Cálculo Diferencial e Integral Capítulo – 4 Derivadas Prof. Dr. Armando Cirilo de Souza DERIVADAS 4.1 Introdução Neste capítulo estabeleceremos a noção de derivada de uma função. A derivada envolve a variação ou a mudança no comportamento de vários fenômenos. Inicialmente apresentaremos a definição de reta tangente ao gráfico de uma função. Posteriormente, definiremos funções deriváveis e derivada de uma função num ponto, dando ênfase ao seu significado geométrico. 4.2 Reta Tangente Seja: f : D → R uma função definida num domínio D que pode ser um intervalo aberto ou uma reunião de intervalos abertos, ou ainda, D tal que para todo intervalo aberto I que contenha x0, se tenha: I ∩ (D − {x0}) . 4.2 Reta Tangente Considere P = (x0, f(x0)) e Qi = (xi, f(xi)) (i = 1, 2, 3......) pontos no gráfico de f, P Qi; seja r1 a reta secante que passa por P e Q1; seu coeficiente angular é: 4.2 Reta Tangente Fixemos o ponto P e movamos Q1 sobre o gráfico de f em direção a P, até um ponto Q2 = (x2, f(x2)) tal que Q2 P; seja r2 a reta secante que passa por P e Q2; seu coeficiente angular é: 4.2 Reta Tangente Suponha que os pontos Qi (i = 1, 2, 3......) vão se aproximando sucessivamente do ponto P (mas sem atingir P), ao longo do gráfico de f; repetindo o processo obtemos r1, r2, r3, ..., retas secantes de coeficientes angulares m1, m2, m3, ..., respectivamente. É possível provar, rigorosamente, que quando os pontos Qi vão se aproximando cada vez mais de P, os mi respectivos, variam cada vez menos, tendendo a um valor limite constante, que denotaremos por mx0. 4.2 Reta Tangente Figura 4.1: Definição 4.1. A reta passando pelo ponto P e tendo coeficiente angular mx0 , é chamada reta tangente ao gráfico de f no ponto (x0, f(x0)). existe, fazendo a mudança t = x − x0, temos: Definição 4.1. Como x0 é um ponto arbitrário, podemos calcular o coeficiente angular da reta tangente ao gráfico de f para qualquer ponto (x, f(x)): Obs: Assim, mx só depende x. Definição 4.2. Se f for contínua em x0, então, a equação da reta tangente ao gráfico de f no ponto (x0, f(x0)) é: Obs: se o limite existe, Exemplo 4.1. [1] Determine a equação da reta tangente ao gráfico de f(x) = 4 − x2, no ponto (1, 3). Denotemos por m1 o coeficiente angular da reta tangente à parábola y = 4 − x2 passando pelo ponto (1, f(1)) = (1, 3). Seja P = (1, 3) e Q = (x0, 4 − x20 ) pontos da parábola; o coeficiente angular da reta secante à parábola passando por P e Q é: Exemplo 4.1. Figura 4.2: Exemplo 4.1. Do desenho, é intuitivo que se Q aproximase de P (x0 aproxima-se de 1), os coeficientes angulares de ambas as retas ficarão iguais; logo: m1 = lim x0→1 m PQ = −2. Exemplo 4.1. A equação da reta tangente ao gráfico de f, no ponto (1, 3) é y − 3 = −2 (x − 1) ou, equivalentemente, y + 2 x = 5. Figura 4.3: Reta tangente a y = 4 − x2, no ponto (1, 3). Exemplo 4.1. [2] Determine a