CULTURA LOCAL: ESSA EU CONHEÇO!
Gilcimara Santana Silva
Universidade Estadual de Feira de Santana- UEFS
A reflexão sobre alternativas que tornem a aprendizagem dos conteúdos escolares, uma
aprendizagem significativa e real leva os educadores, inclusive da EJA, a reconhecer a
necessidade e a importância de incluir as crenças, valores e cultura dos educandos não
só no processo de aquisição da leitura e da escrita, como em todas as práticas escolares.
Nos princípios de uma concepção de educação que visa ultrapassar a aquisição dos
signos lingüísticos, nos propomos a trabalhar com uma oficina que trate o educando
trabalhador como um indivíduo dono de um vasto saber cultural que chega na escola
com muitos conhecimentos construídos e como peça fundamental da sua
aprendizagem.Com este fim, trabalharemos como abordar metodologicamente em sala
de aula as antigas manifestações da cultura popular como: cantigas de roda, parlendas,
literatura de cordel, causos, canções, adivinhas, quadrinhas, trava-línguas entre outros.
Acreditamos assim, que o amplo processo de alfabetização, terá mais êxito tendo o
educando como aliado nas construções escolares e trazendo da cultura popular a
principal ferramenta de construção do saber letrado.
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Ementa: Alfabetização a partir de textos. Atividades diferenciadas com o mesmo texto.
Ajuste da leitura do texto, que conhece de cor, aos segmentos escritos.
Material: Cartolina, papel ofício, tv e Dvd.
Bibliografia: Textos do PROFA- Programa de Formação de Professores Alfabetizadores
Grupo temático: Educação e cultura.
Título: CULTURA LOCAL: ESSA EU CONHEÇO!
O público, adulto e jovem, que procura a escola é inicialmente levado por
necessidades práticas; para conseguir um emprego, mudar de cargo quando trabalhador, ter
autonomia para resolver situações do dia-a dia que necessitam do uso da leitura e da
escrita.Para tanto é necessário que o alfabetizador, adote formas metodológicas peculiares
a essa clientela. Desse modo para lidar com adultos, segundo LEMOS (1999)
ganha destaque a sensibilização para a mapeação de suas áreas de
interesse, ajudando a vencer a timidez, a insegurança e os bloqueios.
Os adultos em sua maior parte são portadores de frustrações trazidas
das escolas regulares e requerem do educador o resgate da imagem da
escola e de sua auto-estima [...].
A corrente tradicional permeou por muito tempo a concepção de ensino e
aprendizagem no Brasil. Neste modelo o professor é o detentor do saber, o aluno é
desestimulado a criar, pensar, e as questões ligadas a sua cultura são deixadas de lado. São
propostos textos que talvez não estejam de acordo com a realidade do aluno, descartando
do processo de alfabetização a inserção de diferentes tipologias textuais.
Partindo de uma proposta de alfabetização a partir de textos, não apenas para
aprender alguns fatos sobre o sistema de escrita e leitura, mas também, para estabelecer a
relação entre a escrita e a fala temos como nossas principais aliadas, antigas manifestações
da cultura popular como as adivinhas, as parlendas, as cantigas de roda e outras.
Esses textos são mantidos vivos pela tradição oral e o trabalho de alfabetização que
os toma como base dá sentido e uma maior importância à aprendizagem do código escrito.
Trabalhar com textos que os educandos conhecem possibilita que os mesmos tenham a
impressão de caminhar mais rápido em direção a tão sonhada mágica que se espera que o
professor realize: ensinar a ler e escrever de um dia para o outro.
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A memorização não garante a compreensão das regras de funcionamento do sistema
alfabético e nem o sucesso no processo de aquisição da leitura e da escrita se dá através da
utilização de textos sem significado. Para aprender a ler e escrever o indivíduo precisa
descobrir o que a escrita representa e como ela representa a linguagem falada, para tanto,
se faz necessário que alfabetizador ajude, explorando a relação do indivíduo com o meio
social no qual ele está inserido.
O mais importante quando se trabalha com textos da linguagem oral, é saber que
quando os alunos ainda não lêem ou escrevem convencionalmente, atividades de leitura e
escrita com esses textos, que todos conhecem de memória, podem possibilitar avanços nas
hipóteses dos alunos sobre o processo de escrita.
Devido à relação constante com as pessoas e com o mundo que os cerca, os
alfabetizandos são sempre desafiados e respondem a estes desafios construindo
conhecimentos e fazendo cultura. Quando chegam a sala de aula já sabem muitas coisas,
daí a importância do alfabetizador trabalhar com algo que eles já conhecem oralmente,pois
certamente terá mais êxito na aprendizagem da língua escrita.
Referências Bibliográficas
PAIVA, Ivanilda P. Educação popular e educação de adultos. 5.ed. São Paulo. 1987.
Parâmetros curriculares nacionais língua portuguesa, 1ª a 4ª série. Brasília. MEC.
1997
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