MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo NOTA TÉCNICA Assunto: Corte IDH. Caso Gomes Lund e outros (“Guerrilha do Araguaia”) vs. Brasil. Cumprimento dos pontos resolutivos 3 e 9 da sentença de 24 de novembro de 2010, relativos à obrigação de investigar e punir os autores de graves violações a direitos humanos durante o regime militar. Discussão dos aspectos teóricos envolvendo a compatibilização da sentença internacional com o sistema jurídico penal interno, à luz do direito internacional público e do direito comparado. 1. Introdução. A presente Nota Técnica1 foi preparada como subsídio à reunião convocada pela 2a Câmara Criminal da Procuradoria Geral da República para tratar do cumprimento dos pontos resolutivos 3 e 9 da sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos – Corte IDH no caso Gomes Lund e outros (“Guerrilha do Araguaia”) vs. Brasil, relacionados aos deveres do Estado brasileiro – e, portanto, também do Ministério Público Federal – de investigar e ajuizar as ações criminais contra os autores dos casos de desaparecimento forçado, tortura, execução sumária e demais graves violações a direitos humanos cometidas durante o regime militar. Os pontos tem a seguinte redação: “3. As disposições da Lei de Anistia brasileira que impedem a investigação e sanção de graves violações de direitos humanos são incompatíveis com a Convenção Americana, carecem de efeitos jurídicos e não podem seguir representando um obstáculo para a investigação dos fatos do presente caso, nem para a identificação e punição dos responsáveis, e tampouco podem ter igual ou semelhante impacto a respeito de outros casos de graves violações de direitos humanos consagrados na Convenção Americana ocorridos no Brasil.” “9. O Estado deve conduzir eficazmente, perante a jurisdição ordinária, a investigação penal dos fatos do presente caso a fim de esclarecê-los, determinar as correspondentes responsabilidades penais e aplicar efetivamente as sanções e consequências que a lei preveja, em conformidade com o estabelecido nos parágrafos 256 e 257 da presente Sentença.” O parágrafo 256 da Sentença, mencionado pelo ponto resolutivo 9, determina que o Estado “(…) deve conduzir eficazmente a investigação penal dos fatos do presente caso, a fim de esclarecê-los, determinar as correspondentes responsabilidades penais e aplicar efetivamente as sanções e consequências que a lei disponha” e “(…) não poderá aplicar a Lei de Anistia em benefício dos autores, bem como nenhuma outra disposição análoga, prescrição, irretroatividade da lei penal, coisa julgada, ne bis in idem ou qualquer excludente similar de responsabilidade para eximir-se dessa obrigação”. Além disso, suas autoridades devem se abster de “realizar atos que impliquem obstrução do andamento do processo investigativo.” A premissa desta Nota Técnica - NT é que o Estado buscará, de boa fé e na medida do possível, encontrar soluções jurídicas em seu direito interno que permitam o cumprimento 1 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo das obrigações contidas na sentença da Corte IDH. A NT também pressupõe que as complexas questões de natureza constitucional - sobretudo aquelas relativas aos efeitos do controle de convencionalidade efetuado pela Corte IDH no ordenamento interno foram superadas. A NT, portanto, não tratará da eficácia vinculante da sentença internacional, embora seja impossível deixar de notar que virtualmente todos os Estados membros do sistema interamericano vem cumprindo as sentenças da Corte no que se refere ao dever de investigar e sancionar graves violações a direitos humanos, em casos análogos ao em discussão. Basicamente, a NT pretende: a) examinar o conteúdo das obrigações contidas nos pontos resolutivos 3 e 9 da sentença de 24 de novembro de 2010 no que se refere ao dever do Estado de investigar e sancionar “graves violações a direitos humanos”; b) identificar as principais questões de natureza jurídico-penal relacionadas ao cumprimento da sentença internacional no que se refere ao apontado conflito com as garantias da legalidade, anterioridade e proteção à coisa julgada em matéria penal, à luz do direito internacional e do direito comparado. Parte-se da ideia de que é positivo para o Ministério Público brasileiro estudar como as demais democracias constitucionais latino-americanas lidaram com os desafios teóricos postos pela abertura do direito penal estatal ao direito internacional, especialmente no que se refere à delicada compatibilização entre a proteção dos direitos das vítimas de crimes contra a humanidade e a preservação das conquistas liberais dirigidas à limitação do poder punitivo estatal, cujo exemplo mais evidente é o instituto da prescrição penal. O objetivo específico do documento é apresentar, de forma sistematizada, o estado da arte no assunto objeto dos dois pontos da sentença, isto é, o tratamento jurídico-penal dado pelo direito internacional e pelo direito comparado ao conteúdo do dever positivo dos Estados pós-autoritários de investigar e sancionar graves violações a direitos humanos cometidas durante o regime anterior. Optou-se pela objetividade e pela apresentação das citações agrupadas em tópicos por assunto, para facilitar a consulta. 2. “Qual direito deve assumir o lugar do direito injusto legal que se considera inválido?”2 A estrutura dos crimes internacionais apresenta o que Antonio Cassesse chama de dupla camada3 pois é formada por um delito subjacente geralmente tipificado pelos ordenamentos internos (homicídio, lesão corporal grave, estupro, tortura etc.) ao qual se adiciona o reconhecimento de que a conduta representou, também, uma grave ofensa a valores tidos como universais e consagrados em tratados e regras costumeiras do direito internacional. Do ponto de vista do direito penal, importa verificar como essas duas “camadas” se articulam considerando especialmente os seguintes fatores: a) embora atribuam aos indivíduos (particulares e agentes estatais) obrigações que não necessariamente coincidem com aquelas a eles impostas pelos Estados nacionais, as regras de direito penal internacional não definem tipos nem impõem sanções; b) em geral, o direito internacional atribui aos Estados o dever de processar e punir os autores das violações, aplicando-se aos tribunais penais internacionais o princípio da 2 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo complementariedade declarado no art. 1o do Estatuto de Roma; c) no caso em discussão, a maioria dos juízes da Corte IDH não qualificou os fatos como “crimes contra a humanidade”, muito embora tenham unanimemente empregado o termo desaparecimento forçado; d) a Corte declarou inválida a lei de anistia e indiretamente afastou a eficácia das normas do direito interno que fundamentam a recusa do exercício da persecução penal4. No sistema interamericano, o procedimento usualmente empregado pelos tribunais nacionais nos processos de crimes internacionais pode ser descrito como dupla subsunção dos fatos – a um tipo penal da legislação interna e à tipologia própria do direito penal internacional, em particular a dos crimes contra a humanidade, de onde se deriva a regra da imprescritibilidade dos delitos qualificados.5 Como salienta Pablo Parenti, porém, esta dupla subsunção não é claramente definida como dupla tipicidade: “La subsunción de los hechos en las figuras del Derecho Penal Internacional aparece en la jurisprudencia argentina, o bien como un asunto propio de la parte general (análisis de la vigencia de la acción disociado de la subsunción típica), o bien como una cuestión vinculada a la tipicidad, pero cuyo tratamiento suele quedar incompleto al no exponerse claramente qué relación existiría entre las figuras del DPI de base consuetudinaria (figuras que permiten sostener la imprescriptibilidad) y los tipos penales de la legislación argentina (que tienen asignada una escala penal), o bien al no analizarse todas las consecuencias que en principio se derivarían de un uso de las figuras del DPI en el plano de la tipicidad (por ejemplo, el tratamiento del dolo y el error), o bien al no enfrentarse totalmente el problema que genera una tipicidad consuetudinaria frente al principio de legalidad, cuestión que a menudo se despeja mediante la afirmación de que el principio de legalidad estaría satisfecho al existir tipos penales (por ejemplo, homicidio, torturas, etcétera) que ya prohibían las conductas.”6 Ezequiel Malarino, em artigo-síntese sobre o direito comparado latinoamericano, descreve da seguinte forma a articulação normativa entre o direito interno e o direito internacional: “Las normas del derecho interno son utilizadas en el nivel de la tipicidad (por ejemplo, para encuadrar un hecho como homicidio) y para la selección de las sanciones, y las del derecho internacional para convertir a esos hechos en crímenes internacionales (por ejemplo, en un crimen de lesa humanidad) y atribuirles las consecuencias que el derecho internacional establece para esta categoría de crímenes (por ejemplo, imprescriptibilidad). Es decir, los tribunales efectúan una doble subsunción: una subsunción primaria de tipificación y sanción por las leyes locales y una subsunción secundaria de cualificación por las leyes internacionales.”7 Os principais problemas jurídicos decorrentes dessa forma de articulação, com destaque para as questões colocadas pelos princípios penais da taxatividade e da anterioridade, serão discutidos nos tópicos seguintes. 3 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo 2.1. Jurisprudência internacional. 2.1.1. Corte Européia de Direitos Humanos. • Streletz, Kessler and Krenz vs. Germany (Corte Européia de Direitos Humanos - CEDH, 2001)8: Discussão sobre eventual retroatividade do caráter antijurídico das execuções de pessoas que tentavam atravessar a fronteira de Berlim Ocidental, cometidas por sentinelas do Muro: “[T]he majority, in deciding whether the conduct of the applicants constituted a criminal offence under international law, relied on obligations under international law binding the State of the GDR and, as regards the individual criminal responsibility of the applicants, the majority relied on the domestic law of the GDR. I do not agree with that approach. I believe that when Article 7 speaks about a “criminal offence under international law”, it clearly means an offence which is made criminal directly by international law both as regards the prohibited conduct as well as the individual criminal responsibility for such conduct. Therefore, one has to see whether, in terms of the rules of international law, as distinct from those of domestic law, the conduct of the applicants did constitute a criminal offence. I believe that the answer should be in the affirmative. More specifically, I think that the conduct for which the applicants were convicted (...) amounted to the international law crime known as a “crime against humanity”, which, at the material time, had already been established as part of the general principles of customary international law.” 2.2. Direito comparado. 2.2.1. Argentina. • • Priebke (Corte Suprema de Justicia de la Nación - CSJN, 1995)9: Reconhecimento da categoria de genocídio como crime contra a humanidade não tipificado no direito interno, para fins de extradição. “[L]a calificación de los delitos contra la humanidad no depende de la voluntad de los estados requirente o requerido en el proceso de extradición sino de los principios del ius cogens del Derecho Internacional.” (4º Considerando) (...) 42) [N]o obsta a esta conclusión que la descripción típica contenida en los mentados instrumentos internacionales no establezca la naturaleza de la pena ni su monto pues su falta de determinación en los propios documentos responde a la modalidad de implementación que infracciones de contenido penal de esa naturaleza reconocen en ese ámbito, conforme al estado actual de las relaciones internacionales. 43) [T]al circunstancia en modo alguno significa que la incriminación internacional quede librada a la voluntad de los estados particulares expresada convencionalmente, pues ello es el instrumento de cristalización de los principios y usos de la conciencia jurídica de la sociedad mundial de los que ningún Estado podría individualmente apartarse en la medida en que la formulación del derecho internacional general establece, en la materia, una descripción suficientemente acabada de la conducta punible como así también que su configuración merece una sanción de contenido penal.” (Voto dos Juízes Nazareno e O'Connor) Priebke: “Tampoco se podría llenar el vacío de la ausencia de pena con 4 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo • • una remisión a la legislación penal ordinaria, combinando la pena de ésta -cuya acción, cabe recordarlo, se encuentra prescripta- con un tipo del "derecho de gentes". En dicho supuesto se estaría inventando una tercera categoría de delito -por así llamarla "mixta"- lo que, obviamente, no está dentro de las facultades de los jueces de la República.” (Dissidência do Juiz Petracchi) Videla (CSJN, 2003)10: Discussão sobre a incidência da coisa julgada em crimes contra a humanidade. “Se deduce de lo expuesto que los hechos por los cuales Videla se encuentra hoy procesado eran crímenes tanto para el ordenamiento nacional como para el internacional.(...) Por el hecho de que en la legislación nacional existen tipos penales que describen con claridad la conducta prohibida, no se requiere en este caso recurrir a la regla que permitiría juzgar y sancionar a los responsables de crímenes contra la humanidad aplicando directamente la ley internacional. (...) Esta subsunción en tipos penales locales de ningún modo contraría ni elimina el carácter de crímenes contra la humanidad de las conductas en análisis (…) ni impide aplicarles las reglas y las consecuencias jurídicas que les caben por tratarse de crímenes contra el derecho de gentes. Como se ha dicho, la punibilidad de las conductas con base exclusiva en el derecho de gentes no es una exigencia del derecho penal internacional sino una regla que cobra sentido, más bien, en casos donde la ley penal de un estado no considera punibles a esas conductas. Cuando ese no sea el caso y los tipos penales vigentes en la ley local capten las conductas que son delictivas a la luz del derecho de gentes, lo natural es que los hechos se subsuman en esos tipos penales y se apliquen las penas que tienen previstas. (...) Ratner y Abrams, al analizar la relación entre el derecho penal internacional y el derecho doméstico de los estados nacionales, sostienen: "Finalmente, y de modo crucial, los estados pueden simplemente utilizar su derecho penal vigente en materia de delitos comunes -tales como homicidio o lesiones-- para perseguir a violadores de derechos humanos. Más allá de sus obligaciones contractuales o de la implementación de tratados, los estados tendrán, así, disponible un cuerpo de derecho interno para llevar a cabo tales juicios". Simón (CSJN, 2005)11: discussão sobre a constitucionalidade de lei anulatória das leis de Obediência Devida e do Ponto Final. “Se trata, simplemente, de reconocer que un delito de autor indistinto, como lo es el de privación ilegítima de la libertad, cuando es cometido por agentes del Estado o por personas que actúan con su autorización, apoyo o aquiescencia, y es seguida de la falta de información sobre el paradero de la víctima, presenta todos los elementos que caracterizan a una desaparición forzada. Esto significa que la desaparición forzada de personas, al menos en lo que respecta a la privación de la libertad que conlleva, ya se encuentra previsto en nuestra legislación interna como un caso específico del delito -más genérico- de los artículos 141… del Código Penal, que se le enrostra al imputado. Debe quedar claro que no se trata entonces de combinar, en una suerte de delito mixto, un tipo penal internacional -que no prevé sanción alguna- con la pena prevista para otro delito de la legislación interna. Antes bien, se trata de reconocer la relación de concurso aparente en la que se hallan parcialmente ambas formulaciones delictivas, y el carácter de lesa 5 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo • humanidad que adquiere la privación ilegítima de la libertad -en sus diversos modos de comisión- cuando es realizada en condiciones tales que constituye, además, una desaparición forzada.” (Parecer do Procurador Geral da Nação) Gualtieri (CSJN, 2009)12: “No existe convención ni costumbre internacional alguna que habilite a un Estado a cumplir un mandato interna- cional negando o violando otro, salvo que se interprete el derecho internacional en forma contradictoria y, por ende, irracional. La cláusula pro homine tiene por objeto, precisa- mente, evitar interpretaciones semejantes. También es innegable que el derecho internacional no ha sido más eficaz que el interno para evitar y para luego sancionar y hacer cesar este crimen durante treinta años. El derechoCnacional o internacional debe hacerse efectivo en tiempo oportuno y su ineficacia impide la pretensión de ha- cerlo efectivo en cualquier momento, desentendiéndose de los resultados reales que ha provocado su propio defecto.” 3. Adequação típica: quais condutas deverão ser objeto de investigação criminal? 3.1. Apresentação do problema. Caso se resolva adotar o procedimento de dupla subsunção aplicado pela jurisdição interna de outros Estados do sistema americano, é preciso inicialmente identificar quais condutas típicas à época dos fatos constituíam, simultanemanete, crime internacional ou, nos termos da sentença de 24 de novembro, “graves violações de direitos humanos incompatíveis com a Convenção Americana” sujeitas, ipso facto [segundo a Corte] ao regime internacional de imprescritibilidade e insuscetibilidade à anistia. No que se refere aos deveres positivos do Estado brasileiro em matéria criminal, a sentença de Gomes Lund contem os seguintes provimentos: a) tutela declaratória - de eficácia retroativa e efeitos erga omnes - de invalidade dos dispositivos da Lei 6.683/79 que “impedem a investigação e sanção de graves violações de direitos humanos… incompatíveis com a Convenção Americana…”; b) tutela de caráter mandamental, consistente na determinação, através da jurisdição de direito comum, da responsabilidade penal pelos desaparecimentos forçados das vítimas da Guerrilha do Araguaia e a execução de Maria Lúcia Petit da Silva, mediante uma investigação judicial completa e imparcial dos fatos..., a fim de identificar os responsáveis por tais violações e sancioná-los penalmente; c) tutela de caráter mandamental, consistente na adequada tipificação, no direito penal interno, do crime de desaparecimento forçado13. A tutela declaratória (de efeitos erga omnes) não alcança todas as causas de extinção da punibilidade que possam vir a incidir sobre as “graves violações de direitos humanos” ocorridas em território brasileiro durante o regime militar, mas tão somente aquela prevista na primeira parte do art. 107, inciso II, do atual Código Penal, isto é, a anistia. A referência a outras hipóteses de exclusão da punibilidade estatal - “prescrição, irretroatividade da lei penal, coisa julgada, ne bis in idem ou qualquer excludente similar” – é feita na tutela mandamental específica, dirigida à apuração do desaparecimento forçado e execução extrajudicial das vítimas indicadas nos parágrafos 251 e 252 da decisão. A jurisprudência 6 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo da Corte IDH, contudo, desde Barrios Altos v. Peru (2001) é uniforme no sentido de afirmar que “son inadmisibles las disposiciones de amnistía, las disposiciones de prescripción y el establecimiento de excluyentes de responsabilidad que pretendan impedir la investigación y sanción de los responsables de las violaciones graves de los derechos humanos tales como la tortura, las ejecuciones sumarias, extralegales o arbitrarias y las desapariciones forzadas, todas ellas prohibidas por contravenir derechos inderogables reconocidos por el Derecho Internacional de los Derechos Humanos.”14 Para o caso em análise, importa definir: a) quais condutas típicas alcançadas pela Lei de Anistia devem ser consideradas “graves violações de direitos humanos” para fins de determinar o (re)início da persecução penal; b) quais condutas típicas estão subsumidas nas categorias do direito internacional “desaparecimentos forçados” e “execução sumária” das vitimas. 3.1.1. Direito comparado. 3.1.1.1. Argentina: • Espósito (CSJN, 2004)15: “La forma de hacer efectivo el deber de investigación y sanción de los responsables de las violaciones de los derechos humanos, no puede ser entendida como la llana aplicación del principio de imprescriptibilidad para crímenes no alcanzados por las reglas de derecho internacional, cometidos a partir de su incorporación a nuestro ordenamiento jurídico (voto do juiz Fayt).” 3.1.1.2. Colômbia: • Javier Geraldo Moreno (Corte Constitucional, 2003)16: “Como se mencionó antes, en sentencia C-875 de 2002, la Corte indicó que existen situaciones en las cuales la sociedad entera tiene un interés en conocer la verdad y establecer las responsabilidades individuales. Tal es el caso del delito de desaparición forzada de personas. En sentencia C-580 de 2002, en punto a la imprescriptibilidad de la acción penal en esta materia, la Corte basó la exequibilidad de la norma internacional en, entre otros elementos, el interés de la sociedad en conocer la verdad y lograr la superación de la injusticia, como manifestaciones del deber estatal de proteger los derechos fundamentales de los asociados: “El interés en erradicar la impunidad por el delito de desaparición forzada compete a la sociedad en su conjunto. Como ya se dijo, para satisfacer dicho interés es necesario que se conozca toda la verdad de los hechos, y que se atribuyan las responsabilidades individuales e institucionales correspondientes. En esa medida, tanto el interés en que se conozca la verdad, como en que se atribuyan responsabilidades individuales e institucionales por los hechos, sobrepasan el ámbito del interés individual de las víctimas. Por el contrario, constituyen verdaderos intereses generales de carácter prevalente en los términos del artículo 1º de la Carta Política. En efecto, el conocimiento público de los hechos, el señalamiento de responsabilidades institucionales e individuales y la obligación de reparar los daños causados son mecanismos útiles para crear conciencia entre las personas acerca de la magnitud de los daños causados por el delito. En esa medida, son también mecanismos de prevención general y especial del delito, que sirven para garantizar que el Estado no apoye, autorice o asuma una actitud aquiescente frente a 7 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo tales conductas. En general, la acción penal en los casos de desaparición forzada de personas es un mecanismo a través del cual se establecen responsabilidades institucionales que llevan a que el Estado se sujete al derecho en el ejercicio de la fuerza, y a hacer efectivo el deber de las autoridades de proteger y garantizar los derechos fundamentales. La pregunta obligada es: ¿Cuáles tipos penales suponen un interés de la sociedad en conocer la verdad y hacer justicia? (…) La Corte ha señalado, según se vio, que existe un interés en cabeza de la sociedad -verdad y justicia -, respecto de la desaparición forzada, que es un delito de lesa humanidad. De acuerdo con lo expuesto, es razonable asumir que existe una relación entre la gravedad del hecho punible y la existencia de un interés de la sociedad en conocer la verdad y hacer justicia. Los hechos punibles que revisten dicha gravedad, serán aquellos que impliquen graves atentados contra los derechos humanos y el derecho internacional humanitario y una severa puesta en peligro de la paz colectiva. En el plano interno los hechos punibles que pueden tener dicho efectos no se limitan a los crímenes de lesa humanidad o violación del derecho internacional humanitario. Las condiciones particulares del país, obligan a reconocer que otras conductas, pueden tener una alta capacidad de alteración de la paz colectiva. 16.4 Con lo anterior, únicamente se ha establecido que existe un interés de la sociedad en su conjunto -así como de la comunidad internacional- en conocer la verdad sobre la ocurrencia de hechos punibles que impliquen la comisión de delitos de lesa humanidad y en establecer los responsables, pero no resulta claro cómo la realización de tales hechos afecta bienes jurídicos colectivos.” 3.1.1.3. Peru: • Santiago Martín Rivas (Tribunal Constitucional, 2005)18: “[E]l Tribunal Constitucional considera que la obligación del Estado de investigar los hechos y sancionar a los responsables por la violación de los derechos humanos declarados en la Sentencia de la Corte Interamericana de Derechos Humanos no sólo comprende la nulidad de aquellos procesos donde se hubiese aplicado las leyes de amnistía N.º 26479 y N.º 26492, tras haberse declarado que dichas leyes no tienen efectos jurídicos, sino también toda práctica destinada a impedir la investigación y sanción por la violación de los derechos a la vida e integridad personal, entre las cuales se encuentran las resoluciones de sobreseimiento definitivo como las que se dictaron a favor del recurrente. 3.2. Quais crimes alcançados pela Lei 6.683/79 devem ser considerados “graves violações de direitos humanos incompatíveis com a Convenção Americana” e portanto não suscetíveis de anistia? 3.2.1. Definição do problema. O termo “graves violações de direitos humanos” é plurívoco e reconhecidamente pouco operativo para a definição dos deveres positivos dos Estados em matéria penal19. É também fator de insegurança jurídica, uma vez que não fixa, com a certeza exigida pelos ordenamentos de tradição romano-germânica (nullum crimen sine lege certa e sine lege 8 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo scripta20), quais condutas devem ser tipificadas pelos ordenamentos estatais e, dentre estas, quais constituem violação de direitos humanos suficientemente grave para afastar a incidência da prescrição, anistia e outras causas de exclusão da punibilidade usualmente reconhecidas nesses ordenamentos. O problema, observa Naomi RohtArriaza, é que “a linguagem usada em alguns casos... parece ignorar distinções e gradações, tanto em intensidade como em escopo, entre violações de direitos humanos. Assim, literalmente qualquer violação a direitos humanos reconhecida em tratado ou costume... estaria sujeita às obrigações de investigar, promover a ação penal e reparar o dano.”21 A decisão da Corte IDH no caso Barrios Altos (2001) completa a sentença de Velásquez Rodríguez (1998) na qual pela primeira vez aquele tribunal reconheceu o dever dos Estados-membros do sistema interamericano de investigar e punir graves violações a direitos humanos. Em ambos os casos, tratava-se de garantir a responsabilização de militares envolvidos na tortura e execução sumária de dissidentes políticos, e a Corte nitidamente optou por não definir de forma taxativa nem os crimes que merecem punição (pois o rol apresentado é exemplificativo22), nem as causas de exclusão da punibilidade inadmitidas pelo sistema. Em Barrios Altos, o critério para afastar as (aparentemente quaisquer, à exceção da morte do agente) causas de extinção da punibilidade parece ter sido apenas a natureza não-derrogável do direito humano violado23. Em Prosecutor v. Tadić (1995), o Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia estabeleceu o seguinte standard, usualmente citado como critério identificador das ofensas que constituem “graves ofensas” do ponto de vista do direito penal internacional: a) a violação deve constituir uma ofensa a uma regra de direito humanitário internacional; b) a regra deve ser “costumeira por natureza” ou, se pertencer a um tratado, deve atender as condições de validade dos acordos internacionais; c) a violação deve ser “séria”, isto é, ela deve constituir uma quebra da regra de proteção a valores importantes, e deve também envolver graves consequencias para a vítima; d) a violação da regra deve acarretar, sob o direito costumeiro ou dos tratados, a responsabilidade criminal individual do agressor24. A solução mais natural no direito penal internacional seria tratar a expressão “graves violações de direitos humanos” como sinônima de crimes contra a humanidade, modalidade delitiva internacional com maior densidade normativa do que a expressão usada pela Corte IDH. Ocorre que, em ao menos um caso anterior – Bulacio v. Argentina (2003)25 – a Corte afastou a aplicação da prescrição penal em processo que reconhecidamente não tratava de crime contra a humanidade. Isto porque, na perspectiva adotada pela Corte naquele e em todos demais casos que tratam do assunto (v.g. Velásquez Rodríguez vs. Honduras26; Villagrán Morales e outros vs. Guatemala27; Massacre de Pueblo Bello vs. Colômbia28; Goiburú e outros vs. Paraguai29; Ticona Estrada e outros vs. Bolívia30; Chitay Nech e outros vs. Guatemala31; Rosendo Cantú e outra vs. México32; Fernández Ortega e outro vs. México33; Ibsen Cárdenas e Ibsen Peña vs. Bolívia34; Radilla Pacheco vs. México35) o dever de investigar e sancionar violações de direitos humanos independe do caráter sistemático ou massivo das ofensas, uma vez que o fundamento desse dever está no direito correlato das vítimas à efetiva proteção dos direitos reconhecidos pelo sistema: 9 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo “Esta Corte ha señalado en diversas ocasiones que [e]l Estado parte de la Convención Americana tiene el deber de investigar las violaciones de los derechos humanos y sancionar a las autores y a quienes encubran dichas violaciones. Y toda persona que se considere víctima de éstas o bien sus familiares tienen derecho de acceder a la justicia para conseguir que se cumpla, en su beneficio y en el del conjunto de la sociedad, ese deber del Estado.”36 Nessa perspectiva adotada pela Corte IDH, mesmo em Estados de Direito democráticos a prescrição penal pode se revelar como um verdadeiro “obstáculo de direito interno”37 a ser removido sempre que se tratar da efetividade da persecução penal em casos de violação de direitos humanos, tal como em Bulacio38. Vale registrar que, muito embora a Corte Suprema de Justiça da Argentina tenha acatado, por maioria de votos, a decisão da Corte IDH no caso Bulacio, seus ministros criticaram a “forte restrição dos direitos do imputado” que “… deriva de la inoponibilidad de la prescripción… en el marco de un procedimiento de derecho internacional en el que el acusado no ha tenido posibilidad alguna de discutirl[a].”39 A maioria dos magistrados da Corte argentina ressaltou que não seria possível considerar que a conduta objeto do processo – a morte de um adolescente causada por agente policial – estava alcançada pelas regras de direito internacional em material de imprescritibilidade, uma vez que ela não se configura como crime contra a humanidade no direito penal internacional.40 Em síntese: à tendência de restringir o alcance da expressão “graves violações de direitos humanos” aos crimes internacionais contrapõe-se a interpretação extensiva da Corte IDH consistente em afirmar que a persecução penal de virtualmente todas as violações a direitos humanos declarados na Convenção Americana integra o direito das vítimas à efetiva proteção do Estado. Assim, dependendo da opção do intérprete, há duas respostas possíveis para a questão discutida neste tópico: a) apenas as condutas típicas que possam ser qualificadas como “crimes internacionais” ou especificamente “crimes contra a humanidade” estão abrangidas pela decretação de nulidade da Lei de Anistia; todas as demais permanecem intactas; b) quaisquer condutas típicas abrangidas pela Lei 6.683/79 que possam ser qualificadas como “graves violações” a direitos declarados na CADH estão sujeitas a investigação e eventual aplicação de sanção penal. Nesse último caso, seria necessário estabelecer previamente standards41 para orientar a seleção das condutas típicas que constituirão objeto de investigações, em homenagem aos princípios da impessoalidade administrativa e da imparcialidade. 