AS VANGUARDAS EUROPÉIAS
MULHER CHORANDO, de
PABLO PICASSO
VANGUARDA EUROPÉIA
 Ao
se iniciarem os anos de 1900, a Europa
apresentava duas situações antagônicas,
mas complementares: euforia exagerada
diante do progresso industrial e dos
avanços técnico-científicos (ex:
eletricidade) e as conseqüências desse
avanço no processo burguês-industrial:
uma disputa cada vez mais acirrada pelo
domínio dos mercados fornecedores e
consumidores, que resultaria na 1ª Guerra
Mundial.
VANGUARDA EUROPÉIA
 Assim,
contrastando com o clima eufórico
da burguesia, também vamos encontrar o
pessimismo característico do fim de
século, representado pelo decadentismo
simbolista. Essa contradição gera um
clima propício para a efervescência
artística, favorecendo o aparecimento de
várias tendências preocupadas com uma
nova interpretação da realidade.
VANGUARDA EUROPÉIA
multiplicidade de tendências –
Futurismo – Expressionismo – Cubismo –
Dadaísmo – Surrealismo -, convencionouse chamar Vanguarda Européia,
responsável por uma verdadeira
inundação de manifestos, escritos entre
1909 e 1924, ou seja, durante a guerra e
nos anos imediatamente anteriores e
posteriores.
 A essa
VANGUARDA
Vanguarda: do francês avant-garde, a
palavra significa “o que marcha na frente”
(termo militar). Artística ou politicamente,
se chama de vanguardas aos grupos ou
correntes que apresentam uma proposta
e/ou uma prática inovadora. No campo das
artes e das idéias, designa aqueles que
estão à frente de seu tempo.
Les demoiselles d`Avignon, de
PABLO PICASSO
O CUBISMO
O marco inicial do Cubismo ocorreu em Paris, em
1907, com a tela Les Demoiselles d''Avignon, de
Pablo Picasso . Nesta obra, influenciado pela arte
primitiva e pelas máscaras africanas, o artista
espanhol retratou a nudez feminina de uma forma
inusitada, onde as formas reais, naturalmente
arredondadas, deram espaço a figuras
geométricas perfeitamente trabalhadas. Tanto
nas obras de Picasso, quanto nas pinturas de
outros artistas que seguiam esta nova tendência,
como, por exemplo, o francês – Georges Braque
– há uma forte influência das esculturas africanas
e também pelas últimas pinturas do pósimpressionista francês Paul Cézanne, que
retratava a natureza através de formas bem
próximas as geométricas.
termo “cubismo” foi inventado por
Matisse, ao observar quadros de
Braque, numa exposição de 1908 (em
Paris). O primeiro núcleo de pintores
cubistas foi composto pelo encontro de
Georges Braque e Pablo Picasso,
imitados em seguida por Mondrian,
Juan Gris, Picabia, Férnand Léger. O
movimento teve início em 1907 (com o
quadro “Les demoiselles d`Avignon” ,
de Picasso) e conheceu seu declínio
com o fim da Primeira Guerra Mundial
(1918)
O
PABLO PICASSO (1881 – 1973)
Georges Braque (1882 – 1963)
Historicamente o Cubismo originou-se na
obra de Cézanne, pois para ele a pintura
deveria tratar as formas da natureza como
se fossem cones, esferas e cilindros.
Entretanto, os cubistas foram mais longe do
que Cézanne. Passaram a representar os
objetos com todas as suas partes num
mesmo plano.
É como se os objetos estivessem abertos e
apresentassem todos os seus lados no
plano frontal em relação ao espectador. Na
verdade, essa atitude de decompor os
objetos não tinha nenhum compromisso de
fidelidade com a aparência real das coisas.
Ou seja, enquanto o Impressionismo
procurava apreender a realidade “tal como a
vemos”, através da percepção, o Cubismo
tenta apresentar a realidade “tal como ela
é”. Mas, paradoxalmente, o culto do objeto
vai conduzir a destruição do real:
a análise e a decomposição sistemática
do objeto, desarticulando a forma e
reduzindo-a a elementos puramente
geométricos, no afã de captar a
estrutura profunda das coisas, afastam
a arte da verdadeira aparência. Do
Cubismo ao Abstracionismo (a
completa ausência de figurativismo), o
passo é breve.
