou desempenho estejam abaixo da média; nestes casos, o desafiante com um produto melhor pode convencer os cientes preocupados com qualidade a mudar para a sua marca. Dê atenção especial de vendas para os clientes da rival que não tenha feito um bom trabalho no fornecimento de serviços ao clientes desiludido com a rival. Tente investir contra rivais que façam pouca propaganda e cuja marca não é muito conhecida – um desafiante com habilidades mais fortes de marketing e um nome de marca reconhecida pode conquistar os clientes de uma rival menos conhecida. Introduza novos modelos ou versões de produtos que explorem as lacunas deixadas na linha de produtos da rival. O preenchimento de lacunas pode transformar-se em sucesso de mercado e promover o crescimento do segmento. Esta iniciativa funciona bem quando as novas versões dos produtos satisfazem certas necessidades dos compradores até então ignoradas. Há ocasiões em que a empresa pode ver algum mérito no lançamento de uma grande ofensiva competitiva envolvendo muitas iniciativas (redução de preço, aumento de propaganda, introdução de novos produtos, amostras grátis, cupons, promoções dentro da loja, rebates) em muitas ou em todas as áreas geográficas. As campanhas deste tipo podem desequilibrar a rival, desviando sua atenção para muitas direções e forçando-a a proteger muitos segmentos de sua base de clientes simultaneamente. (TAVARES, 2000). 34 2.2. Treze Mandamentos para Elaboração de Estratégias Vitoriosas. A experiência nos negócios, ao longo dos anos, tem comprovado que estratégias desastrosas podem ser evitadas se forem observados certos princípios. A cultura destas experiências passadas pode ser decomposta em treze mandamentos que se forem fielmente observados, podem ajudar os estrategistas a elaborar melhores planos de ação. Segundo Certo & Peter (1993), os treze mandamentos para elaboração de estratégias vitoriosas são: 1- Dê prioridade máxima à elaboração e execução de mudanças estratégicas que melhorem a posição competitiva da empresa em longo prazo. 2- Compreenda que uma estratégia competitiva clara e consistente, quando bem elaborada e bem executada, proporciona reputação e posição reconhecível na indústria; uma estratégia freqüentemente alterada com a finalidade de capturar as oportunidades momentâneas do mercado proporciona benefícios passageiros. 3- Evite as estratégias de meio termo que representam compromissos com custos mais baixos e maior diferenciação e atratividade de mercado ampla versus restrita. 4- Invista na criação de vantagem competitiva sustentável 5- Aja ofensivamente para formar uma vantagem competitiva e aja defensivamente para proteger a vantagem adquirida. 6- Evite estratégias capazes de ser bem-sucedidas somente nas circunstâncias mais otimistas. 7- Tome cuidado para não implementar uma estratégia rígida e inflexível que deixe a empresa emperrada por um longo período com pouco espaço para manobrar – as estratégias inflexíveis podem tornar-se obsoletas pelas mudanças nas condições do mercado. 8- Não subestime as reações e a determinação das empresas rivais. 35 9- Acautele-se para atacar rivais fortes que tenham muitos recursos, sem uma sólida vantagem competitiva e ampla saúde financeira. 10- Atacar uma fraqueza competitiva normalmente é o melhor que atacar o ponto forte do concorrente. 11- Tome cuidado para não cortar preços sem vantagem de custo estabelecidas – somente um produtor de baixo custo pode vencer com um corte de preço em longo prazo. 12- Certifique-se de que as mudanças agressivas para conquistar participação no mercado do rival sempre provocam retaliação agressiva na forma de um marketing do tipo “queda de braço” e/ou guerra de preços para prejudicar o lucro de todos. 13- Esforce-se para abrir lacunas visíveis nas características de qualidade ou serviço ou desempenho quando estiver implantando uma estratégia de diferenciação. 