Aborto, o grito silencioso dos que não
nasceram
Autor(a): Hernandes Dias Lopes
A questão do aborto esteve no topo da lista das grandes discussões políticas em nossa
nação. Este é um assunto solene, que merece nossa maior atenção. Não devemos ser
frívolos em sua análise. O aborto sempre foi e ainda é assunto de debates entre juristas e
legisladores; é tema da ética cristã que exige um posicionamento da igreja. Algumas
ponderações precisam ser feitas no trato dessa matéria: Quando começa a vida? Quem
tem o direito de decidir sobre a interrupção da vida? Em que circunstâncias um aborto
pode ser justificado? O que a Palavra de Deus tem a dizer sobre o assunto? Não
queremos, neste artigo, discutir aqueles casos de exceção, onde a medicina e a ética
cristã precisam fazer uma escolha entre a vida da mãe ou do nascituro. Queremos, sim,
alertar para a prática indiscriminada e irresponsável do aborto, fruto muitas vezes, de uma
conduta imoral.
Embora seja ainda matéria de discussão, é consenso geral que a vida começa com a
fecundação. A ciência apresenta o fato de que a vida humana inicia com a fecundação e
termina com a morte. Desde a concepção, todos os componentes da vida já estão
potencialmente presentes para o seu pleno desenvolvimento. É desse óvulo fertilizado que
se desenvolve o ser humano pleno, corpo e alma. Na perspectiva bíblica, Deus é o autor
da vida e ele mesmo é quem forma o nosso interior e nos tece no ventre da nossa mãe. É
Deus quem nos forma de maneira assombrosamente maravilhosa. O salmista diz: "Os
meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui formado e entretecido como
nas profundezas da terra. Os teus olhos me viram a substância ainda informe, e no teu
livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem
um deles havia ainda" (Sl 139.15,16). A Bíblia fala do ser antes do nascer. Davi diz: "Eu
nasci na iniqüidade, e em pecado me concebeu minha mãe" (Sl 51.5). Jó descreve sua
existência pré-natal afirmando: "Porventura não me vazaste como leite e não me coalhaste
como queijo? De pele e carne me vestiste, e de ossos e tendões me entreteceste" (Jó
10.10). Fica claro na perspectiva da Escritura, que a vida começa na concepção.
A lei de Deus é enfaticamente clara: "Não matarás" (Ex 20.13). Deus é o autor da vida e só
ele tem autoridade para tirá-la (1Sm 2.6). A decisão acerca do aborto não pode ser apenas
uma discussão restrita à mãe e ao seu médico. O direito à vida é um direito sagrado e
deve ser amplamente discutido, sobretudo, à luz da ética cristã. O aborto é a eliminação
de uma vida. É um assassinato. E o mais grave: um assassinato com requintes de
crueldade. O aborto é matar um ser indefeso, incapaz de proteger-se. É tirar uma vida que
não tem sequer o direito de erguer a voz e clamar por socorro. Ah! Se os milhões de
crianças que não chegaram a nascer pudessem gritar aos ouvidos do mundo, ficaríamos
estarrecidos diante dessa barbárie. Ficamos chocados com o Holocausto, onde seis
milhões de judeus foram mortos nos campos de concentração e nos paredões de
fuzilamento. O aborto, entretanto não é menos perverso. O ventre materno em vez de ser
um refúgio da vida, torna-se o corredor da morte; em vez de ser o berço da proteção,
torna-se o patíbulo da tortura; em vez de ser o reduto mais sagrado do direito à vida, tornase a arena mais perigosa da morte. O aborto é um crime com vários agravantes, pois não
raro, a criança em formação é envenenada, esquartejada e, sugada do ventre como uma
verruga pestilenta e indesejável. Oh, que Deus tenha misericórdia da nossa sociedade!
Que Deus tenha piedade daqueles que legislam! Que Deus tenha compaixão daqueles
que favorecem ou praticam tamanha crueldade!
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