 Assim,
os pintores cubistas opõem-se à
objetividade e à linearidade da arte
renascentista e da realista. Buscando
novas experiências com a perspectiva,
procurando decompor e recompor os
objetos representados em diferentes
planos geométricos e ângulos retos,
com espaços múltiplos e descontínuos,
que se interceptam e se sucedem, de
tal forma que o espectador, com o seu
olhar, possa remontá-los e ter uma
visão do todo, de face e de perfil, como
se estivesse dado uma volta em torno
deles.
 Outra
técnica introduzida pelos cubistas
é a COLAGEM, que consiste em
montar a obra a partir de diferentes
materiais, como figuras, jornais,
madeira, tecidos, etc.
 Na LITERATURA, essas técnicas da
pintura correspondem à fragmentação
da realidade, à superposição e
simultaneidade de planos – por
exemplo, reunir assuntos
aparentemente sem nexo, misturar
assuntos, espaços e tempos diferentes.
 Houve
também (no Cubismo literário)
as experiências visuais do poeta
Guillaume Apollinaire (amigo íntimo de
Picasso), que explorou a disposição
espacial e gráfica do poema – técnica
que, nas décadas de 1950-60,
influenciaria o surgimento do
Concretismo no Brasil.
 Assim, a literatura cubista apresenta
características como o ilogismo, humor,
antiintelectualismo, instantaneísmo,
simultaneidade, linguagem
predominantemente nominal.
“La colombe poignardée et le jet
d`eau”, de Guillaume Apollinaire
“A pomba apunhalada e o jato
d`água”
CALIGRAMA = Texto que dispõe tipograficamente as
suas palavras de forma a obter uma sugestão figurativa
semelhante ao tema tratado.
Tradução do poema de Apollinaire
por Patrícia Galvão (Pagu) - 1947
figuras apunhaladas – Caros lábios
em flor – Mia Mareye – Yette Lorie – Annie
e você Marie – onde estão - vocês ó –
meninas – Mas – junto a um – jacto de
água que – chora e que suplica – esta
pomba se extasia – Todas as recordações
de outrora? – Onde estão Raynal Billy
Dalize – Os meus amigos foram para a
guerra – Os seus nomes se melancolizam
– Esguicham para o firmamento –
 Doces
Como os passos numa igreja – E os seus
olhares na água parada – Onde está
Crémnitz que se alistou – Morrem
melancolicamente – Pode ser que já
estejam mortos – Onde estão Braque e
Max Jacob – Minha alma está cheia de
lembranças – Derain de olhos cinzentos
como a aurora – O jacto de água chora
sobre a minha pena – Os que partiram
para a guerra ao norte se batem agora – A
noite cai o sangrento mar – Jardins onde
sangra abundantemente o louro rosa flor
guerreira.
-
Na Literatura Modernista
 Entre
os modernistas brasileiros da
década de 1920 = Influências Cubistas em
Oswald de Andrade (fragmentação da
realidade + predominância de
substantivos + flashes cinematográficos):
 Hípica
 Saltos records/Cavalos da Penha/Correm
jóqueis de Higienópolis/Os magnatas/As
meninas/E a orquestra toca/Chá/Na sala
de cocktails.
O Cubismo na pintura Modernista
No Brasil, o Cubismo manifestou-se,
timidamente, nas pinturas de Anita
Malfatti que recebeu duras críticas do
escritor Monteiro Lobato.
No entanto, Malfatti impôs seu estilo
(cubista e expressionista) com várias
obras.
Anita Malfatti
O homem de sete cores & A mulher de cabelo verde
Outra artista que utilizou o estilo
cubista em algumas de suas obras
foi a artista Tarsila do Amaral,que,
com sua obra, revolucionou a arte no
Brasil.
Outro artista brasileiro que utilizou a
estética cubista foi Di Cavalcanti,
claramente influenciado por Picasso.
Di Cavalcanti,
Moças
Tarsila do Amaral,
Carnaval em Madureira
O FUTURISMO
Dinamismo de um cão na coleira, de Giacomo Balla
O FUTURISMO
O Futurismo foi um movimento artístico e
literário iniciado oficialmente em 1909 com a
publicação, no jornal francês Le Figaro, do
Manifesto Futurista, do poeta italiano Filippo
Tommasio Marinetti (1876-1944), que
surpreende os meios culturais europeus pelo
caráter violento e radical de suas propostas.