equação da reta tangente ao gráfico de f(x) = 1/ x , no ponto ( 1/2 , 2). Seja m1/2 o coeficiente angular da reta tangente ao gráfico da função y =1/x passando pelo ponto(1/2, 2). Seja P = (1/2, 2) e Q = (x0,1/x0) pontos da curva; o coeficiente angular da reta secante à curva passando por P e Q é: Exemplo 4.1. Figura 4.4: Exemplo 4.1. Novamente do desenho, é intuitivo que se Q aproxima-se de P (x0 aproxima-se de ½) os coeficientes angulares de ambas as retas ficarão iguais; logo: Exemplo 4.1. A equação da reta tangente ao gráfico de f, no ponto ( 1/2 , 2) é y − 2 = −4 (x − 1/2 ) ou, equivalentemente,y + 4 x = 4. Figura 4.5: Reta tangente a y = 1/x , no ponto ( 1/2 , 2). Exemplo 4.1. [3] Determine a equação da reta tangente ao gráfico de f(x) = x3 − x + 1, no ponto (1, 1). Utilizemos agora diretamente a definição: Exemplo 4.1. Logo m1 = 2. A equação da reta tangente ao gráfico de f, no ponto (1, 1) é y − 2 x = −1. Figura 4.6: Exemplo 4.1. Da definição segue que a equação da reta normal ao gráfico de f no ponto (x0, f(x0)) é: 4.3 Funções Deriváveis Definição 4.3. Seja f : D → R uma função definida num domínio D que pode ser um intervalo aberto ou uma reunião de intervalos abertos ou ainda, D tal que para todo intervalo aberto I que contenha x0, se tenha: I ∩ (D − {x0}) . Definição 4.3. f é derivável ou diferenciável no ponto x0 quando existe o seguinte limite: Fazendo a mudança t = x − x0, temos: Definição 4.3. f′(x0) é chamada a derivada de f no ponto x0. Como x0 é um ponto arbitrário, podemos calcular a derivada de f para qualquer ponto x Dom(f); Assim f′ é função de x e f′(x0) R. Definição 4.4. Uma função f é derivável (ou diferenciável) em A R, se é derivável ou diferenciável em cada ponto x A. Outras notações para a derivada de y = y(x) são: Exemplo 4.2. [1] Calcule f′(1/4) e f′(2), se f(x) = x2. Exemplo 4.2 [2] Calcule f′(1/2) se f(x) = √(1 − x2). Exemplo 4.2 [3] Calcule f′(1) se f(x) = 4 − x2. Exemplo 4.2 [4] Calcule f′(1/2) se f(x) =1/x. Interpretação Geométrica A função F : (D − {x0}) → R, definida por: F(x) = f(x) − f(x0) / x − x0 , representa, geometricamente, o coeficiente angular da reta secante ao gráfico de f passando pelos pontos (x0, f(x0)) e (x, f(x)). Interpretação Geométrica Logo, quando f é derivável no ponto x0, a reta de coeficiente angular f′(x0) e passando pelo ponto (x0, f(x0)) é a reta tangente ao gráfico de f no ponto (x0, f(x0)). Se f admite derivada no ponto x0, então, a equação da reta tangente ao gráfico de f no ponto (x0, f(x0)) é: Interpretação Geométrica A equação da reta normal ao gráfico de f no ponto (x0, f(x0)) é: Interpretação Geométrica Figura 4.7: As retas tangente e normal ao gráfico de y = f(x). Exemplo 4.3. [1] Determine as equações da reta tangente e da reta normal ao gráfico de f(x) = x2 + 1, no ponto de abscissa x0 = 1. Se x0 = 1 então f(x0) = 2; logo, a reta tangente