Letras
Prof: Silvio Pereira da Silva
Literaturas e suas estruturas narrativas:
Parnasianismo e Simbolismo
Objetivos
9Refletir, com base em textos críticos e
literários, sobre o Parnasianismo e o
Simbolismo;
9Estudar o Parnasianismo e o Simbolismo
tendo em vista textos que expressam
confronto de idéias e estimulem correlações;
9Analisar textos poéticos.
Parnasianismo: origens
9Movimento literário surgido na França, na
primeira metade do séc. XIX, constituindo
uma reação ao excesso de
sentimentalismo do Romantismo.
9A poesia era quase considerada uma
religião.
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Parnasianismo em
Portugal e Brasil
9Em Portugal, esta corrente se começou a
sentir na segunda metade do séc. XIX e
nunca chegou a assumir-se
verdadeiramente, prevalecendo a poesia
realista.
9No Brasil, o parnasianismo teve maior
repercussão do que em Portugal. Os poetas
ligados a esse estilo obtiveram grande fama.
Poesia realista em Portugal
Antero de Quental
9Poesia metafísica: ocupada por
indagações (“que sou?”; “o que se leva da
vida?”; “por que morrer?”),
inquietantemente existencial, filosófica,
de perfil intelectual.
Com os Mortos
Os que amei, onde estão? idos, dispersos,
Arrastados no giro dos tufões,
Levados, como em sonho, entre visões,
Na fuga, no ruir dos universos...
E eu mesmo, com os pés também imersos
Na corrente e à mercê dos turbilhões,
Só vejo espuma lívida, em cachões,
E entre ela, aqui e ali, vultos submersos...
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Mas se paro um momento, se consigo
Fechar os olhos, sinto-os a meu lado
De novo, esses que amei: vivem comigo,
Vejo-os, ouço-os e ouvem-me também,
Juntos no antigo amor, no amor sagrado,
Na comunhão ideal do eterno Bem.
(Antero de Quental)
Cesário Verde
9Poesia do cotidiano, identificada com a
pintura impressionista: a captura do
“momento”; cenas plásticas
(pormenorizadas) aflorando no poeta;
9Realidade exterior disputando espaço com
a realidade subjetiva.
“Noite Fechada”
“Lembras-te tu do sábado passado,
Do passeio que demos, devagar,
Entre um saudoso gás amarelado
E as carícias leitosas do luar?
(...)
Tu sorrias de tudo: os carvoeiros,
Que aparecem ao fundo dumas minas,
E à crua luz os pálidos barbeiros
Com óleos e maneiras femininas!
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Fins de semana! Que miséria em bando!
O povo folga, estúpido e grisalho!
E os artistas de ofício iam passando,
Com as férias, ralados do trabalho.
O quadro interior, dum que à candeia,
Ensina a filha a ler, meteu-me dó!
Gosto mais do plebeu que cambaleia,
Do bêbado feliz que fala só!
(...)”
(Cesário Verde)
Vídeo
9Impressionismo
9http://www.youtube.com/watch?v=ecS0sS
BxBiE&feature=related
9Tempo: 00:00 até 03:00
Contexto histórico Brasil
9Grandes acontecimentos históricos
marcaram o período:
9A abolição da escravatura (1888);
9Proclamação da República (1889);
9Conflitos e revoltas populares;
9restauração das finanças; impulso ao
progresso material.
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Características do
Parnasianismo
9Objetividade e impessoalidade: o poeta
apresenta o fato, a personagem, os objetos,
sem deformá-los pela sua maneira pessoal
de ver, sentir e pensar.
9Arte Pela Arte: a poesia vale por si mesma,
não tem nenhum tipo de compromisso, e
justifica por sua beleza.
Características
9 Estética/Culto à forma - O poeta parnasiano busca a
perfeição formal a todo custo. Aspectos importantes para
essa estética perfeita são:
9 Rimas Ricas: São evitadas palavras da mesma classe
gramatical.
“Fulge de luz banhado, esplêndido e suntuoso,
O palácio imperial de pórfiro luzente
É marmor da Lacônia. O teto caprichoso
Mostra em prata incrustado, o nácar de oriente”.
Características
9Valorização da poesia de forma fixa,
preferencialmente o soneto.
9Metrificação Rigorosa - preferencialmente
com dez (decassílabos) ou doze sílabas
(versos alexandrinos).
9Preciosismo vocabular: valorização do
detalhe uso de palavras raras.
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Características
9Descritivismo: grande parte da poesia
parnasiana é baseada em objetos inertes,
sempre optando pelos que exigem uma
descrição bem detalhada.