3.2.1.1. Direito Comparado. 3.2.1.1.1. Argentina. • René Derecho (CSJN, 2007)42: “El deber de investigar y sancionar las violaciones de los derechos humanos no puede constituir fundamento autónomo suficiente para proseguir el ejercicio de una acción penal que ha sido declarada extinguida cuando el hecho investigado no es un delito imprescriptible.” (parecer do Procurador Geral da Nação). 10 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo 3.2.1.1.2. Colômbia. • 3.2.1.1.3. Sentença C-580/02 (Corte Constitucional, 2002): Controle de constitucionalidade da Convenção Interamericana sobre Desaparecimento Forçado de Pessoas: “… [L]a Corte reconoció que tales instrumentos internacionales son complementarios y por tanto no impiden a Colombia reforzar la protección de los derechos involucrados ampliando el tipo penal de la desaparición forzada de acuerdo con sus disposiciones constitucionales. Así, a pesar de la similitud que existía entre el artículo 165 del nuevo Código Penal (Ley 599/2000) y los criterios generales contenidos en la Declaración 47/133 de 1992 de la Asamblea General de las Naciones Unidas esta Corporación concluyó que la protección constitucional frente a la desaparición forzada es más amplia que la consagrada en los instrumentos internacionales Sostuvo que, como el artículo 12 de la Carta no establece un sujeto activo específico para el delito, la protección constitucional frente a la desaparición forzada impide que se condicione la calidad de los sujetos activos a su pertenencia a un grupo armado al margen de la ley. Por lo tanto, declaró la inexequibilidad de la expresión "perteneciendo a un grupo armado al margen de la ley", contenida en el inciso primero del artículo 165 del nuevo Código Penal. En efecto, como lo establecen diversos instrumentos internacionales como así mismo lo reconoce el considerando número 5 del preámbulo de la presente Convención, y como lo ha establecido la jurisprudencia de esta Corporación la protección internacional de los derechos humanos constituye una forma de coadyuvancia, que complementa los mecanismos establecidos internamente para su protección, pero que en modo alguno restringe la soberanía del Estado para establecer regímenes de protección más rigurosos. En tal medida, la consagración explícita de unas categorías de sujetos activo está encaminada a determinar el alcance mínimo de la obligación internacional de los Estados partes de tipificar el delito de desaparición forzada, pero no repercute directamente sobre la responsabilidad penal de los individuos. Por lo tanto, desde este punto de vista, el artículo 2º es constitucional.” Peru. • Montoya (Tribunal Constitucional, 2008)44: “41. Así las cosas, parecería que si la imprescriptibilidad de las graves violaciones a los derechos humanos se encuentra sujeta a que éstas constituyan crímenes de lesa humanidad, y un Tribunal Constitucional, en principio, no tiene competencia para determinar cuándo se ha producido esta figura típica, entonces no tiene competencia tampoco para juzgar si nos encontramos o no ante un supuesto de imprescriptibilidad. No obstante, dicha apreciación es errada. Si bien es cierto que los crímenes de lesa humanidad son imprescriptibles, ello no significa que sólo esta clase de grave violación de los derechos humanos lo sea, pues, bien entendidas las cosas, toda grave violación de los derechos 11 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo humanos resulta imprescriptible. Esta es una interpretación que deriva, fundamentalmente, de la fuerza vinculante de la Convención Americana de Derechos Humanos, y de la interpretación que de ella realiza la Corte IDH, las cuales son obligatorias para todo poder público, de conformidad con la Cuarta Disposición Final y Transitoria de la Constitución y el artículo V del TP del CPConst. 3.2.2. Graves violações a direitos humanos = crimes internacionais. 3.2.2.1. A qualificação dos fatos como crimes contra a humanidade. 3.2.2.1.1. Apresentação do problema. A CIDH na demanda apresentada à Corte explicitamente qualificou os fatos denunciados como crimes contra a humanidade consistentes na “execução extrajudicial de Maria Lúcia Petit da Silva e da detenção arbitrária, tortura e desaparecimento forçado dos membros do Partido Comunista do Brasil e dos moradores da região listados como vítimas desaparecidas na demanda”45. O Estado brasileiro, por sua vez, contestou a aplicação da doutrina de crimes contra a humanidade com fundamento nos princípios da legalidade e anterioridade da lei penal. Objetou, especificamente, que para que o costume internacional possa criar um tipo penal “seria necessário que estivesse devidamente consolidado no momento dos fatos (19721974)”, e que a “universalização da tipificação do crime de lesa-humanidade no plano internacional ocorreu apenas com o [...] Estatuto de Roma [do Tribunal Penal Internacional], em 1998”.46 A sentença da Corte, como já mencionado, evitou qualificar os fatos como “crimes contra a humanidade”, referindo-se, em vez, à expressão generica “graves violações a direitos humanos”. A subsunção dos fatos à categoria do direito penal internacional foi feita apenas pelo Juiz ad hoc Roberto de Figueiredo Caldas, cujo voto concorrente faz referência aos crimes de desaparecimento forçado, de execução sumária extrajudicial e de tortura perpetrados sistematicamente pelo Estado para reprimir a Guerrilha do Araguaia como “exemplos acabados de crime lesa-humanidade”.47 A discussão a respeito da subsunção das condutas levadas à Corte à categoria de “crimes contra a humanidade” não é meramente acadêmica, pois repercute diretamente no tipo de resposta jurídica exigida do Estado brasileiro. Com efeito, se o dever do Estado perante a comunidade internacional é o de reprimir “crimes contra a humanidade”, será preciso definir: a) se, como objetou o Brasil, à época dos fatos a categoria “crimes contra a humanidade” e as condutas “prisão arbitrária”, “desaparecimento forçado”, “tortura” e “execução sumária extrajudicial” estavam suficientemente definidas no direito internacional e no direito interno como atos antijurídicos culpáveis em relação aos quais o Estado brasileiro se obrigou a punir; b) se o direito interno previa sanção penal específica para as condutas em questão; c) se estão presentes, no caso específico, os requisitos necessários à qualificação das condutas atribuídas aos agentes como “crimes contra a humanidade”, à luz do direito internacional. 12 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo Como mencionado, partindo-se da premissa de que há relação de equivalência entre os termos “graves violações a direitos humanos” e “crimes contra a humanidade”, a definição das condutas puníveis deve considerar o alcance do princípio da legalidade em matéria penal, previsto não apenas na Constituição brasileira, como também na Convenção Americana de Direitos Humanos48 e no Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos49. O risco mais evidente é de se incorrer no que Robert Alexy chama de “retroatividade encoberta por via de manobra interpretativa a posteriori”50, seja em relação aos elementos definidores do crime (tipicidade, antijuridicidade e culpabilidade), seja em relação às condições de punibilidade. Esse problema é tratado no tópico 3 desta Nota. 3.2.2.1.1.1. Direito comparado. 3.2.2.1.1.1.1. Chile. Violações estão sujeitas às Convenções de Genebra. • Caso Vila Grimaldi/Ocho de Valparaíso (sentença da Corte de Apelaciónes de Santiago, 2010)51: “Los cuatro “Convenios de Ginebra” entraron en vigor en nuestro ordenamiento jurídico, haciéndose obligatorias sus normas (…) entre los días 17 y 20 de abril de 1951. El artículo 3°, común a los cuatro Convenios, prescribe: “en caso de conflicto armado sin carácter internacional y que surja en el territorio de una de las Altas Partes contratantes, cada una de las Partes contendientes tendrá la obligación de aplicar por lo menos las disposiciones siguientes: 1. Las personas que no participen directamente en las hostilidades, incluso los miembros de las fuerzas armadas que hayan depuesto las armas y las personas que hayan quedado fuera de combate por enfermedad, herida, detención o cualquiera otra causa, serán en toda circunstancia tratadas con humanidad…Al efecto, están y quedan prohibidas en cualquier tiempo y lugar, respecto de las personas arriba mencionadas: a) los atentados a la vida y a la integridad corporal, especialmente el homicidio en toda sus formas, las mutilaciones, los tratos crueles, las torturas y suplicios. (…) Por su parte, tanto el artículo 147 del Convenio IV) (…) como el artículo 130 del Convenio III), (…), prescriben que deben considerarse como infracciones graves a los mismos los siguientes actos contra las personas: homicidio intencional, tortura o tratos inhumanos, incluso experiencias biológicas, causar intencionalmente grandes sufrimientos o atentar gravemente a la integridad física o a la salud, las deportaciones o traslados ilegales y la detención ilegítima. (…) El Golpe de Estado fue un acto de guerra y desde aquel, en nuestro país, se vivió una situación de conmoción interna, como lo confirma el Decreto Ley N°3 de la misma fecha del citado Golpe, cuando (…) la Junta de Gobierno declaró el (…)Estado de Sitio en todo el 13 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo territorio de la República. (…) [L]os referidos Convenios [de Ginebra] impiden la aplicación de la amnistía respecto de delitos cometidos en caso de conflictos armados sin carácter internacional, situación que, jurídicamente, existió en Chile a partir del 11 de septiembre de 1973.” 3.2.2.1.2. Uso da expressão “crimes contra a humanidade” no direito internacional. O primeiro registro da expressão “crimes contra a humanidade” no direito internacional é uma declaração conjunta dos governos francês, russo e britânico, de 1915, condenando a Turquia pelo extermínio da população armênia, ato qualificado no documento como “crime contra a humanidade e a civilização”52. No direito penal internacional, a introdução da expressão é consensualmente atribuída aos julgamentos de Nuremberg, em 194553. Na Carta do Tribunal Militar Internacional, os crimes contra a humanidade são definidos como “assassinatos, extermínios, escravidão, deportação, e outros atos desumanos cometidos contra quaisquer populações civis, antes ou durante a guerra, ou perseguições por motivos políticos, raciais ou religiosos em execução ou em conexão com quaisquer crimes dentro da jurisdição do Tribunal”, isto é, “crimes contra a paz” ou “crimes de guerra”. Há também razoável grau de consenso em relação à substituição do elemento contextual “grave conflito armado” pela referência a “ataque generalizado ou sistemático contra uma população”. O dissenso refere-se ao momento histórico em que o direito internacional cogente incorporou essa substituição, pois ele define o tratamento a ser dado pelos sistemas estatais de justiça criminal às violações de direitos humanos ocorridas em seus territórios. Uma posição mais restritiva, tal como a adotada pelo governo brasileiro perante a Corte IDH no caso Gomes Lund, tende a considerar que a estabilização do uso da expressão “crimes contra a humanidade” no direito internacional ocorreu somente a partir do Estatuto de Roma, de 2002. Os argumentos essenciais apresentados pelos defensores desssa posição são que o sistema de justiça não pode “compactuar com uma desmedida frouxidão conceitual”54 sob pena de ofensa à garantia da taxatividade penal, e que os documentos internacionais anteriores não deixavam suficientemente clara a incidência da qualificação para fatos não conexos às tradicionais categorias de crimes de guerra e contra a paz. Como registra Cassesse, após 1945 o vínculo entre crimes contra a humanidade e guerra foi “gradualmente abandonado”55. No mesmo sentido, Cryer e outros observam que as convenções internacionais posteriores à Segunda Guerra revelam que o nexo não é exigido: “Atualmente, parece que está bem estabelecido que o nexo com um conflito armado não é exigido. A maioria dos instrumentos e precedentes se opõem a essa exigência. A limitação na Carta de Nuremberg é geralmente vista como uma limitação jurisdicional, apenas. (…) Esta perspectiva é também defendida pelas jurisprudências nacionais, organizações internacionais de especialistas, e opiniões de comentaristas. 14 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo Nenhuma exigência de conflito armado tem aparecido em definições posteriores [a Nuremberg] de crimes contra a humanidade.”56 Os principais documentos internacionais que marcam essa evolução são: 3.2.2.1.2.1. Registro da expressão em internacionais anteriores à data dos fatos. documentos • Carta do Tribunal Militar Internacional (1945)57: “The Tribunal • • established by the Agreement (…) shall have the power to try and punish persons who, acting… whether as individuals or as members of organizations, committed any of the following crimes. a) Crimes Against Peace (…); b) War Crimes (…); c) Crimes Against Humanity: namely, murder, extermination, enslavement, deportation, and other inhumane acts committed against any civilian population, before or during the war; or persecutions on political, racial or religious grounds in execution of or in connection with any crime within the jurisdiction of the Tribunal, whether or not in violation of the domestic law of the country where perpetrated.” Lei do Conselho de Controle No. 10 (1945)58: “Each of the following acts is recognized as a crime (…): Crimes against Humanity. Atrocities and offenses, including but not limited to murder, extermination, enslavement, deportation, imprisonment, torture, rape, or other inhumane acts committed against any civilian population, or persecutions on political, racial or religious grounds whether or not in violation of the domestic laws of the country where perpetrated.” Princípios de Direito Internacional reconhecidos na Carta do Tribunal de Nuremberg e nos julgamentos do Tribunal, com comentários (International Law Commission, 1950)59: “The crimes hereinafter set out are punishable as crimes under international law: (a) Crimes against peace: (…); (b) War crimes: (…); (c) Crimes against humanity: Murder, extermination, enslavement, deportation and other inhuman acts done against any civilian population, or persecutions on political, racial or religious grounds, when such acts are done or such persecutions are carried on in execution of or in connection with any crime against peace or any war crime. The Tribunal did not, however, thereby exclude the possibility that crimes against humanity might be committed also before a war. In its definition of crimes against humanity the Commission has omitted the phrase "before or during the war" contained in article 6 (c) of the Charter of the Nuremberg Tribunal because this phrase referred to a particular war, the war of 1939. The omission of the phrase does not mean that the Commission considers that crimes against humanity can be committed only during a war. On the contrary, the Commission is of the opinion that such crimes may take place also before a war in connexion with crimes against peace. In accordance with article 6 (c) of the Charter, the above 15 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo • • • • formulation characterizes as crimes against his own population.” Relatório da Comissão de Direito Internacional da ONU (1954)60: “The text previously adopted by the Commission read as follows: "Inhuman acts by the authorities of a State or by private individuals against any civilian population, such as murder, or extermination, or enslavement, or deportation, or persecutions on political, racial, religious or cultural grounds, when such acts are committed in execution of or in connexion with other offences defined in this article." This text corresponded in substance to article 6, paragraph (c), of the Charter of the International Military Tribunal at Nurnberg. It was, however, wider in scope than the said paragraph in two respects: it prohibited also inhuman acts committed on cultural grounds and, furthermore, it characterized as crimes under international law not only inhuman acts committed in connexion with crimes against peace or war crimes, as defined in that Charter, but also such acts committed in connexion with all other offences defined in article 2 of the draft Code. The Commission decided to enlarge the scope of the paragraph so as to make the punishment of the acts enumerated in the paragraph independent of whether or not they are committed in connexion with other offences defined in the draft Code. On the other hand, in order not to characterize any inhuman act committed by a private individual as an international crime, it was found necessary to provide that such an act constitutes an international crime only if committed by the private individual at the instigation or with the toleration of the authorities of a State. Resolução n.º 2184 (Assembléia Geral da ONU, 1966)61: O artigo 3º da Resolução condena, “como crime contra a humanidade, a política colonial do governo português, a qual “viola os direitos políticos e econômicos da população nativa em razão do assentamento de imigrantes estrangeiros nos territórios e da exportação de trabalhadores africanos para a África do Sul”. Resolução n.º 2202 (Assembléia Geral da ONU, 1966)62: O artigo 1º da Resolução condena a política de apartheid praticada pelo governo da África do Sul como “crime contra a humanidade”. Princípios de Cooperação Internacional na identificação, prisão, extradição e punição de pessoas condenadas por crimes de Guerra e crimes contra a humanidade (Resolução 3074, da Assembléia Geral das Nações Unidas, 1973)63: “Taking into account the special need for international action in order to ensure the prosecution and punishment of persons guilty of war crimes and crimes against humanity (…) proclaims the following principles of international co-operation in the detection, arrest, extradition and punishment of persons guilty of war crimes and crimes against humanity: War crimes and crimes against humanity, wherever they are committed, 16 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo shall be subject to investigation and the persons against whom there is evidence that they have committed such crimes shall be subject to tracing, arrest, trial and, if found guilty, to punishment (…)” 3.2.2.1.2.2. Registro da expressão em tratados internacionais. • • Convenção sobre a Não-Aplicabilidade da Prescrição a Crimes de Guerra e Crimes contra a Humanidade (ONU, 1969)64. O Preâmbulo da Convenção afirma que os crimes contra a humanidade estão entre os mais graves crimes do direito internacional, e que a aplicação das regras de prescrição a esses crimes “é assunto de séria preocupação pela opinião pública mundial, uma vez que elas impedem a persecução e punição dos responsáveis por esses crimes.” O art. 2º da Convenção estabelece como objeto do tratado “crimes contra a humanidade, cometidos em tempo de guerra ou em tempo de paz, como tal definidos no Estatuto do Tribunal Militar Internacional de Nuremberg de 8 de agosto de 1945 e confirmados pelas resoluções nº 3 e 95 da Assembléia Geral das Nações Unidas, de 13 de fevereiro de 1946 e 11 de dezembro de 1946 (…) ainda que estes atos não constituam violação do direito interno do país onde foram cometidos.” Convenção Internacional sobre a Supressão e Punição do Crime de Apartheid (ONU, 1973)65. “Observando que, no Convenção sobre a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio, certos atos que podem também ser qualificados como atos de apartheid constitui um crime sob o direito internacional, observando que, na Convenção sobre a NãoAplicabilidade de Limitações Estatutárias para Crimes de Guerra e Crimes contra a Humanidade ", atos desumanos resultantes da política de apartheid" são qualificados como crimes contra a humanidade, observando que a Assembléia Geral das Nações Unidas adoptou uma série de resoluções em que as políticas e práticas do apartheid são condenadas como um crime contra a humanidade (…) [os Estados-Partes da presente Convenção] acordam o seguinte: Artigo I. 1. Os Estados Partes da presente Convenção declaram que o apartheid é um crime contra a humanidade e que os atos desumanos resultantes das políticas e práticas de apartheid (…) são crimes de violação os princípios do direito internacional (…). 2. Para efeitos da presente Convenção, o termo "crime de apartheid" (…) é aplicável aos seguintes atos desumanos cometidos com o propósito de estabelecer e manter dominação de um grupo racial de pessoas sobre qualquer outro grupo racial de pessoas ea opressão sistemática destas: (a) Negação a um membro ou membros de um grupo ou grupos raciais ao direito à vida e à liberdade individual: (I) Por assassinato de membros de um grupo ou grupos raciais; (II) pela imposição aos membros de um grupo 17 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo • ou grupos raciais sérios danos físicos ou mentais, por violação de sua liberdade ou dignidade, ou submetendo-os à tortura ou a tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes; (III) Pela prisão arbitrária ou aprisionamento ilegal de membros de um grupo ou grupos raciais (…) (f) Perseguição de organizações ou pessoas, privando-os dos direitos e liberdades fundamentais, porque se opõem ao apartheid.” Estatuto de Roma (1998)66. O art. 1º do tratado estabelece a competência do TPI para “os crimes mais graves, que afetam a comunidade internacional no seu conjunto”, dentre eles, os crimes contra a humanidade, definidos no art. 7º, cuja redação é a seguinte67: Artigo 7°. Crimes contra a Humanidade 1. Para os efeitos do presente Estatuto, entende-se por "crime contra a humanidade", qualquer um dos atos seguintes, quando cometido no quadro de um ataque, generalizado ou sistemático, contra qualquer população civil, havendo conhecimento desse ataque: a) Homicídio; b) Extermínio; c) Escravidão; d) Deportação ou transferência forçada de uma população; e) Prisão ou outra forma de privação da liberdade física grave, em violação das normas fundamentais de direito internacional; f) Tortura; g) Agressão sexual, escravatura sexual, prostituição forçada, gravidez forçada, esterilização forçada ou qualquer outra forma de violência no campo sexual de gravidade comparável; h) Perseguição de um grupo ou coletividade que possa ser identificado, por motivos políticos, raciais, nacionais, étnicos, culturais, religiosos ou de gênero, tal como definido no parágrafo 3o, ou em função de outros critérios universalmente reconhecidos como inaceitáveis no direito internacional, relacionados com qualquer ato referido neste parágrafo ou com qualquer crime da competência do Tribunal; i) Desaparecimento forçado de pessoas; j) Crime de apartheid; k) Outros atos desumanos de caráter semelhante, que causem intencionalmente grande sofrimento, ou afetem gravemente a integridade física ou a saúde física ou mental. 2. Para efeitos do parágrafo 1°: a) Por "ataque contra uma população civil" entende-se qualquer conduta que envolva a prática múltipla de atos referidos no parágrafo 1° contra uma população civil, de acordo com a política de um Estado ou de uma organização de praticar esses atos ou tendo em vista a prossecução dessa política; b) O "extermínio" compreende a sujeição intencional a condições de vida, tais como a privação do acesso a alimentos ou medicamentos, com vista a causar a destruição de uma parte da população; (…) e) Por "tortura" entende-se o ato por meio do qual uma dor ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais, são intencionalmente causados a uma pessoa que esteja sob a custódia ou o controle do acusado; este termo não compreende a dor ou os sofrimentos resultantes unicamente de sanções legais, inerentes a essas sanções ou por elas ocasionadas; (…) g) Por "perseguição'' entende-se a privação intencional e grave de direitos 18 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo fundamentais em violação do direito internacional, por motivos relacionados com a identidade do grupo ou da coletividade em causa; (…) i) Por "desaparecimento forçado de pessoas" entende-se a detenção, a prisão ou o seqüestro de pessoas por um Estado ou uma organização política ou com a autorização, o apoio ou a concordância destes, seguidos de recusa a reconhecer tal estado de privação de liberdade ou a prestar qualquer informação sobre a situação ou localização dessas pessoas, com o propósito de lhes negar a proteção da lei por um prolongado período de tempo. 3.2.2.1.2.3. Jurisprudência internacional. • Prosecutor v. Tadic (Tribunal Penal Internacional para a ExIugoslávia - TPII, 1995)68: “76. There is no question but that crimes against humanity form part of customary international law. They found expression in Article 6(c) of the Nuremberg Charter of 8 August 1945, Article II(1)(c) of Law No. 10 of the Control Council for Germany of 20 December 1945 and Article 5(c) of the Tokyo Charter of 26 April 1946, three major documents promulgated in the aftermath of World War II. 77. The Defence claims that the Tribunal only has jurisdiction (…) if it involves crimes that have been committed in the execution of or in connection with an international armed conflict. It purports to find authority for this proposition requiring the existence of an armed conflict of an international nature in the Nuremberg Charter (…). The Defence further contends that the broadening of the scope of Article 5 to crimes when committed in armed conflicts of an internal character offends the nullum crimen principle. 78. The Trial Chamber does not agree. The nexus in the Nuremberg Charter between crimes against humanity and the other two categories, crimes against peace and war crimes, was peculiar to the context of the Nuremberg Tribunal established specifically "for the just and prompt trial and punishment of the major war criminals of the European Axis countries." (…) 79. That no nexus is required in customary international law between crimes against humanity and crimes against peace or war crimes is strongly evidenced by subsequent case law. The military tribunal established under Control Council Law No. 10 stated in the Einsatzgruppen case that: Crimes against humanity are acts committed in the course of wholesale and systematic violation of life and liberty . . . The International Military Tribunal, operating under the London Charter, declared that the Charter's provisions limited the Tribunal to consider only those crimes against humanity which were committed in the execution of or in connection with crimes against peace and war crimes. The Allied Control Council, in its Law No. 10, removed this limitation so that the present Tribunal has jurisdiction to try all crimes against humanity as long known and understood under the general principles of criminal law.” 19 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo • Almonacid-Arellanos (Corte IDH, 2006)69: “98. La prohibición de crímenes contra la humanidad, incluido el asesinato, fue además corroborada por las Naciones Unidas. El 11 de diciembre de 1946 la Asamblea General confirmó “los principios de Derecho Internacional reconocidos por el Estatuto del Tribunal de Nuremberg y las sentencias de dicho Tribunal”. Asimismo, en 1947 la Asamblea General encargó a la Comisión de Derecho Internacional que "formul[ara] los principios de derecho internacional reconocidos por el Estatuto y por las sentencias del Tribunal de Nuremberg”. Estos principios fueron adoptados en 1950. (…) De igual forma, la Corte resalta que el artículo 3 común de los Convenios de Ginebra de 1949, de los cuales Chile es parte desde 1950, también prohíbe el “homicidio en todas sus formas” de personas que no participan directamente en las hostilidades. (…) 99. Basándose en los párrafos anteriores, la Corte encuentra que hay amplia evidencia para concluir que en 1973, año de la muerte del señor Almonacid Arellano, la comisión de crímenes de lesa humanidad, incluido el asesinato ejecutado en un contexto de ataque generalizado o sistemático contra sectores de la población civil, era violatoria de una norma imperativa del derecho internacional. Dicha prohibición de cometer crímenes de lesa humanidad es una norma de ius cogens, y la penalización de estos crímenes es obligatoria conforme al derecho internacional general.” 3.2.2.1.2.4. Direito comparado. 