PERFIL DO CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA NO ABATE DE
FRANGOS DE CORTE – ESTUDO DE CASO
Alexandre Zanin; Samuel N. M. de Souza; Evandro M. Kolling; Alexandre Sordi
Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas, UNIOESTE
Cascavel, PR, (0XX45) 220-3175, e-mail: [email protected].
RESUMO
Toda forma de energia tem sua importância
fundamental em satisfazer às necessidades e
desejos do ser humano. Muitas são as razões para
se buscar a melhoria da eficiência energética que,
talvez, tenha como a vantagem o fato de que ela é
quase sempre mais barata que a produção de
energia. Na região oeste e sudoeste do Paraná a
avicultura de corte, nos últimos anos, vem tendo
destaque dentre as atividades agroindustriais. A
tecnologia aplicada nesta região, faz da avicultura
um atividade agropecuária de grande dinâmica,
creditada pelas economias de escala obtidas pelas
granjas integradas. Merece atenção, também, o fato
de que essas duas regiões são grandes produtoras de
milho, que é o principal componente da dieta
alimentar dos frangos. Essas tendências levam ao
aumento da produção do frango de corte. Esse
trabalho teve como objetivo identificar o consumo
de energia elétrica de uma agroindústria, em todas
as fase de abate e do processamento da carne de
frango, avaliando-se também, a adequação de força
motriz no sistema de compressão. O consumo
específico de energia elétrica (CEF), relacionado ao
número de frangos produzidos foi de 165.2
kWh/ton. Foram sugeridas medidas de conservação
de energia elétrica e posterior análise econômica e,
simulando a implantação destas medidas, obteve-se
um potencial de economia de 19% de toda energia
elétrica consumida pela agroindústria. Foi realizado
projeções de aumento futuro, na produção de
frangos e no consumo de energia para o abate e
processamento da carne de frango no estado do
Paraná.
Palavras Chave: Agroindústria, Número Índice,
Energia Elétrica.
INTRODUÇÃO
Toda forma de energia tem sua
importância fundamental em satisfazer às
necessidades e desejos do ser humano.
Aumentar a qualidade de vida da
população resulta em grandes demandas por novos
serviços que consomem energia, mas o
planejamento inadequado da produção e do
consumo energético levam a impactos ambientais
que podem comprometer o desenvolvimento.
A atual composição do parque gerador
brasileiro é 86,5% hidrelétrico, 12,5% termelétrico
e aproximadamente 1,0% de origem nuclear
(BRASIL, 2000).
O setor industrial responde atualmente por
44,0% de toda a energia elétrica consumida no País
(BRASIL, 2000) num total de 138.468 GWh.
Verifica-se, assim, que o modelo de
geração de energia elétrica no Brasil é quase
totalmente dependente da hidreletricidade, estando
sujeito a riscos de fornecimento provocados por
situações hidrológicas desfavoráveis. A diminuição
dessa dependência pode ser obtida com a
introdução de outras formas de geração elétrica e
investimentos na conservação de energia nos
diversos setores da economia do Brasil.
A energia é um insumo essencial à
produção de bens e serviços. Conseqüentemente, a
demanda energética é uma necessidade gerada pela
procura por bens e serviços e desejo de
comodidades, em geral. No setor industrial, em
particular, essa correlação é bastante clara e é
fortemente influenciada pelo nível de produção,
bem como pelo nível tecnológico e pela relação de
preços dos diversos energéticos.
Na região Oeste e Sudoeste do Paraná a
avicultura de corte, nos últimos anos, vem tendo
destaque dentre as atividades agroindustriais. A
tecnologia aplicada nesta região faz, da avicultura
uma atividade agropecuária de grande dinâmica,
creditada pelas economias de escala obtidas pelas
granjas integradas. Merece atenção, também, o fato
de que essas duas regiões são grandes produtoras de
milho, que é o principal componente da dieta
alimentar dos frangos, responsáveis por 26% de sua
produção no estado do Paraná em 2000.
O Paraná tem atualmente, segundo dados
da PARANÁ (2001), um total de 38 frigoríficos de
abate e processamento da carne de frango, os quais
produziram no ano de 2000 um total de
622.203.999 cabeças de frango, correspondendo a
um total estimado de 1.138.964 toneladas de carne
de frango.
Em estudo realizado pela CEMIG na
avicultura mineira, os consumos específicos médios
estimados foram de 1,88 kWh para produção de
uma caixa de ovos (caixa de 30 dúzias) e 0,16 kWh
para a produção de um frango de corte. O potencial
de otimização indica que estes consumos
específicos podem ser reduzidos para 1,37 kWh e
0,12 kWh, respectivamente, dando um potencial de
economia de energia elétrica, no setor, estimado de
27,1%.
Analisando o consumo e custo de energia
elétrica, FERREIRA; TURCO (2000) realizaram
medidas
do
consumo
de
ventiladores,
nebulizadores, iluminação e comedouros em um
galpão comercial de criação de frangos de corte, em
dois ciclos de criação obtendo resultados, para o
primeiro experimento, uma estimativa de consumo
de energia elétrica ativa dos equipamentos para
produção de um frango de corte de 0,12 kWh e para
o segundo experimento, 0,2 kWh. Os custos com
energia elétrica para o primeiro e segundo
experimentos foram R$ 0,02 e R$ 0,03,
respectivamente.
MATERIAL E MÉTODOS
Para a aquisição de dados de consumo de
energia e potência elétrica utilizou-se o RE 1000
(medidor registrador de grandezas elétricas),
equipamento eletrônico portátil dotado de entradas
de TC (transformadores de corrente) para medição
de corrente, entrada direta para medição de tensão
até 530 V e entrada para TP (transformadores de
potenciais) para medições de média tensão.