36 CAPÍTULO III O PLANEJAMENTO COMO FERRAMENTA PARA DEFINIÇÃO DE UMA ESTRATÉGIA DE ENFRENTAMENTO AO MERCADO COMPETITIVO. A implementação da estratégia é um trabalho para toda a equipe de gerentes e não apenas gerentes seniores. Cada gerente tem de pensar na resposta para a pergunta “o que deve ser feito em minha área para implementar nossa parte do plano estratégico”, e “o que eu devo fazer para que estas coisas sejam executadas”. Segundo Thompson Jr. (2002), a chave para o sucesso da implementação é a comunicação da mudança organizacional com bastante clareza e bastante persuasão para gerar comprometimento dentro da organização para executar a estratégia e atingir os objetivos de desempenho. Os gerentes podem considerar a implementação bem sucedida quando forem atingidos os objetivos estratégicos e os níveis previstos de desempenho financeiro e operacional. Os implementadores podem exercer a liderança de muitas maneiras. Eles podem tomar decisões de maneira autoritária ou na base do consenso, delegar muito ou pouco, envolver-se pessoalmente nos detalhes da implementação ou ficar na retaguarda e treinar outras pessoas para executar as tarefas do dia a dia, proceder rapidamente com iniciativas de implementação em muitas frentes ou ficar deliberadamente contente com o processo gradual ao longo do tempo. A maneira de condução e seu sucesso em impulsionar a mudança tendem a ser fatores decisivos: uma boa liderança normalmente resulta em implementação bem sucedida e uma liderança ruim normalmente resulta em frustração e descontrole. A montagem de uma equipe de gerência capaz é a pedra fundamental da tarefa de construção da organização. Os implementadores da estratégia devem decidir que tipo de gerência básica é necessária para a boa execução da tarefa, e 37 depois encontrar pessoas experientes, que saibam fazer acontecer, para preencher vagas. A habilidade mais importante para a montagem de um grupo executivo básico é a capacidade de discernir sobre a mescla de currículos, experiências, áreas de habilidades, valores, crenças, estilos de gerência e personalidade que reforçarão e contribuirão para o sucesso da implementação da estratégia. A química pessoal precisa estar correta e a base de talentos precisa se adequada para a estratégia escolhida. Enquanto as vagas não estiverem preenchidas por pessoas capazes, a implementação da estratégia tem dificuldades para deslanchar com velocidade total. A formação de competências básicas e capacidades organizacionais que as rivais não podem igualar é uma das melhores maneiras de superá-las na execução da estratégia. As competências básicas podem relacionar-se com qualquer fator estrategicamente relevante: maior proficiência no desenvolvimento do produto, perícia de fabricação, capacidade de oferecer aos clientes um melhor serviço pósvendas, capacidade de responder rapidamente às novas necessidades dos clientes, capacidade superior para minimizar os custos, capacidade de refazer a engenharia e reprojetar os produtos mais rapidamente que os rivais, capacidade superior de gerenciamento de estoques, habilidade de marketing e comercialização, especialização profunda em tecnologias inigualáveis, ou maior eficiência na produção de cooperação entre o sindicato e a gerência. Freqüentemente as competências básicas de uma empresa emergem gradualmente à medida que ela promove mudanças para suportar as habilidades que contribuíram para o sucesso anterior, ou para responder aos problemas dos clientes, novas oportunidades tecnológicas ou de mercado, e manobras competitivas dos rivais. Existem quatro competências básicas que são importantes para a tarefa dos implementadores de estratégia na construção da organização. 38 As competências básicas raramente consistem de uma perícia estreita ou esforços de trabalho de um único departamento. Em vez disso, normalmente elas constituem-se de uma mistura de perícias e atividades executadas em locais diferentes, na cadeia de valor da empresa que, quando ligadas, criam uma capacidade inigualável para a organização. Como as competências básicas normalmente emergem dos esforços combinados de diferentes grupos de trabalho e departamentos, os supervisores e chefes de seção não podem esperar que a construção das competências básicas da organização sejam de seu domínio de responsabilidade. A chave para alavancar as competências básicas da empresa em vantagem competitiva de longo prazo é a concentração de mais esforços e talentos que as rivais no aprofundamento e reforço destas competências. Como as necessidades dos clientes mudam de maneira freqüentemente imprevisível e as habilidades necessárias para o sucesso competitivo nem sempre podem ser previstas com precisão, a base de competência selecionada da empresa precisa ser suficientemente ampla para responder a um futuro imprevisível. Cada estratégia baseia-se em seu próprio conjunto de fatores chave de sucesso e atividades da cadeia de valor. As quatro orientações seguintes podem ser úteis na ajustagem da estrutura com estratégia: Indique, na cadeia de valor, as atividades principais e as tarefas chave que são fundamentais para e execução bem sucedida da estratégia e faça delas os blocos de construção principais na estrutura da organização. (THOMPSON JR, 2002). Sempre que não fizer sentido organizacional agrupar todas as facetas de uma atividade da estratégia sob o único gerente, estabeleça os meios de fazer ponte entre as linhas departamentais e execute a necessária coordenação. Determine o grau de autoridade necessário para gerenciar cada unidade organizacional, esforçando-se para atingir um equilíbrio eficiente entre a captura das vantagens da centralização e da descentralização. 