3.2.2.1.2.4.1. Direito costumeiro cogente à época dos fatos incluía crimes contra a humanidade em tempo de paz: 3.2.2.1.2.4.1.1. Argentina: • Videla (CSJN, 2003): “La existencia de una norma consuetudinaria o de un principio general de derecho en cuya virtud los crímenes contra el derecho de gentes deben considerarse imprescriptibles, más allá de la vigencia de una obligación convencional para los estados que han suscripto tratados al respecto, parece surgir, además de lo ya expuesto, de un conjunto de resoluciones de las Naciones Unidas dictadas luego de la aprobación de la Convención de 1968. En ellas la Asamblea General de la ONU exhortó a los estados miembros a observar los principios afirmados en la Convención sobre la Imprescriptibilidad de los crímenes de guerra y de los crímenes de lesa humanidad, incluso cuando no fueran parte en ella. Así exhortó a los estados "...a cumplir el 'deber de observar estrictamente' sus disposiciones y, por último, afirmó que 'la negativa de un Estado a cooperar con la detención, extradición, enjuiciamiento y castigo de los culpables de crímenes de guerra o crímenes de lesa humanidad es contraria a 20 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo • • • los propósitos y principios de la Carta de las Naciones Unidas, así como a las normas de derecho internacional universalmente reconocidas.” Aracibia Clavel (2004)70: “La consagración positiva del derecho de gentes en la Constitución Nacional permite considerar que existía -al momento en que se produjeron los hechos investigados- un sistema de protección de derechos que resultaba obligatorio independientemente del consentimiento expreso de las naciones que las vincula y que es conocido como ius cogens. Se trata de la más alta fuente del derecho internacional que se impone a los estados y que prohíbe la comisión de crímenes contra la humanidad incluso en épocas de guerra. No es susceptible de ser derogada por tratados en contrario y debe ser aplicada por los tribunales internos de los países independientemente de su eventual aceptación expresa. Estas normas del ius cogens se basan en la común concepción en el sentido de que existen conductas que no pueden considerarse aceptables por las naciones civilizadas.” (Voto do Juiz Maqueda) Simon (CSJN, 2005)71: “En este contexto la ratificación en años recientes de la Convención Interamericana sobre Desaparición Forzada de Personas por parte de nuestro país solo ha significado una manifestación más del proceso de codificación del preexistente derecho internacional no contractual.” Mazzeo (CSJN, 2007)72: “16) Que es posible señalar que existía, a la fecha de comisión de los actos precisados, un orden normativo formado por tales convenciones y por la práctica consuetudinaria internacional, que consideraba inadmisible la comisión de delitos de lesa humanidad ejecutados por funcionarios del Estado y que tales hechos debían ser castigados por un sistema represivo que no necesariamente se adecuara a los principios tradicionales de los estados nacionales para evitar la reiteración de tales aberrantes crímenes (…)” 3.2.2.1.2.4.2. Direito costumeiro cogente à época dos fatos não incluía crimes contra a humanidade em tempo de paz: 3.2.2.1.2.4.2.1. Argentina: • Mazzeo (CSJN, 2007): “Aun admitiendo, por vía de hipótesis, que en la Constitución Nacional hubiera una consagración positiva del Derecho de Gentes, esto nada indica acerca del carácter ius cogens de una norma. A su vez, el hecho de que el principio de imprescriptibilidad Clo que se aplica también a otros institutos tuviera vigencia con anterioridad a la 21 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo • Convención sobre Imprescriptibilidad, no lo transforma en un principio ius cogens. Cuando el a quo asigna al principio de imprescrip- tibilidad el carácter de norma ius cogens, no examina ni siquiera enuncia la práctica internacional de los Estados sobre la que supuestamente basa su conclusión. Obvio es señalar que no toda norma consuetudinaria del derecho internacional general tiene el carácter imperativo que por definición requiere una norma ius cogens… No se comprende, entonces, como el a quo puede determinar con tanta liviandad que el principio de imprescriptibilidad de los crímenes de lesa humanidad tiene carácter ius cogens, máxime si se tiene en cuenta que para un importante y autorizado sector de internacionalistas, no resulta nada claro que aquél sea un principio general del derecho internacional, ni por fuente convencional, ni por fuente consuetudinaria. Entre los distintos indicios que darían muestra de esta ausencia de claridad pueden nombrarse la falta de una amplia ratificación de la Convención sobre Imprescriptibilidad por parte de los Estados. … A esto se suma, entre otras cosas, la práctica de los Estados de rechazar pedidos de extradición en casos en los que se imputan delitos de lesa humanidad, por considerar que las acciones se encuentran prescriptas.” (voto divergente do Juiz Fayat). Mazzeo: “No existe un derecho constitucional a la pena. La protección a las víctimas establecida en los instrumentos internacionales de derechos humanos no implica necesariamente castigo penal, ya que a persecución penal -sin respeto a las garantías del individuo- invertiría la función que los derechos humanos poseen en el proceso penal que, de protección del imputado frente al Estado, pasaría al fortalecimiento de su poder absoluto, esta vez so pretexto del sugerente -aunque artificioso- argumento de protección a las víctimas” (voto divergente do Juiz Fayat). 3.2.2.1.2.4.2.2. Colômbia: o Controle de Constitucionalidade do Tratado de Roma (Corte Constitucional, 2002)73: “Por fuera del contexto de la Segunda Guerra Mundial, otros estados han juzgado crímenes atroces contra la humanidad, como es el caso de Latvia y Estonia que juzgaron oficiales de policía por asesinato, tortura y deportaciones forzadas. En Etiopía los líderes del régimen Dergue también fueron procesados por crímenes atroces contra la humanidadVer. Ratner S y Abram J., Op Cit, página 53. Durante el debate de la Convención sobre la imprescriptibilidad de los crímenes de 22 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo guerra y de los crímenes de lesa humanidadAdoptada y abierta a la firma, ratificación y adhesión por la Asamblea General en su resolución 2391 (XXIII), de 26 de noviembre de 1968. se propuso eliminar el requisito del nexo de los crímenes de lesa humanidad con la guerra. Finalmente, se aceptó que tales crímenes podían cometerse "tanto en tiempo de guerra como en tiempo de pazConvención sobre la imprescriptibilidad de los crímenes de guerra y de los crímenes de lesa humanidad, Artículo I, b)., definición que, a pesar de los esfuerzos, no eliminó totalmente el nexo con la guerra. Este nexo se mantuvo en el Estatuto del Tribunal para la ex Yugoslavia, pero no para el Tribunal de RuandaProsecutor vs. Akayesu No. ICTR-96-4-T En el Estatuto de Roma optó por desvincularlos de la existencia de un conflicto armado. Respecto de estas conductas existe consenso sobre su carácter de normas de ius cogensTribunal Penal Internacional para la antigua Yugoslavia Cámara de apelación Procurador c/ Duško Tadic. Sentencia del 2 de octubre de 1995. Caso No IT94-1-AR72, en 35 ILM 32 (1996). Algunos tratadistas señalan que cuando un crimen internacional amenaza la paz y la seguridad mundiales o perturba gravemente la conciencia de la humanidad, adquiere necesariamente la jerarquía de norma de ius cogens. Ver, por ejemplo, Bassiouni, Cherif. Accountability for International Crime and Serious Violations of Fundamental Rights: International Crimes: Jus Cogens and Obligation Erga Omnes. (1996) 59 Law and Contemporary Problems, páginas 69 a 71. 3.2.2.1.2.4.3. Crimes imprescritíveis. contra a humanidade são 3.2.2.1.2.4.3.1. Tratados e outros documentos internacionais relevantes. Na Convenção sobre a Não-Aplicabilidade da Prescrição a Crimes de Guerra e Crimes contra a Humanidade (1969) e no Estatuto de Roma (2002) os crimes contra a humanidade são absolutamente imprescritíveis. As duas Convenções sobre Desaparecimento Forçado de Pessoas e a Declaração da Assembléia Geral da ONU sobre o assunto, porém, autorizam o reconhecimento da prescrição pelo prazo máximo previsto no direito interno de cada Estado (Convenção Interamericana) ou por uma duração proporcional à gravidade do delito internacional (Convenção da ONU). Há uma evidente contradição no sistema, pois a jurisprudência da Corte IDH não admite nenhuma 23 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo exceção à imprescritibilidade do desaparecimento forçado de pessoas. 3.2.2.1.2.4.3.1.1. Convenção sobre a Não-Aplicabilidade da Prescrição a Crimes de Guerra e Crimes contra a Humanidade (ONU, 1969)74: “Os Estados Membros (…) obrigam-se a adotar, em conformidade com os seus processos constitucionais, as medidas legislativas ou de outra índole que sejam necessárias para assegurar a imprescritibilidade dos crimes referidos nos artigos 1º e 2º da presente Convenção, tanto no que diz respeito ao procedimento penal como à pena; abolir-se-á a prescrição quando vigorar por força da lei ou por outro modo, nesta matéria.” 3.2.2.1.2.4.3.1.2. Declaração sobre a proteção de todas as pessoas contra os desaparecimentos forçados (Assembléia Geral da ONU, 1992)75: Artigo 16 (…) 2. [Os supostos autores de qualquer dos atos previstos no parágrafo 1 do artigo 4] somente poderão ser julgad[o]s pelas jurisdições de direito comum competentes em cada Estado, com exclusão de qualquer outra jurisdição especial, em particular a militar. 3. Não serão admitidos privilégios, imunidades ou dispensas especiais em tais processos, sem prejuízo das disposições que figuram na Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas. Art. 17. (…) 2. Quando os recursos previstos no artigo 2 do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos já não forem eficazes, suspender-se-á a prescrição referente aos atos de desaparecimento forçado até que se restabeleçam aqueles recursos. 3. Em existindo prescrição, a relativa a atos de desaparecimento forçado deverá ser de longo prazo e proporcional à extrema gravidade do delito. Artigo 18. 1. Os autores ou supostos autores dos atos previstos no parágrafo 1 do artigo 4 não se beneficiarão de nenhuma lei de anistia especial e outras medidas análogas que tenham por fim exonerá-los de qualquer procedimento ou sanção penal (…).” 3.2.2.1.2.4.3.1.3. Convenção Interamericana Sobre o Desaparecimento Forçado de Pessoas (OEA, 1994)76: “Artigo VII: A ação penal decorrente do desaparecimento forçado de pessoas e a pena que for imposta judicialmente ao responsável por ela não estarão sujeitas a prescrição. No entanto, quando existir uma norma de caráter fundamental que impeça a aplicação do estipulado no parágrafo anterior, o prazo da prescrição deverá ser igual ao do delito mais grave na legislação interna do respectivo Estado 24 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo Parte.” 3.2.2.1.2.4.3.1.4. Estatuto de Roma (ONU, 2002)77: “Artigo 29. Imprescritibilidade. Os crimes da competência do Tribunal não prescrevem.” 3.2.2.1.2.4.3.1.5. Convenção Internacional para a Proteção de Todas as Pessoas contra o Desaparecimento Forçado (ONU, 2006)78: “Artigo 5. A prática generalizada ou sistemática de desaparecimento forçado constitui crime contra a humanidade, tal como define o direito internacional aplicável, e estará sujeito às conseqüências previstas no direito internacional aplicável. (…) Artigo 8 Sem prejuízo do disposto no Artigo 5, O Estado Parte que aplicar um regime de prescrição ao desaparecimento forçado tomará as 1. medidas necessárias para assegurar que o prazo da prescrição da ação penal: a) Seja de longa duração e proporcional à extrema seriedade desse crime; e b) Inicie no momento em que cessar o desaparecimento forçado, considerando-se a natureza contínua desse crime.” 3.2.2.1.2.4.3.2. Direito Comparado: 3.2.2.1.2.4.3.2.1. • • Argentina: Videla (CSJN, 2003)79: “[E]s necesario (…) reiterar (…) que es ya doctrina pacífica de esta Cámara la afirmación de que los crímenes contra la humanidad no están sujetos a plazo alguno de prescripción conforme la directa vigencia en nuestro sistema jurídico de las normas que el derecho de gentes ha elaborado en torno a dichos crímenes que nuestro sistema jurídico recepta directamente a través del art. 118 Constitución Nacional (Ver causas, "Massera s/excepciones" del 9 de septiembre de 1999, Sala I, expte. 30514; Causa Nro. 32.889, Sala I, "Massera, Eduardo s/excepciones" del 7 de marzo del corriente, Reg. 138; "Astiz, Alfredo s/nulidad", 4 de mayo de 2000, Sala II, expte. 16.071; "Contreras Sepúlveda s/prescripción de la acción penal", 4 de octubre de 2000, Sala II, expte. 18.020, entre otras).” Arancibia Clavel (CSJN, 2004)80: “Dejando a un lado la discusión acerca de si el instituto de la prescripción de la acción tiene naturaleza eminentemente procesal o material, lo decisivo es que el Estado, al prorrogar los plazos de prescripción amplía su competencia para punir con posterioridad a la comisión de los hechos (Voto del Dr. Enrique Santiago Petracchi). 25 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo • • Arancibia Clavel: “La excepción a la regla de la prescripción, está configurada por aquellos actos que constituyen crímenes contra la humanidad, ya que se trata de supuestos que no han dejado de ser vivenciados por la sociedad entera dada la magnitud y la significación que los atañe. Ello hace que no sólo permanezcan vigentes para las sociedades nacionales sino también para la comunidad internacional misma.” Mazzeo (CSJN, 2007)81: 31) Que lo cierto es que los delitos que implican una violación de los más elementales principios de convivencia humana civilizada, quedan inmunizados de decisiones discrecionales de cualquiera de los poderes del Estado que diluyan los efectivos remedios de los que debe disponer el Estado para obtener el castigo… [R]esulta inocuo para la resolución del caso que hoy esta Corte entre a analizar si la facultad de indultar prevista en el art. 99 de la Constitución Nacional abarca a los procesados o no, o si tiene características similares a la amnistía o no, pues en definitiva dicha potestad del Poder Ejecutivo, así como las amnistías, quedan reservadas para delitos de distinta naturaleza que los que se investigan en el sub lite. Essa característica essencial do crime contra a humanidade foi afirmada pela Assembléia Geral da ONU em diversas Resoluções editadas entre 1967 e 1973, a saber: i. no 2.338 (XXII), de 1967; ii.no 2.391 (XXIII), de 1968; iii. no2.583(XXIV),de1969; iv. no2.712(XXV),de1970; v.no 2.840 (XXVI), de 1971; e vi. no3.074(XXVIII),de1973.” 3.2.2.1.2.4.3.2.2. o Chile. Caso Vila Grimaldi/Ocho de Valparaíso (sentença da Corte de Apelaciónes de Santiago, 2010)82: “[P]rocede agregar que la prescripción, como se ha dicho, ha sido establecida más que por razones dogmáticas por criterios políticos, como una forma de alcanzar la paz social y la seguridad jurídica. Pero, en el Derecho Internacional Penal, se ha estimado que esta paz social y esta seguridad jurídica son más fácilmente alcanzables si se prescinde de la prescripción, cuando menos respecto de los crímenes de guerra y los crímenes contra la humanidad. 3.2.2.1.2.4.3.2.3. o Peru: Montoya (Tribunal Constitucional, 2008)83: “36. Es así que, con razón justificada y suficiente, ante los crímenes de lesa humanidad se ha configurado un 26 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo o Derecho Penal más allá del tiempo y del espacio. En efecto, se trata de crímenes que deben encontrarse sometidos a una estructura persecutoria y condenatoria que guarde una línea de proporcionalidad con la gravedad del daño generado a una suma de bienes jurídicos de singular importancia para la humanidad in toto. Y por ello se trata de crímenes imprescriptibles y sometidos al principio de jurisdicción universal. 37. Bajo estas premisas, en la historia reciente se han constituido una serie de tribunales ad hoc para ocuparse del juzgamiento de personas en casos patentes de violación a los derechos humanos, como consecuencia de la comisión de los delitos de genocidio, crímenes de guerra y crímenes de lesa humanidad. (…) 41. Así las cosas, parecería que si la imprescriptibilidad de las graves violaciones a los derechos humanos se encuentra sujeta a que éstas constituyan crímenes de lesa humanidad, y un Tribunal Constitucional, en principio, no tiene competencia para determinar cuándo se ha producido esta figura típica, entonces no tiene competencia tampoco para juzgar si nos encontramos o no ante un supuesto de imprescriptibilidad. No obstante, dicha apreciación es errada. Si bien es cierto que los crímenes de lesa humanidad son imprescriptibles, ello no significa que sólo esta clase de grave violación de los derechos humanos lo sea, pues, bien entendidas las cosas, toda grave violación de los derechos humanos resulta imprescriptible. Esta es una interpretación que deriva, fundamentalmente, de la fuerza vinculante de la Convención Americana de Derechos Humanos, y de la interpretación que de ella realiza la Corte IDH, las cuales son obligatorias para todo poder público, de conformidad con la Cuarta Disposición Final y Transitoria de la Constitución y el artículo V del TP del CPConst. Montoya: “De otro lado, es clara la posición del Derecho Internacional de los Derechos Humanos y de la propia posición del Tribunal Constitucional respecto de imprescriptibilidad de los delitos de lesa humanidad. Las disposiciones de amnistía, las disposiciones de prescripción y el establecimiento de excluyentes de responsabilidad que pretendan impedir la investigación y sanción de los responsables son nulas de pleno Derecho. De ahí que no pueda asumirse una posición excesivamente formalista y de negación de la esencia misma de la justicia constitucional, como 27 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo se hace en la resolución de la mayoría, cuando se limitan a pronunciarse únicamente por las cuestiones formales de improcedencia, evitando así dictar una sentencia de mérito. 3.2.2.1.2.5. Elementos dos crimes contra a humanidade em tratados internacionais. Cf. supra, tópico 3.2.2.1.2.2. 3.2.2.1.2.6. Elementos dos crimes contra a humanidade na jurisprudência. 3.2.2.1.2.6.1. Jurisprudência internacional. Prosecutor v. Dusko Tadic (TPII, 1995)84: “a single act committed by a perpetrator within a context of a generalized or systematic attack against the civil population brings about individual criminal liability, and it is not necessary for the perpetrator to commit numerous offenses in order to be considered responsible.” Prosecutor v. Blaskic (TPII, 2000)85: (...) there can be no doubt that inhumane acts constituting a crime against humanity must be part of a systematic or widespread attack against civilians. 203. The systematic character refers to four elements which for the purposes of this case may be expressed as follows: a)the existence of a political objective, a plan pursuant to which the attack is perpetrated or an ideology, in the broad sense of the word, that is, to destroy, persecute or weaken a community; b) the perpetration of a criminal act on a very large scale against a group of civilians or the repeated and continuous commission of inhumane acts linked to one another; c) the preparation and use of significant public or private resources, whether military or other381; d) the implication of high-level political and/or military authorities in the definition and establishment of the methodical plan.” 3.2.2.1.2.6.2. Direito comparado. 3.2.2.1.2.6.2.1. Argentina: • Simón (CSJN, 2005)86: “Que las conductas consideradas en las leyes impugnadas se refieren a los denominados crímenes contra la humanidad "cuyo presupuesto básico común —aunque no exclusivo— es que también se dirigen contra la persona o la condición humana y en donde el individuo como tal no cuenta, contrariamente a lo que sucede en la legislación de derecho común 28 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo • • nacional, sino en la medida en que sea miembro de una víctima colectiva a la que va dirigida la acción". Tales delitos se los reputa como cometidos "...contra el 'derecho de gentes' que la comunidad mundial se ha comprometido a erradicar, porque merecen la sanción y la reprobación de la conciencia universal al atentar contra los valores humanos fundamentales" (considerandos 31 y 32 del voto del juez Bossert en Fallos: 318:2148). 56) Que la calificación de los delitos contra la humanidad no depende de la voluntad de los Estados nacionales sino de los principios del ius cogens del Derecho Internacional (conf. arg. Fallos: 318:2148, considerando 4°), lo que pone en evidencia que sea plenamente aplicable el sistema de fuentes del derecho propio de aquéllos.” (voto do Juiz Maqueda) Simón (CSJN, 2005): “[L]os hechos ilícitos investigados en la presente deben ser considerados crímenes contra la humanidad por las características con las que fueron llevados a cabo y por el conjunto de bienes jurídicos que afectaron. Estos hechos formaron parte de un ataque sistemático y generalizado contra una población civil y sus ejecutores tenían conocimiento de que se estaba llevando adelante dicho ataque. (...) Sobre los bienes jurídicos afectados por los crímenes contra la humanidad (o crímenes de lesa humanidad) el Tribunal Internacional Ad Hoc para la ex Yugoslavia en el caso "Erdemovic" sostuvo: "Los crímenes de lesa humanidad son serios actos de violencia que dañan a los seres humanos al golpear lo más esencial para ellos: su vida, su libertad, su bienestar físico, su salud y/o dignidad. Son actos inhumanos que por su extensión y gravedad van más allá de los límites de lo tolerable para la comunidad internacional, la que debe necesariamente exigir su castigo. Pero los crímenes de lesa humanidad también trascienden al individuo, porque cuando el individuo es agredido, se ataca y se niega a la humanidad toda. Por eso lo que caracteriza esencialmente al crimen de lesa humanidad es el concepto de la humanidad como víctima". René Derecho (2007)87: “Para que un hecho pueda ser considerado delito de lesa humanidad, el ataque debe haber sido llevado a cabo de conformidad con la política de un estado o de una organización. (…) El llamado “policy element”, sirve para excluir del tipo penal de los crímenes de 29 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo lesa humanidad hechos aislados, no coordinados y aleatorios y configura el elemento propiamente internacional de esta categoría de crímenes.” (Parecer do Procurador Geral da Nação). 3.2.2.1.2.6.2.2. Peru: • Montoya (Tribunal Constitucional, 2008)88: “[S]i los crímenes de lesa humanidad pueden ser descritos como “atentados contra bienes jurídicos individuales fundamentales (vida, integridad física y salud, libertad…) cometidos, tanto en tiempo de paz como de guerra, como parte de un ataque generalizado o sistemático realizado con la participación o tolerancia del poder político de iure o de facto”, resulta que su configuración presupone un comportamiento típico, resultados y circunstancias típicas, elementos subjetivos especiales de la responsabilidad y elementos o circunstancias contextuales, que sólo pueden ser determinados debidamente por un tribunal penal. (…) 42. La gravedad de la afectación a los derechos humanos deriva de la fuerza axiológica de los concretos derechos que resultan afectados, así como de las circunstancias manifiestamente desproporcionadas e irrazonables en que se produce dicha afectación.” 3.2.2.1.2.7. Participação e coautoria de agentes privados em crimes contra a humanidade. 3.2.2.1.2.7.1. Tratados internacionais. 3.2.2.1.2.7.1.1. Convenção sobre a Não-Aplicabilidade da Prescrição a Crimes de Guerra e Crimes contra a Humanidade (1969)89. “Artigo II. Sendo cometido qualquer crime mencionado no artigo I, as disposições da presente Convenção aplicar-se-ão aos representantes da autoridade do Estado e aos particulares que nele tenham participado como autores ou como cúmplices, ou que sejam culpados de incitamento direto à sua perpetração, ou que tenham participado de um acordo tendo em vista cometê-lo, seja qual for o seu grau de execução, assim como aos representantes do Estado que tenham tolerado a sua perpetração.” 3.2.2.1.2.7.1.2. Convenção sobre o Apartheid (1973)90: “Article III. A responsabilidade penal é aplicável, independentemente do motivo envolvido, a indivíduos, membros de organizações e instituições e representantes do Estado que residam ou não no território do Estado no qual os atos são perpetrados sempre que: a) cometam, participem, diretamente incitem 30 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo ou conspirem para a execução dos atos mencionados no artigo II da presente Convenção; b) diretamente assistam, encoragem ou cooperem na execução do crime de apartheid. 3.2.2.1.2.7.1.3. Convenção Internacional para a Proteção de Todas as Pessoas contra Desaparecimento Forçado (2006)91: “Artigo 6. Cada Estado Parte tomará as medidas necessárias para responsabilizar penalmente: a) Toda pessoa que cometa, ordene, solicite ou induza a prática de um desaparecimento forçado, tente praticá-lo, seja cúmplice ou partícipe do ato; b) O superior que: i) Tiver conhecimento de que os subordinados sob sua autoridade e controle efetivos estavam cometendo ou se preparavam para cometer um crime de desaparecimento forçado, ou que tiver conscientemente omitido informação que o indicasse claramente; ii) Tiver exercido sua responsabilidade e controle efetivos sobre as atividades relacionadas com o crime de desaparecimento forçado; e iii) Tiver deixado de tomar todas as medidas necessárias e razoáveis a seu alcance para prevenir ou reprimir a prática de um desaparecimento forçado, ou de levar o assunto ao conhecimento das autoridades competentes para fins de investigação e julgamento.” 3.2.2.1.3. A qualificação dos fatos como desaparecimento forçado de pessoas. 3.2.2.1.3.1. Apresentação do problema. Fora do sistema interamericano de DH a referência explícita ao termo “desaparecimento forçado de pessoas” é escassa. Antonio Cassesse nota que o Estatuto de Roma “não codificou um costume jurídico existente, mas contribuiu para a cristalização de uma regra nascente, originada primariamente fora do direito dos tratados..., a partir da jurisprudência da CIDH e da Corte IDH e também de Resoluções da Assembléia Geral das Nações Unidas”. Tais fontes, segundo esse autor, são responsáveis pela “formação gradual de uma regra costumeira proibindo o desaparecimento forçado de pessoas. O Estatuto do Tribunal Penal Internacional tem sustentado e se apóia em provisão escrita de criminalização dessa conduta.” 92. A discussão em torno do presente caso gira em torno do estado do costume internacional a respeito do desaparecimento forçado de pessoas na época dos fatos (1972-1975), e mais amplamente (para os demais casos atingidos pela anulação da lei de anistia), durante todo o período militar. 31 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo 3.2.2.1.3.2. O Desaparecimento Forçado como Crime contra a Humanidade. 3.2.2.1.3.2.1. Documentos internacionais mais relevantes. 3.2.2.1.3.2.1.1. Resolução 33/173 (Assembléia Geral da ONU, 1978): “Deeply concerned by reports from various parts of the world relating to enforced ou involuntary disappearances of persons as a result of excesses on the part of law enforcement or security authorities or similar organizations, often while such persons are subject to detention or imprisonment, as well as of unlawful actions or widespread violence; concerned also at reports of difficulties in obtaining reliable information from competent authorities as to the circumstances of such persons, including reports of the persistent refusal of such authorities or organizations to acknowledge that they hold such persons in their custody or otherwise to account for them. Mindful of the danger to the life, liberty and physical security of such persons arising from the persistent failure of these authorities or organizations to acknowledge that such persons are held in custody or otherwise to account for them. Deeply moved by the anguish and sorrow which such circumstances cause to the relatives of disappeared persons, especially to spouses, children, and parentes, 1. Calls upon Governments: a) in the event of reports of enforced or involuntary disappearances, to devote appropriate resources to searching for such persons and to undertake speedy and impartial investigations; b) to ensure that Law enforcement and security authorities or organizations are fully acountable, especially in Law, in the discharge of their duties, such accountability to include responsibility for underjustifiable excess which might lead to enforced or involuntary disappearances and to other violations of human rights; c) to ensure that the human rights of all persons, including those subjected to any formo f detention and impresonment, are fully respected (...).”93 3.2.2.1.3.2.1.2. Declaração para a Proteção de Todas as Pessoas Contra o Desaparecimento Forçado (Assembléia Geral da ONU, 1992)94: “Considerando que os desaparecimentos forçados afetam os mais elevados valores de toda a sociedade que respeita a primazia do direito, dos direitos humanos e das liberdades fundamentais, e que sua prática sistemática constitui um crime de lesahumanidade. Recordando a Resolução 33/173, de 20 de dezembro de 1978, na qual se declarou profundamente preocupada pelos informes procedentes de diversas partes do mundo com relação ao desaparecimento forçado ou involuntário de pessoas e, comovida pela angústia e pelo pesar causados por esses desaparecimentos, solicitou aos 32 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo governos que garantissem que suas autoridades ou órgãos encarregados da segurança e do cumprimento da lei tivessem responsabilidade jurídica pelos excessos que conduzissem a desaparecimentos forçados ou involuntários; Recordando, igualmente, a proteção que os Convênios de Genebra, de 12 de agosto de 1949, e seus Protocolos Adicionais de 1977 outorgam às vítimas de conflitos armados; Tendo em conta especialmente os artigos pertinentes da Declaração Universal dos Direitos Humanos e do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, que garantem a toda pessoa o direito à vida, o direito de não ser submetido a torturas e o direito ao reconhecimento da sua personalidade jurídica; Tendo em conta, também, a Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, que dispõe que os Estados Partes devem tomar medidas eficazes para prevenir e reprimir os atos de tortura; Tendo presente o Código de conduta para os funcionários responsáveis pela aplicação da lei, os Princípios fundamentais sobre a utilização da força e de armas de fogo pelos funcionários encarregados de fazer cumprir a lei, a Declaração sobre os princípios fundamentais de justiça para as vítimas de delitos e de abuso de poder e as Regras mínimas para o tratamento de prisioneiros;. Afirmando que, para impedir os atos que contribuam para os desaparecimentos forçados, é necessário assegurar o completo respeito ao Conjunto de princípios para a proteção de todas as pessoas submetidas a qualquer forma de detenção ou prisão, que figuram em sua resolução 43/173, de 9 de dezembro de 1988, assim como aos Princípios relativos a uma eficaz prevenção e investigação das execuções extralegais, arbitrárias ou sumárias, formulados pelo Conselho Econômico e Social em sua Resolução 1989/65, de 24 de maio de 1989, e aprovados pela Assembléia Geral em sua resolução 44/162, de 15 de dezembro de 1989”. 3.2.2.1.3.2.1.3. Declaração e Programa de Ação de Viena (ONU, 1993)95: “Desaparecimentos forçados . 