Muito mais do que por obras, o movimento
futurista difunde-se por meio de manifestos
(mais de 30) e conferências, tendo sempre à
frente a figura de seu líder, Marinetti.
O FUTURISMO
 Aspectos
relevantes do Futurismo:
 Total identificação entre o movimento e seu
líder = Futurismo = Marinetti.
 A adesão de Marinetti ao fascismo de
Mussolini (1919), dadas as evidentes
afinidades ideológicas entre eles.
 A celebração da técnica e da velocidade.
Glorifica-se a audácia, o amor ao perigo, a
energia, a guerra, a tecnologia, o
automóvel, e todo o dinamismo da vida
moderna.
O FUTURISMO
 Aspectos
relevantes do Futurismo:
 O desprezo pelo passado.
 A valorização, na arte, do imprevisto e da
revolta.
 Elogio do “caráter higiênico das guerras”.
 Elementos artísticos sugestivos de
velocidade e mecanização da vida
moderna.
O FUTURISMO
Rejeita o moralismo e o passado, exalta a
violência e propõe um novo tipo de beleza,
baseado na velocidade. O apego do
futurismo ao novo é tão grande que chega a
defender a destruição de museus e de
cidades antigas. Agressivo e extravagante,
encara a guerra como forma de higienizar o
mundo. A palavra chave desse movimento
era “dinamismo” e sua principal contribuição
foi a idéia de reunir visualmente: som, luz e
movimento.
O carro passou, de Giacomo Balla
“Manifesto futurista”
1909
MARINETTI
1. Nós queremos cantar o amor ao
perigo, o hábito à energia e à
temeridade.
2. Os elementos essenciais de nossa
poesia serão a coragem, a audácia e a
revolta.
3. Nós declaramos que o esplendor do
mundo se enriqueceu com uma beleza
nova: a beleza da velocidade.
4. Não há mais beleza senão na luta.
Nada de obra-prima sem um caráter
agressivo.
5. Nós queremos glorificar a guerra –
única higiene do mundo – o militarismo, o
patriotismo, o gesto destruidor dos
anarquistas, as belas idéias que matam, e
o menosprezo à mulher.
6. Nós queremos demolir os museus, as
bibliotecas, combater o moralismo, o
feminismo e todas as covardias
oportunistas e utilitárias.
Manifesto Técnico da Literatura Futurista”
(1912)
Projeto estético renovador = Linguagem
jovem e contestadora das convenções =
Revolução na linguagem (literária) = Maior
importância do movimento.
 A destruição
da sintaxe e a disposição das
“palavras em liberdade”;
 O emprego de verbos no infinitivo, com
vistas à substantivação da linguagem;
 A abolição dos adjetivos e dos advérbios;
 O emprego do substantivo duplo (praçafunil, mulher-golfo) em lugar do
substantivo acompanhado de adjetivo;
 A abolição da pontuação, que seria
substituída por sinais de matemática (+, - ,
:, =, >, <) e pelos sinais musicais;
 A destruição do “eu” psicologizante.
A importância do Futurismo
O
movimento futurista impulsionou
decisivamente toda a arte de vanguarda,
tanto a européia como a não-européia. No
Brasil, ele foi o principal estímulo artístico
e intelectual dos jovens renovadores de
São Paulo (SAM), a tal ponto que os
mesmos eram conhecidos – durante os
primeiros anos da década de 1920 – mais
como “futuristas” do que como
“modernistas”.
A importância do Futurismo
 Assim,
a palavra Futurismo passou a
designar qualquer postura inovadora na
arte, levando Oswald de Andrade a
saudar, em 1921, o jovem poeta Mário de
Andrade como um artigo intitulado “O
meu poeta futurista”. Temendo uma
identificação com o fascismo, Mário vem
a público negar, mais do que o movimento
futurista, a figura de seu líder. No prefácio
de Paulicéia desvairada, afirma:
A importância do Futurismo
 “Não
sou futurista (de Marinetti). Disse e
repito-o . Tenho pontos de contato com o
futurismo. Oswald de Andrade, chamandome de futurista, errou.”