39 Determine se as atividades não críticas podem ser feitas fora com mais eficiência que internamente. Na visão de Ackoff (1979), duas perguntas ajudam a identificar as atividades críticas da estratégia de uma organização: “que funções precisam ser executadas muitíssimo bem ou tempo exato para obter vantagem competitiva sustentável?” e,” Em que atividades da cadeia de valor um mau desempenho afetaria negativamente o sucesso estratégico”. As respostas sempre apontam para as áreas de atividades organizacionais que são cruciais e indicam onde concentrar os esforços de construção da organização. A lógica para fazer das atividades críticas da estratégia a pedra fundamental na estrutura da organização é obrigatória: se as atividades que são cruciais para o sucesso estratégico receberam a atenção e apoio organizacional que elas merecem, elas têm de ser principais no esquema da organização. Quando as principais atividades de criação de valor formam a base da estrutura de organização de uma empresa e seus gerentes detêm posições chave no organograma da organização, seu papel e poder são arraigados nas operações diárias e nas tomadas de decisão. A maneira clássica de coordenar as atividades das unidades organizacionais é localizá-la na hierarquia de autoridade de tal modo que as que forem estreitamente relacionadas reportam-se para uma única pessoa. Quando a empresa está perseguindo uma estratégia de diversificação relacionada, a coordenação efetiva das atividades relacionadas de unidades de negócio que por outro lado são independentes, normalmente exige a autoridade centralizada de um único diretor de nível corporativo. Em uma estrutura organizacional altamente centralizada, os altos executivos detêm autoridade para a maioria das decisões estratégicas e operacionais e orientam o trabalho dos chefes da unidades de negócios e departamentos; uma autoridade comparativamente pequena é atribuída aos gerentes subalternos. O ponto fraco da organização centralizada é que seu caráter hierárquico vertical tende a alimentar um excesso de burocracia e paralisa a 40 tomada de decisão enquanto o processo de revisão/ aprovação passa pelos vários níveis de gerência. Na estrutura organizacional descentralizada, os gerentes têm poder para agir de acordo com o seu critério em suas áreas de responsabilidades descentralizadas. Em uma empresa diversificada, operando de acordo com o princípio de tomada de decisão descentralizada. A delegação de maior autoridade aos gerentes subalternos e empregados cria uma estrutura organizacional mais horizontal com uma quantidade menor de camadas de gerência. Enquanto na estrutura vertical centralizada aos gerentes e empregados têm de subir na escala da autoridade para obter uma resposta, em uma estrutura descentralizada horizontal eles desenvolvem suas próprias respostas e planos de ação – tomando as decisões e respondendo pêlos resultados de seu trabalho. Este processo direto de tomada de decisões normalmente encurta o tempo que uma organização consome para responder às ações dos concorrentes, mudanças de preferência dos clientes e outros desenvolvimentos de mercado. Além disso, ela encoraja o desenvolvimento de novas idéias, o pensamento criativo, inovação e maior envolvimento por parte dos gerentes subalternos e empregados. (ACKOFF, 1979). 3.1. Como a Estrutura Evolui à Medida que a Estratégia Evolui. Á medida que as empresas se desenvolvem, partindo de empresas pequenas, de um único negócio, chegando a negócios mais complexos, sua estrutura organizacional tende a evoluir da gerência de uma pessoa, para departamentos funcionais, divisões e unidades de negócios descentralizados. Na visão de Maximiano (2000), as empresa de negócio único quase sempre são organizadas em torno de departamentos funcionais. Nas empresas integradas verticalmente, os blocos de construção grandes são unidades divisionais, e cada uma delas desempenha um ou mais dos muitos passos de processamento ao 41 longo da cadeia de valor; cada divisão na seqüência da cadeia de