passa pelo ponto (1, 2) e seu coeficiente angular é f′(1). Temos: Exemplo 4.3. f′(1) = 2 e as respectivas equações são: y − 2 x = 0 e 2 y + x − 5 = 0. Figura 4.8: As retas tangente e normal ao gráfico de y = f(x). Exemplo 4.3. [2] Determine a equação da reta tangente ao gráfico de f(x) = √x que seja paralela à reta 2 x − y − 1 = 0. Para determinar a equação de uma reta, necessitamos de um ponto (x0, y0) e do coeficiente angular f′(x0). Neste problema, temos que determinar um ponto. Sejam rt a reta tangente, r a reta dada, mt e m os correspondentes coeficientes angulares; como rt e r são paralelas, então mt = m; mas m = 2 e mt = f′(x0), onde x0 é a abscissa do ponto procurado; Exemplo 4.3. Como f′(x0) = 1 / 2√x0, resolvendo a equação f′(x0) = 2, obtemos x0 = 1/16 e f(1/16) =1/4; a equação é 16 x − 8 y + 1 = 0. Teorema 4.1. Se f é derivável em x0 então f é contínua em x0. Exemplo 4.4. Seja f(x) = |x|. f é contínua em todo R; em particular em x0 = 0. Mas a derivada de f em 0 não existe; de fato: Calculemos os limites laterais: Exemplo 4.4. Logo, f′(0) não existe. Para x R − {0}, f′(x) existe e: Exemplo 4.4. Do teorema segue que não existe a derivada de f no ponto x0 se f é descontínua no ponto x0. Também não existe a derivada de f no ponto x0 nos seguintes casos: i) Se existe "quina"no gráfico da função contínua no ponto de abscissa x0, como no ponto x0 = 0 do exemplo anterior. ii) Se f é contínua em x0 e se possui reta tangente vertical passando pelo ponto de abscissa x0. Neste caso, lim x→x0 |f′(x)| = ∞. Exemplo 4.4. Figura 4.11: Funções não deriváveis. 4.4 Regras de Derivação [1] Se u(x) = c, então u′(x) = 0. [2] Se u(x) = mx + b; m, b R e m 0, então u′(x) = m. De fato, a função é contínua e seu gráfico coincide com sua reta tangente em qualquer ponto; logo, tem o mesmo coeficiente angular. Equivalentemente, 4.4 Regras de Derivação [3] Se u(x) = xn; n N, então u′(x) = n xn−1. Proposição 4.1. Sejam u = u(x) e v = v(x) funções deriváveis; então: Obs: Exemplo 4.6. Note que: u(x) = x−1 + 3x−4 + x−5, temos: u′(x) = (x−1 + 3x−4 + x−5)′ u`(x) = −x−2 − 12x−5 − 5x−6. Exemplo 4.6. [2] Calcule u′(x) sendo u(x) = (x3 + 2x + 1) (2x2 + 3). Aplicando diretamente as regras: u′(x) = ((x3 + 2 x + 1))′ (2 x2 + 3) + + (x3 + 2 x + 1) ((2 x2 + 3))′ e u′(x) = 10 x4 + 21 x2 + 4 x + 6 Exemplo 4.6 [3] Calcule u′(x), sendo u(x) = (x2 + x) / (x3 + 1) u′(x) = (x2 + x) / (x3 + 1) ′ = = (x2 + x)′(x3 + 1) − (x2 + x)(x3 + 1)′ / (x3 + 1)2 logo, u′(x) = −x4 − 2 x3 + 2x + 1 /(x3 + 1)2 = = (1 − x2) (x2 − x + 1)2 . Teorema 4.2. Regra da Cadeia Sejam f e g funções, tais que g ◦ f esteja bem definida. Se f é derivável em x e g é derivável em f(x), então g ◦ f é derivável em x e: Outra maneira de escrever o último parágrafo é: se y = g(x) e x = f(t), nas hipóteses do teorema, temos que: Obs: Exemplo 4.7. [1] Calcule v′(x) se v(x) = (x9 + x6 + 1)1000. Neste