 Em Portugal, notadamente entre 1910 e
1920, houve uma maior identidade entre
os modernistas de primeira hora e o
Futurismo. Já nos primeiros números da
revista Orpheu (1915) encontramos textos
futuristas de Fernando Pessoa e de Mário
de Sá Carneiro.
“Ode triunfal” = texto futurista de Álvaro de
Campos, heterônimo de Fernando Pessoa.
À
dolorosa luz das grandes lâmpadas
elétricas da fábrica]
 Tenho febre e escrevo.
 Escrevo rangendo os dentes, fera para a
beleza disto,]
 Para a beleza disto totalmente
desconhecida dos antigos.]
 Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r eterno!
 Forte espasmo retido dos maquinismos em
fúria!] (...)
“Ode ao burguês”, poema futurista de
Mário de Andrade
 Eu insulto o burguês! O burguês-níquel,
 O burguês-burguês!
 A digestão bem-feita de São Paulo!
 O homem-curva! O homem-nádegas!
 O homem que sendo francês, brasileiro,
italiano, é sempre um cauteloso pouco-apouco!] (...)
 Ódio e insulto! Ódio e raiva! Ódio e mais
ódio! (...)
 Fora! Fu! Fora o bom burguês!... (...)
O EXPRESSIONISMO
O GRITO (1893), de EDVARD MUNCH
O grito, de Munch, expressa o desespero
da figura humana em cima da ponte. Que
ser grita? O grito é de angústia? As formas
sinuosas do céu e da água e a forte
diagonal da ponte, conduzem o olhar do
expectador diretamente para a boca que
se abre num grito. Parece expressar uma
terrível solidão existencial. Duas figuras
estão vindo em sua direção. Serão elas os
motivos do grito? Serão elas a morte ou a
salvação?
O EXPRESSIONISMO
O
movimento expressionista surgiu em
1910, na Alemanha, trazendo uma forte
herança da arte do final do século XIX,
preocupada com as manifestações do
mundo interior e com uma forma de
expressá-las. Daí a importância da
expressão, ou seja, da materialização,
numa tela ou numa folha de papel, de
imagens nascidas em nosso mundo
interior, pouco importando os conceitos
então vigentes de belo e feio.
O EXPRESSIONISMO
O
objetivo dos expressionistas era
combater o Impressionismo, tendência da
qual eles provinham. O Impressionismo
consistia em uma corrente da pintura que
valorizava a impressão, isto é, era uma
arte sensorial e subjetiva quanto ao modo
de captação da realidade. Na relação entre
o artista impressionista e a realidade, o
movimento de criação vai do mundo
exterior para o mundo interior.
O EXPRESSIONISMO
 Já
no Expressionismo ocorre o oposto: o
movimento de criação parte da
subjetividade do artista, do seu mundo
interior, em direção ao mundo exterior.
Assim, para o artista expressionista, a obra
de arte é reflexo direto de seu mundo
interior e toda a atenção é dada à
expressão, isto é, ao modo como forma e
conteúdo livremente se unem para dar
vazão às sensações do artista no momento
da criação.
O Expressionismo foi uma corrente artística que,
pela deformação ou exagero das figuras, buscava
a expressão dos sentimentos e emoções do autor.
O artista expressionista buscava a experiência
emocional. Preocupando-se mais com as
emoções do observador do que com a realidade
externa. Os autênticos precursores do
Expressionismo vanguardista apareceram no final
do século XIX e começo do século XX. Entre eles,
destacam-se: Vincent Van Gogh, Paul Gauguin,
Edvard Munch.
O principal pintor expressionista é o norueguês
Edvard Munch, autor de quadros intensamente
dramáticos.
Vincent Van Gogh
Paul Gauguin
EDVARD MUNCH
O EXPRESSIONISMO
 Durante
e depois da 1ª Guerra Mundial, o
Expressionismo assumiu um caráter mais
social e combativo, denunciando os
horrores da guerra, as condições de vida
desumanas das populações carentes, etc.
Possui um sentimento de fraternidade
universal e desprezo pela civilização
materialista, industrial, mecanizada.