valor pode operar como um centro de lucro para fins de medição do desempenho. As estruturas organizacionais ancoradas em departamentos especializados funcionalmente são as mais freqüentemente usadas para ajustar a estrutura à estratégia em empresas de negócio único. Entretanto, a forma da especialização funcional varia de acordo com a consideração em relação ao cliente – produto – tecnologia. A estrutura funcional tem dois calcanhares de Aquiles: miopia funcional excessiva e fragmentação de processos de negócios críticos para a estratégia nas linhas departamentais tradicionais. A organização na base de área ou território geográfico é uma forma estrutural comum para empresas que operam em diversos mercados geográficos ou que servem uma área geográfica grande. Algumas empresas adotaram a estrutura territorial para que pudessem ser diretamente acessíveis aos clientes dispersos geograficamente. Unidades de negócios totalmente independentes representam um obstáculo organizacional para empresas que procuram a diversificação relacionada: Não existe um mecanismo para coordenar atividades relacionadas nas unidades de negócios. Pode ser difícil encontrar gerentes de unidades de negócios autônomos que cooperam na coordenação e compartilhamento de atividades relacionadas; eles estão dispostos a questionar sobre o território e sobre a possibilidade de vir a ser responsabilizados pôr atividades que estejam fora de seu controle. Uma unidade de negócios estratégica é um agrupamento de empresas subsidiárias com base em elementos estratégicos significativos mantidos em comum. Os elementos relacionados podem ser um conjunto sobreposto de concorrentes, atividades da cadeia de valor estreitamente relacionadas, necessidades comum de competir globalmente, ênfase no mesmo tipo de vantagem competitiva, fatores de sucesso chave comuns ou oportunidades de crescimento relacionadas tecnologicamente. 42 Uma organização matricial é uma estrutura com dois canais e comando, duas linhas de autoridade de orçamento e duas fontes de desempenho e recompensa. A característica chave da matriz é que a autoridade sobre um negócio, produto, projeto, negócio de risco e a autoridade sobre uma função/processo são sobrepostas para formar uma matriz ou grade e a responsabilidade de tomada de decisões em cada unidade/ célula de matriz é compartilhada pelo gerente funcional ou gerente de processo. A organização do tipo matricial é uma forma estrutural genuinamente diferente de qualquer outra já considerada, porque ela quebra o princípio de unidade de comando. Na estrutura matricial existem dois canais de informação, dois chefes e autoridade compartilhada; o resultado é um clima diferente de organização. Freqüentemente para suplementar a estrutura de organização formal para promover uma melhor execução da estratégia incluem: Equipes especiais de projeto – criação de um grupo de trabalho separado, auto-suficiente para supervisionar a execução de uma atividade especial como o estabelecimento de um novo processo tecnológico, desenvolvimento de um novo produto, início de um novo negócio, consumação de uma fusão com outra empresa, a execução de um contrato com o governo, ou a construção e abertura de uma fábrica. Forças tarefas funcionais cruzadas – colocação de vários altos executivos e/ ou especialistas para resolver problemas que exigem perícia especializada de várias partes da organização, coordenação de atividades relacionadas com a estratégia que abrangem os limites departamentais, ou exploração de meios para alavancar as habilidades de especialistas funcionais diferentes em competências básicas mais amplas. Equipes de investimento – formação de um grupo de pessoas para a introdução direta de um novo produto, entrada em um novo mercado geográfico ou lançamento de um novo negócio específico. 43 Equipes de trabalho auto contidas – um grupo de pessoas oriundas de disciplinas diferentes e que trabalham juntas em base semi permanente para melhorar continuamente o desempenho organizacional em áreas específicas relacionadas com a estratégia – encurtamento do tempo consumido entre o laboratório e o mercado, aumento da qualidade do produto, melhoria do serviço ao cliente, corte nos tempos de entrega, eliminação de estoques, redução dos custos dos materiais e componentes comprados, aumento da produtividade da linha d montagem, diminuição do tempo de parada para manutenção de equipamento e das despesas de manutenção, ou designação de novos modelos. Equipes de processo – colocação de especialistas funcionais, que