62. A Conferência Mundial sobre Direitos do Homem, congratulando-se com a adopção, pela Assembleia Geral, da Declaração sobre a Protecção de Todas as Pessoas contra os Desaparecimentos Forçados, apela a todos os Estados para que tomem medidas legislativas, administrativas, judiciais e outras por forma a prevenir, fazer cessar e punir actos de desaparecimentos forçados. A Conferência Mundial sobre Direitos do Homem reafirma ser dever de todos os Estados, em quaisquer circunstâncias, proceder a investigações sempre que houver razões para crer que ocorreu um desaparecimento forçado num território sob a sua jurisdicção e, a confirmarem-se as suspeitas, punir os 33 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo seus autores.” 3.2.2.1.3.2.1.4. Convenção Interamericana sobre o Desaparecimento Forçado de Pessoas (OEA, 1994)96: “Reafirmando que a prática sistemática do desaparecimento forçado de pessoas constitui um crime de lesa-humanidade (…)”. 3.2.2.1.3.2.1.5. Estatuto de Roma (ONU, 2002)97: Artigo 7°. Crimes contra a Humanidade 1. Para os efeitos do presente Estatuto, entende-se por "crime contra a humanidade", qualquer um dos atos seguintes, quando cometido no quadro de um ataque, generalizado ou sistemático, contra qualquer população civil, havendo conhecimento desse ataque: (…) i) Desaparecimento forçado de pessoas (…)”; 3.2.2.1.3.2.1.6. Convenção Internacional para a Proteção de Todas as Pessoas contra o Desaparecimento Forçado (ONU, 2006): “Relembrando o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e outros instrumentos internacionais relevantes de direitos humanos, de direito humanitário e de direito penal internacional; Relembrando ainda a Declaração sobre a Proteção de Todas as Pessoas contra os Desaparecimentos Forçados, adotada pela Assembléia Geral das Nações Unidas mediante a Resolução 47/133, de 18 de dezembro de 1992; Conscientes da extrema gravidade do desaparecimento forçado, que constitui um crime e, em certas circunstâncias definidas pelo direito internacional, crime contra a humanidade; Decididos a prevenir desaparecimentos forçados e a combater a impunidade em casos de crime de desaparecimento forçado; Considerando o direito de toda pessoa a não ser submetida ao desaparecimento forçado e o direito das vítimas à justiça e à reparação; Afirmando o direito de toda vítima de conhecer a verdade sobre as circunstâncias de um desaparecimento forçado e o destino da pessoa desaparecida, bem como o direito à liberdade de buscar, receber e difundir informação com este fim (…)” 3.2.2.1.3.2.2. Direito comparado: 3.2.2.1.3.2.2.1. Argentina: • Arancibia Clavel (2004)98: La ratificación en años recientes de la Convención Interamericana sobre Desaparición Forzada de Personas por parte de nuestro país sólo ha significado la reafirmación por vía convencional del carácter de lesa humanidad postulado desde antes para esa práctica estatal, puesto que la evolución del derecho internacional a partir de la segunda guerra mundial permite afirmar que para la época de los hechos imputados el derecho internacional 34 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo de los derechos humanos condenaba ya la desaparición forzada de personas como crimen de lesa humanidad. 3.2.2.1.3.2.2.2. Peru: • • Gabriel Orlando Vera Navarrete (Tribunal Constitucional, 2004)99: “26. El delito de desaparición forzada ha sido desde siempre considerado como un delito de lesa humanidad, situación que ha venido a ser corroborada por el artículo 7º del Estatuto de la Corte Penal Internacional, que la define como “la aprehensión, la detención o el secuestro de personas por un Estado o una organización política, o con su autorización, apoyo o aquiescencia, seguido de la negativa a informar sobre la privación de libertad o dar información sobre la suerte o el paradero de esas personas, con la intención de dejarlas fuera del amparo de la ley por un período prolongado”. 27. Se trata, sin duda, de un delito de lesa humanidad cuya necesidad social de esclarecimiento e investigación no pueden ser equiparadas a las de un mero delito común, dada su extrema gravedad. En este sentido, la Resolución N.° 666 (XIII-083) de la Asamblea General de la Organización de Estados Americanos, estableció en el artículo 4, "Declarar que la práctica de la desaparición forzada de personas en América es una afrenta a la conciencia del hemisferio y constituye un crimen de lesa humanidad”. La Convención Interamericana sobre Desaparición Forzada de Personas reafirma en su preámbulo que la práctica sistemática de desapariciones forzadas constituye un delito de lesa humanidad. La necesidad social del esclarecimiento e investigación de estos delitos no puede ser equiparada a la de un mero delito común. (Convención Interamericana sobre Desaparición Forzada de Personas, Resolución adoptada en la séptima sesión plenaria, 9 de junio de 1994.OEA/Ser.P AG/doc.3114/94 rev.). Gabriel Orlando Vera Navarrete: “[L]a desaparición forzada de personas supone generar una cruel sensación de incertidumbre tanto para la persona desaparecida como para sus familiares, los mismos que pasan a ser víctimas directas de este grave hecho. Por ello, el Derecho Internacional reconoce a la desaparición forzada como una de las modalidades más graves de violaciones de los derechos humanos. 25. Ahora bien, cuando este hecho es cometido como parte de una estrategia general o representa sólo un ejemplo de un conjunto de conductas ilícitas similares, estamos frente a la existencia de un patrón de violaciones, lo que las convierte en crimen de lesa humanidad. Al respecto, el informe final de la Comisión de la Verdad y Reconciliación constató que los hechos atribuibles al 35 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo autodenominado grupo Colina representaron un patrón sistemático y generalizado de violaciones a los derechos humanos, expresado en hechos como las desapariciones de La Cantuta, la del periodista Pedro Yauri, los asesinatos de estudiantes en la Universidad Nacional del Centro y la masacre de Barrios Altos.” 3.2.2.1.3.3. Elementos do desaparecimento forçado de pessoas. 3.2.2.1.3.3.1. Tratados internacionais. 3.2.2.1.3.3.1.1. Convenção Interamericana sobre o Desaparecimento Forçado de Pessoas (OEA, 1994)100: O art. 2o: desaparecimento forçado é a “privação de liberdade de uma pessoa ou mais pessoas, seja de que forma for, praticada por agentes do Estado ou por pessoas ou grupos de pessoas que atuem com autorização, apoio ou consentimento do Estado, seguida de falta de informação ou da recusa a reconhecer a privação de liberdade ou a informar sobre o paradeiro da pessoa, impedindo assim o exercício dos recursos legais e das garantias processuais pertinentes. 3.2.2.1.3.3.1.2. Estatuto de Roma (ONU, 2002)101: art. 7o(2)(i): “… detenção, (…) prisão ou (…) seqüestro de pessoas por um Estado ou uma organização política ou com a autorização, o apoio ou a concordância destes, seguidos de recusa a reconhecer tal estado de privação de liberdade ou a prestar qualquer informação sobre a situação ou localização dessas pessoas, com o propósito de lhes negar a proteção da lei por um prolongado período de tempo”. 3.2.2.1.3.3.1.3. Convenção Internacional para a Proteção de Todas as Pessoas contra o Desaparecimento Forçado (2006)102: “(…) prisão, a detenção, o seqüestro ou qualquer outra forma de privação de liberdade que seja perpetrada por agentes do Estado ou por pessoas ou grupos de pessoas agindo com a autorização, apoio ouaquiescência do Estado, e a subseqüente recusa em admitir a privação de liberdade ou a ocultação do destino ou do paradeiro da pessoa desaparecida, privando-a assim da proteção da lei.” 3.2.2.1.3.3.2. Jurisprudência internacional. A maioria das decisões jurisdicionais internacionais sobre desaparecimentos forçados pertence ao sistema interamericano. Camila Akemi Perruso noticia que, até 30 de janeiro de 2010, a Corte IDH havia julgado 24 casos contenciosos envolvendo o desaparecimento forçado de pessoas103. O caso inicial foi o já citado Velásquez Rodríguez v. Honduras. Outros casos frequentemente citados são: Blake v. Guatemala, Trujillo Oroza v. Bolívia, Durand e Ugarte v. Peru, Bamaca Velásquez v. Guatemala, Irmãs 36 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo Serrano Cruz v. El Salvador, Massacre de Mapiripán v. Colômbia e La Cantuta v. Peru. • • Velásquez Rodriguez (Corte IDH, 1988)104: “O desaparecimento forçado de seres humanos constitui uma violação múltipla e continuada de inúmeros direitos reconhecidos na Convenção. (...) O seqüestro da pessoa é um caso de privação arbitrária da liberdade que compromete, adicionalmente, o direito da pessoa detida de ser conduzida sem demora à presença de um juiz e a impetrar os recursos adequados para controlar a legalidade de sua detenção (…). Além disso, o confinamento prolongado e a incomunicação coativa a que se vê submetida a vítima representam, por si mesmos, formas de tratamento cruel e desumano, lesivas da [integridade] psíquica e moral da pessoa e do direito de toda pessoa privada de liberdade ao respeito devido à dignidade inerente ao ser humano (…). Além do que (…) tal prática inclui o trato desumano aos presos, os quais se vêem submetidos a todo tipo de vexames, torturas e outros tratos cruéis, desumanos e degradantes, também em violação ao direito à integridade física (…) A prática dos desaparecimentos, enfim, tem implicado com freqüência na execução dos presos, em segredo e sem submetê-los a julgamento, seguida da ocultação do cadáver com o objetivo de apagar todos os vestígios materiais do crime e buscar a impunidade daqueles que o cometeram (…)” Ibsen Cárdenas e Ibsen Pena vs. Bolívia (Corte IDH, 2010)105: “82. El Tribunal ha señalado que los actos constitutivos de desaparición forzada tienen carácter permanente mientras no se conozca el paradero de la víctima o se hallen sus restos (supra párrs. 59 y 67). Sin embargo, particularmente en relación con este ultimo aspecto, no se trata meramente del acto de encontrar los restos de una determinada persona sino que ello, lógicamente, debe ir acompañado de la realización de las pruebas o análisis que permitan comprobar que, efectivamente, esos restos corresponden a esa persona. Por lo tanto, en casos de presunta desaparición forzada en que existan indicios de que la alegada víctima ha fallecido, la determinación de si se ha configurado dicho fenómeno y la cesación del mismo, en su caso, implica, necesariamente, establecer de la manera más fehaciente la identidad del individuo a quien pertenecen los restos recolectados. En tal sentido, la autoridad correspondiente debe proceder a la pronta exhumación de éstos para que sean examinados por un profesional competente. Dicha exhumación debe llevarse a cabo de forma que proteja la integridad de los restos a fin de establecer, en la medida de lo posible, la identidad de la persona fallecida, la fecha en que murió, la forma y causa de muerte, así como la existencia de posibles lesiones o indicios de tortura.” 3.2.2.1.3.3.3. Direito comparado. 3.2.2.1.3.3.3.1. Argentina: • Videla (CSJN, 2003)106: Lo expuesto permite sostener que las conductas que el juez de grado calificó como "desaparición forzada de personas" y que fueran subsumidas en el art. 144 bis del Código Penal, ya eran crímenes contra la humanidad en el momento de su comisión más allá de que la denominación "desaparición forzada de personas" fuera adoptada de manera casi simultánea con la comisión de tales crímenes. Sin embargo, como ha quedado demostrado, de ningún modo las conductas por las que Videla se encuentra procesado eran lícitas al momento de su ejecución. Por ello, desde el punto de vista del principio de legalidad, por el cual nadie 37 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo • • puede ser penado sin juicio previo fundado en ley anterior al hecho del proceso, no existe óbice alguno para calificar las conductas de Videla como crímenes contra la humanidad y a la vez subsumirlas en un tipo penal previsto por el Código Penal argentino. Videla: “Si bien todos los casos no presentan idénticas situaciones de hecho, en todos ellos se advierte una manifiesta ilegalidad de la privación de la libertad, circunstancia que justifica la subsunción de las conductas realizadas por Jorge Rafael Videla en el tipo penal previsto en el art. 144 bis del Código Penal (según Ley 14.616) que prevé la conducta del funcionario público que, con abuso de sus funciones o sin las formalidades prescriptas por la ley, privase a alguno de su libertad personal.” Gualtieri Rugnone de Prieto e outros (CSJN, 2009)107: trata-se de um caso recente bastante interessante, a respeito da substração, retenção e ocultação de uma criança de 10 anos, filha de uma desaparecida política, c.c. os crimes de supressão e alteração de identidade da criança e falsidade ideologica. O voto concorrente dos Juízes Zaffaroni e Lorenzetti merece destaque: “es claro que el incalificable crimen contra la humanidad que en uno de sus pasos se investiga en esta causa [o sequestro es de naturaleza pluriofensiva y, por ende, reconoce una pluralidad de sujetos pasivos, uno de los cuales es la víctima secuestrada, pero otros son los deudos de las personas eliminadas y parientes biológicos de la víctima sobreviviente. Su condición de sujetos pasivos es incuestionable en el plano jurídico nacional e internacional, pero más aún lo es en el de la realidad del mundo. Se trata de personas a las que se les ha desmembrado la familia, que han visto todos sus proyectos arrasados por la barbarie, son padres que perdieron a sus hijos, hermanos que perdieron a sus hermanos, cónyuges que perdieron a sus cónyuges, desaparecidos para siempre en las brumas de campos de concentración y exterminio, en muchos casos sin saber jamás el día de su muerte, sus circunstancias, privados incluso de los restos mortales, de una posibilidad.” 3.2.2.1.3.3.3.2. Chile. • Caso Vila Grimaldi/Ocho de Valparaíso (sentença da Corte de Apelaciónes de Santiago, 2010)108: “51°) Que, las defensas (…)estiman que, en el caso de autos, no hubo delitos de secuestro de personas sino de detención ilegal, por cuanto el primer ilícito sólo pueden cometerlo los particulares y el segundo es delito propio de los funcionarios públicos, en caso de encerrar o detener contra derecho a un tercero. 52°) Que, tales pretensiones deben ser rechazadas (…) porque en el delito de 38 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo secuestro se sanciona a quien, sin derecho, encerrase a otro privándole de su libertad; ahora bien,”sin derecho” involucra una infracción substancial al régimen de detención, importa una absoluta falta de legalidad en la detención o encierro, una ausencia de motivación suficiente; en cambio, la institución de la detención o arresto, contemplada en el artículo 148 del Código punitivo, es de naturaleza jurídica con fines y contenidos precisos y predeterminados, reglamentados en los artículos 251 a 272, 278 y 280 a 305 del Código de Procedimiento Penal; por ende, la detención inmotivada, ”sin derecho”, transforma el ilícito en un secuestro y aunque la detención o encierro la realice un sujeto investido de autoridad, cual es el caso de los acusados, pero carente de legitimidad para llevarlo a cabo, se ejecuta un delito de secuestro. Además, en la especie, hubo restricción de la libertad ambulatoria de varias personas, sin justificación jurídica alguna, ni orden competente, con fines ajenos a las labores propias de las Fuerzas Armadas y de Orden y Seguridad.” 3.2.2.1.3.3.3.3. Peru: • Gabriel Orlando Vera Navarrete (Tribunal Constitucional, 2004)109: “23. La desaparición forzada de personas es un delito pluriofensivo, por cuanto afecta la libertad física, el debido proceso, el derecho a la integridad personal, el reconocimiento de la personalidad jurídica y, como ya se ha señalado, el derecho a la tutela judicial efectiva. La vigencia de estos derechos es absoluta, por lo que su protección se encuentra regulada en el Derecho Internacional de los Derechos Humanos y el Derecho Internacional Humanitario. 24. En efecto, la desaparición forzada de personas supone generar una cruel sensación de incertidumbre tanto para la persona desaparecida como para sus familiares, los mismos que pasan a ser víctimas directas de este grave hecho. Por ello, el Derecho Internacional reconoce a la desaparición forzada como una de las modalidades más graves de violaciones de los derechos humanos.” 3.2.2.1.3.4. Natureza permanente do desaparecimento forçado de pessoas. 3.2.2.1.3.4.1. Tratados e declarações internacionais. 3.2.2.1.3.4.1.1. Declaração sobre a proteção de todas as pessoas contra os desaparecimentos forçados (ONU, 1992)110: Art. 17.1. Todo ato de desaparecimento forçado será considerado delito continuado enquanto seus autores prosseguirem ocultando o destino e o paradeiro da pessoa 39 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo desaparecida e enquanto não se tenham esclarecido os fatos.” 3.2.2.1.3.4.2. • • • Jurisprudência internacional. Trujillo Oroza vs. Bolivia (Corte IDH, 2002)111: “8. (...) Hay, pues, que tener siempre presente, en cuanto al aspecto material de la cuestión aquí tratada, que la desaparición forzada de personas constituye, primero, una forma compleja de violación de los derechos humanos; segundo, una violación particularmente grave; y tercero, una violación continuada o permanente (hasta que se establezca el destino o paradero de la víctima). (…)” Trujillo Oroza: “10. En el supuesto del que ahora conoce la Corte, la violación del derecho a la libertad se realiza por medio de un hecho (una actividad, supra 2, c) que se prolonga sin interrupción y corresponde, penalmente, a la categoría del delito continuo o permanente (supra, párr. 2). La violación subsiste, también ininterrumpidamente, mientras dura la privación de libertad.” (voto concorrente do Juiz Sérgio Garcia Ramirez) Ibsen Cárdenas e Ibsen Pena vs. Bolivia (Corte IDH, 2010)112: “57. El fenómeno de la desaparición forzada de personas requiere de un análisis sistémico y comprensivo, por lo cual este Tribunal considera adecuado reiterar el fundamento jurídico que sustenta la necesidad de una perspectiva integral de la desaparición forzada en razón de la pluralidad de conductas que, cohesionadas por un único fin, vulneran de manera permanente, mientras subsistan, bienes jurídicos protegidos por la Convención. (…) 59. Por otra parte, en el derecho internacional la jurisprudencia de este Tribunal ha sido precursora de la consolidación de una perspectiva comprensiva de la gravedad y el carácter continuado o permanente y autónomo de la figura de la desaparición forzada de personas, en la cual el acto de desaparición y su ejecución se inician con la privación de la libertad de la persona y la subsiguiente falta de información sobre su destino, y permanece hasta tanto no se conozca el paradero de la persona desaparecida y se conozca con certeza su identidad. De conformidad con todo lo anterior, la Corte ha reiterado que la desaparición forzada constituye una violación múltiple de varios derechos protegidos por la Convención Americana que coloca a la víctima en un estado de completa indefensión, acarreando otras vulneraciones conexas, siendo particularmente grave cuando forma parte de un patrón sistemático o práctica aplicada o tolerada por el Estado. (…) 60. La caracterización pluriofensiva y continuada o permanente de la desaparición forzada, plasmada en la jurisprudencia de este Tribunal, se desprende no sólo de la propia 40 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo definición del artículo II de la Convención Interamericana sobre Desaparición Forzada de Personas46, de la cual el Estado boliviano es parte (supra párr. 19), los travaux préparatoires a ésta, su preámbulo y normativa, sino también de otras definiciones contenidas en diferentes instrumentos internacionales que, asimismo, señalan como elementos concurrentes y constitutivos de la desaparición forzada: a) la privación de la libertad; b) la intervención directa de agentes estatales o la aquiescencia de éstos, y c) la negativa de reconocer la detención y de revelar la suerte o paradero de la persona interesada. En ocasiones anteriores, este Tribunal ya ha señalado que, además, la jurisprudencia del Sistema Europeo de Derechos Humanos, las decisiones de diferentes instancias de las Naciones Unidas, al igual que varias Cortes Constitucionales de los Estados americanos y altos tribunales nacionales, coinciden con la caracterización indicada. 67. De todo lo anterior, puede concluirse que los actos constitutivos de desaparición forzada tienen carácter permanente (…).” 3.2.2.1.3.4.3. Direito comparado. 3.2.2.1.3.4.3.1. Bolívia. • Trujillo Oroza (Tribunal Constitucional, 2001)113: Considerando: Que, el Auto Inicial de Instrucción calificó los hechos objeto de juzgamiento dentro de las descripciones típicas de los artículos 292 y 295 del Código Penal; esto es, por los delitos de privación de libertad, vejaciones y torturas; correspondiendo por tanto determinar si el Juez Quinto de Instrucción en lo Penal y los Vocales de la Sala Penal Primera del Distrito Judicial de Santa Cruz, al declarar extinguida la acción penal por prescripción aplicaron correctamente los preceptos legales sobre la materia o sí, por el contrario, los derechos fundamentales invocados por la recurrente (arts. 6, 7, 8, 9 y 12 de la Constitución) han sido lesionados; lo cual requiere un estudio analítico de los preceptos aplicables al caso. Considerando: Que, el art. 30 del Código de Procedimiento Penal vigente, establece lo siguiente: "Artículo 30.- (Inicio del término de la prescripción). El término de la prescripción empezará a correr desde la media noche del día en que se cometió el delito o en que cesó su consumación". Del contenido de la norma procesal trascrita se extrae que la prescripción comienza a correr, según nuestro ordenamiento procesal penal, desde la medianoche del día en que se cometió el delito para las infracciones penales instantáneas; y que, en los delitos permanentes, la prescripción comienza a correr desde el momento en que cesa su consumación. En este orden, corresponde precisar que los delitos por la 41 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo duración de la ofensa al bien jurídico atacado, se clasifican en tipos instantáneos y tipos permanentes. En los delitos instantáneos, la ofensa al bien jurídico cesa inmediatamente después de consumada la conducta típica (Ej. El delito de homicidio); en cambio, en los delitos permanentes, la actividad consumativa no cesa al perfeccionarse la acción típica sino que perdura en el tiempo, de modo que todos los momentos de su duración, se imputan como consumación de la acción delictiva. Que, la privación ilegal de libertad o detenciones ilegales, conforme lo entiende de manera uniforme la doctrina y la jurisprudencia comparada, es un delito permanente; debido a que en la ejecución de la acción delictiva, el o los autores, están con el poder de continuar o cesar la acción antijurídica (privación ilegal de libertad) y que mientras ésta perdure, el delito se reproduce a cada instante en su acción consumativa. 3.2.2.1.3.4.3.2. Chile. • Caso Vila Grimaldi/Ocho de Valparaíso (sentença da Corte de Apelaciónes de Santiago, 2010)114: “Asimismo, procede recordar lo expresado por la doctrina, desde antigua data, en cuanto a que los delitos de secuestro, ilícitos materia de la acusación de oficio, tienen el carácter de permanente, esto es, se trata de un estado delictuoso que se prolonga en el ámbito temporal mientras subsista la lesión del bien jurídico afectado. En cuanto a su consumación, este delito es permanente, y se prolonga mientras dura la privación de libertad. Sólo al cesar ésta comienza a contarse el plazo de prescripción.” 3.2.2.1.3.4.3.3. Peru: • Gabriel Orlando Vera Navarrete (Tribunal Constitucional, 2004): “(…) entre el 7 de mayo y el 1 de julio de 1992 no existió, taxativamente, en el Código Penal la figura típica correspondiente a la desaparición forzada de personas. Sin embargo, este Tribunal se ha pronunciado con anterioridad respecto a la naturaleza permanente del delito de desaparición forzada de personas. En efecto, en la sentencia recaída en el Expediente N.° 2488-2002HC/TC [Genaro Villegas Namuche], éste Tribunal señaló expresamente que no se vulnera la garantía de la lex previa derivada del Principio de Legalidad Penal, en caso se aplique a un delito permanente una norma penal que no haya entrado en vigencia antes del comienzo de su ejecución, pero que resulta aplicable mientras el mismo sigue ejecutándose. En tal sentido, el hecho de que la figura típica de desaparición forzada de personas no haya estado siempre vigente, no resulta impedimento, para que se lleve a cabo el correspondiente proceso penal por dicho delito y se sancione a los responsables. Esta 42 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo apreciación se fundamenta, además, en lo dispuesto en el artículo III de la Convención Interamericana sobre desaparición forzada de personas (…)”. 3.2.2.1.4. A qualificação dos fatos como execução sumária. 3.2.2.1.4.1. Elementos da execução sumária: 3.2.2.1.4.1.1. Jurisprudência internacional. • • • 3.2.2.2. Almonacid Arellanos v. Chile (Corte IDH, 2004)115: “Murder as a crime against humanity was included for the first time in Article 6(c) of the Charter of the International Military Tribunal of Nuremberg which was appendixed to the Agreement to establish an International Military Tribunal for the trial and punishment of the main war criminals of the European Axis countries, signed in London on August 8, 1945 (the “London Charter”). Shortly afterwards, on December 20, 1945, the Control Council Law No.10 also considered murder as a crime against humanity in its Article II(c). Similarly, the crime of murder was included in Article 5(c) of the Charter of the International Military Tribunal for the trial of the main war criminals of the Far East (Tokyo Charter), adopted on January 19, 1946.” Almonacid Arellanos: “the Court acknowledges that crimes against humanity include the commission of inhuman acts, such as murder, committed in a context of generalized or systematic attacks against civilians.” Almonacid Arellanos: “(…) in 1973, year in which Mr. Almonacid-Arellano died, the commission of crimes against humanity, including murder committed in the course of a generalized or systematic attack against certain sectors of the civil population, was in violation of a binding rule of international law. Said prohibition to commit crimes against humanity is a ius cogens rule, and the punishment of such crimes is obligatory pursuant to the general principles of international law.” Crimes conexos estão abrangidos pela sentença? 3.2.2.2.1. Quadrilha. 3.2.2.2.1.1. Direito internacional. • Princípios de Direito Internacional reconhecidos na Carta do Tribunal de Nuremberg e nos julgamentos do Tribunal, com comentários (International Law Commission, 1950)118: “Complicity in the commission of a crime against peace, a war crime, or a crime against humanity as set forth in Principle VI is a crime under international law. 125. The only provision in the Charter of the Niirnberg Tribunal 43 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo regarding responsibility for complicity was that of the last paragraph of article 6 which reads as follows: "Leaders, organizers, instigators and accomplices participating in the formulation or execution of a common plan or conspiracy to commit any of the foregoing crimes are responsible for all acts per- formed by any persons in execution of such a plan." 3.2.2.2.1.2. Direito comparado. 3.2.2.2.1.2.1. • Argentina: Videla (CSJN, 2003)119: [E]l delito de asociación ilícita, cuando es ejecutado por el estado desde sus propias organizaciones de poder, debe ser considerado un crimen contra el derecho de gentes. Uno de los requisitos ineludibles para que el delito de asociación ilícita pueda integrar dicha categoría de ilícitos es que la organización tenga el propósito de cometer crímenes contra la humanidad, crímenes de guerra o cualquier otro crimen contra el derecho internacional. Por ello, deben considerase excluidas de esta categoría a aquellas organizaciones criminales que no tengan por objeto la comisión de tales ilícitos. Como sucede con cualquier otro crimen contra la humanidad, la organización debe necesariamente contar con la participación del estado o, al menos, debe actuar con la tolerancia del poder político (sea este de iure o de facto) y debe integrar un plan de ataque masivo y sistemático contra una población civil (...) En el fallo recién citado se omitió considerar lo normado en los art. 9, 10 y 11 del Estatuto del Tribunal de Nüremberg, a pesar de que dichos artículos otorgan elementos importantes para evaluar al delito de asociación ilícita como un crimen contra el derecho internacional. (...) El art. 9 establece: "En el juicio de cualquier individuo miembro de un grupo o de una organización, el Tribunal podrá declarar (en conexión con cualquier acto por el cual el individuo fuera convicto) que el grupo o la organización a la cual el individuo pertenecía era una organización criminal. Después de recibida la acusación, el Tribunal hará conocer en la forma que lo creyere conveniente, que el ministerio público se propone pedir al Tribunal una declaración a ese efecto, y cualquier miembro de la organización tendrá derecho a solicitar del Tribunal que se le oiga con respecto al carácter criminal de la organización. El Tribunal podrá admitir o rechazar la petición. En caso de que fuera admitida, el Tribunal dispondrá la forma en que los peticionarios serán representados y oídos". Seguidamente, el art. 10 establece: "En el caso de que una organización o grupo fuera declarado criminal por el Tribunal, la autoridad nacional competente de cada Signatario tendrá derecho 44 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo • para someter a juicio de tribunales nacionales, militares o de ocupación, a individuos que hayan sido miembros de aquel grupo o de aquella organización. En estos casos el carácter criminal del grupo o de la organización se considerará probado y no podrá ser discutido" (...) Por lo tanto, el miembro de alguna organización que el Tribunal haya declarado criminal puede ser castigado subsiguientemente por el crimen de formar parte de la organización hasta con la pena de muerte. Esto no significa que las cortes militares o internacionales que juzgarán a estas personas no harán un ejercicio adecuado de los estándares de justicia. Este es un proceso nuevo y de largo alcance. [...] El hecho ilícito de tomar parte en una organización criminal para cometer crímenes contra la humanidad no sólo fue tenido en consideración por el Tribunal Internacional de Nüremberg y, posteriormente, por los tribunales militares y nacionales que funcionaron bajo el imperio de la Ley Nro. 10 del Consejo de Control Aliado, sino que también fue tenido en cuenta en el caso Eichmann, quien fue condenado por un tribunal nacional por el hecho de haber integrado la "SD", las "SS" y la "Gestapo" (...) Por lo expuesto, no quedan dudas acerca de que el delito de asociarse con fines criminales, que nuestro Código Penal prevé en el Capítulo II del Título VIII, tiene su correlato en el derecho penal internacional. En otras palabras, el asociarse con el propósito de cometer crímenes contra la humanidad es una conducta prohibida por el derecho de gentes y, por lo tanto, corresponde darle el mismo tratamiento que se explicitó en el punto II de la presente resolución. Arancibia Clavel (CSJN, 2004)120: 9°) Que según quedó establecido en la sentencia del tribunal oral Arancibia Clavel tomó parte a partir de marzo de 1974 en una asociación ilícita (la Dirección de Inteligencia Nacional -la llamada DINA exterior-, dependiente del gobierno de facto chileno), cuya actividad consistía en la persecución de opositores políticos al régimen de Pinochet que se encontraban exiliados en nuestro país. Tales actividades incluían, entre otros delitos, la comisión de homicidios, secuestros, sometimiento a interrogatorios bajo tormentos y falsificación de documentos de identidad. Dentro de esa organización, Arancibia Clavel, por sus contactos con servicios de inteligencia y policiales argentinos, tenía a su cargo la formación de una red de colaboradores locales e informantes que aportaran datos sobre los perseguidos por el régimen chileno. 