Fundamentos do Expressionismo:
 A arte
não é imitação, mas criação
subjetiva, livre. A arte é expressão dos
sentimentos.
 A realidade que circunda o artista é
horrível e, por isso, ele a deforma ou a
elimina, criando a arte abstrata.
 A razão é objeto de descrédito.
 A arte é criada sem obstáculos
convencionais, o que representa um
repúdio à repressão social.
Fundamentos do Expressionismo:
 A intimidade
e a vivência da dor derivam
do sentido trágico da vida e causam uma
deformação significativa, torturada.
 A arte
se desvincula do conceito de belo e
feio e torna-se uma forma de contestação.
A ARTE EXPRESSIONISTA
 Das
artes plásticas, especialmente da
pintura, a estética expressionista passou
também a ser utilizada pela literatura,
cinema, dança, música, teatro.
 Destacam-se os artistas: na pintura,
Kandinski, Chagall, além de Van Gogh,
Cézanne, Gauguin e Munch; na literatura:
August Stramm, Herman Hesse, Thomas
Man; no teatro, Kayser e Brecht; na
música, Schoemberg; no cinema, Wiene.
O Expressionismo na Literatura
 Combinações
rítmicas, cortes
surpreendentes, jogo de imagens ousadas,
sublimação do patético e exaltação das
paixões;
 Liberdade léxica (vocabulário), sintática
(funções e relações das palavras e frases)
e semântica (significado da palavra);
 Linguagem fragmentada, elíptica (oculta),
construída por frases nominais
(basicamente aglomerado de substantivos
e adjetivos), às vezes até sem sujeito;
O Expressionismo na Literatura
 Despreocupação
com a organização do
texto em estrofes, com o emprego de
rimas ou de musicalidade;
 Combate
à fome, à inércia e aos
valores do mundo burguês.
Expressionismo & Futurismo
O
movimento expressionista tem em
comum com o Futurismo a disposição de
demolir a cultura passada e criar um novo
homem; mas dele se difere pelo pacifismo,
pelo sentimento de fraternidade e pelo
desprezo ao materialismo industrial. Por
não aderir ao Nazismo, foi por ele
destruído, a partir de 1933, quando Hitler
subiu ao poder.
O Expressionismo no Brasil
 No
Brasil, o Expressionismo marcou uma
forte influência no teatro de Oswald de
Andrade e de Nélson Rodrigues; na
pintura: Portinari, Emiliano Di Cavalcanti,
Lasar Segall, Anita Malfatti e na poesia de
Augusto dos Anjos.
A boba, de Anita Malfatti
Série “Retirantes”, de Portinari
O bananal, de Lasar Segall
Di Cavalcanti
O DADAÍSMO
O ELEFANTE CELEBES = MARX ERNST
O DADAÍSMO
 Em
1916, em plena guerra, um grupo de
refugiados em Zurique, na Suíça, inicia o
mais radical movimento da vanguarda
européia: o Dadaísmo. O termo “dadá” foi
escolhido ao acaso, abrindo-se o
dicionário Larousse, no cabaré “Voltaire”
(ponto de encontro do grupo dadaísta), de
Zurique, por Tristan Tzara e outros artistas
revoltados contra os horrores da guerra.
O DADAÍSMO
 Caracterizou-se
por um cunho fortemente
anárquico, expressando a rebelião da
geração jovem contra os poderosos
círculos internacionais e a burguesia
acomodada. Foi um movimento antiarte
por excelência, pois, através de arruaças,
exposições extravagantes, agitações
anárquicas, banquetes excêntricos e
tumultuados, os dadaístas gritavam a sua
trágica revolta, ridicularizando tradições e
valores institucionalizados.
O DADAÍSMO
norma estética era a “lei do
acaso”, apregoando a poesia e a pintura
automáticas: faziam poemas remexendo
alguns recortes de jornais no fundo de um
chapéu; misturavam tintas sem nenhum
critério; convidavam os visitantes de suas
exposições a quebrarem os quadros à
vontade, pois achavam que não tinham
valor algum; choravam em casamentos;
davam risadas durante os enterros; enfim
pregavam e praticavam o mais absoluto
inconformismo.