desempenham segmentos de um processo do negócio juntos em uma equipe, em vez de alocá-los em seus departamentos funcionais. Gerentes de contato – estabelecimento de um único ponto de contato para os clientes quando os passos de um processo são muito complexos ou estão dispersos de tal modo que a sua integração para execução por uma única pessoa ou equipe é impraticável. (MAXIMIANO, 2000) Muitas das empresas de hoje estão remodelando sua estrutura hierárquica tradicional construídas em torno de especialização funcional e autoridade centralizada. Na visão de Gracioso (1996), as empresas precisam de um novo conjunto de capacidades organizacionais para competir com o sucesso; respostas rápidas para a mudança de preferência dos clientes, ciclos de curtos entre o projeto e o mercado, qualidade soberba, produção em várias versões, de acordo com a solicitação do cliente, atendimento preciso dos pedidos, entregas rápidas, serviço personalizado aos clientes, assimilação rápida de novas tecnologia, criatividade e inovação, e reações rápidas aos desenvolvimentos competitivos. A reengenharia de processos críticos para a estratégia, para reduzir a fragmentação nas linhas departamentais tradicionais e para cortar despesas gerais burocráticas, tem-se provado como uma ferramenta legítima de projeto da organização, embora pouco compreendida. A organização do processo é um princípio tão válido quanto a especialização funcional. A execução da estratégia é 44 melhorada quando segmentos das atividades críticas para a estratégia e processos básicos do negócio, executados por departamentos diferentes, são integrados e coordenados adequadamente. As empresas que fizeram reengenharia de alguns de seus processos conseguiram comprimir passos e tarefas, em trabalhos que passaram a ser executados por uma única pessoa, integrando o trabalho em atividades de equipe. Em seguida vem a reorganização como uma conseqüência natural da síntese de tarefas e reprojeto do trabalho. A experiência das Empresas que foram bem sucedidas quando fizeram reengenharia e reestrutura suas operações de maneira que elas dessem suporte para a estratégia, sugere o ataque à fragmentação de processos e redução de despesas gerais da seguinte maneira: Desenvolva um fluxograma de todo o processo do negócio, incluindo onde ele faz interface com as outras atividades da cadeia de valor. Tente simplificar o processo, primeiro eliminando tarefas e passos onde for possível e analisando como melhorar o desempenho da parte que permanecer. A reengenharia, quando executada adequadamente, pode produzir ganhos dramáticos na produtividade e na capacidade organizacional. (GRACIOSO, 1996) 3.2. Criando Políticas e Procedimentos de Apoio à Estratégia. O estabelecimento de políticas e procedimentos operacionais ajuda na tarefa de implementação da estratégia de várias maneiras. Na visão de Ansoff (1997), as políticas e procedimentos, novos ou revisados recentemente, proporcionam orientação para os gerentes operacionais, pessoal de supervisão e empregados em termos de como certas coisas precisam ser feitas daqui para frente e o comportamento a ser esperado, estabelecendo assim algum grau de regularidade, estabilidade e confiança sobre a maneira com que o gerente decidiu executar a estratégia e operar o negócio diariamente. 45 As políticas e procedimentos ajudam a alinhar as ações e o comportamento com a estratégia na organização, colocando limites para ações independentes e centralizando esforços individuais e grupais para a implementação. Os gerentes envolvidos com a implementação da estratégia podem usar o processo de mudança de política como uma alavanca poderosa para mudar a cultura corporativa para produzir um melhor alinhamento com a nova estratégia. As políticas e procedimentos elaboradas prudentemente ajudam a reforçar a implementação da estratégia canalizando as ações, comportamento, decisões e práticas nas direções que melhoram a execução da estratégia. Quando as políticas e práticas não apóiam a estratégia, elas transformam-se em barreiras para as mudanças de atitude e de comportamento que os gerentes estão tentando promover. (ANSOFF, 1997). 