caso u(x) = x9 + x6 + 1; logo, u′(x) = 9 x8 + 6 x5 e n = 1000; então: v′(x) = ((u(x))1000)′ = 1000 (u(x))999 u′(x) = = 1000 (x9 + x6 + 1)999 (9 x8 + 6 x5). Exemplo 4.7. [2] Calcule dy/dt se y = g(x) = x3 + x + 1 e x = x(t) = t2 + 1. Pela regra da cadeia: Dy/dt = (dy/dx) . (dx/dt) = 2 t (3x2 + 1) = 6 t (t2 + 1)2 + 2 t. Exemplo 4.7. [3] Seja g uma função derivável e h(x) = g(x2 + 1). Calcule h′(1) se g′(2) = 5. Observemos que h(x) = (g ◦ f)(x), onde f(x) = x2 + 1; pela regra da cadeia: h′(x) = g′(f(x)) f′(x), e f′(x) = 2 x. Logo, h′(x) = g′(x2 + 1) 2 x. Calculando a última expressão em x = 1, temos que: h′(1) = 2 g′(2) = 10. Exemplo 4.7. [4] Se y = u3 + u2 + 3 e u = 2 x2 − 1, Calcule dy / dx. Pela regra da cadeia: Dy /dx = (dy/du).(du/dx) = 4 x (3 u2 + 2 u) = 4 x (3 (2 x2 − 1)2 + 2 (2 x2 − 1)) = 4 (12 x5 − 8 x3 + x); ou, fazemos a composta das funções: y = u3 + u2 + 3 = (2 x2 − 1)3 + (2 x2 − 1)2 + 3 e y′ = 4 (12 x5 − 8 x3 + x). Teorema 4.3. Função Inversa Seja f uma função definida num intervalo aberto I. Se f é derivável em I e f′(x) 0 para todo x I, então f possui inversa f−1 derivável e: Teorema 4.3. Função Inversa A fórmula pode ser obtida diretamente da regra da cadeia. De fato, (f ◦ f−1)(x) = x para todo x I. Derivando ambos os lados, temos que: Exemplo 4.8. [1] Seja f(x) = x2, x ≥ 0; logo sua inversa é f−1(x) = √x e f′(x) = 2x 0 se x 0; logo, f′(f−1(x)) = 2√x. Aplicando o teorema: Exemplo 4.8. [2] Seja f(x) = x3; logo sua inversa é f−1(x) = 3√x e f′(x) = 3 x2 0 se x 0; f′(f−1(x)) = 3 3 √x2. Aplicando o teorema: 4.6 Derivadas das Funções Elementares 4.6.1 Função Exponencial Seja a R tal que 0 < a 1 e u(x) = ax Então, u′(x) = ln(a) ax De fato, u′(x) = lim t→0 (ax+t − ax) / t = = ax lim t→0 (at − 1) / t = ln(a) ax. Em particular, se a = e, temos : 4.6.1 Função Exponencial Seja v = v(x) uma função derivável e considere a função: u(x) = av(x) Então: u′(x) = ln(a) av(x) v′(x) De fato, av(x) = ev(x) ln(a); usando a regra da cadeia para g(x) = ex e f(x) = v(x) ln(a), temos que u(x) = (g ◦ f)(x); então g′(x) = ex e g′(f(x)) = = ev(x) ln(a) = av(x) e f′(x) = v′(x) ln(a); logo, em particular, (e v(x) )′ = e v(x) v′(x) 4.6.1 Função Exponencial O crescimento ou decrescimento exponencial, expresso pela função Q(t) = Q0 ekt, (k 0) tem a propriedade Q′(t) = k Q(t), isto é, a sua derivada é proporcional à função. Aliás, isto é o que caracteriza a função exponencial. Exemplo 4.9. [1] Seja y = e√x. Fazendo v(x) = √x, temos y′ = (e v(x) )′ = = e v(x) v′(x) = e√x / 2√x . [2] Seja y = (1/2)1/x . Fazendo v(x) = 1/x , temos y′ = −ln(2) (1/2)1/ x v′(x) = ln(2) (1/2) 1/x 1/x2. 