 A única
O DADAÍSMO
 Quanto
às obras artísticas, é pequena a
produção do Dadaísmo suíço. Mas o
movimento se espalhou para o mundo,
sendo cultivado especialmente em Nova
Iorque. Max Ernst utiliza montagens e
colagens em suas obras e Marcel
Duchamp desenvolve a técnica do readymade, com a qual é satirizado o mito
mercantilista da civilização capitalista. A
técnica do ready-made consiste em extrair
um objeto do seu uso cotidiano e, sem
nenhuma ou com pequenas alterações,
atribuir-lhe um valor.
Os ready-mades de Duchamp
O DADAÍSMO
 Na
literatura, o Dadaísmo caracteriza-se
pela agressividade, pela improvisação,
pela desordem, pela rejeição a qualquer
tipo de racionalização e equilíbrio, pela
livre associação de palavras (a escrita
automática = mais tarde aproveitada pelo
Surrealismo) e pela invenção de palavras
com base na exploração apenas do seu
significante.
Canção dadá, de Tristan Tzara
a
canção de um dadaísta
que tinha dadá no coração
cansava demasiado seu motor
que tinha dadá no coração
o ascensor (elevador) levava um rei
pesado frágil e autônomo
cortou seu grande braço direito
o enviou ao papa em roma
Manifesto dadá (1918), de Tristan Tzara
 “Eu
escrevo um manifesto e não quero
nada, eu digo portanto certas coisas e sou
por princípio contra os manifestos, como
sou também contra os princípios.”
 “Que cada homem grite: há um grande
trabalho destrutivo, negativo, a executar.
Varrer, limpar. A propriedade do indivíduo
se firma após o estado de loucura, de
loucura agressiva, completa, de um
mundo abandonado entre as mãos dos
bandidos que rasgam e destroem os
séculos.”
A participação de André Breton
O
importante poeta francês André Breton
adere ao movimento dadaísta, mas logo
acaba negando-o por achar que não
levava a nada. Breton não concordava
com a idéia de Tzara em manter a linha
original do movimento. Como a guerra
terminara já havia alguns anos, era hora
de reconstruir o que fora demolido: a
Europa e a arte. Breton, então, abandona
o grupo dadaísta e, em 1921, deu origem
ao Surrealismo, uma das mais
importantes correntes artísticas do século
XX.
O SURREALISMO
A METAMORFOSE DE NARCISO, de SALVADOR DALI
O Surrealismo foi um movimento artístico e
literário que surge na França nos anos 20,
reunindo artistas anteriormente ligados ao dadá.
Fortemente influenciado pelas teorias
psicanalíticas de Sigmund Freud, enfatiza o papel
do inconsciente na atividade criativa. Defende
que a arte deve libertar-se das exigências da
lógica e expressar o inconsciente e os sonhos,
livre do controle da razão e de preocupações
estéticas ou morais. Rejeita os valores
burgueses, como a pátria e a família. O principal
teórico e líder do movimento é o poeta, escritor,
crítico e psiquiatra francês André Breton, que em
1924 publica o primeiro Manifesto Surrealista.
O SURREALISMO
 Contra
o niilismo pessimista do
movimento Dadá, Breton, psiquiatra
praticante na 1ª Guerra Mundial,
encontrou nas teorias de Freud meios
mais positivos para revolucionar a arte.
Chamou de “Surrealismo” ao novo
movimento que tinha como propósito
fundamental anular as barreiras entre o
sonho e a realidade. Para isso, usou a
técnica do “automatismo psíquico”, pela
qual o pensamento se liberta do controle
exercido pela razão e pelos
condicionamentos sociais, morais e
estéticos.
O SURREALISMO
 A finalidade
do movimento era colocar “o
surreal fora do seu esconderijo”,
realizando a fusão da realidade com o
sonho. Daí a exaltação do maravilhoso
que reside no estado onírico, na
alucinação, no acaso, na psicopatologia.
 Os principais artistas surrealistas foram:
na poesia, Paul Éluard; na pitura, De
Chirico e Salvador Dalí; no teatro, Antonin
Artaud; no cinema, Luís Buñuel e
Rossellini.
O SURREALISMO
 Duas
são as linhas de atuação do
Surrealismo em seu início: as
experiências criadoras automáticas e o
imaginário estraído do sonho.