3.3. Relacionando-se com as Políticas da Empresa. Um gerente não pode formular e implementar a estratégia eficiente sem observar as políticas da empresa a ser adepto de uma manobra política. Via de regra, existe ainda mais políticas na implementação de uma estratégia. Na visão de Oliveira (1998), a política de estratégia centraliza-se principalmente em torno de simulação de opções, alimentação de apoio para propostas fortes e eliminação das fracas, orientação para a formação de coalizões para certos problemas, e formação de consenso e comprometimento. Nas empresas que lutam para transformar os altos padrões éticos em realidade, a alta gerência comunica o seu comprometimento em um código de ética, nos discursos e nas publicações da empresa, nas políticas relativas às conseqüências de um comportamento sem ética, nas atitudes dos executivos seniores, e nas ações tomadas para o cumprimento do código de ética. Os gerentes podem executar várias ações concretas para exercer a liderança da ética. Em primeiro lugar eles devem proporcionar um excelente exemplo de ética em seu comportamento e estabelecer uma tradição de integridade. As decisões da 46 empresa devem ser vistas como ética – em tais casos as ações sempre falam mais alto que as palavras. Os ajustes e correções são normais e fazem parte da gerência estratégica. Quando a resposta para as novas condições envolve a estratégia ou sua implementação, é necessário tomar ações rápidas. Nos momentos de crise, a abordagem típica consiste em contar com subordinados-chave para coletar informações e formular recomendações, presidir pessoalmente as discussões longas sobre as respostas propostas e tentar formar consenso rapidamente entre os membros do círculo executivo interno. A característica distintiva de um ajuste pró-ativo é que ele origina-se das iniciativas da agência em vez de serem reações forçadas. (OLIVEIRA, 1998). 47 CONCLUSÃO Neste trabalho, procurou-se destacar a importância do Planejamento Estratégico dentro do processo de Gestão Estratégica, colocando-o como uma ferramenta útil para a empresa enfrentar o mercado competitivo. Foram descritos alguns conceitos importantes sobre estratégia, visão e gestão estratégica que em muito podem contribuir para a reflexão dos administradores, e que estão diretamente relacionados ao processo de Planejamento Estratégico. O Planejamento Estratégico, mais que um documento estático, deve ser visto como um instrumento dinâmico de gestão, que contém decisões antecipadas sobre a linha de atuação à ser seguida pela organização no cumprimento de sua missão. A missão organizacional identifica a função que a organização tenciona desempenhar na sociedade. A declaração da missão geralmente identifica os produtos, serviços, mercados e clientes da organização. Assim, uma missão definida com clareza permite estabelecer objetivos gerais. O planejamento requer uma estratégia própria – uma visão de como a empresa precisa funcionar hoje (dadas suas competências e seus mercados-alvo) e do papel de cada função chave. Os Objetivos são partes importantes do planejamento estratégico, porque se tornam o ponto focal do direcionamento das estratégias. Diversas variáveis importantes, internas e externas, afetam a estratégia de uma organização. As premissas ou suposições do planejamento em relação às condições futuras devem ser estabelecidas, pois afetam o ambiente da organização. Devem ser analisadas também as forças, fraquezas, oportunidades e ameaças. Pensar e agir de maneira estratégica está sempre relacionado, de maneira muito próxima, ao desempenho da empresa e, deste modo, ao desempenho dos profissionais que nela se encontram. 48 BIBLIOGRAFIA. THOMPSON A. Arthur e STRICKLAND A. J. Planejamento Estratégico Elaboração, Implementação e Execução. São Paulo, PIONEIRA, 2000. OLIVEIRA Djalma de Pinho Rebouças. Planejamento Estratégico – Conceitos de Metodologias Práticas. São Paulo. ATLAS. 14ª Edição Revisada, 1998. GRACIOSO Francisco. Planejamento Estratégico Orientado para o Mercado. São Paulo. ATLAS. 3ª Edição, 1996. ACKOFF, Russel L. Planejamento Empresarial. Rio de Janeiro. LTC, 1979. ANSOFF H Igor & DONELL, Edward J. mc. Implantando a Administração Estratégica. 2ª Edição. São Paulo: Atlas, 1993. CERTO, Samuel C. & PETER, J. Paul. Administração Estratégica: Planejamento e Implantação da Estratégia. São Paulo: Makron Books, 1993. MAXIMIANO, Antônio César Amaru. Teoria Geral da Administração: da escola cientifica à competitividade na economia globalizada. 2ª Ed. São Paulo: Atlas, 2000. SERRA, Fernando A. Ribeiro. Administração Estratégica: conceitos, roteiro prático e casos. Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso Editores, 2003. TAVARES, Mauro Calixta. Gestão Estratégica. São Paulo: Atlas, 2000. 49 THOMPSON JR., Arthur A & STRICKLAND III, A J. Planejamento Estratégico: elaboração, implementação e execução. São Paulo: Pioneira Thmson Learning, 2002.