9Temática Greco-Romana – há o uso de
elementos da Antiguidade Clássica, a
história e a mitologia, descrevem deuses,
heróis, fatos lendários e objetos etc.
Principais poetas
9 O prestígio dos poetas parnasianos, ao final do
século XX, fez de seu movimento a escola oficial
das letras no país durante muito tempo.
9 A trindade:
• Olavo Bilac
• Alberto de Oliveira
• Raimundo Correia
9 Outros:
• Francisca Júlia
• Vicente de Carvalho
Imagem 01
Atividade
Reflita:
9Por que a poesia parnasiana, tendo se
manifestado no mesmo período que o
Realismo/Naturalismo, valorizou tanto a
forma?
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Olavo Bilac
Olavo Brás Martins dos Guimarães
Bilac (Rio de Janeiro, 16 de
dezembro de 1865 — Rio de
Janeiro, 28 de dezembro de
1918) foi jornalista e poeta
brasileiro e membro fundador da
Academia Brasileira de Letras.
Criou a cadeira 15, cujo patrono é
Gonçalves Dias.
Imagem 02
Poemas
9Poema Língua portuguesa
9http://www.youtube.com/watch?v=HWf_G
0xXfRA
9Tempo: 1:06
Vovó recitando Olavo Bilac
http://www.youtube.com/watch?v=EEzock
HWY90
Tempo: 1:00
Texto
Língua portuguesa
Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...
Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!
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Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
Em que da voz materna ouvi: "meu filho!"
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!
Olavo Bilac
Alberto de Oliveira
Imagem 03
“Antonio Mariano Alberto de
Oliveira, nasceu em Palmital
de Saquarema, na então
província do Rio de Janeiro,
no dia 28 de abril de 1859 e
morreu em Niterói no dia 19
de janeiro de 1937. Estudou
no interior e, até chegar à
Faculdade, completou seus
estudos em Niterói e no Rio
de Janeiro, onde se formou
em Farmácia.”
Texto:
Vaso Grego
Esta de áureos relevos, trabalhada
De divas mãos, brilhante copa, um dia,
Já de aos deuses servir como cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.
Era o poeta de Teos que o suspendia
Então, e, ora repleta ora esvasada,
A taça amiga aos dedos seus tinia,
Toda de roxas pétalas colmada.
Depois... Mas, o lavor da taça admira,
Toca-a, e do ouvido aproximando-a, às bordas
Finas hás de lhe ouvir, canora e doce,
Ignota voz, qual se da antiga lira
Fosse a encantada música das cordas,
Qual se essa voz de Anacreonte fosse.
Alberto de
Oliveira
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“Raimundo Correia (R. da Mota
de Azevedo C.), magistrado,
professor, diplomata e poeta,
nasceu em 13 de maio de 1859,
a bordo do navio brasileiro São
Luís, ancorado na baía de
Mogúncia, MA, e faleceu em
Paris, França, em 13 de
setembro de 1911. É o fundador
da Cadeira n. 5 da Academia
Brasileira de Letras.”
Imagem 04
Colocar uma imagem
As pombas
Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada...
E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...
Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;
No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais...
Raimundo Correia
O Simbolismo: origens
9 O simbolismo desenvolveu nas artes plásticas, no
teatro e na literatura. Surgiu na também França, no
final do século XIX, a princípio chamado de
Decadentismo e depois Simbolismo.
9 Crítica ao pensamento positivista de Augusto
Comte e ao demasiado uso da ciência e do
ateísmo (procedimentos do Realismo e do
Naturalismo).
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Os Franceses
9 Charles Baudelaire – autor da obra As flores do
mal (1857)- marco no Simbolismo literário.
9 Arthur Rimbaud - o amoralismo de Uma
Temporada no Inferno.
9 Stéphane Mallarmé - destruição da linguagem
linear de Um lance de Dados e de Tardes de um
Fauno.
9 Paul Verlaine - no marginalismo de Outrora e
Agora.
Características do Simbolismo:
9Caráter individualista, relação com a linha de
pensamento Romantismo;
9 Valorização de temas místicos, imaginários e
subjetivos;
9Desconsideração das questões sociais
abordadas pelo Realismo e Naturalismo;
Características:
9Estética marcada pela musicalidade (a poesia
aproxima-se da música);
9Produção de obras de arte baseadas na
intuição, descartando a lógica e a razão;
9Utilização de recursos sonoros como, por
exemplo, a aliteração (repetição de um
fonema consonantal) e a assonância
(repetição de fonemas vocálicos);
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Características:
9 Não se descreve um objeto; sugere-se a
existência dele;
9 Emprego de letras maiúsculas no verso;
9 Uso de um vocabulário bíblico, litúrgico,
esotérico e arcaico no sentido de revitalizá-lo;
9 A imprecisão no sentido de certos vocábulos
para caracterizar o indefinível e o indizível;
9 Embora tenham dado importância ao verso livre,
os simbolistas ainda estavam presos a poemas
bem elaborados formalmente, como os
parnasianos.