10) Que dicha conducta se encuentra descripta en forma clara y circunstanciada, y en tanto significa tomar parte en forma permanente en una asociación integrada por más de tres personas destinada a cometer delitos, resulta subsumible en el art. 210 del Código Penal.” 45 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo • • • • • Arancibia Clavel: “51) Que existen, pues, claros vínculos entre los conceptos de asociación ilícita, conspiración en el sentido del derecho anglosajón y conspiración para cometer crímenes de lesa humanidad como para considerar configurado un delito que consiste en el acuerdo para cometer crímenes de ese carácter o por la participación voluntaria en organizaciones cuyo objetivo es Ccomo en el casoC la persecución de opositores políticos. En efecto, la conciencia de la comunidad internacional respecto a la necesidad de castigar la conspiración (oasociación ilícita) para cometer crímenes de lesa humanidad se ha ido fortaleciendo desde sus esbozos en la Carta de Londres hasta su tipificación positiva en la Convención para la Prevención y Sanción del Delito de Genocidio (art. III, inc. b) y el Estatuto de Roma que demuestran que el orden público internacional estima que existe un sólido vínculo entre ese tipo de actos preparatorios y el delito mismo.” Arancibia Clavel: “16) Que aun cuando tal construcción sólo presente coincidencias parciales con la figura de la asociación ilícita prevista en nuestra legislación (art. 210, Código Penal), ambas comparten el carácter de "delitos de preparación", susceptibles de ser alcanzados por la consecuencia de la imprescriptibilidad. Así, la redacción de la convención es lo suficientemente amplia como para que quede abarcada por ella la conducta de quien presta su colaboración en forma permanente a una agrupación destinada a perseguir opositores politicos por los medios que utilizaba la DINA, asumiendo como función, al menos, el facilitar y apoyar los delitos del grupo por medio de la consolidación de una "red de informantes" y "contactos" con funcionarios policiales y militares destinados a obtener datos sobre los posibles perseguidos y, en su caso, a garantizar la impunidad de los autores materiales de crímenes de lesa humanidad.” (voto do Juiz Petracchi) Arancibia Clavel: “Si se discute lo atinente a la imprescriptibilidad de una asociación ilícita cuyo objeto era la comisión de tales crímenes, el instrumento normativo que debe regir la interpretación es la "Convención sobre la Imprescriptibilidad de los Crímenes de Guerra y de los Crímenes de Lesa Humanidad" (conf. ley 24.584 y decreto 579/2003), que adquirió jerarquía constitucional por ley 25.778.” Arancibia Clavel: “No podría sostenerse que si los homicidios, la tortura y los tormentos, la desaparición forzada de personas, son delitos contra la humanidad, el formar parte de una asociación destinada a cometerlos no lo sea, pues constituiría un contrasentido tal afirmación, toda vez que este último sería un acto preparatorio punible de los otros.” Arancibia Clavel: “De lo dispuesto por la Convención 46 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo Interamericana sobre Desaparición Forzada de Personas, la Carta de las Naciones Unidas, la Declaración Universal de Derechos Humanos, la Declaración Americana de los Derechos y Deberes del Hombre, el Estatuto de Roma de la Corte Penal Internacional y la Convención sobre la Imprescriptibilidad de los Crímenes de Guerra y de los Crímines de Lesa Humanidad se desprende que dentro de la clasificación de los crímenes contra la humanidad, también se incluye el formar parte de una organización destinada a cometerlos, con conocimiento de ello.” 3.2.2.2.2. Subtração de menores e falsidade documental. 3.2.2.2.2.1. Direito comparado. Em Gualtieri (2009) e Gómez (2009), a Corte Suprema de Justiça da Argentina debates aspectos de crimes relacionados à adoção de filhos de desaparecidos políticos mediante falsificação de documentos. Em Gualtieri (2009), os juízes Zaffaroni e Lorenzetti identificaram claramente o conflito entre o direito dos familiares dos desaparecidos à verdade e o direito da vitima (que tecnicamente ainda se encontra em situação de seqüestro, dada a natureza permanente do delito) - filho ou filha da desaparecida política a não ser revitimizada pelas conseqüências decorrentes da revelação da verdade, dentre elas a instauração de ação penal contra os falsos pais. 3.2.2.2.2.1.1. • • Argentina Gomes (2009): “(…) el tribunal a quo había sostenido que la acción penal del ilícito cuya participación necesaria fue atribuida a Jorge Luis Magnacco no se encontraba prescripta por tratarse de un delito de lesa humanidad, en razón de que el hecho en cuestión había formado parte de un plan sistemático que incluyó la sustracción del menor y la desaparición de su madre; resultando de aplicación el derecho internacional de los derechos humanos que impone la impres- criptibilidad de esa clase de delitos. Gualtieri (2009)121: “Que en la presente causa se investigan los delitos de sustracción, retención y ocultamiento de menores de 10 años (artículo 146 del Código Penal), supresión y/o alteración de la identidad de un menor de 10 años (artículo 139 inc. 2°, del Código Penal) y falsedad ideológica de instrumentos destinados a acreditar la identidad de las personas (artículo 293 del código citado), hechos que a su vez aparecen vinculados con sucesos que constituyen crímenes de lesa humanidad, cuales son la desaparición forzada de personas de la que resultarían víctimas María Ester Peralta y Oscar Alfredo Zalazar. (…) Que en la especie, no sólo aparece como víctima Guillermo Gabriel Prieto, quien cuestiona la medida. También ostenta ese rol Petrona Catalina Izaguirre de Peralta, que actúa como 47 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo querellante en la causa, y es la madre de María Ester Peralta, que fue secuestrada el 29 de abril de 1976 en la Villa 21 de Barracas, en esta ciudad, por un grupo supues- tamente perteneciente a la Policía Federal Argentina, cuando se hallaba embarazada de cinco meses, y continúa desaparecida a la fecha. La nombrada, adjudica a Guillermo Gabriel Prieto la posibilidad de ser su nieto biológico, que habría nacido en cautiverio. (…) Que, esta Corte tiene dicho que cuando la Nación ratifica un tratado que firmó con otro Estado, se obliga internacionalmente a que sus órganos administrativos y juris- diccionales lo utilicen en los supuestos de hecho que hagan posible su aplicación inmediata (Fallos: 311:2497 y 326:2805, voto del juez Maqueda, entre otros). 18) Que, asimismo, en Fallos: 326:2805 (voto del juez Maqueda), en el cual se investigaban hechos similares a los que son objeto de este proceso penal, este Tribunal en- tendió que dichos delitos son una consecuencia directa de la desaparición forzada de personas y éstos constituyen crímenes de lesa humanidad, y así lo ha sostenido esta Corte en el precedente "Simón" (Fallos: 328:2056, voto del juez Maqueda). 3.2.2.2.3. Favorecimento pessoal. 3.2.2.2.3.1. Direito comparado. 3.2.2.2.3.1.1. • Argentina: Navarro (Cámara Federal de La Plata, 2003). A decisão estende as consequencias jurídicas da caracterização de uma conduta como “crime contra a humanidade”, em caso de destruição de provas cometido após o encerramento do período militar. 4. Problema de retroatividade in malam partem. 4.1. Apresentação do problema. As principais questões controvertidas neste tópico e no seguinte dizem respeito à incidência, no caso, das garantias constitucionais e convencionais da legalidade (em particular das garantias nullum crimen sine lege certa e sine lege scripta) e da irretroatividade da lei penal prejudicial (nullum crimen, sine praevia lege). Aplicando-se tipologia utilizada por Alexy, no já citado artigo em que analisa a doutrina adotada pelo Tribunal Constitucional Federal alemão no julgamento dos processos de homicídio cometidos por sentinelas do Muro de Berlim, podemos distinguir as seguintes opções interpretativas para a discussão a respeito da incidência da garantia da ultratividade da lei penal prejudicial ao presente caso: 48 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo 4.2. A investigação e sanção dos responsáveis por graves atentados a direitos humanos durante o regime militar afeta o âmbito de proteção da proibição da irretroatividade da lei penal prejudicial porque a imprescritibilidade dos crimes contra a humanidade deriva exclusivamente de tratado internacional ratificado após a ocorrência dos fatos. A posição é amplamente minoritária no direito internacional e no direito comparado. No Brasil, foi adotada como fundamento do pedido de arquivamento da investigação da morte de Vladimir Herzog pelo Procurador Fábio Eliseu Gaspar nos seguintes termos: “Teria ele [o direito cosumeiro invocado] vigência internamente no Brasil? Não, pois costume é norma não escrita e, justamente por tal motivo, não se submete a processo de internalização, também não havendo norma interna brasileira que faça remissão à adoção, no âmbito interno, de semelhante costume internacional. Observa-se que os princípios e normas de ius cogens, a que se refere o parecer, são de Direito Internacional Público, sempre havendo, para aplicação interna, necessidade de algum procedimento de internalização ou remissão específicos.” Na Argentina, é a posição minoritária na Corte Suprema de Justiça da Nação, adotada pelo Juiz Fayat. 4.2.1. Jurisprudência internacional. 4.2.2. Direito comaprado. 4.2.2.1. • • • Argentina. Mazzeo (CSJN, 2007)122: “([E]l principio [da irretroatividade da lei penal prejudicial] abarca a todos los presupuestos de punibilidad y no está limitado al ámbito de lo imputable (...): especialmente, también la prescripción ha de estar legalmente determinada y no cabe prorrogarla retroactivamente, tanto si antes del acto de prórroga ha expirado el plazo como si no. El aspecto de confianza de carácter psicológico, extravía hasta llevar a la asunción de que la prescripción no es objeto del principio de legalidad, dado que aquélla no desempeña en el cálculo del autor papel alguno digno de protección. Pero no se trata de eso. Más bien lo decisivo es que el Estado, al prorrogar el plazo de prescripción (...) amplía su competencia para punir, y ello, en la retroactividad deliberada…” (dissidência do juiz Fayat). Mazzeo: “La inclusión de tratados con jerarquía constitucional no pudo significar en modo alguno que en caso de que esa categoría de tratados contuviera disposiciones contrarias a la Primera Parte de la Constitución (como la retroactividad de la ley penal), aquéllos deban primar sobre el derecho interno.” (dissidência do juiz Fayat). Mazzeo: “No deben ser confundidos el principio de imprescriptibilidad de los crímenes de lesa humanidad previsto en la Convención sobre la Imprescriptibilidad de los Crímenes de Guerra y de los Crímenes de Lesa Humanidad, con su aplicación retroactive.” (dissidência do juiz Fayat). 49 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo 4.3. A investigação e sanção dos responsáveis por graves atentados a direitos humanos durante o regime militar não afeta o âmbito de proteção da proibição da irretroatividade da lei penal prejudicial porque os crimes contra a humanidade já eram considerados imprescritíveis à época dos fatos pelo costume internacional, norma cogente. É a posição majoritária tanto na jurisprudência internacional quanto no direito comparado dos demais países do continente. 4.3.1. Jurisprudência internacional. • Kolk and Kislyiy v. Estonia (ECHR, 2006)123: “[Kolk and Kislyiy] pointed out that the acts in respect of which they were convicted had taken place in 1949 in the territory of the Russian Soviet Federative Socialist Republic of Estonia. At the time the events occurred the Criminal Code of 1946 of the Russian Federative Socialist Republic was applicable in the territory of Estonia. The said code did not contemplate crimes against humanity. The responsibility for crimes against humanity was not established in Estonia until November 9, 1944 [...] The Court points out that even though the acts committed by Kolk and Kislyiy might have been considered crimes under the Soviet laws then in force, the Estonian courts considered them as crimes against humanity under international law at the time of their commission. The Court considers that there is no reason to conclude otherwise. [...] Therefore, the Court considers that the allegations of the appellants do not have sufficient grounds to state that their acts did not constitute crimes against humanity at the moment of their commission. [...] Furthermore, there is no statutory limitation that may be applicable to the crimes against humanity, irrespective of the date on which they were committed. [...]” 4.3.2. Direito comparado. 4.3.2.1. • • • • Argentina: Arancibia Clavel (CSJN, 2004)124: “No se da una aplicación retroactiva de la Convención de Imprescriptibilidad de Crímenes de Guerra y Lesa Humanidad, si los hechos por los cuales se condenó al encartado, ya eran imprescriptibles para el derecho internacional al momento de cometerse, pues en el marco de la evolución del derecho internacional de los derechos humanos, la citada convención ha representado únicamente la cristalización de principios ya vigentes para nuestro Estado Nacional como parte de la Comunidad Internacional.” Arancibia Clavel: “[N]o hay una violación del principio "nulla poena sine lege", en la medida en que los crímenes de lesa humanidad siempre estuvieron en el ordenamiento y fueron reconocibles para una persona que obrara honestamente conforme a los principios del estado de derecho.” (voto do Juiz Lorenzetti) Simón (CSJN, 2005)125: “36) Que de antaño y hogaño, esta Corte ha considerado que las normas del ius cogens del derecho internacional consuetudinario forman parte del derecho interno ("the law of the land", Fallos: 43:321; 125:40; 176:218; 178:173; 182:185, entre muchos otros).” (voto do juiz Boggiano). Simón: “32) Que en consecuencia, los hechos contemplados en las leyes 23.492 y 23.521 eran considerados crímenes contra la humanidad por el 50 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo • • 4.3.2.2. • • derecho internacional de los derechos humanos vinculante para la Argentina, con antelación a su comisión, de lo que se deriva como lógica consecuencia la inexorabilidad de su juzgamiento y su consiguiente imprescriptibilidad. De tal modo, en manera alguna puede argumentarse que se trate de una aplicación retroactiva de la Convención al caso, puesto que la esencia que se recoge en el instrumento internacional era la regla según la costumbre internacional que se encontraba vigente desde la década de 1960, a la cual adhería el Estado argentino criterio que, por otra parte fue sostenido por la Corte Interamericana de DerechosHumanos al resolver el caso "Barrios Altos"” (voto da Juíza Nolasco) Simón: “83) Que lo hasta aquí expresado en modo alguno implica desconocer el principio nullum crimen sine lege por cuanto la conducta materia de juzgamiento, al momento de los hechos, no sólo estaba prevista en el derecho internacional (…) sino que también constituía un delito para el Código Penal argentino. (…) [E]l encuadramiento de aquellas conductas investigadas en los tipos penales locales en modo alguno implica eliminar el carácter de crímenes contra la humanidad ni despojarlos de las consecuencias jurídicas que les caben por tratarse de crímenes contra el derecho de gentes. (…) 85) Que en cuanto a la objeción del recurrente de que sería contrario al principio de legalidad material (…) tomar en consideración una figura delictiva no tipificada en la legislación interna, como la desaparición forzada de personas (…) cabe afirmar que el delito de desaparición forzada de personas se encontraba tipificado en distintos artículos del Código Penal argentino, pues no cabe duda que el delito de privación ilegítima de la libertad previsto en dicho código contenía una descripción lo suficientemente amplia como para incluir también, en su generalidad, aquellos casos específicos de privación de la libertad que son denominados "desaparición forzada de personas" (art. 141 y, particularmente, 142 y 144 bis). (…) Ello significa que aquellos tipos penales, en cuyas descripciones pudiera subsumirse la privación de la libertad que acompaña a toda desaparición forzada de personas, adquirieron, en esa medida, un atributo adicional —la condición de lesa humanidad, con las consecuencias que ello implica— en virtud de una normativa internacional que las complementó.” (voto do Juiz Maqueda) Simón: “14) (...) cuanto a su calificación como crímenes de lesa humanidad, tampoco es discutible, desde que los más graves crímenes cometidos en la Segunda Guerra Mundial y juzgados conforme al Estatuto de Nürnberg fueron precisamente masivas privaciones ilegales de libertad seguidas de torturas y de homicidios alevosos. (voto do Juiz Zaffaroni). Chile. Uribe Tambley y van Jurick Altamirano (Corte de Apelaciones de Santiago, 1994)126: “Ante todo, la Corte estableció que en el momento de comisión de los hechos —1974— existía en Chile una guerra interna y, por lo tanto, eran aplicables los Convenios de Ginebra (CG) de 1949 ratificados por ese país en 1951. En consecuencia, consideró que los delitos de secuestro y tortura eran crímenes de guerra y, como tales, imprescriptibles y no sujetos a amnistías según el derecho internacional.” Exposição de motivos do projeto de “lei interpretativa”127 para adequar a legislação penal chilena aos tratados internacionais e mais particularmente à decisão da Corte IDH em Almonacid-Arellano. O projeto exclui a incidência 51 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo da prescrição, indulto e anistia a crimes contra a humanidade: “No se vulnera el principio de irretroactividad de la ley penal. Se ha sostenido una infracción de la prohibición de irretroactividad en la aplicación de tratados internacionales posteriores al acaecimiento de los hechos, argumento falaz, en razón a que se trata de una ratificación convencional de hechos que ya eran delictivos en el ámbito interno, al momento de su ocurrencia, lo que acontece… cuando se lo realiza en un país en forma masiva y sistemática, haya de ser calificado jurídicamente como un delito contra la humanidad, con el fin que le sean aplicables todas las reglas concernientes a este último, entre ellas la obligación de plena colaboración internacional para su persecución y castigo, amplias posibilidades de extradición y la imprescriptibilidad de la responsabilidad consiguiente. Desde la perspectiva del Derecho Penal Internacional, sostiene Ambos, que “una violación de la prohibición de retroactividad es negada unánimemente, porque ésta no habría de entenderse de modo estrictamente formal, esto es, como un principio que exige un tipo penal escrito al momento de la comisión del hecho. La prohibición de retroactividad de derecho penal internacional se orienta al carácter del derecho internacional como un ordenamiento jurídico dinámico. Por ello, es suficiente si la acción en cuestión es punible según los principios no escritos del derecho consuetudinario. Por lo general esto es afirmado con el argumento de que los hechos en cuestión –guerra de agresión, crímenes contra la humanidad y crímenes de guerra- ya eran punibles en el momento del hecho según la costumbre internacional”. No se vulnera la prohibición de retroactividad de la ley penal, pues esta se refiere a la descripción del hecho (que estaba descrito con anterioridad) y a la pena (considerado in abstracto en el tipo penal respectivo), suficientemente cumplidos pues los secuestros, los homicidios, la tortura, etc., ya eran punibles a la fecha de la comisión de los delitos. Otra cosa muy distinta es que el Estado pretenda –en cualquier tiempo- persistir en perseguir y castigar ciertos delitos como ocurrió con la ampliación del plazo de prescripción (interrumpido por el período de anormalidad constitucional) respecto de los crímenes del nacional socialismo, pues el Estado debe señalar que es lo que se castiga y con que penalidad, pero no cuanto tiempo debe “esconderse” el delincuente. Con mayor razón cuando la amnistía no es un equivalente funcional de la pena (no soluciona conflicto alguno) y sobre todo cuando la supuesta amnistía es un auto perdón por los crímenes de los propios legisladores. Desde el punto de vista estrictamente de la responsabilidad, no sólo responden penalmente los autores y participes, pues, de la perspectiva internacional es el Estado quién compromete su responsabilidad en razón de su acción política, discriminatoria y atentatoria de los derechos humanos, ya que el Estado “no podrá alegar en su favor la no retroactividad de la ley penal, ya que esta es una garantía propia del ciudadano frente al Estado y no una forma de ampliar la arbitrariedad de éste, y si el Estado no puede invocar esta garantía tampoco lo pueden hacer quienes actúan en su nombre, ya sean autoridades o particulares”. 52 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo 4.4. A investigação e sanção dos responsáveis por graves atentados a direitos humanos durante o regime militar não afeta o âmbito de proteção da proibição da irretroatividade da lei penal prejudicial porque a garantia protege apenas a confiança na vigência das regras jurídicas, mas não a “confiança na permanência de uma determinada interpretação do direito escrito que não era outra senão a prática estatal contrária aos direitos humanos.” Dito de outro modo, a confiança na manutenção de uma determinada prática interpretativa estatal segundo a qual os crimes praticados por agentes da ditadura militar estariam prescritos e anistiados não está protegida pela garantia da irretroatividade penal. Alexy critica esta posição referindo-se a ela como “retroatividade encoberta”.128 No mesmo sentido, Peter Quint observa que a posição – adotada pelo Tribunal Superior Federal alemão (BGH) – implica em uma revisão radical da história das práticas jurídicas da Alemanha Oriental, criando um direito ideal que nunca existiu durante o velho regime comunista129. 4.4.1. Jurisprudência internacional. • • CR v. United Kingdom (CEDH, 1995)130. O caso refere-se à mudança na interpretação jurisprudencial de causa de exclusão da antijuridicidade de estupro cometido contra esposa. Até 1990 precedentes na jurisprudência do Reino Unido exoneravam réus acusados de estupro marital sob o argumento de que o casamento implicava no consentimento da mulher com o ato sexual. A Corte Européia de DH concluiu que a condenação do peticionário pelos tribunais britânicos não havia ofendido a garantia da legalidade em matéria penal prevista no art. 7o da Convenção Européia. Segundo a Corte, a garantia é inderrogável e “... deve ser aplicada de forma a proporcionar salvaguardas efetivas contra acusações, condenações e punições arbitrárias. Ela acarreta que apenas a lei pode definir um crime e estabelecer uma pena; que o direito penal não deve ser extensivamente construído em detrimento do acusado, e que uma ofensa deve ser claramente definida em lei. Não obstante, por mais clara que uma provisão legal possa ser, há um inevitável elemento de interpretação judicial, elucidação de pontos duvidosos e adaptação para circunstâncias em mudança. O art. 7 [da Convenção Européia] não deve ser lido de forma a excluir o gradual esclarecimento das regras de responsabilidade criminal através de interpretação judicial caso a caso, desde que o desenvolvimento resultante seja consistente com a essência da ofensa e possa ser razoavelmente previsto”. Streletz, Kessler and Krenz v. Germany (CEDH, 2001)131: “79. [T]he fact that the applicants had not been prosecuted in the GDR, and were not prosecuted and convicted by the German courts until after the reunification, on the basis of the legal provisions applicable in the GDR at the material time, does not in any way mean that their acts were not offences according to the law of the GDR. 80. In that connection, the Court notes that the problem Germany had to deal with after reunification as regards the attitude to adopt vis-à-vis persons who had committed crimes under a former regime has also arisen for a number of other States which have gone through a transition to a democratic regime. 81. The Court considers that it is legitimate for a State governed by the rule of law to bring criminal proceedings against persons who have committed crimes under a former regime; similarly, the courts of such a State, having taken the place of those which existed previously, cannot be criticised for applying and interpreting the legal provisions in force at the material time in the light of 53 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo • • the principles governing a State subject to the rule of law.” (Voto concorrente do Juiz Loucaides) Streletz, Kessler and Krenz: “The applicants did not simply “rely” on the “GDR’s State practice”. They helped create that very real State practice of impunity. This practice of impunity, however, was not formalised through legislative means, no doubt because to the outside world the GDR wanted to maintain the image of a Rechtsstaat. (...) In terms of their own criminal law, the applicants were the co-conspirators in a large and consistent conspiracy to disregard the objective meaning of the law on the statute book, meaning that they co-conspired to create and maintain a two-faced situation in which the so-called “State practice” of impunity and even of rewarding the criminal behaviour of other co-conspirators was in unqualified contradiction with the formal language of the relevant criminal statutes. (...) Here there was a self-referential situation in which the very same people who were charged with responsibility for the interpretation, administration or enforcement of the law defining the offence propagated the “State practice” which they now claim to have been the source of their own understanding of the law and thus of their excuse under the law. What is more, the applicants maintain that the GDR’s State practice was part and parcel of contemporaneous objective impunity and that it is therefore unacceptable ex post to activate criminal liability for their acts.” (Voto concorrente do Juiz Loucaides ) Streletz, Kessler and Krenz: “7. That brings us to the question whether, after a change of political order from a socialist to a democratic one, it is legitimate to apply the “old” law, set by the previous non-democratic regime, according to the approach to interpretation and application of the law which is inherent in the new democratic political order. 8. I would like to stress that in my view there is no room for other solutions. Democratic States can allow their institutions to apply the law – even previous law, originating in a pre-democratic regime – only in a manner which is inherent in the democratic political order (in the sense in which this notion is understood in the traditional democracies). Using any other method of applying the law (which implies reaching different results from the same legal texts) would damage the very core of the ordre public of a democratic State. 9. (...) A democratic State can interpret and apply the Covenant (and other international legal norms) only according to the methodology of application of the law which is inherent in the democratic political order. In the present case that was done by the German domestic courts... 10. Consequently, interpretation and application of national or international legal norms according to socialist or other non-democratic methodology (with intolerable results for a democratic system) should from the standpoint of a democratic system be regarded as wrong. That applies both to ex post facto assessment of the legal practice of previous nondemocratic regimes (as in the instant case, although the same situation may obviously arise in other new democracies) and to assessment of the actual legal practice (for example, regarding the Covenant) of today’s non-democratic regimes. That practice should be regarded as a misuse of law. After the change to a democratic political order the persons responsible cannot rely for justification of their conduct on the “specific” way in which law is interpreted by non-democratic regimes. 11. In my view, that is a compelling conclusion, which derives from the inherent universality of human rights and democratic values, by which all democratic institutions are bound." (Voto concorrente do Juiz Levits). 54 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo 4.4.2. Direito comparado. 4.4.2.1. Alemanha. o Caso dos Sentinelas do Muro (Tribunal Constitucional Federal, 1996)132: “1.a) La irretroatividad que prevé el inciso 2 del artículo 103 de la Ley Fundamental (LF) es absoluta y cumple su función de garantizar el estado de derecho y los derechos fundamentales, gracias a su estricta formalización. b) Ordena también que se continue aplicando la causal de justificación que regía legalmente al momento de cometer el delito, si esta ha sido suprimida al momento de tener lugar el juicio penal. No se resuelve de modo concluyente si el inciso 2 del artículo 103 LF también protege de igual manera la confianza em la continuidad de causales de justificación no escritas, y em todo caso hasta qué punto lo hace. 2. La estricta irretroactividad planteada por el inciso 2 del artículo 103 LF tiene su justificación relativa al Estado de derecho en el fundamento especial de confianza que contienen las leyes penales cuando son promulgadas por um legislador democrático, sujeto a los derechos fundamentales. 