A Rede Estadual de Ensino do Estado de São Paulo e a formação em
Comunicação Suplementar e Alternativa: estratégias e desafios
Barbara Martins
Tânia Sheila Griecco
Carolina Lourenço Reis Quedas
Núcleo de Apoio Pedagógico Especializado-CAPE / Secretaria de
Estado da Educação do Estado de São Paulo
Eixo temático: Comunicação Alternativa e Inclusão Escolar; Formação
de professores e outros profissionais dirigida à linguagem e comunicação,
Relatos de Experiência e Comunicação Alternativa.
Introdução
A política educacional da Secretaria de Estado de Educação do Estado
de São Paulo norteia a elaboração do projeto pedagógico para a construção de
uma escola inclusiva, que acolha todos os alunos. Aos alunos que apresentam
alguma deficiência, transtornos globais do desenvolvimento, altas habilidades
ou superdotação, foram implementadas medidas para a oferta dos apoios que
lhes são necessários, como o Núcleo de Apoio Pedagógico EspecializadoCAPE.
Criado em 2001, o CAPE oferece suporte ao processo de inclusão
escolar, gerenciando as ações de Educação Especial no Estado de São Paulo.
A equipe do CAPE, sob a coordenação da Coordenadoria de Gestão da
Educação Básica- CGEB vem atuando no sentido de apoiar, acompanhar e
implementar as seguintes ações, em parceria com as 91 Diretorias de Ensino:

Acompanhamento e suporte às ações regionais;

Encaminhamentos e orientações à família e à comunidade de forma geral;

Parcerias e articulações com universidades, organizações governamentais
e não governamentais;

Produção e distribuição de recursos específicos para professores e alunos;

Formação continuada dos profissionais da rede estadual;
O programa de formação continuada de educadores atende os preceitos
da educação inclusiva, com orientações técnicas presenciais, e à distância,
pela Rede do Saber; oferta de Cursos de extensão cultural e orientações
técnicas descentralizadas realizadas pela equipe do CAPE nas regionais do
estado. São capacitados professores coordenadores, assistentes técnico pedagógicos, supervisores de ensino, professores especializados, professores
das classes comuns e diretores das escolas.
A esses profissionais cabe descentralizar estas ações para os
educadores de suas regiões. Nos últimos quatro anos, o planejamento das
ações de formação continuada voltou-se, prioritariamente, para os profissionais
que atuam direta ou indiretamente junto às classes comuns, ações estas, antes
restritas ao âmbito dos professores especializados.
Nos diferentes espaços de formação e no contato com as escolas, é
comum a queixa em relação ao despreparo para o atendimento ao aluno com
deficiência física, sobretudo no que se refere à dificuldade de comunicação e
ao estabelecimento de estratégias de Comunicação Suplementar e Alternativa
(CSA) no contexto escolar.
Objetivos
Diante deste panorama, a equipe de Deficiência Física do CAPE, tem
buscado incluir nos planejamentos anuais, formações com a temática da CSA.
Desde 2003 têm sido desenvolvidas orientações técnicas presenciais com as
equipes de educação especial (supervisor e professor PCNP), professores
especializados em deficiência física e professores atuantes das classes
hospitalares. Todo conteúdo desenvolvido deve ser repassado por esses
profissionais para toda comunidade escolar, e registrado para conhecimento do
CAPE de como tem sido desenvolvidas as ações descentralizadas.
Metodologias
De 2003 a 2010 as orientações técnicas eram feitas em um único dia
com todo o grupo, onde eram apresentados os principais conceitos que
norteiam a prática com CSA. Ao avaliar as sugestões dos participantes durante
esses anos e compreender que essas orientações deveriam contemplar
maiores reflexões e a prática propriamente dita com CSA, desde 2011, dividiuse em quatro grupos os profissionais convocados, para proporcionar maior
aprofundamento no tema.
Para ministrar as orientações são contratados fonoaudiólogos ou
terapeutas ocupacionais com destaque na área. Os conteúdos desenvolvidos
referem-se aos principais conceitos intrínsecos ao campo da CSA, práticas
possíveis no contexto escolar e adaptações de atividades curriculares.
Resultados
Nos anos de 2003 e 2011 as orientações realizadas embora não
abordassem
especificamente
a
temática
da
Comunicação
Alternativa,
desenvolviam nos conteúdos de adaptações e recursos de acessibilidade,
softwares de CSA como plaphoons, bordmaker e comunique. Foram formados
diretamente nessas ações cerca de 200 professores da Educação Especial,
responsáveis por formar outros professores da rede.
Em 2008 e a partir de 2012 as orientações têm como objetivos centrais a
sensibilização dos educadores quanto à importância de se estabelecer formas
alternativas de comunicação com alunos com dificuldades na linguagem oral,
para favorecer o desenvolvimento pedagógico e as relações interpessoais no
contexto escolar e ampliação do repertório de ações dos educadores,
instrumentalizando-os na construção de recursos e implementação de
estratégias relacionadas à área de CSA. Nessas ações têm sido abordadas
temáticas como introdução à CSA, pranchas de comunicação temáticas,
confecção de pranchas temáticas para subsidiar as práticas pedagógicas, entre
outros. Foram formados diretamente nessas ações cerca de 500 professores
da Educação Especial, responsáveis por formar outros professores da rede.
Tem sido possível observar melhor apropriação da temática por partes
dos
profissionais
envolvidos.
Corrobora-se
isso
pela
qualidade
das
observações feitas pelos profissionais em relação aos alunos, principalmente
no que se refere à demanda de comunicação alternativa, da proposição de
estratégias e da utilização de recursos financeiros para a aquisição de
equipamentos de CSA.
Ressalta-se,
no
entanto,
que
pelo
caráter
descentralizado
da
continuidade da formação, muitas escolas e profissionais demoram em ter
acesso às informações.
Conclusões
Nessa perspectiva de atuação é considerada a necessidade da
continuidade nas formações de CSA com a construção de um currículo mínimo
que possibilite um encadeamento na apropriação do conteúdo, bem como a
produção de materiais escritos ou gravados para favorecer o trabalho
descentralizado dos profissionais convocados para a orientação presencial. Um
recurso metodológico que se apresenta como pertinente nessa compreensão
são os estudos de caso, a partir das questões observadas diretamente com os
alunos.
Outro ponto a ser observado é em relação aos profissionais contratados
para as formações. Vislumbra-se a possibilidade de contar com a parceira de
terapeutas
ocupacionais,
fonoaudiólogos,
pedagogos
entre
constituição da equipe que organizará e planejará as formações.
outros
na
Por fim, é colocado como importante a formatação de cursos de CSA
que possam ser desenvolvidos diretamente nas 91 Diretorias de Ensino, com
conteúdos pertinentes e potentes para as atividades desenvolvidas nos
contextos das escolas.
Download

A Rede Estadual de Ensino do Estado de São Paulo e a