Simbolismo no Brasil
9No Brasil, o Simbolismo teve início no ano de
1893, com a publicação de duas obras de
Cruz e Souza: Missal (prosa) e Broquéis
(poesia).
9O movimento simbolista na literatura
brasileira teve força até o início do
Modernismo.
Tempo para dúvidas
9Reflita sobre a postura do poeta
simbolista.
9Qual sua relação com a arte e com o
mundo?
9Há semelhanças com os Parnasianos?
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Imagem 05
João da Cruz e Sousa nasceu em
1861, na cidade de Nossa
Senhora do Desterro, hoje
Florianópolis, Santa Catarina.
Era filho de escravos alforriados
e recebeu uma educação
refinada de seu ex-senhor, o
Marechal Guilherme Xavier de
Sousa. Foi jornalista. Morreu em
Minas Gerais em 1898.
9 Aspectos míticos e melancólicos do Simbolismo,
herdado do Romantismo: culto da noite, o
pessimismo, a morte, etc.
9 Gosto pela poesia reflexiva de caráter e filosófico.
9 Valorização do branco e da luminosidade.
9 Destaque pela musicalidade acompanhada por
sinestesia, metáforas, símbolos, ambiguidades,
fragmentação das imagens auditivas e visuais.
Texto
ANTÍFONA ( fragmento)
“Ó Formas alvas, brancas, Formas claras
De luares, de neves, de neblinas!
Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...
Incensos dos turíbulos das aras
Formas do Amor, constelarmante puras,
De Virgens e de Santas vaporosas...
Brilhos errantes, mádidas frescuras
E dolências de lírios e de rosas ...”
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Texto
ACROBATA DA DOR
Gargalha, ri, num riso de tormenta,
como um palhaço, que desengonçado,
nervoso, ri, num riso absurdo, inflado
de uma ironia e de uma dor violenta.
Da gargalhada atroz, sanguinolenta,
agita os guizos, e convulsionado
salta, gavroche, salta clown, varado
pelo estertor dessa agonia lenta ...
Pedem-se bis e um bis não se despreza!
Vamos! retesa os músculos, retesa
nessas macabras piruetas d'aço. . .
E embora caias sobre o chão, fremente,
afogado em teu sangue estuoso e quente,
ri! Coração, tristíssimo palhaço.
Alphonsus de
Guimaraens,
pseudônimo de Afonso
Henrique da Costa
Guimarães (24 de julho
de 1870, em Ouro
Preto, Minas Gerais,
Brasil - † 15 de julho de
1921, em Mariana,
Minas Gerais, Brasil).
Imagem 06
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9Literatura gótica próxima aos escritores
românticos.
9Poesia uniforme e equilibrada.
9Influências Árcades e Renascentistas sem
cair no formalismo parnasiano.
Poema
9Ismália
9http://www.youtube.com/watch?v=Xm2qq
MlLX1Y&feature=related
9Tempo: 2:22
Texto
Ismália
Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...
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E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava longe do céu...
Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu
As asas para voar. . .
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma, subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...
Referências
9 BOSI, Alfredo. História concisa da literatura
brasileira. São Paulo: Cultrix, 1989.
9 CANDIDO, Antonio. Literatura e sociedade:
estudos de teoria e história literária. 8.ed. São
Paulo: T. A. Queiroz, 2000.
9 CASTELLO, José Aderaldo. A literatura
brasileira. São Paulo: Edusp, 1999.
9 MOISÉS, Massaud. A literatura portuguesa
através dos textos. São Paulo: Cultrix, 1999.
Boa semana!
Prof: Silvio Pereira da Silva
Referência de imagens:
Imagem 01: Disponível em: <http://www.geocities.com/Paris/Loft/7380/bilacorre.jpg> Acesso em: 18 de março de 2009
Imagem 02: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Olavo_bilac>. Acesso em: 18 de março de 2009
Imagem 03: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Alberto_de_Oliveira> . Acesso em: 18 de março de 2009.
Imagem 04: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Raimundo_Correia>. Acesso em: 18 de março de 2009.
Imagem 05: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_da_Cruz_e_Sousa > Acesso em: 18 de março de 2009
Imagem 06: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Afonso_Henrique_da_Costa_Guimar%C3%A3es> Acesso em: 19 de março
de 2009
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Poesia realista e Parnasianismo O Simbolismo