3. No hay tal fundamento especial de confianza cuando el representante del poder estatal excluye para el ámbito del ilícito criminal gravíssimo la punibilidad por medio de causales de justificación, y apartándose de las normas escritas, incita a tal ilícito favoreciéndolo y de este modo, desacata gravemente los derechos humanos, reconocidos em general por la comunidad de derecho interacional público. Entonces, debe dar um paso al costado la estricta protección de la confianza, prevista em el inciso 2 del artículo 103 LF." 4.4.2.2. o Chile. José Matías Ñanco (Corte Suprema, 2007)133: “Que esta Corte, respecto de los Convenios de Ginebra ha señalado que la omisión de aplicar las disposiciones de los Convenios importa un error de derecho que debe ser corregido por la vía de este recurso, en especial si se tiene presente que, de acuerdo a los principios de Derecho Internacional, los tratados internacionales deben interpretarse y cumplirse de buena fe por los Estados, de lo que se colige que el derecho interno debe adecuarse a ellos y el legislador conciliar las nuevas normas que dicte a dichos instrumentos internacionales, evitando transgredir sus principios, sin la previa denuncia de los Convenios respectivos”. 4.5. A investigação e sanção dos responsáveis por graves atentados a direitos humanos durante o regime militar não afeta o âmbito de proteção da proibição da irretroatividade da lei penal prejudicial porque a garantia protege apenas a confiança na vigência de regras jurídicas válidas, o que não é o caso da lei de anistia ou das regras do direito interno que autorizam a prescrição de crimes contra a humanidade. 4.5.1. Documentos internacionais: 4.5.1.1. Declaração sobre a Proteção de Todas as Pessoas contra o Desaparecimento Forçado (Assembléia Gerald da ONU, 1992)134: Art. 17. (…) Quando as garantias previstas no art. 2º do Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos deixarem de ser eficazes, a contagem do prazo de prescrição relativo aos atos de desaparecimento forçado deve ser suspenso até que essas garantias sejam restabelecidas”. 55 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo 4.6. A proibição contra retroatividade está contida no âmbito de proteção da norma, mas a garantia constitucional tem natureza principiológica e está sujeita à ponderação. De acordo com essa interpretação, e segundo a conhecida classificação de Alexy, a proibição contra a retroatividade seria um “mandato de otimização” que ordena que “algo seja realizado na maior medida possível, dentro das possibilidades jurídicas e reais existentes”.135 A definição desse “algo” deve levar em conta o resultado da lei de colisão entre os princípios em jogo; no caso específico, a segurança jurídica e a proibição de que crimes contra a humanidade fiquem impunes. A regra resultante da ponderação constitucional, no caso, estabelece a prioridade do princípio de proteção da confiança: “[s]ólo bajo la singular circunstancia de que en un Estado injusto existan causas especiales de justificación que encubren derecho extremadamente injusto, ha de invertirse esta relación de prioridad. En tales condiciones, dado que la confianza no disfruta de ninguna protección, debe prevalecer la justicia material. Así surge la excepción a la cláusula del art. 103.2 LF.” A preocupação, neste tópico, é evitar que a garantia seja “arrastada no redemoinho das onipresentes ponderações de direito constitucional”, para citar a crítica de Alexy136. A melhor solução interpretativa, segundo esse autor, seria argumentar que a anterioridade tem natureza de regra (já sendo, portanto, o resultado da ponderação), mas a ela se adicionaria cláusula de exceção consistente na admissão da retroatividade in pejus em certas condições, como por exemplo para crimes contra a humanidade: “Podría objetarse contra esta solución que vulnera el tenor literal de la Constitución, toda vez que el art. 103.2 LF no contiene cláusula de excepción alguna; antes al contrario, garantiza, sin reservas, un derecho fundamental o cuasifundamental. De donde sólo por la vía de un cambio constitucional, y no por una construcción de la jurisprudencia, sería lícito introducir una cláusula de excepción. (…). El Tribunal Constitucional Federal ha resuelto claramente esta cuestión respecto de los derechos fundamentales garantizados sin reserva del catálogo de derechos fundamentales. Desde su pronunciamiento sobre la objeción de conciencia de 1970, el Tribunal aplica la fórmula de que “también los derechos ilimitables” pueden ser limitados, conforme al principio de proporcionalidad, siempre que así lo exijan “derechos fundamentales de terceros” u “otros valores jurídicos dotados de rango constitucional”137 No direito internacional, a natureza principiológica da garantia da anterioridade é usualmente associada ao art. 15 do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, cuja redação é: “Artigo 15(1). Ninguém poderá ser condenado por atos ou omissões que não constituam delito de acordo com o direito nacional ou internacional, no momento em que foram cometidos. (…) (2). Nenhuma disposição do presente Pacto impedirá o julgamento ou a condenação de qualquer indivíduo por atos ou omissões que, no momento em que foram cometidos, eram considerados delituosos de acordo com os princípios gerais de direito reconhecidos pela comunidade das nações.” 4.7. Direito comparado: 4.7.1. Argentina. • Arancibia Clavel (CSJN, 2004)138: “El principio de no retroactividad de la ley penal ha 56 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo • sido relativo, rige cuando la nueva ley es más rigurosa pero no si es más benigna. Así, la Convención sobre la Imprescriptibilidad de los Crímenes de Guerra y los Crímenes de Lesa Humanidad reconoce una conexidad lógica entre imprescriptibilidad y retroactividad (art. I). Ante el conflicto entre el principio de irretroactividad que favorecía al autor del delito contra el ius gentium y el principio de retroactividad aparente de los textos convencionales sobre imprescriptibilidad, debe prevalecer este último, que tutela normas imperativas de ius cogens, esto es, normas de justicia tan evidentes que jamás pudieron oscurecer la conciencia jurídica de la humanidad (Voto do Juiz Boggiano). Simón (CSJN, 2005): 43) Que el principio de no retroactividad de la ley penal ha sido relativo. Éste rige cuando la nueva ley es más rigurosa pero no si es más benigna. Así, la Convención sobre Imprescriptibilidad de los Crímenes de Guerra y de los Crímenes de Lesa Humanidad reconoce una conexidad lógica entre imprescriptibilidad y retroactividad. Ante el conflicto entre el principio de irretroactividad que favorecía al autor del delito contra el ius gentium y el principio de retroactividad aparente de los textos convencionales sobre imprescriptibilidad, debe prevalecer este último, pues es inherente a las normas imperativas de ius cogens, esto es, normas de justicia tan evidentes que jamás pudieron oscurecer la conciencia jurídica de la humanidad (Regina v. Finta, Suprema Corte de Canadá, 24 de marzo de 1994). Cabe reiterar que para esta Corte tal conflicto es sólo aparente pues las normas de ius cogens que castigan el delito de lesa humanidad han estado vigentes desde tiempo immemorial. (Voto do Juiz Boggiano) 4.7.2. Colômbia: • • Sentença C-580/02 (Corte Constitucional, 2002): Controle de constitucionalidade da Convenção Interamericana sobre Desaparecimento Forçado de Pessoas: “[L]a Corte debe establecer si la imprescriptibilidad de la acción penal frente a la desaparición forzada resulta aceptable a partir de la Constitución. Para tal efecto, es necesario interpretar el sentido del artículo 28 constitucional, en particular, de la disposición contenida en el inciso tercero, que prohibe que haya penas y medidas de seguridad imprescriptibles. Una vez identificado el sentido de esta disposición, pasará la Corte a determinar el alcance de la misma, como garantía frente a la intemporalidad de la potestad estatal para iniciar una acción penal. A partir de tal alcance, entrará a ponderar los principios en tensión en la regla de imprescriptibilidad de la acción penal en la desaparición forzada, tratando de armonizarlos en cuanto sea posible, sacrificando lo menos posible el alcance de cada uno de ellos. (…) La prohibición de la imprescriptibilidad de las penas está contenida en el artículo 28 que consagra la cláusula general de libertad personal. Aparte de esta cláusula inicial, dentro de dicho artículo se establecen una serie de garantías para preservar esta libertad fundamental. Estas garantías están estructuradas en forma de reglas, encaminadas principalmente a restringir la actividad del Estado frente a la libertad del individuo. Si bien dichas reglas no abarcan por completo el contenido de la libertad personal frente a la acción del Estado, sí definen su alcance frente en aspectos puntuales.” Sentença C-580/02: “En el caso de la desaparición forzada, la prohibición consagrada en el artículo 12 impone al Estado un deber especial de protección. Este deber implica, a su vez, una ampliación del conjunto de facultades de que dispone el legislador para satisfacer el interés en erradicar la impunidad. Esta ampliación de la potestad configurativa del legislador se traduce específicamente en la facultad para extender el término de prescripción. En primer lugar, por el interés en erradicar la impunidad, para lo cual es necesario que la sociedad y los afectados conozcan la verdad, que se atribuyan las responsabilidades individuales e institucionales correspondientes, y en general que se garantice el derecho de las víctimas a la justicia. 57 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo En segundo lugar, por el derecho de las víctimas a recibir una reparación por los daños. En tercer lugar, debido a la dificultad que suponen la recopilación de las pruebas necesarias y el juzgamiento efectivo de quienes habitualmente incurren en tales conductas. Con todo, podría pensarse que existen otros motivos que hacen innecesaria la imprescriptibilidad de la acción penal en relación con este delito y además restan fundamento constitucional a una posibilidad semejante. En efecto, de conformidad con el artículo 3 de la presente Convención, con el ordenamiento interno colombiano, y con la jurisprudencia internacional, el delito de desaparición forzada es de carácter continuo hasta tanto no se establezca el paradero de la persona desaparecida'''' Por tanto, el término de prescripción de la acción empezaría a correr cuando esto ocurra. Así, como en los casos de desaparición forzada es posible que la suerte de la persona jamás se conozca, en la práctica es raro que la acción prescriba. Por otra parte, la iniciación del término de prescripción presupone el conocimiento de la suerte de la persona. Por lo tanto, la imprescriptibilidad no serviría para satisfacer el interés en establecer tal circunstancia. La Corte considera que la primera objeción no es atendible, pues el alcance del deber de protección del Estado y del interés correspondiente en erradicar el delito, así como el alcance del derecho de las víctimas a obtener justicia y una reparación adecuada, no pueden depender exclusivamente de que la persona aparezca. Este solo hecho, por sí mismo, no en todos los casos facilita las labores de investigación y juzgamiento del Estado. En cuanto a la segunda objeción, resulta innegable que la imprescriptibilidad no ayuda a establecer el paradero de la persona desaparecida. Aun así, subsisten el interés en erradicar el delito y en reparar los daños. El interés en erradicar la impunidad por el delito de desaparición forzada compete a la sociedad en su conjunto. Como ya se dijo, para satisfacer dicho interés es necesario que se conozca toda la verdad de los hechos, y que se atribuyan las responsabilidades individuales e institucionales correspondientes. En esa medida, tanto el interés en que se conozca la verdad, como en que se atribuyan responsabilidades individuales e institucionales por los hechos, sobrepasan el ámbito del interés individual de las víctimas. Por el contrario, constituyen verdaderos intereses generales de carácter prevalente en los términos del artículo 1º de la Carta Política. En efecto, el conocimiento público de los hechos, el señalamiento de responsabilidades institucionales e individuales y la obligación de reparar los daños causados son mecanismos útiles para crear conciencia entre las personas acerca de la magnitud de los daños causadas por el delito. En esa medida, son también mecanismos de prevención general y especial del delito, que sirven para garantizar que el Estado no apoye, autorice o asuma una actitud aquiescente frente a tales conductas. En general, la acción penal en los casos de desaparición forzada de personas es un mecanismo a través del cual se establecen responsabilidades institucionales que llevan a que el Estado se sujete al derecho en el ejercicio de la fuerza, y a hacer efectivo el deber de las autoridades de proteger y garantizar los derechos fundamentals. Podría alegarse, antitéticamente, que además de la libertad individual, las personas inculpadas tienen derecho a un debido proceso sin demoras injustificadas, y en general, están cobijadas por una garantía de prontitud en relación con la administración de justicia. En esa medida, pese a que la iniciación de una acción penal por sí misma no conlleve una afectación de la libertad individual, sí podría conculcar los anteriores derechos. La posibilidad de que se inicie una acción penal en su contra en cualquier tiempo implicaría una amenaza perpetua de tales derechos, con el agravante de que el paso del tiempo disminuye sus posibilidades de defensa, pues el acceso a testimonios, documentos y demás pruebas se vuelve más difícil. Adicionalmente, ni la amenaza de sus derechos, ni la disminución de sus posibilidades de defensa le serían oponibles, pues la iniciación de la acción penal es una labor que corresponde al Estado, y las 58 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo demoras en que incurra, sólo a éste le son imputables. Sin duda, la imprescriptibilidad de la acción penal por el delito de desaparición forzada puede afectar los derechos de las personas inculpadas, y puede disminuir sus posibilidades de defensa por la dificultad de acceso a las pruebas. Sin embargo, la demora en cumplir el deber de investigar no es una excusa válida para dejar de hacerlo. La prontitud, más allá de su función como garantía subjetiva del derecho de acceso a la administración de justicia en favor de los inculpados, cumple un papel como principio objetivo de la función judicial, encaminado al logro de la justicia en favor de todos los que tengan un interés legítimo en el resultado del proceso. Por lo tanto, al operar a favor del sindicado no puede terminar afectando negativamente la finalidad general que persigue. Además, la mediatez temporal de las pruebas afecta por igual a todas las partes en el proceso. Por lo tanto, no se puede afirmar que sea una circunstancia que disminuya las posibilidades probatorias de la parte que se defiende a favor del ente acusador o de la parte civil. Si la acción penal ha prescrito por la omisión del Estado en el cumplimiento de su deber de investigar y de identificar a los responsables, éste no puede alegar su propio hecho aduciendo la prescripción, y haciendo nugatorio el interés general y el derecho de las personas afectadas de conocer la verdad y a la realización efectiva de la justicia. En esa medida, la prescripción de la acción penal derivada de la desaparición forzada de personas constituye un límite para la realización de los objetivos y valores constitucionales de proteger la dignidad de la vida humana a través de la erradicación de la impunidad. Por tal motivo, el interés en recibir pronta justicia no es un argumento suficiente para fundamentar la interpretación según la cual la Carta prohíbe la imprescriptibilidad de la acción penal en el delito de la desaparición forzada. Aun así, a pesar de que deba preferirse una interpretación del artículo 28 que maximice las posibilidades de conocer la verdad y de responsabilizar a los individuos e instituciones que tuvieron alguna injerencia en los hechos, ello no es suficiente para sostener la constitucionalidad de la imprescriptibilidad de la acción penal frente al delito de desaparición forzada de personas. Para ello la Corte debe establecer también la idoneidad y la necesidad de esta medida para lograr los objetivos que con ella se pretenden. Con tal fin, la Corte debe analizar, por un lado, si es adecuada para proteger los bienes jurídicos prevalentes y, por otro, si no existe una medida igual de efectiva, que afecte menos los derechos de las personas inculpadas. Por lo anterior, pasa la Corte a analizar si la imprescriptibilidad de la acción penal es un medio adecuado para lograr los fines propuestos y si estos no se pueden satisfacer a través de mecanismos que afecten menos los derechos del inculpado. En relación con su idoneidad, podría argumentarse que la imprescriptibilidad de la acción penal es un medio poco eficaz y por tanto no es idónea para proteger los intereses en juego. El paso del tiempo haría demasiado difícil acceder a las pruebas necesarias para determinar lo ocurrido, y la identidad de los responsables. En esa medida, luego de cierto tiempo, la iniciación de una acción penal no sería apta para lograr el objetivo propuesto. Esta objeción parte de un hecho innegable: en términos generales el tiempo afecta también la posibilidad de conocer la verdad e identificar a los responsables. Sin embargo, frente a semejante objeción es necesario advertir dos circunstancias. Por una parte, resultaría difícil establecer un criterio definitivo para determinar en qué momento la acción penal y el interés en proteger los derechos a la verdad y a identificar a los responsables debe ceder frente a la dificultad que ello plantea. Por otra parte, aunque la dificultad de conocer la verdad sea una realidad en la mayoría de los casos, no es necesariamente así en todo ellos. No se puede aceptar la dificultad para proteger los derechos individuales en la mayoría de los casos como argumento para negar absolutamente su protección. En esa medida, la eficacia variable de la acción penal en el tiempo no significa que su imprescriptibilidad sea 59 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo inadecuada para proteger el interés general y los derechos individuales a conocer la verdad y los individuos e instituciones responsables. Habiendo establecido que la imprescriptibilidad de la acción penal en el delito de desaparición forzada es un mecanismo idóneo para realizar los intereses que va encaminada a proteger, pasa entonces la Corte a establecer si es una medida necesaria. Dado que, independientemente del tiempo transcurrido, el Estado tiene las obligaciones de investigar los hechos y de juzgar a los responsables el análisis debe hacerse teniendo en cuenta la idoneidad de las alternativas de las cuales dispone el Estado para llevar a cabo la investigación. En este sentido, podría alegarse que la acción penal no es el único medio para saber la verdad, identificar a los responsables y reparar a las víctimas. Por lo tanto, debería preferirse otro mecanismo que no afectara tanto los derechos de las personas inculpadas de haber cometido una desaparición forzada de personas. Así, en cuanto tiene que ver con el esclarecimiento de la verdad, puede alegarse que las víctimas del delito tienen la posibilidad de acudir a la jurisdicción contencioso administrativa para reclamar del Estado la reparación directa de los perjuicios causados. Además, este proceso es público, y al serlo, se satisface también el interés general en conocer la verdad e identificar a las autoridades responsables. Sin embargo, ello no satisface el interés en atribuir responsabilidades individuales. En primer lugar, debido al corto término de caducidad de dicha acción. Por otra parte, a pesar de que en la acción de reparación directa se establecen ciertos hechos, no tiene por objeto determinar quién los cometió, ni atribuirles responsabilidades individuales a las personas. Si bien dentro de dicha acción se debe establecer la responsabilidad del Estado por un daño, no es necesario que se identifique plenamente a cada uno de los sujetos responsables. En efecto, al margen de la responsabilidad eventual del Estado por la autorización, el apoyo, o la aquiescencia de cometer el delito de desaparición forzada, los sujetos activos del mismo no necesariamente son funcionarios, ni la conducta, en todas sus modalidades requiere una participación del Estado. Por otra parte, también en cuanto tiene que ver con el esclarecimiento de la verdad, la acción de reparación directa no resulta tan eficaz como la acción penal. Así, aun cuando el tiempo puede imponer barreras para el esclarecimiento de los hechos y a la identificación de los responsables, son la Fiscalía General de la Nación y sus órganos adscritos, y no las partes, el juez o los auxiliares de la justicia dentro de un proceso contencioso administrativo, quienes tienen la mayor disponibilidad de los medios técnicos necesarios para sobrepasarlas. En esa medida, frente a una desaparición forzada de personas, la acción penal es el medio más eficaz para proteger los intereses en juego, y su imprescriptibilidad es un mecanismo que en determinadas circunstancias puede resultar necesario para establecer la verdad de los hechos y para atribuir responsabilidades individuales e institucionales. En tal medida, frente a la garantía de seguridad jurídica y de recibir pronta justicia, es necesario entonces concluir que prevalecen el interés en erradicar el delito de desaparición forzada y en reparar a las víctimas. Sin embargo, el interés estatal en proteger a las personas contra la desaparición forzada no puede hacer nugatorio el derecho a un debido proceso sin dilaciones injustificadas. Por lo tanto, cuando el Estado ya ha iniciado la investigación, ha identificado e individualizado a los presuntos responsables, y los ha vinculado al proceso a través de indagatoria o de declaratoria de persona ausente, la situación resulta distinta. Por un lado, porque en tal evento está de por medio la posibilidad de privarlos de la libertad a través de medios coercitivos, y además, porque no resulta razonable que una vez vinculados al proceso, los acusados queden sujetos a una espera indefinida debida a la inoperancia de los órganos de investigación y juzgamiento del Estado. En tales eventos, el resultado de la ponderación favorece la libertad personal. En particular, el interés de la persona 60 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo vinculada a un proceso penal de definir su situación frente a medidas a través de las cuales el Estado puede privarlo materialmente de la libertad. Por lo anterior, la imprescriptibilidad de la acción penal resulta conforme a la Carta Política, siempre y cuando no se haya vinculado a la persona al proceso a través de indagatoria. Cuando el acusado ya ha sido vinculado, empezarán a correr los términos de prescripción de la acción penal, si el delito está consumado. Así, como conclusión del análisis precedente, la Corte establece que la regla de imprescriptibilidad de la acción penal por el delito de desaparición forzada, contenida en el inciso primero del artículo 7 de la Convención, no resulta contraria a la Carta Política. El legislador, al adecuar el ordenamiento interno al presente tratado, puede establecer la imprescriptibilidad de la acción para dicho delito. Sin embargo, si el delito está consumado, los términos de prescripción de la acción empezarán a correr una vez el acusado haya sido vinculado al proceso. 5. Problemas de taxatividade (nullum crimen sine lege stricta): 5.1. Apresentação do problema. O segundo obstáculo de ordem constitucional e convencional geralmente apresentado à persecução penal de crimes contra a humanidade diz respeito à garantia da taxatividade da lei penal, objeto tanto de norma constitucional quanto de tratados internacionais de direitos humanos. Para aqueles que advogam posição contrária à aplicação do costume internacional como fonte da invalidade das regras de anistia e prescrição, ainda que houvesse norma costumeira de natureza cogente à época dos fatos, a qualificação das condutas de agentes da repressão militar como “crimes contra a humanidade” dependeria de prévia incorporação formal ao direito penal interno, sob pena de violação à garantia (regra? princípio?) do nullum crimen sine lege scripta. Um forte argumento favorável à prevalência da garantia da taxatividade diz respeito à articulação entre as normas de direito interno e internacional; mais especificamente, à posição ocupada pelo instituto da prescrição penal em ordenamentos jurídicos que seguem o sistema continental europeu, caso da quase totalidade dos países da América Latina. O problema é posto da seguinte forma por Pablo Parenti: “(…) aceptar esta articulación requiere admitir que el presupuesto de una norma sobre prescripción no necesariamente debe estar vinculado a la subsunción típica de la conducta. En el derecho positivo argentino la prescripción está vinculada a la figura penal en la que se subsuma la conducta, dado que el plazo varía de acuerdo con la pena prevista para el delito supuestamente cometido. De este modo las figuras penales desempeñan un papel relevante en el análisis de la prescripción. Sin embargo, más allá de esta regla de derecho positivo (de rango legal), no parece haber obstáculo alguno para que el presupuesto de una norma sobre prescripción pueda ser algo distinto o desvinculado de la figura del Código Penal en la que se subsuma la conducta. Incluso esto ya es así en otras reglas de derecho positivo. En otras palabras, el presupuesto de una norma sobre prescripción no necesariamente debe estar referido o vinculado a un tipo penal aplicable. Esto es, precisamente, lo que se asume en varios fallos de la jurisprudencia argentina cuando se utiliza la categoría de los crímenes contra la humanidad como un presupuesto de la regla sobre imprescriptibilidad. Ahora bien, el hecho de que una disociación entre el supuesto típico y el presupuesto de una norma sobre prescripción sea en abstracto admisible no conduce sin más a que cualquier articulación de normas sea correcta. Parece necesario justificar por qué 61 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo dos normas con presupuestos diversos serían aplicables al mismo caso.”140 5.2. Costume internacional integra direito penal interno. 5.2.1. Jurisprudência internacional. • CR v. United Kingdom (CEDH, 1995)141. O caso refere-se à mudança na • • • interpretação jurisprudencial de causa de exclusão da antijuridicidade de estupro cometido contra esposa. Até 1990 precedentes na jurisprudência do Reino Unido exoneravam réus acusados de estupro marital sob o argumento de que o casamento implicava no consentimento da mulher com o ato sexual. A Corte Européia de DH concluiu que a condenação do peticionário pelos tribunais britânicos não havia ofendido a garantia da legalidade em matéria penal prevista no art. 7o da Convenção Européia. Segundo a Corte, a garantia é inderrogável e “... deve ser aplicada de forma a proporcionar salvaguardas efetivas contra acusações, condenações e punições arbitrárias. Ela acarreta que apenas a lei pode definir um crime e estabelecer uma pena; que o direito penal não deve ser extensivamente construído em detrimento do acusado, e que uma ofensa deve ser claramente definida em lei. Não obstante, por mais clara que uma provisão legal possa ser, há um inevitável elemento de interpretação judicial, elucidação de pontos duvidosos e adaptação para circunstâncias em mudança. O art. 7 [da Convenção Européia] não deve ser lido de forma a excluir o gradual esclarecimento das regras de responsabilidade criminal através de interpretação judicial caso a caso, desde que o desenvolvimento resultante seja consistente com a essência da ofensa e possa ser razoavelmente previsto”; Cantoni v. France (CEDH, 1996)142. O caso não se refere a crime contra a humanidade, mas à condenação de gerente de supermercado por venda ilegal de produtos farmacêuticos. O peticionário alegou que a definição de produtos médicos pela lei francesa (elemento normativo do tipo penal) não era suficientemente clara e precisa para satisfazer a exigência de previsibilidade contida na garantia da legalidade em matéria penal. A Corte Européia ponderou que a técnica legislativa inevitavelmente deixa “penumbra de dúvida em relação a situações limítrofes” para as quais o Poder Judiciário deve decidir “levando em consideração as mudanças da prática cotidiana”; Streletz, Kessler and Krenz v. Germany (CEDH, 2001). O caso refere-se a soldados da fronteira... (sustentado que, no direito interno da antiga República Democrática Alemã os fatos já eram definidos como criminosos e que “o fato dos aplicados não terem nunca sido processados pelos tribunais alemães até a reunificação não significa de forma alguma que seus atos não eram definidos como crimes segundo o direito da RDA” (par. 79), e que “é legítimo para um Estado de Direito iniciar investigações criminais contra pessoas que cometeram crimes no regime político anterior”, e que os tribunais locais não podem ser “criticados por aplicar e interpretar provisões legais em vigor da época à luz dos princípios que governam um Estado submetido ao império da lei”. (par. 80). Prosecutor v. Sam Hinga Norman (Tribunal Especial para a Serra Leoa, 2004)143. A decisão refere-se à jurisdição do tribunal para julgar o crime de alistamento de crianças em conflitos armados. A defesa havia alegado, como matéria preliminar, que, ao tempo da ação (1996), a conduta não era definida como crime internacional. Citando as Convenções de Genebra e dos Direitos da Criança, o Tribunal indeferiu a preliminar argüida, alegando que “antes de novembro de 1996, a proibição do recrutamento de crianças havia se cristalizado como direito costumeiro internacional, como demonstrado pelo amplo reconhecimento e 62 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo • • aceitação da norma que proíbe o recrutamento infantil nas convenções citadas, reiteradas na Carta Africana de Direitos e Bem-Estar da Criança, de 1990. Norman: “4. The central question which must then be addressed is whether the prohibition on child recruitment also entailed individual criminal responsibility by 1996, so that the principle of non-retroactivity is not breached. The protection of children is one of the fundamental guarantees articulated in Additional Protocol II and reflected in the Special Court Statute. As can be verified in numerous reports of various human rights organizations, the practice of child recruitment bears the most atrocious consequences for the children. Serious violations of fundamental guarantees lead to individual criminal liability. Therefore the recruitment of children was already a crime by the time of the adoption of the 1998 Rome Statute for the International Criminal Court, which codified and ensured the effective implementation of an existing customary norm relating to child recruitment rather than forming a new one. 5. A norm need not be expressly stated in an international convention for it to crystallize as a crime under customary international law. Furthermore, it is not necessary for the individual criminal responsibility of the accused to be explicitly stated in a convention for the provisions of the convention to entail individual criminal responsibility under customary international law. Further support for these findings is found in the national legislation of states which includes criminal sanctions as a measure of enforcement. 