4.6.2 Função Logarítmica Seja a R tal que 0 < a 1 e u(x) = loga(x). Usando o teorema da função inversa para f−1 = u e f(x) = ax, temos que: 4.6.2 Função Logarítmica De fato, u′(x) = 1 / f′(f−1(x)) = 1/x ln(a) = = loga (e) / x . Em particular, se a = e: Usemos a regra da cadeia para calcular a derivada de u(x) = loga (v(x)) onde v(x) > 0 é uma função derivável. Em tal caso: 4.6.2 Função Logarítmica Em particular, se a = e: Exemplo 4.10. [1] Calcule a derivada de y = 3√x + x−5 + + 2 4√ x3, x > 0. Aqui = 1/2, = −5 e = 3/4 , respectivamente; logo: y′ =3/2 x−1/2 − 5x−6 + 3/2 x−1/4 . Exemplo 4.10. [2] Calcule a derivada de y = √x e√x / (x2 + x + 1)4. Aplicando logaritmo à função e usando as propriedades da função logarítmica, temos: ln(y) = ln(√x) + ln(e√x) − 4 ln(x2 + x + 1) = = ln(x) / 2 + √x − 4 ln(x2 + x + 1). Exemplo 4.10. Derivando: y′/y = 1/2x +(1/2√x) − (8 x + 4) / (x2 + x + 1), logo: Exemplo 4.10. [3] Calcule a derivada de y = xx, x > 0. Aplicando logaritmo à expressão e usando as propriedades da função logarítmica, temos: ln(y) = x ln(x). Derivando: y′/y = ln(x) + 1 e, y′ = y(x) (ln(x) + 1) = (ln(x) + 1) xx. Exemplo 4.10. [4] Calcule a derivada de y = x√x, x > 0. Aplicando logaritmo à expressão e usando as propriedades da função logarítmica, temos: ln(y) = ln(x)√x. Derivando: Logo Tabela Sejam u(x), v(x) funções diferenciáveis e k uma constante. Se: Tabela Sejam u(x), v(x) funções diferenciáveis e k uma constante. Se: 4.6.4 Funções Trigonométricas Se y = sen(x), então sen(x + t) − sen(x) = = 2 sen(u) cos(x + u), onde u = t / 2. Logo: 4.6.4 Funções Trigonométricas onde, para calcular o último limite usamos um limite fundamental. Se y = cos(x), sabendo que cos(x) = sem[(/2) − x] e utilizando a regra da cadeia com u(x)= (/2)− x, temos: 4.6.4 Funções Trigonométricas Se y = tg(x), sabendo que tg(x) = sen(x)/cos(x) e utilizando a regra do quociente, temos: 4.6.4 Funções Trigonométricas Tabela Sejam u(x), v(x) funções diferenciáveis e k uma constante. Se: Exemplo 4.11. [1] Se y = sen( x), R. Fazendo u(x) = x, temos u′(x) = ; utilizando a tabela, temos que y′ = cos( x). Para as outras funções trigonométricas, o procedimento é análogo. Exemplo 4.11. [2] Seja y = sen(x), onde , R − {0}. Fazendo y = sen(x) = (sen(x)), derivando como uma potência e usando o exercício anterior, temos: Para as outras funções trigonométricas, o procedimento é análogo. Exemplo 4.11. [3] Seja y = tg(sen(x)). Fazendo u(x) = sen(x), temos u′(x) = cos(x); logo, temos que y′ = cos(x) sec2(sen(x)). 4.6.5 Funções Trigonométricas Inversas Seja y = arc sen(x). A função arco seno, definida para x [−1, 1] é a função inversa da função f(x) = sen(x), se −/2 ≤ x ≤/2. f′(x) = cos(x) 0 se x ∈ (−/2, /2). Usando a fórmula do teorema da função inversa, temos: se y = f−1(x) = arc sen(x), ou seja, sen(y) = x, então: 4.6.5 Funções Trigonométricas Inversas Mas, cos(y) = √(1 − sen2(y)), pois y(−2,2). Então: Seja y = arc cos(x). Como arc cos(x) = /2 − arc sen(x), temos: y′ = −(arc sen(x))′; logo, Tabela Sejam u(x), v(x) funções diferenciáveis e k uma constante. Se: 4.6.6 Funções Hiperbólicas As derivadas das funções