Os valores de tensão (V), fator de potência
(cos φ), corrente (A), demanda (kWh) e potência
(kW, kVAr, kVA) foram obtidos com
integralização dos dados de 15 em 15 minutos,
baseado nos medidores de demanda da
concessionária de distribuição de energia, durante
as 24 horas de funcionamento dos equipamentos, ao
longo do período de dezembro de 2000 à dezembro
de 2001, com dias intercalados para cada setor e
para cada motor considerado.
Com os dados de consumo de energia
elétrica de cada setor da agroindústria foram
geradas curvas de demanda de energia elétrica
média diária. Utilizou-se o software Microcal
Origin 6.0 para as análises de valores médios do
consumo de energia.
Com os dados de consumo e de demanda
de energia levantados, foram criados índices
denominados de consumo específico de energia
(kWh/ton de frango e kWh/frango abatido e
processado). Após esse estudo de levantamento do
consumo de energia, a partir dos dados de consumo
de energia elétrica do estudo de caso, foram
utilizados os dados de produção de carne de frango
das indústrias de abate de frango existentes no
estado do Paraná e, assim, quantificado o montante
de energia elétrica consumida no processamento de
frango
RESULTADOS
A demanda e o consumo de energia
elétrica possuem um comportamento constante
durante os períodos de atividade, apresentando
quedas apenas nos finais de semana para manter,
em grande parte, a conservação, através do sistema
de refrigeração das câmaras de estocagem dos
frangos abatidos e também, mas com pouca
freqüência, o setor de abate.
Os consumos médios horários individuais
para alguns setores da agroindústria são observados
na Figura 1. Verifica-se que o sistema de
refrigeração é o que apresentou uma parcela maior
no consumo total da agroindústria chegando a
83,0% de toda energia elétrica consumida.
Observa-se também, no consumo total e para
alguns setores, uma queda do consumo de energia
elétrica identificados no horário de ponta,
principalmente no setor de abate e da caldeira,
mostrando que a agroindústria diminui sua
produção no horário de ponta.
O setor de refrigeração diminui o consumo
de energia, com pouca intensidade, antecedendo o
horário de ponta e, por pouco tempo, permanece
baixo no horário de ponta. A partir das 20 horas,
apresenta um reinicio do aumento do consumo de
forma crescente até às 21 horas e volta ao seu
funcionamento total para suprir às necessidades de
refrigeração do ambiente interno do frigorífico para
o retorno das atividades de abate.
De acordo com os valores de consumo de
energia elétrica medido no período de estudo,
obtiveram-se os números índices presentes na
Tabela 1, para cada setor da agroindústria. A
quantidade de frangos abatidos por dia é em média
180.000 cabeças, com um consumo médio medido
Figura 1 – Demanda Média Horária Característica
de Energia Elétrica para os Setores da
Agroindústria.
Demanda de Energia Elétrica
(kW)
de 38.650,36 kWh dia, para a agroindústria em
estudo, obteve-se um número índice (NI) total de
0,216 kWh/frango abatido e processado. Com um
valor médio de peso de 1,3 kg por frango, teremos
um consumo de energia elétrica de 165,2 kWh por
tonelada (ton) de frango abatido.
1800
1700
1600
1500
1400
1300
1200
1100
1000
Total
Refrigeração
400
350
300
250
200
150
100
50
0
Abatedouro
Caldeira
Fábrica Ração
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
Hora
Tabela 1 – Consumo Médio Diário de Energia Elétrica para os Setores e CEF.
Setores
Refrigeração
Abatedouro
Fábrica Ração
Consumo
diário 32.084,380
3.413,136
1.463,328
(kWh)
CEF (kWh/frango)
0,180
0,019
0,008
CEF (kWh/ton)
137,100
14,600
6,300
O estado do Paraná possui um total de 38
frigoríficos que juntos abateram uma quantidade de
1.138.964,7 toneladas de frango no ano de 2000.
Através destes números pôde-se estimar, utilizando
o índice consumo específico de energia elétrica,
encontrado neste estudo de caso, o valor do
consumo total de energia elétrica demandada pelas
indústrias de abate do frango de corte no estado do
Paraná, para o ano de 2000, que foi de 188,2 GWh.
CONCLUSÕES
Com a metodologia aplicada foi possível
obter os valores requeridos para cada setor da
agroindústria e o total de energia elétrica necessária
para o abate e processamento da carne de frango.
Com os valores obtidos de consumo
específico será permitido estimar o montante de
energia elétrica consumida, para a agroindústria
estudada e também para o estado do Paraná, caso
venha a existir aumento na capacidade de abate de
frangos.
REFERÊNCIAS
[1] BRASIL. Ministério de Minas e Energia.
Balanço energético nacional 2000. Brasília, 2000.
154 p.
Caldeira
1.689,515
Total
38.650,360
0,009
7,200
0,216
165,200
[2] FERREIRA, L. F. S. A.; TURCO, J. E. P.
Avaliação do consumo e do custo e energia
elétrica em galpão para criação de frangos de
corte, em dois ciclos de criação. In: ENCONTRO
NACIONAL DE ENERGIA NO MEIO RURAL,
3º - AGRENER 2000, Campinas. Anais...
Campinas: UNICAMP, 2000. 1 CD-ROM.
[3] PARANÁ. Secretaria de Abastecimento do
Paraná / Departamento Rural. Prognóstico da
avicultura.
2000.
Disponível
em:
www.pr.gov/seab/serviços/conjuntura. Acesso em:
23/04/2001.
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perfil do consumo de energia elétrica no abate - Feagri