6. Therefore, child recruitment was criminalized before it was explicitly set out in treaty law and certainly by the time frame relevant to the indictments. The principle of legality and the principle of specificity are both upheld.” Norman: “[C]ustom takes time to develop. It is thus impossible and even contrary to the concept of customary law to determine a given event, day or date upon which it can be stated with certainty that a norm has crystallized. One can nevertheless say that during a certain period the conscience of leaders and populations started to note a given problem.” 5.3. Costume internacional não integra direito penal interno. 5.3.1. Direito comparado. 5.3.1.1. • Argentina: Mazzeo (CSJN, 2007)144: “[L]a aplicación de la costumbre internacional contrariaría las exigencias de que la ley penal deba ser certa - no general-, stricta - no analogica - y, concretamente en relación al caso, scripta - no consuetudinaria-. Sintetizando: las fuentes difusas - como característica definitoria de la costumbre internacional - son también claramente incompatibles con el principio de legalidad.” (Dissidência do juiz Fayat). 6. Problemas de afetação da coisa julgada. 6.1. Apresentação do problema. Nos autos do procedimento de investigação criminal n.º 1.34.001.001574/2008-17, o pedido de arquivamento da apuração invocou a proibição do bis in idem como fundamento. O caso referia-se à morte de Vladimir Herzog; em 1992, um inquérito estadual foi aberto para apurar os fatos, mas a investigação foi trancada através de habeas corpus concedido pelo Tribunal de Justiça, ratificado pelo Superior Tribunal de 63 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo Justiça. O Procurador da República do MPF de São Paulo reconheceu a competência da Justiça Federal para julgar a causa, mas, citando precedente do Superior Tribunal de Justiça consetâneo com a tradição jurídica do direito interno, afirmou que a decisão de arquivamento de inquérito policial, ainda que homologada por Justiça incompetente, faz coisa julgada. Afirmou ainda que, diversamente do que ocorre quando o arquivamento é deferido em razão da falta de elementos de prova, a decisão de arquivamento amparada na validade da Lei de Anistia é res judicata insuscetível de nova persecução penal145. No direito comparado, a posição jurisprudencial amplamente majoritária afasta a incidência do ne bis in idem em crimes caracterizados como de lesa-humanidade. Os principais argumentos estão sistematizados a seguir. 6.2. O âmbito da proteção à coisa julgada não se estende a crimes permanentes ainda em execução. 6.2.1. Direito comparado: 6.2.1.1. Argentina. • Videla (CSJN, 2003): “Si bien la justicia ya se ha pronunciado sobre dichos acontecimientos históricos, también debe evaluarse qué alcance ha tenido el juzgamiento de esos casos atento a la clase de delito de que se trata. Sobre el punto, es dable aclarar que --como viene sosteniendo esta Cámara-- debe estarse al criterio tradicionalmente acogido por la doctrina en el sentido de que en los casos de delitos continuados o permanentes, la garantía del ne bis in idem solamente abarca al tramo delictivo que se extiende hasta que la sentencia dictada en el proceso en el que son jugados queda firme, no abarcando al tramo posterior a la firmeza de tal resolución. (...) Así, los actos posteriores al fallo firme "...no ingresan en la clausura que provoca el principio ne bis in idem, pues ni siquiera de manera hipotética pudieron estar abarcados por él. Sólo esos actos pueden provocar una nueva persecución penal y una nueva decisión, y restará decidir, en caso de dos condenas, de qué manera se puede obtener la sentencia única o la pena única.” 6.3. O âmbito de proteção da coisa julgada não se estende a processos nulos. 6.3.1. Direito comparado: 6.3.1.1. Argentina: • Mazzeo (CSJN, 2007): “Sin embargo, dicho principio ha estado sujeto a algunas excepciones. Entre otras razones, el Tribunal entendió que la afectación a "...la seguridad jurídica, propia de las sentencias firmes...no debe ceder a la razón de justicia”… y que es conocido el principio conforme 64 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo con el cual son revisables las sentencias fraudulentas o dictadas en virtud de cohecho, violencia u otra maquinación. Y que no puede invocarse tal garantía cuando "...no ha habido un auténtico y verdadero proceso judicial, ni puede aceptarse que, habiendo sido establecida la institución de la cosa juzgada para asegurar derechos legítimamente adquiridos, cubra también aquellos supuestos en [que] los que se reconoce que ha mediado sólo un remedo de juicio... [S]in perjuicio de dar prioridad a las autoridades nacionales para llevar a cabo los procesos, si tales procesos locales se transforman en subterfugios inspirados en impunidad, entra a jugar la jurisdicción subsidiaria del derecho penal internacional con un nuevo proceso. 6.3.1.2. • Peru: Santiago Martín Rivas (Tribunal Constitucional, 2005)146: “Dado que la exigencia primaria y básica de la dimensión procesal del ne bis in ídem es impedir que el Estado arbitrariamente persiga criminalmente a una persona por más de una vez, el Tribunal considera que tal arbitrariedad no se genera en aquellos casos en los que la instauración y realización de un proceso penal se efectúa como consecuencia de haberse declarado la nulidad del primer proceso, tras constatarse que éste último se realizó por una autoridad jurisdiccional que carecía de competencia ratione materiae para juzgar un delito determinado. Y es que la garantía al interés constitucionalmente protegido por este derecho no opera por el sólo hecho de que se le oponga la existencia fáctica de un primer proceso, sino que es preciso que éste sea jurídicamente válido. 78. A juicio del Tribunal, existen numerosos elementos objetivos que demuestran que el juzgamiento realizado al recurrente (...) no tuvo el propósito de que realmente se le investigara y sancionara en forma efectiva. (...) [S]iendo una de las garantías fundamentales del debido proceso, la sustentación del proceso ante el `Juez Natural´ (...) es una garantía para el justiciable, ya que a través de ella se propone asegurar la imparcialidad del juzgador e impedir que el recto curso de la justicia sea alterado (...) Esas circunstancias se relacionan con la existencia de un plan sistemático para promover la impunidad en materia de violación de derechos humanos y crimenes de lesa humanidad, particularmente de los actos cometidos por los del Grupo Colina, al cual se vincula al recurrente. Expresión de ese plan sistemático, en efecto, lo constituyen: 82. (i) El deliberado juzgamiento de delitos comunes por órganos militares, como antes se ha dicho. 83. (ii) La expedición, en ese lapso, de las leyes de amnistía 26479 y 26492. [E]l Tribunal Constitucional considera que ello demuestra palmariamente que sí hubo ausencia de una voluntad estatal destinada a investigar y sancionar con penas adecuadas a la gravedad de los delitos cometidos a los responsables de los hechos conocidos como "Barrios Altos". 58. Siendo ello así, cabe señalar que si bien el Poder Legislativo tiene la atribución de ejercer el derecho de amnistiar, es decir olvidar el delito cometido por determinadas personas, lo que produce los efectos de la cosa juzgada, según los artículos 102, inciso 6, y 139, inciso 13, de la Constitución, ello no significa que el Congreso pueda cobijar en las leyes de amnistía a delitos de lesa humanidad –como el secuestro, tortura y ejecución sumaria de personas, por ejemplo (…) 60. En mérito de ello, el Tribunal considera que las leyes de amnistía N.º 26479 y N.º 26492 son nulas y carecen, ab initio, de efectos jurídicos. Por tanto, también son nulas 65 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo • las resoluciones judiciales dictadas con el propósito de garantizar la impunidad de la violación de derechos humanos cometida por los integrantes del denominado Grupo Colina. En su condición de resoluciones judiciales nulas, ellas no dan lugar a la configuración de la cosa juzgada constitucional garantizada por los artículos 102, inciso 6 y el artículo 139, inciso 13, de la Constitución, en la medida en que no existe conformidad con el orden objetivo de valores, con los principios constitucionales y con los derechos fundamentales que la Constitución consagra. Santiago Martín Rivas: “Por otro lado, por lo que se refiere a la delimitación de aquellos supuestos no protegidos por la dimensión procesal del ne bis in ídem, este Tribunal debe de recordar que el contenido constitucionalmente protegido de todo derecho no puede extraerse únicamente en atención al significado de las palabras con las cuales una disposición constitucional enuncia un determinado derecho fundamental; esto es, atendiendo sólo a su formulación semántica, sino en atención al telos o finalidad que con su reconocimiento se persigue. Una finalidad que, por cierto, no se reconduce solamente a la que es propia del momento histórico en el que se produce el reconocimiento del derecho, sino también –y acaso especialmente– tomando en cuenta las nuevas e imperiosas necesidades del hombre actual. En efecto, la Constitución y, con ella, las cláusulas que reconocen derechos fundamentales, no pueden ser entendidas como entelequias o realidades petrificadas, sino como un instrumento vivo y dinámico destinado a fortalecer al Estado Constitucional de Derecho, que está sujeto a un plebiscito de todos los días. 71. En ese sentido, el Tribunal Constitucional considera que si con el ne bis in ídem se persigue impedir el ejercicio arbitrario del ius puniendi estatal, no todo doble enjuiciamiento penal que el Estado pueda realizar contra un individuo se encuentra automáticamente prohibido. 72. Dentro de sus límites internos, esto es, aquello que queda fuera de su ámbito protegido, se encuentran aquellos supuestos en los que el doble juzgamiento no es compatible con los intereses jurídicamente protegidos como núcleo del derecho, ya sea porque es extraño o ajeno a aquello que éste persigue garantizar; porque forma parte del contenido constitucionalmente protegido de otro derecho fundamental, o porque así resulta de su interpretación con otras disposiciones constitucionales que contienen fines constitucionalmente relevantes. 6.4. A proteção à coisa julgada é garantia constitucional de natureza principiológica e deve ceder em crimes contra a humanidade. 6.4.1. Direito comparado: 6.4.1.1. • Argentina: Mazzeo (CSJN, 2007)147: “[L]a idea de que la excepción de cosa juzgada debe impedir de manera absoluta y ab initio toda discusión es falsa… [F]undamentalmente, la percepción del carácter absoluto del instituto de la cosa juzgada como impedimento de toda revisión de la misma materia no es universal… [T]radicionalmente en otras legislaciones la posibilidad de discutir la corrección del procedimiento por el cual se llegó a una sentencia firme es indudable. A la cosa juzgada se le oponen otros valores que, en ciertos casos son finalmente considerados superiores y que la hacen ceder, aun cuando fueran contrarios al valor de la estabilidad de las decisiones… [S]i 66 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo • bien un instituto como el que se explicará brevemente es ajeno al ordenamiento procesal local, normas internacionales (contractuales e imperativas) que forman parte del orden jurídico nacional (…) han producido una situación normativa, mucho más amplia que lo previsto en el Código Procesal Penal, que ha cambiado el cuadro de situación de la cosa juzgada en el ámbito de los delitos de lesa humanidad. El cambio en este esquema puede ser explicado a través de la contraposición entre concepciones diferentes acerca de cómo deben componerse el valor de la estabilidad de las decisiones en materia penal (especialmente con relación a la consecuencia más importante en este ámbito, el principio ne bis in idem) y el valor de la averiguación de una verdad material. (…) [Q]uando predomina el valor de la verdad material, se hace entonces evidente que es posible revisar si los presupuestos con los que se llegó a esa averiguación, en especiales casos, han sido tan inválidos, que el valor de la sentencia como verdad material ya no puede ser sostenido... [S]egún esa norma [citada do direito alemão], es posible reabrir en contra del acusado un proceso cerrado en virtud de cosa juzgada cuando, como pasos previos a la sentencia de absolución, se han presentado documentos falsos (…), cuando ha existido la violación dolosa del deber de veracidad de peritos y testigos, cuando un juez o miembro del jurado ha incumplido sus deberes de tal manera que haya contribuido a la solución favorable al imputado... Está claro que una regla de este tipo ha estado siempre ausente de nuestros sistemas procesales penales... Ésta es, sin embargo, la regla que ha mutado... [co]n mucha menos extensión y gravedad que la regal… del sistema penal alemán… en virtud de normas internacionales –vigentes en el derecho interno al menos desde 1984– que han limitado el alcance de la cosa juzgada en el ámbito de los delitos de lesa humanidad.” (Parecer do Procurador Geral da Nação). Menéndez (CSJN, 2008)148: “Los principios que, en el ámbito nacional, se utilizan habitualmente para justificar el instituto de la cosa juzgada y ne bis in idem no resultan aplicables respecto de delitos contra la humanidad porque los instrumentos internacionales que establecen esta categoría de delitos, así como el consiguiente deber para los Estados de individualizar y enjuiciar a los responsables, no contemplan, y por ende no admiten, que esta obligación cese por el transcurso del tiempo, amnistías o cualquier otro tipo de medidas que disuelvan la posibilidad de reproche.” 6.4.1.2. Colômbia. • Sentencia C-004/03 (Corte Constitucional, 2003): “[E]s posible una acción de revisión contra la sentencia absolutoria, pues se pone en evidencia que la cosa juzgada era en realidad aparente”149. (...) [L]a Corte considera que es necesario distinguir entre, de un lado, los hechos punibles en general y, de otro lado, las violaciones a los derechos humanos y las infracciones graves al derecho inter- nacional humanitario. Esa diferenciación no es caprichosa sino que se funda en una constatación obvia, que (…) es la siguiente: Entre más grave sea un hecho punible, mayor debe ser el compromiso del Estado por investigarlo y sancionar a los responsables, a fin de lograr la vigencia de un orden justo (…) Ahora bien, las violaciones de los derechos humanos y las infracciones graves al derecho internacional humanitario confi- guran aquellos comportamientos que más intensamente desconocen la digni-dad de las personas y más dolor provocan a las víctimas y a los perjudicados. Por ello, los derechos de las víctimas y perjudicados por esos abusos 67 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo ameritan la más intensa protección, y el deber del Estado de investigar y sancionar estos comportamientos adquiere mayor entidad. Esta diferencia entre, de un lado, los hechos punibles en general y, de otro lado, las violaciones de derechos humanos y las infracciones graves del derecho internacional humanitario tiene además sustento en el derecho internacional de los derechos humanos. (…) Esta Corte ha explicado esta evolución en los siguientes términos: “La filosofía de los sistemas internacionales de protección es (…) en cierta medida, que los derechos humanos son demasiado importantes para dejar su protección exclusivamente en manos de los Estados, pues la experiencia histórica de los regímenes totalitarios había mostrado que el Estado puede llegar a convertirse en el mayor violador de tales valores, por lo cual son necesarias las los deberes del Estado de investigar y sancionar las violaciones de derechos humanos y las infracciones graves al derecho internacional humanitario son mucho más intensos que sus obligaciones de investigar y sancionar los delitos en general, sin que ello signifique que estas últimas obligaciones sean de poca entidad. En ese mismo orden de ideas, los derechos de las víctimas y perjudicados por las violaciones a los derechos humanos o las infracciones graves al derecho internacional humanitario tienen mayor trascendencia que los derechos de las víctimas de los delitos en general, sin que ello signifique que estos últimos derechos no tengan importancia. Y por ello la distinción entre, de un lado, los delitos en general y, de otro lado, las violaciones a los derechos humanos y al derecho internacional humanitario adquiere relevancia en el examen de la proporcionalidad de las expresiones acusadas. Esto significa que la impunidad de dichas violaciones es mucho más grave e inaceptable, no sólo por la intensidad de la afectación de la dignidad humana que dichos comportamientos implican, sino además porque la comu- nidad internacional, en virtud del principio de complementariedad, está com- prometida en la sanción de esas conductas. Entra pues la Corte a examinar, conforme a la anterior distinción entre, de un lado, los hechos punibles y, de otro lado, las violaciones a los derechos humanos y las infracciones graves al derecho internacional humanitario, la proporcionalidad de las restricciones impuestas a la acción de revisión por las expresiones acusadas. (...) La Corte concluye entonces que existe una afectación particularmente intensa de los derechos de las víctimas (…) que obstaculiza gravemente la vigencia de un orden justo (…), cuando existe impunidad en casos de afectaciones a los derechos humanos o de violaciones graves al derecho internacional humanitario. Esta impunidad es aún más grave si ella puede ser atribuida al hecho de que el Estado colombiano incumplió con su deber de investigar, en forma seria e imparcial, esas violaciones a los derechos humanos y al derecho internacional humanitario, a fin de sancionar a los responsables. En tales condiciones, la fuerza normativa de los derechos constitucionales de las víctimas y el imperativo que la Carta impone a las autoridades de lograr la vigencia de un orden justo (CP art. 2°) implican que en los casos de violaciones a los derechos humanos o infracciones graves al derecho internacional humanitario, si aparecen nuevos hechos o pruebas que puedan permitir la determinación de los responsables de esos atroces comportamientos, entonces pueden ser reabiertas las investigaciones, incluso si existen decisiones absolutorias con fuerza de cosa juzgada. La razón es que una prohibición absoluta de reiniciar esas investigaciones obstaculiza la realización de un orden justo e implica un 68 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo sacrificio en extremo oneroso de los derechos de las víctimas. Por consiguiente, en los casos de impunidad de violaciones a los derechos humanos o al derecho internacional humanitario, la búsqueda de un orden justo y los derechos de las víctimas desplazan la protección de la seguridad jurídica y la garantía del non bis in idem. (...) la Corte recuerda que en todo caso la seguridad jurídica, la fuerza de la cosa juzgada, y la protección contra el doble enjuiciamiento, son valores de rango constitucional, que ameritan una especial protección jurídica, y por ello la sentencia integradora que sea proferida debe prever también garantías a fin amparar en forma suficiente esos valores constitucionales. Es pues indispen- sable que el ordenamiento impida la reapertura caprichosa de procesos que habían hecho tránsito a cosa juzgada. Ciertas cautelas y protecciones formales en beneficio del procesado resultan entonces imprescindibles. En tal contexto, esta Corporación considera que en los casos de negligencia protuberante del Estado en brindar justicia a las víctimas de violaciones a los derechos humanos y al derecho internacional humanitario, para que proceda la revisión, sin que aparezca un hecho nuevo o una prueba no conocida al tiempo del proceso, es necesario que exista una declaración de una instancia competente que constate que el Estado incumplió en forma protuberante con la obligación de investigar seriamente esa violación. A fin de asegurar una adecuada protección a la persona absuelta, la constatación de esa omisión de las autoridades deberá ser adelantada por un organismo imparcial e independien- te, y por ello, en el plano interno, dicha declaración sólo puede ser llevada a cabo por una autoridad judicial. 6.5. A proteção à coisa julgada impede a abertura de inquéritos e processos já arquivados. 6.5.1. Direito comparado: 6.5.1.1. • • Argentina: Mazzeo (CSJN, 2007)150: “[S]ería de un contrasentido inadmisible que por la gra- vedad de los hechos investigados se vulnerasen las garantías constitucionales básicas de quien se encuentra sometido a proceso, tal como pretende el a quo en su enfoque orientado a las consecuencias. El total respeto de esas garantías y de un derecho penal limitado constituye la base sobre las que se asienta y construye un verdadero Estado de Derecho… Por el contrario, determinar el valor de las garan- tías constitucionales según los resultados a los que conduci- ría su respeto, implica la consagración de un verdadero derecho penal del enemigo CFeindstrafrecht según la terminología utilizada por el profesor G. JakobsC conforme el cual se admite la derogación de garantías fundamentales del Estado de Derecho para determinados casos considerados de gravedad.” (dissidência do juiz Fayat) Mazzeo: “[E]lderecho procesal penal argentino no conoce la revisión del procedimiento en contra del acusado, pero no sólo porque ello se encuentre avalado por los códigos procesales dejados de lado por el señor Procurador en virtud de supuestas normas de rango superior con fundamento en el art. 118 de la Constitución NacionalC, sino porque la propia interpretación del principio por esta Corte como garantía no enumerada (art. 33 de la Constitución Nacional), sumado a la letra de las constituciones provinciales y, en la actualidad, a la incorporación de los tratados internacionales sobre 69 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo de- rechos humanos (conf. voto del juez Fayt in re "Videla", Fallos: 326:2805), permiten afirmar conjuntamente que lo que nuestro sistema constitucional impide es, precisamente, la múltiple persecución penal, tal como se señaló ut supra. (dissidência de Fayat). 7. Síntese: um “direito penal diferenciado” para graves violações a direitos humanos? O significado da invalidação das leis de anistia e da relativização da prescrição e da coisa julgada em crimes contra a humanidade – principais medidas de caráter penal contidas na sentença de 24 de novembro de 2010 – é melhor alcançado se visto na perspectiva do direito internacional e da intersecção entre o direito internacional dos direitos humanos e o direito penal internacional. Essa intersecção afirma a pessoa humana como sujeito de direitos e obrigações internacionais, e se apóia na concepção de que a persecução penal desempenha um papel essencial na proteção dos direitos das vítimas e no combate à impunidade. No atual estágio de desenvolvimento do direito das gentes, as atribuições vinculadas à persecução penal de crimes “internacionais”, definidos em tratados ou pela jurisprudência de organismos internacionais, é primariamente atribuída aos Estados e apenas subsidiariamente atribuída a tribunais penais internacionais (o princípio da subsidiariedade, previsto no Estatuto de Roma). A mudança essencial ocorrida no direito internacional, responsável pelo caráter expansivo do direito penal em certas matérias (v.g. proteção a mulheres e crianças através de leis criminalizadoras de condutas abusivas), não captada pela decisão do Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADPF 153, refere-se à ênfase no uso do sistema de justiça criminal como forma de proteção inafastável dos direitos das vítimas de graves violações de direitos. A decisão do STF na ADPF, consetânea com os standards liberais do direito penal vigente, não atribui às vítimas dos desaparecimentos forçados, torturas e execuções sumárias cometidas durante o regime militar - nenhum interesse legítimo no que se refere à persecução dos autores dos delitos, nem mesmo em relação àqueles que ainda estão em curso, tais como a ocultação dos cadáveres. Em contrapartida, no direito internacional, desde a Segunda Guerra há claro e progressivo fortalecimento do direito penal como forma de proteção de direitos humanos pois: a) as vítimas são tidas como sujeitos de direitos no sistema internacional e nos sistemas regionais; b) os autores de certos crimes, definidos no direito costumeiro ou em tratados, estão sujeitos à jurisdição universal e devem ser investigados e levados a julgamento preferencialmente nos sistemas estatais de justiça; c) não se aplicam a esses crimes as causas gerais de exclusão da punibilidade (prescrição, anistia, ne bis in idem); da ilicitude (discussão sobre a antijuridicidade, no caso dos sentinelas do muro de Berlim); e eventualmente da própria tipicidade (caso Prosecutor v. Sam Hinga Norman, supra citado). A acomodação entre a tendência internacional ao fortalecimento dos mecanismos de repressão estatal a certos crimes e os sistemas locais de justiça, sobretudo em países 70 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo que ainda enfrentam graves violações a direitos de réus e presos (caso do Brasil e outros países da América Latina), é particularmente difícil, pois há uma evidente e legítima preocupação na preservação das garantias da legalidade, da proteção à coisa julgada e da proibição da retroatividade in malam partem que há um século e meio orientam o direito interno dos Estados que adotam o sistema romano-germânico. É necessário reconhecer a existência de inegáveis contradições e lacunas nas soluções jurídicas oferecidas pelos tratados e sentenças internacionais nesse assunto. Particularmente o case law da Corte IDH não prima pela clareza conceitual, sobretudo no que se refere à identificação de quais condutas efetivamente constituem “graves violações a direitos humanos” para fins de responsabilização internacional. Mais do que a punição de torturadores do passado, a imprecisão conceitual pode dar azo a regimes penais de exceção para justificar a repressão estatal a crimes que não são objeto de amplo consenso internacional, como o tráfico internacional de entorpecentes. Não obstante, as dezenas de decisões judiciais internacionais e de direito comparado analisadas nesta NT claramente apontam o compromisso dos outros Estados membros da comunidade internacional em levar adiante o dever jurídico de investigar e sancionar as violações de direitos humanos usualmente definidas como crimes contra a humanidade, dentre elas a tortura, as execuções sumárias e o desaparecimento forçado de pessoas. A jurisprudência152 dos países da América Latina em casos similares claramente aponta para a relativização das garantias penais liberais da irretroatividade da lei penal prejudicial, da legalidade e da proteção à coisa julgada como medida indispensável à persecução de certos ilícitos gravíssimos tais como o sequestro, tortura e morte de militantes promovidos de forma sistemática por agentes militares e policiais. Essa “relativização” opera em geral dos seguintes modos: a) pelo afastamento do âmbito de incidência das garantias penais do investigado em razão de interpretação dada às normas internacionais que incidiriam sobre os fatos (argumento de que o jus cogens internacional à época já considerava os crimes insuscetíveis de prescrição e anistia); b) pelo afastamento do âmbito de incidência das garantias em razão da impossibilidade de exercício da persecução penal em estados politicos de exceção ou da nulidade dos atos de exoneração da punibilidade; c) pela afirmação da natureza principiológica das garantias em questão, as quais conteriam portanto apenas “mandatos de otimização” sujeitos à colisão com outros princípios, dentre os quais o direito das vítimas à reparação, inclusive por meio da repressão penal, e o compromisso internacional do Estado brasileiro de que certas condutas não fiquem impunes. Uma variante a essa posição, mais segura do ponto de vista jurídico, seria a inserção de uma “cláusula de exceção” às garantias, tidas como regras, mas não com princípios, tal como sugerido por Alexy. Outra questão bastante tormentosa refere-se à definição dos crimes conexos, se e quais deles serão objeto de investigações e processos criminais. Casos, por exemplo, como o do médico-legista José Antonio de Mello, réu em ação civil pública proposta pelo Ministério Público Federal de São Paulo, e autor do Laudo de Exame de Corpo de Delito de Manoel Fiel Filho que apontou como causa mortis “asfixia mecânica por estrangulamento”, serão investigados ou estão prescritos? Talvez não seja propriamente o caso de se falar em um “direito penal diferenciado”, como 71 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo classifica Malarino153, mas certamente a sentença do caso Gomes Lund obriga o sistema de justiça criminal no Brasil a rever seus paradigmas tradicionais pois, caso contrário, novas responsabilizações internacionais são esperadas. O aprofundamento dos estudos dos casos judicializados em outros países do continente, e uma discussão teórica sobre os limites e possibilidades do uso do direito penal na proteção a direitos humanos podem ser bastante proveitosas na busca de soluções compatíveis com nossa tradição jurídica. São Paulo, 25 de fevereiro de 2011. SERGIO GARDENGHI SUIAMA Procurador da República 72 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo NOTAS: 1 A presente NT é parcialmente o resultado do trabalho de pesquisa para a obtenção do titulo de mestre em direito (LL.M.) pela Universidade de Columbia. O autor deseja agradecer a Faculdade de Direito da Universidade e a Procuradoria Geral da República, pela concessão do afastamento para estudos sem o qual esta pesquisa não seria possível. 