hiperbólicas são calculadas diretamente, pois todas elas envolvem exponenciais. Por exemplo, seja y = senh(x) = 1/ 2 (ex − e−x); derivando, temos: y′ = cosh(x). Tabela Seja u(x) derivável. Usando a regra da cadeia, temos: Exemplo 4.12. Calcule as derivadas y′, sendo: [1] y = etg(x) . Fazendo u(x) = tg(x), temos y = eu(x) ; usando a tabela: y′ = u′(x) eu(x) então y′ = sec2(x) etg(x) . Exemplo 4.12. [2] y = ln(ln(x)). Fazendo u(x) = ln(x), temos y = ln(u(x)); logo: y′ =u′(x) / u(x) = 1 / (x ln(x)). [4] y = cos(sen(x)). Fazendo u(x) = sen(x), temos y = cos(u(x)); usando a tabela: y′ = −u′(x) sen(u(x)) = −cos(x) sen(sen(x)). Exemplo 4.12. [3] y = x cos(1/x). Então y′ = cos(1/x)+x (cos(1/x))′. Fazendo u(x) = 1/x, temos que cos(1/x) = cos(u(x)); como (cos(1/x))′ = (1/x2) sen(1/x), temos y′ = cos(1/x) + 1/x (sen(1/x)). Exemplo 4.12. [5] y = arccotg(3 x2). Fazendo u(x) = 3 x2, temos y = arccotg(u(x)); usando a tabela: y′ = − u′(x) / (1 + u2(x)) = − 6x / (1 + 9 x4) . Exemplo 4.12. [6] y = arctg( 1/x ). Fazendo u(x) = 1/x , temos y = arctg(u(x)); usando a tabela: y′ =u′(x) / (1 + u2(x))= − 1/(1 + x2). Exemplo 4.12. [7] y = sen(ln(x)). Fazendo u(x) = ln(x), temos y = sen(u(x)); usando a tabela: y′ = u′(x) cos(u(x)) = cos(ln(x)) / x. Exemplo 4.12. [8] y = ln(sen2(x)). Fazendo u(x) = sen2(x), temos y = ln(u(x)); usando a tabela: y′ = u′(x) / u(x)= 2 cotg(x). Exemplo 4.12. [9] y = ln(cos((x − 1) / x)). Fazendo u(x) = cos((x−1) / x ), temos y = ln(u(x)); usando a tabela: y′ =u′(x)/u(x)= −1/x2 tg((x − 1) / x). 4.7 Derivação Implícita Seja F(x, y) = 0 uma equação nas variáveis x e y. Definição 4.5. A função y = f(x) é definida implicitamente pela equação F(x, y) = 0, quando F(x, f(x)) = 0. Em outras palavras, quando y = f(x) satisfaz à equação F(x, y) = 0. Exemplo 4.13. [1] Seja a equação F(x, y) = 0, onde F(x, y) = x3 +y −1; a função y = f(x) = 1−x3 é definida implicitamente pela equação F(x, y) = 0, pois F(x, f(x)) = x3 + (1 − x3) − 1 = 0. Exemplo 4.13. [2] Seja a equação F(x, y) = 0, onde F(x, y) = y4 + x −1; a função y = f(x) = 4√(1 − x) é definida implicitamente pela equação F(x, y) = 0, pois F(x, f(x)) = (4√(1 − x))4 + x − 1 = 0. 4.7.1 Cálculo da Derivada de uma Função Implícita Podemos calcular a derivada de uma função definida implicitamente sem necessidade de explicitá-la. Para isto usaremos novamente a regra da cadeia. Suponha que F(x, y) = 0 define implicitamente uma função derivável y = f(x). Através de exemplos mostraremos que podemos calcular y′ sem conhecer y. Exemplo 4.14. Seja y = f(x) uma função derivável definida implicitamente pela equação x2 + y2 = 1. [1] Calcule y′. [2] Verifique que a função f(x) = √1 − x2 é definida implicitamente por x2 + y2 = 1 e calcule f′. Como y = f(x), temos x2+((f(x))2 = 1. Derivando em relação a x ambos os lados da igualdade e usando a regra da cadeia, obtemos: Exemplo 4.14 (x2)′ + (((f(x))2)′ = (1)′ 2 x + 2 f(x) f′(x) = 0 x + f(x) f′(x) = 0. Então, f′(x) = −x/f(x)= −x/y. Logo, y′= −x/y. É imediato que a função f(x) = √1 − x2 é definida implicitamente pela equação x2 + y2 = 1 e f′(x) = − x / √1 − x2= − x / y. Método de Cálculo Dada uma equação que define y implicitamente como uma função derivável de x, calcula-se y′ do seguinte modo: Deriva-se ambos os lados da equação em relação a x, termo a termo. Ao fazê -lo, tenha em mente que y é uma função de x e use a regra da cadeia, quando necessário, para derivar as expressões nas quais figure y. O resultado será uma equação onde figura não somente x e y, mas também y′. Expresse y′ em função de x e y. Tal processo é chamado explicitar y′. Exemplo 4.15. Calcule y′ se y = f(x) é uma função derivável, definida implicitamente pelas equações dadas: [1] x3 − 3 x2 y4 + y3 = 6 x + 1. Note que x3 − 3 x2 y4 + y3 = 6 x + 1 é igual a x3 − 3 x2 (f(x))4 + (f(x))3 = 6 x + 1; derivando ambos os lados da equação, obtemos: Exemplo 4.15. (x3)′ − (3 x2 (f(x))4)′ + ((f(x))3)′ = (6 x + 1)′; então, 3x2 − 6x(f(x))4 − 12x2 f′(x)(f(x))3 + 3 f′(x) (f(x))2 = 6. Logo, 3 x2 − 6 x y4 − 12 x2 y′ y3 + 3 y′ y2 = 6. Expressando y′ em função de x e y: y′ = (2 − x2 + 2 x y4) / y2 (1 − 4 x2 y). Exemplo 4.15. [2] x2+x y+x sen(y) = y sen(x). Derivando ambos os lados 2 x+y+x y′+sen(y)+x cos(y) y′ = = y′ sen(x) + y cos(x). Expressando y′ em função de x e y: Exemplo 4.15. [3] sen(x+y) = y2 cos(x). Derivando ambos os lados (1+y′) cos(x+y) = 2 y y′ cos(x)−y2 sen(x). Expressando y′ em função de x e y: 4.9 Derivadas de Ordem Superior Definição 4.7. Seja f uma função derivável. Se a derivada f′ é uma função derivável, então sua derivada é chamada derivada segunda de f e é denotada por (f′)′ = f′′. Se f′′ é uma função derivável, então sua derivada é chamada derivada terceira de f e é denotada por (f′′)′ = f′′′. Em geral, se a derivada de ordem (n − 1) de f é uma função derivável, sua derivada é chamada derivada n-ésima de f e é denotada por (f(n−1))′ = f(n). Exemplo 4.17. [1] Sendo f(x) = x4 + 2x3 + x − 1, calcule f(n). f′(x) = 4 x3 + 6 x2 + 1 f(2) (x) = 12 x2 + 12 x f(3) (x) = 24 x + 12 f(4)(x) = 24 f(5)(x) = 0. Em geral, se f é uma função polinomial de grau n, então, f (n) (x) = n! an e f (p) (x) = 0 para p > n. Exemplo 4.17. [2] Sendo f(x) = 1/x, calcule f (n). f′(x) = −x−2 f(2) (x) = 2 x−3 f(3) (x) = −6 x−4 f(4) (x) = 24 x−5 f(5) (x) = −120 x−6 f(6) (x) = 720 x−7. Exemplo 4.17. [3] Sendo f(x) = ex/2 , calcule f (n). f′(x) = ex/2 / 2 f(2) (x) = e x/2 / 4 f(3) (x) = e x/2 / 8 f(4) (x) = e x/2 / 16 f(5) (x) = e x/2 / 32 f(6) (x) = e x/2 / 64 Exemplo 4.17. [4] Sendo f(x) = sen(x), calcule f (n) . f′(x) = cos(x) = sen(x + /2 ) f(2) (x) = −sen(x) = sen(x + 2/2) f(3) (x) = −cos(x) = sen(x + 3/2) f(4) (x) = sen(x) = sen(x + 4/2) f(5) (x) = cos(x) = sen(x + 5/2) f(6) (x) = −sen(x) = sen(x + 6/2).