 Freud, na psicanálise, e Bergson, na
filosofia, já haviam destacado a
importância do mundo interior do ser
humano, as zonas desconhecidas ou
pouco conhecidas da mente humana.
O SURREALISMO
 Encaravam
o inconsciente, o
subconsciente e a intuição como fontes
inesgotáveis e superiores de
conhecimento do homem, pondo assim em
segundo plano o pensamento sensível,
racional e consciente. O automatismo
artístico consiste em extravasar os
impulsos criadores do subconsciente, sem
nenhum controle da razão ou do
pensamento, ou seja, pôr na tela ou no
papel os desejos interiores profundos, sem
se importar com coerência, adequação, etc
O SURREALISMO
 A outra
linha de atuação surrealista, a
onírica, busca a transposição do universo
dos sonhos para o plano artístico. O
sonho, na concepção de Freud, é a
manifestação das zonas ocultas da
mente, o inconsciente e o subconsciente.
Os surrealistas pretendiam criar uma arte
livre da razão, uma arte produzida num
estado de consciência em que o artista
estaria “sonhando acordado”.
O SURREALISMO
 Nessas
duas linhas de pesquisa e trabalho
são freqüentes o ilogismo + o devaneio + o
delírio + o sonho + a loucura + a hipnose +
o estado de transe + o humor negro + as
imagens surpreendentes e extravagantes+
o impacto do inusitado + a livre expressão
dos impulsos sexuais.
O Surrealismo e o Comunismo
 A rejeição
do Surrealismo ao mundo
burguês, racional, mercantil e moralista
levaria alguns membros do grupo a ter
ligações com o Comunismo. Para
alcançar o objetivo maior do movimento –
amor, liberdade e poesia - , eles
acreditavam ser necessária uma
transformação radical da sociedade, por
meio da qual se pusesse fim ao modo de
produção capitalista e à estrutura de
classes sociais.
O Surrealismo e o Comunismo
 A adesão
desses membros,
particularmente de André Breton, às idéias
socialistas (comunistas) provoca no
movimento uma cisão interna, que se
agrava com a 2ª Guerra Mundial (1939 –
1945) e colabora para a desarticulação do
grupo.
O Surrealismo e a contemporaneidade
 Embora
o Surrealismo tenha oficialmente
desaparecido com a 2ª Guerra Mundial,
resquícios do movimento ou tentativas de
recuperá-lo são vistos até os dias de hoje,
em diferentes linguagens artísticas, o que
comprova sua força criadora e a
contemporaneidade de suas propostas.
O Surrealismo no Brasil
 No
Brasil, vários escritores foram
influenciados pelas idéias surrealistas, tais
como Mário e Oswald de Andrade, Murilo
Mendes, Jorge de Lima, Millôr Fernandes,
etc. Na pintura, Tarsila do Amaral, nos
anos de 1920, revela a marca surrealista,
na medida em que a proposta artística dos
modernistas era um mergulho no
imaginário para, de um lado, reencontrar a
espontaneidade dos instintos e, de outro,
matar a cultura dominante e retirar de suas
entranhas a matéria prima brasileira.
Urutu & Abaporu,
de Tarsila do Amaral
Salvador Dalí
Salvador Domingo Felipe Jacinto Dalí i
Domènech nasceu em 11 de maio de
1904, na cidade espanhola de Figueres
(Catalunha). Foi um dos mais importantes
artistas plásticos (pintor e escultor)
surrealistas da Espanha.
Salvador Dalí
Salvador Dalí
 Dalí
liga-se aos surrealistas em 1929,
porém, em 1922 já havia lido A
Interpretação dos Sonhos de Freud, e pelo
menos desde 1926, a sua pintura
incorpora materiais oníricos e
inconscientes. O pintor foi o mais
extravagante dos surrealistas e os temas
recorrentes em suas obras são: o sexo (e
todas as atribulações: angústias, medos,
frustrações, traumas), a memória (sua
permanência ou dissipação), o sono e o
sonho.
O grande masturbador
O sono
A persistência da memória
Galáxia das Esferas
Gala
Sonho causado pelo vôo de uma abelha em
torno de uma romã, um segundo antes do
despertar.
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AS VANGUARDAS EUROPÉIAS