2 Arthur Kaufmann, apud Robert Alexy, “Derecho injusto, retroactividad y principio de legalidad penal. La doctrina del Tribunal Constitucional Federal alemán sobre los homicidios cometidos por los centinelas del Muro de Berlín”, Doxa – Cuadernos de Filosofía del Derecho, Alicante, n. 23, 2000, p. 221. 3 Antonio Kassesse, International Criminal Law, 2nd Ed., Oxford/New York, Oxford University Press, 2008, p. 54. Cf. também Kai Ambos e Ezequiel Malarino (eds.), Jurisprudência Latinoamericana sobre Derecho Penal Internacional, Berlin, Konrad-Adenauer-Stiftung, 2008. 4 Cf. Corte IDH, Gomes Lund e outros (“Guerrilha do Araguaia”) vs. Brasil, sentença de 24 de novembr de 2010 (Exceções Preliminares, Mérito, Reparações e Custas), §§ 256 e 257 e os pontos resolutivos 3 e 15 da sentença). Disponível em: http://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_219_por.pdf. 5 Para uma visão integrada da jurisprudência latino-americana sobre o assunto, cf. Viviana Krsticevic e Liliana Tojo, Implementación de las decisiones del Sistema Interamericano de Derechos Humanos: Jurisprudencia, normativa y experiencias nacionales, Buenos Aires, Center for Justice and International Law - CEJIL, 2007 e o já citado Jurisprudência Latinoamericana sobre Derecho Penal Internacional. Os artigos da publicação da Fundação Konrad Adenauer, apresentam posição mais crítica e focada nos aspectos penais da implementação das sentenças da Corte Interamericana de Direitos Humanos, sobretudo na Argentina e Chile. A respeito da Argentina, escreve Pablo F. Parenti nessa publicação: “La mayor parte de la jurisprudencia parece conformarse con verificar que los hechos objeto de juzgamiento son crímenes contra la humanidad a la luz del derecho internacional y, por lo tanto, imprescriptibles. Esta jurisprudencia no se detiene a analizar la relación entre normas (entre el supuesto de hecho propio del tipo penal y el correspondiente a la norma sobre imprescriptibilidad), sino que se conforma con la verificación de que se trata de los mismos hechos: dado que los mismos eventos satis- facen, a la vez, los presupuestos del tipo penal y los de la norma sobre prescripción (imprescriptibilidad), entonces la aplicación de ambas normas al caso estaría justificada. En algunos fallos puede encontrarse una justificación adicional que sí se detiene a comparar las normas y que señala la existencia de cierta similitud en la descripción que dichas normas hacen de los presupuestos que determinan su aplicación. Esto es, se observa cierta semejanza entre el tipo penal y el presupuesto de aplicación de la regla de imprescriptibilidad (crimen contra la humanidad). Como ejemplo puede citarse la discusión que tuvo lugar en el caso Arancibia Clavel acerca de si la asociación ilícita que se le imputaba, y por la que fue condenado, podía considerarse un crimen contra la humanidad y, por lo tanto, imprescriptible. (…) En otros casos se ha puesto de manifiesto la relación de género a especie existente entre algunas descripciones típicas de la legislación nacional y otras del DPI. En estos supuestos, en los que también existen coincidencias parciales entre los ele- mentos que componen las descripciones normativas, se verifica además una relación de inclusión de la figura internacional en un tipo penal de la legislación nacional cuya descripción es más amplia y, por tanto, más abarcadora que la de la figura internacional. Sobre la base de esta última línea de argumentación —que puede ser utilizada como explicación de por qué sería razonable (no arbitrario) aplicar la norma sobre imprescriptibilidad en esos casos— puede intentarse algo más: establecer una rela- ción entre los tipos penales nacionales y las figuras del DPI directamente en el plano de la tipicidad. Esto es, el argumento puede apuntar no sólo a justificar la razonabilidad del uso combinado de un tipo penal nacional con la regla internacional de la imprescriptibilidad, sino a justificar la articulación normativa entre dos tipos penales, uno internacional y otro nacional. Si se parte de la base de que el tipo penal nacional ya contiene la figura internacional (dado que abarca la conducta en ella prevista), entonces ese tipo y la pena que tiene asociada podrían ser empleados para subsumir y penar crímenes de derecho internacional.” (Jurisprudência Latinoamericana sobre Derecho Penal Internacional, op. cit., pp. 34-36). 6 Jurisprudência Latinoamericana sobre Derecho Penal Internacional, op. cit., pp. p. 24-25. 7 Idem, p. 444. 8 European Court of Human Rights – ECHR, Streletz, Kessler and Krenz v. Germany (Applications 34044/96, 35532/97 and 44801/98), julgamento de 22.03.01, voto do Juiz Loucaides. 9 CSJN, Priebke, Erich s/ Solicitud de Extradición – Causa n° 16.063/94. Julgamento de 02.11.95. Disponível em: http://www.dipublico.com.ar/?p=3846 73 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo 10 Corte Suprema de Justicia de la Nación Argentina – CSJN, Videla, Jorge Rafael s/ incidente de falta de jurisdicción y cosa juzgada, julgamento de 21/08/2003. Disponível em: http://www.derechos.org/nizkor/arg/doc/videla2.html. 11 CSJN, Simón, Julio Héctor y otro, s/ privación ilegítima de la libertad, etc., Causa Nº 17.768, Sentencia del 14 de junio de 2005. Disponível em: http://www.dipublico.com.ar/juris/simon.pdf. 12 CSJN, Gualtieri Rugnone de Prieto, Emma Elidia y otros s/ sustracción de menores de 10 años. G. 291. XLIII, julgamento de 11.08.09, t. 332, p. 1769. 13 Respectivamente os pontos 3, 9 e 15 da sentença. 14 Corte IDH, Caso Barrios Altos vs. Peru, Sentença de 14.03.01 (Fundo), § 41. Disponível em: http://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/Seriec_75_esp.pdf. 15 CSJN, Espósito, Miguel Ángel s/ incidente de prescripción de la acción penal, Sentencia del 23 de diciembre de 2004. Disponível em: http://www.csjn.gov.ar/jurisp/jsp/fallos.do?usecase=mostrarHjFallos&falloId=70206 http://falloscsn.blogspot.com/2007/12/espsito-2004.html. 16 Corte Constitucional, Sentencia de Revisión, Corte Const. T-249/03, Viernes 21 de marzo de 2003, por Javier Giraldo M. , S.J. Acción de tutela instaurada por Javier Giraldo Moreno en contra del Fiscal General de la Nación. Sentencia T-249/03. Referencia: expediente T-668169 Acción de tutela instaurada por Javier Giraldo Moreno en contra del Fiscal General de la Nación. 18 Tribunal Constitucional, Santiago Martín Rivas, Exp. n. 4587-2004-AA/TC, decisão de novembro de 2005. Disponível em: http://www.tc.gob.pe/jurisprudencia/2006/04587-2004-AA.html 19 Robert Alexy (op. cit., p. 227) cita, a propósito, o argumento lançado pelo Tribunal Constitucional Federal alemão, no julgamento do recurso dos sentinelas do muro de Berlim ("Mauerschützen"), no qual se discutiu a aplicação dos princípios constitucionais da irretroatividade e da taxatividade em relação a homicídios cometidos durante o regime comunista: “fundamentar la evidencia de la violación jurídico-penal para los soldados sólo mediante la existencia ‘objetiva’ de una violación grave de los derechos humanos» resultaría incompatible con el principio de culpabilidad. La existencia objetiva de una violación grave de los derechos humanos no es suficiente. Adicionalmente, debería «explicarse por qué el soldado individual, a la vista de su educación y su adoctrinamiento, así como de otras circunstancias, estaba en disposición de reconocer indubitadamente la violación jurídico-penal”. 20 Cf. Francisco de Assis Toledo, Princípios Básicos de Direito Penal, São Paulo, Saraiva, 1994, p. 22 (“O [princípio] nullum crimen, nulla poena sine lege... já foi objeto de muitas interpretações (…) cada uma delas desempenhando papel político de realce, antes que se chegasse à concepção atual, mais ou menos cristalizada na doutrina. Presentemente, essa concepção é obtida no quadro da denominada 'função de garantia da lei penal', que provoca o desdobramento do princípio em exame em quatro outros princípios, a saber: a) nullum crimen, nulla poena sine lege praevia; b) nullum crimen, nulla poena sine lege scripta; c) nullum crimen, nulla poena sine lege stricta; d) nullum crimen, nulla poena sine lege certa. Lex praevia significa proibição de edição de leis retroativas que fundamentem ou agravem a punibilidade. Lex scripta, a proibição da fundamentação ou do agravamento da punibilidade pelo direito consuetudinário. Lex stricta, a proibição da fundamentação ou do agravamento da punibilidade pela analogia (analogia in malam partem). Lex certa, a proibição de leis indeterminadas.”). No direito internacional, cf. Beth Van Schaack e Ronald C. Slye, International Criminal Law and its Enforcement, New York, Thomsom Reuters/Foundation Press, 2010, pp. 914-934 e Machteld Boot, Nullum Crimem Sine Lege and the Subject Matter Jurisdiction of the International Criminal Court: Genocide, Crimes Against Humanity and War Crimes, School of Human Rights Research Series v. 12, Antwerpen, Intersentia, 2002). 21 Naomi Roth-Arriaza, Impunity and Human Rights in International Law and Practice, New York e Oxford, Oxford University Press, 1995, p. 67. 22 A sentença de Barrios Altos refere-se a “(…) graves de los derechos humanos tales como (…)”. 23 Segundo a sentença da Corte IDH em Barrios Altos, são inadmissíveis medidas que impeçam a responsabilização em casos de tortura, desaparecimento forçado e execuções sumárias, pois tais atos ofendem “derechos inderogables reconocidos por el Derecho Internacional de los Derechos Humanos.” Na Convenção Americana de Direitos Humanos, a cláusula de inderrogabilidade está contida no art. 27.2., e inclui, dentre outros, os direitos ao reconhecimento da personalidade jurídica, à vida, a proibição da escravidão, o princípio da irretroatividade da lei penal in pejus, a proteção da família, o direito ao nome e os direitos da criança. No Pacto de Direitos Civis e Políticos, a proibição de derrogabilidade prevista no art. 4.1. inclui direitos amplamente reconhecidos como pertencentes ao jus cogens internacional – como a proibição 74 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo da tortura e do genocídio – mas também abrange a proibição da prisão por dívidas, por exemplo (art. 11). 24 Appeals Chamber of the International Tribunal for the Prosecution of Persons Responsible for Serious Violations of International Humanitarian Law Committed in the Territory of Former Yugoslavia, Prosecutor v. Dusko Tadic a/k/a "Dule" – Decision of the Defence Motion for Interlocutory Appeal on Jurisdiction, Decision of 2 octobre 1995 (disponível em: http://www.icty.org/x/cases/tadic/tdec/en/100895.htm), pars. 91-94. (“91. Article 3 thus confers on the International Tribunal jurisdiction over any serious offence against international humanitarian law not covered by Article 2, 4 or 5. Article 3 is a fundamental provision laying down that any "serious violation of international humanitarian law" must be prosecuted by the International Tribunal. In other words, Article 3 functions as a residual clause designed to ensure that no serious violation of international humanitarian law is taken away from the jurisdiction of the International Tribunal. Article 3 aims to make such jurisdiction watertight and inescapable. 92. This construction of Article 3 is also corroborated by the object and purpose of the provision. When it decided to establish the International Tribunal, the Security Council did so to put a stop to all serious violations of international humanitarian law occurring in the former Yugoslavia and not only special classes of them, namely "grave breaches" of the Geneva Conventions or violations of the "Hague law." Thus, if correctly interpreted, Article 3 fully realizes the primary purpose of the establishment of the International Tribunal, that is, not to leave unpunished any person guilty of any such serious violation, whatever the context within which it may have been committed. 93. The above interpretation is further confirmed if Article 3 is viewed in its more general perspective, that is to say, is appraised in its historical context. As the International Court of Justice stated in the Nicaragua case, Article 1 of the four Geneva Conventions, whereby the contracting parties "undertake to respect and ensure respect" for the Conventions "in all circumstances", has become a "general principle [. . .] of humanitarian law to which the Conventions merely give specific expression." (Case Concerning Military and Paramilitary Activities in and Against Nicaragua (Nicar. v. U.S.) (Merits), 1986 I.C.J. Reports 14, at para. 220 (27 June) (hereinafter Nicaragua Case). This general principle lays down an obligation that is incumbent, not only on States, but also on other international entities including the United Nations. It was with this obligation in mind that, in 1977, the States drafting the two Additional Protocols to the Geneva Conventions agreed upon Article 89 of Protocol I, whereby: "In situations of serious violations of the Conventions or of this Protocol, the High Contracting Parties undertake to act, jointly or individually, in co-operation with the United Nations and in conformity with the United Nations Charter." (Protocol I, at art. 89 (Emphasis added).) Article 3 is intended to realise that undertaking by endowing the International Tribunal with the power to prosecute all "serious violations" of international humanitarian law. (ii) The Conditions That Must Be Fulfilled For A Violation Of International Humanitarian Law To Be Subject To Article 3 94. The Appeals Chamber deems it fitting to specify the conditions to be fulfilled for Article 3 to become applicable. The following requirements must be met for an offence to be subject to prosecution before the International Tribunal under Article 3: (i) the violation must constitute an infringement of a rule of international humanitarian law; (ii) the rule must be customary in nature or, if it belongs to treaty law, the required conditions must be met (see below, para. 143); (iii) the violation must be "serious", that is to say, it must constitute a breach of a rule protecting important values, and the breach must involve grave consequences for the victim. Thus, for instance, the fact of a combatant simply appropriating a loaf of bread in an occupied village would not amount to a "serious violation of international humanitarian law" although it may be regarded as falling foul of the basic principle laid down in Article 46, paragraph 1, of the Hague Regulations (and the corresponding rule of customary international law) whereby "private property must be respected" by any army occupying an enemy territory; (iv) the violation of the rule must entail, under customary or conventional law, the individual criminal responsibility of the person breaching the rule.It follows that it does not matter whether the "serious violation" has occurred within the context of an international or an internal armed conflict, as long as the requirements set out above are met”. Disponível em http://www.icty.org/x/cases/tadic/acdec/en/51002.htm. No mesmo sentido, Antonio Cassesse (op. cit., pp. 11-13) anota que a categoria dos delitos internacionais pode ser definida pela conjunção dos seguintes elementos: a) as condutas importam na violação de regras costumeiras internacionais (assim como de provisões de tratados, quando estas provisões existam e estejam ou positivadas ou afirmem um direito costumeiro ou tenham contribuído para a sua formação); b) tais regras buscam protegem valores tidos como importantes para toda a comunidade internacional e vinculantes para Estados e indivíduos. Esses valores estão fundados em instrumentos internacionais; c) há um interesse global na repressão a esses crimes, inclusive por intermédio do reconhecimento do princípio da jurisdição universal; e d) o Estado não pode invocar imunidade de agentes políticos ou públicos contra a jurisdição civil ou criminal de outro Estado. 75 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo 25 Corte IDH, Bulacio vs. Argentina. Sentencia de 18 de septiembre de 2003 (Fondo, Reparaciones y Costas). Disponível em: http://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_100_esp.pdf 26 Corte IDH, Velásquez Rodriguez v. Honduras. Sentença de 29 de julho de 1988 (Mérito). Série C No. 4, par. 155 e 166. 27 Corte IDH, Villagrán Morales y otros vs. Guatemala, Sentencia de 19 de Noviembre 1999 (Fondo), pars. 225-226. 28 Corte IDH, Massacre de Pueblo Bello vs. Colômbia. Sentença de 31 de janeiro de 2006 (Mérito, Reparações e Custas), Série C No. 140, par. 145. 29 Corte IDH, Goiburú e outros versus Paraguai. Sentença de 22 de setembro de 2006 (Mérito, Reparações e Custas.), Série C No. 153, par. 84 30 Corte IDH, Ticona Estrada e outros vs. Bolívia, Sentença de 27 de novembro de 2008 (Mérito, Reparações e Custas.), Série C No. 191, par. 78. 31 Corte IDH, Chitay Nech e outros vs. Guatemala, Sentença de 25 de maio de 2010 (Exceções Preliminares, Mérito, Reparações e Custas), Série C No. 212, pars. 81, 87, 92 e 193. 32 Corte IDH, Rosendo Cantú e outra vs. México. Sentença de 31 de agosto de 2010 (Exceção Preliminar, Mérito, Reparações e Custas.), Serie C No. 216, par. 175. 33 Corte IDH, Fernández Ortega e outro vs. México, Sentença de 30 de agosto de 2010 (Exceção Preliminar, Mérito, Reparações e Custas.), Série C No. 215, par. 191. 34 Corte IDH, Ibsen Cárdenas e Ibsen Peña vs. Bolívia. Sentença de 1o de setembro de 2010 (Mérito, Reparações e Custas.). Série C No. 217, pars. 21, 59, 60, 65 e 197. 35 Corte IDH, Radilla Pacheco vs. México. Sentença de 23 de novembro de 2009 (Exceções Preliminares, Mérito, Reparações e Custas.). Série C No. 209, par. 145. 36 Corte IDH, Caso Bulacio vs. Argentina. supra cit. 37 Bulacio, supra cit. 38 Para uma crítica acadêmica da posição adotada pela Corte IDH em Bulacio, cf. Mykola Sorochinsky, “Prosecuting Tortures, Protecting ‘Child Molesters’: Towards a Power Balance Modelo of Criminal Process for International Human Rights Law”, 31 Mich. J. Int’l L. 157, 181-2 (2009). 39 Espósito, supra cit. 40 “12) Que esta es, a su vez, la única interpretación que se concilia con la concepción propia del derecho internacional en materia de prescripción, toda vez que "(d)e conformidad con el derecho internacional no prescribirán las violaciones de las normas internacionales de derechos humanos y del derecho internacional humanitario que sean crímenes de derecho internacional...La prescripción de otras violaciones...no debería limitar indebidamente, procesalmente o de cualquier forma, la posibilidad de que la víctima interponga una demanda contra el autor, ni aplicarse a los períodos en que no haya recursos efectivos contra las violaciones de las normas de derechos humanos y del derecho internacional humanitario ("Principios y directrices Básicos sobre el Derecho de las Víctimas de Violaciones de las normas internacionales de Derechos Humanos y del Derecho Internacional Humanitario a Interponer Recursos y Obtener reparaciones" -rev. 15 de agosto de 2003 del Relator Especial Theo van Boven y revisada por Cherif Bassiouni- punto VI, 6 y 7; énfasis agregado). Es decir, sólo pueden considerarse imprescriptibles aquellos delitos a los que se refiere la "Convención sobre la imprescriptibilidad de los crímenes de guerra y de los crímenes de lesa humanidad", aprobada en nuestro país con la sanción de la ley 24.584 del 29 de noviembre de 1995 e incorporada con jerarquía constitucional el 3 de septiembre de 2003 (ley 25.778). Tampoco podrán prescribir las causas en las que no hubieran existido recursos efectivos contra las violaciones de la normas de derechos humanos; a ese espíritu, respondió precisamente la incorporación al art. 67 de una nueva causal de suspensión de la prescripción en caso de cometerse los atentados al orden constitucional y a la vida democrática previstos en los arts. 226 y 227 bis del Código Penal "hasta tanto se restablezca el orden constitucional" (conf. considerando 37, disidencia del juez Fayt en A.533 XXXVIII "Arancibia Clavel, Enrique Lautaro s/ homicidio calificado y asociación ilícita y otros -causa N° 259-", sentencia del 24 de agosto de 2004).” (voto do Juiz Fayt). 41 No documento “Definition of Gross and Large-Scale Violations of Human Rights as an International Crime” (disponível em: http://www.unhchr.ch/Huridocda/Huridoca.nsf/(Symbol)/E.CN.4.Sub.2.1993.10*.En?Opendocument), p.ex., a Comissão de DH das Nações Unidas sugere dois parâmetros: a) a gravidade e a escala das violações; b) o cometimento das violações como resultado de ordem, instigação, aprovação ou conivência de agentes estatais. A opinião do documento é o de que violações sistemáticas, mesmo que contra apenas um 76 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo indivíduo ou pequeno grupo de indivíduos, também devem ser consideradas graves, para o fim de obrigar os Estados a investigar e sancionar criminalmente seus autores. Roth-Arriaza (Impunity and Human Rights in International Law and Practice, op. cit.) sugere a adoção de um critério fundado na gradação da ofensa (“sliding scale approach”), segundo o qual apenas um pequeno número de violações de direitos humanos definidas em cláusulas não derrogáveis de instrumentos internacionais e/ou relacionadas à ofensa à integridade física da vítima justificariam a responsabilização penal de seus autores. Violações menores a direitos humanos, inversamente, não impõem aos Estados deveres positivos em matéria criminal. 42 CSJN, Derecho, René Jesús, s/incidente de prescripción de la acción penal, D. 1682. XL, RHE, Causa Nº 24.079, Sentença de 11.07. 07, T. 330, P. 3074, Mayoria: Lorenzetti, Highton de Nolasco, Petracchi, Maqueda, Zaffaroni, Voto Disidencia: Argibay, Abstencion: Fayt. Disponível em: http://www.csjn.gov.ar/jurisp/jsp/fallos.do?secase=mostrarDocumento&falloId=1938. 44 Caso Teodorico Bernabé Montoya, Expediente nº. 03173-2008-PHC/TC, 11 de diciembre de 2008, Resolução del Tribunal Constitucional em Lima, Voto Singular de los Magistrados Beaumont Callirgos y Eto Cruz. Disponível em: http://www.tc.gob.pe/jurisprudencia/2008/03173-2008-HC%20Resolucion.html. 45 CIDH, Demanda perante a Corte Interamericana de Direitos Humanos, Caso 11.552 - Julia Gomes Lund e outros (Guerrilha do Araguaia) Contra a República Federativa do Brasil. Disponível em: http://www.cidh.oas.org/demandas/11.552%20Guerrilha%20do%20Araguaia%20Brasil%2026mar09%20PO RT.pdf. 46 Corte IDH, Gomes Lund v. Brasil, supra, par. 84. 47 Voto fundamentado do Juiz Ad Hoc Roberto de Figueiredo Caldas com relação à sentença da Corte IDH no Gomes Lund e outros v. Brasil, de 24 de novembro de 2010, supra citado. 48 CADH, art. 9: “Ninguém pode ser condenado por ações ou omissões que, no momento em que forem cometidas, não sejam delituosas, de acordo com o direito aplicável. Tampouco se pode impor pena mais grave que a aplicável no momento da perpetração do delito. Se depois da perpetração do delito a lei dispuser a imposição de pena mais leve, o delinqüente será por isso beneficiado.” Disponível em: <http://www.cidh.oas.org/Basicos/Portugues/c.Convencao_Americana.htm> 49 PIDCP, art. 15: “1. ninguém poderá ser condenado por atos omissões que não constituam delito de acordo com o direito nacional ou internacional, no momento em que foram cometidos. Tampouco poder-seá impor pena mais grave do que a aplicável no momento da ocorrência do delito. Se, depois de perpetrado o delito, a lei estipular a imposição de pena mais leve, o delinqüente deverá dela beneficiar-se. 2. Nenhuma disposição do presente Pacto impedirá o julgamento ou a condenação de qualquer individuo por atos ou omissões que, momento em que forma cometidos, eram considerados delituosos de acordo com os princípios gerais de direito reconhecidos pela comunidade das nações.”. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/D0592.htm>. 50 Alexy, op. cit., p. 202 (“Quien interprete hoy el derecho entonces vigente en la RDA a la luz de los principios del Estado de Derecho, incurre, por vía de una maniobra interpretativa a posteriori (nachträgliche Uminterpretation), en una retroactividad encubierta, que es todavía más grave que la abierta. Se vadean así los auténticos problemas, y los costes jurídicos que uno debe pagar si quiere penar hoy a los centinelas del muro apenas se perciben. La base jurídico-teórica de esta errónea interpretación es una imagen equivocada de lo que sea el derecho positivo. Y es que al derecho positivo pertenece no sólo el correspondiente tenor literal de las normas, sino también, y esencialmente, la correspondiente práctica interpretativa. Justamente en esta práctica ampara el Tribunal Supremo Federal su tesis de que el hecho sí estaba justificado según el entonces vigente derecho de la RDA.”). 51 Corte de Apelaciónes de Santiago, sentença de 30.07.10. Disponível em: http://www.ddhh.gov.cl/filesapp/sentenciaepisodioochovalparaiso2.doc 52 A redação original da declaração, apresentada pelo Ministro de Relações exteriores da Rússia, referia-se a “crimes contra a cristandade e a civiliação”, mas foi substituída porque o Ministro francês, que temia que a população muçulmana dos países colonizados pela França reagisse contra a exclusão. Cf. Cassesse, op. cit., p. 101-102. 53 Cf. Cassesse, op. cit., p. 105 (“A number of courts have explicitly or implicitly held by that Article 6(c) of the London Agreement simply crystalized or codified a nascent rule of general international Law prohibiting crimes against humanity. It seems more correct to contend that that provision constituted new Law. This explains bot limitations to which the new notion was subjected (and to which referente has already been made above) and the extreme caution and indeed reticence of the IMT in applying the notion).” 54 PR-SP, Promoção de Arquivamento, Peças de informação n. 1.34.001.003312/2008-97, 04.09.2008. 77 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo 55 Cassesse, op. cit., p. 108. Robert Cryer e outros, An Introduction to International Law and Procedure, , Cambridge, University Press, 2010, p. 235. 57 Agreement for the Prosecution and Punishment of the Major War Criminals of the European Axis, and Charter of the International Military Tribunal. London, 8 August 1945. Disponível em: http://www.icrc.org/ihl.nsf/INTRO/350?OpenDocument. 58 Nuremberg Trials Final Report Appendix D, Control Council Law n. 10: Punishment of Persons Guilty of War Crimes, Crimes Against Peace and Against Humanity, art. II. Disponível em: http://avalon.law.yale.edu/imt/imt10.asp. 59 Texto adotado pela Comissão de Direito Internacional e submetido à Assembleia Geral das Nações Unidas como parte do relatório da Comissão e disponível em: http://untreaty.un.org/ilc/texts/instruments/english/draft%20articles/7_1_1950.pdf. O relatório foi publicado no Yearbook of the International Law Commission, 1950, v. II. O histórico completo dos trabalhos da Comissão está registrado no seguinte link: http://untreaty.un.org/ilc/guide/7_3.htm. Sobre o assunto, observa Antonio Cassesse (supra citado) que o vinculo entre crimes contra a humanidade e os crimes contra a guerra e contra a paz somente foi formalmente suprimido no anteprojeto de Código de Crimes contra a Paz e a Segurança da Humanidade, em 1996 (“It is interesting to note that the link between crimes against humanity and crimes against peace and war crimes was later deleted by the Commission when it adopted the draft Code of Crimes against the Peace and Security of Mankind of 1996”). 60 Covering the Work of its Sixth Session, 3 28 July 1954, Official Records of the General Assembly, Ninth Session, Supplement No. 9 Article 2, paragraph 11 (previously paragraph 10) http://untreaty.un.org/ilc/documentation/english/a_cn4_88.pdf. 61 Disponível em: http://daccess-ddsny.un.org/doc/RESOLUTION/GEN/NR0/004/87/IMG/NR000487.pdf?OpenElement. 62 Disponível em: http://daccess-ddsny.un.org/doc/RESOLUTION/GEN/NR0/005/05/IMG/NR000505.pdf?OpenElement 63 Principles of International co-operation in the detection, arrest, extradition and punishment of persons guilty of war crimes and crimes against humanity, adotados pela Resolução 3074, da Assembléia Geral das Nações Unidas, em 03.12.1973. Disponível em: http://www2.ohchr.org/english/law/guilty.htm 64 Adotada pela Assembléia Geral das Nações Unidas através da Resolução 2391 (XXIII), de 26.11.1968. Entrou em vigor no direito internacional em 11.11.70. Disponível em: http://www.dhnet.org.br/direitos/sip/onu/genocidio/conv68.htm 65 Convenção Internacional sobre a Supressão e Punição do Crime de Apartheid. Disponível em: http://www.oas.org/dil/port/1973%20Convenção%20Internacional%20sobre%20a%20Supressão%20e%20P unição%20do%20Crime%20de%20Apartheid.pdf 66 Estatuto do Tribunal Penal Internacional. Disponível em: http://www2.mre.gov.br/dai/tpi.htm. 67 O Estatuto do Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia (de 1993) já definia a competência jurisdicional para crimes contra a humanidade, independentemente do caráter interno ou internacional da do conflito (“Art. 5º: Crimes against humanity. The International Tribunal shall have the power to prosecute persons responsible for the following crimes when committed in armed conflict, whether international or internal in character, and directed against any civilian population: (a) murder; (b) extermination; (c) enslavement; (d) deportation; (e) imprisonment; (f) torture; (g) rape; (h) persecutions on political, racial and religious grounds; (i) other inhumane acts.” Disponível em: http://www.icty.org/x/file/Legal%20Library/Statute/statute_sept09_en.pdf. 68 Tadic, supra citado. 69 Corte IDH, Caso Almonacid Arellano y otros vs. Chile, Sentencia de 26 de septiembre de 2006 (Excepciones Preliminares, Fondo, Reparaciones y Costas). Disponível em: http://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_154_esp.pdf. 70 CSJN, Arancibia Clavel, Enrique Lautaro y otros, s/ asociación ilícita, intimidación pública y daño y homicidio agravado, A. 38. XXXVII, Causa n° 1516/93- B, Sentencia de 24 agosto de 2004, T. 327, P. 3294, L.L. 10-11-04, nº.. 108.286, con nota, Mayoría: Zaffaroni, Highton de Nolasco. Voto: Petracchi, Belluscio, Boggiano, Maqueda. Disidencia: Fayt, Vázquez. A. 38. XXXVII. 71 Supra citado. 72 CSJN, Mazzeo, Julio Lilo y otros s/ rec. de casación e inconstitucionalidad; M.2334, Mazzeo, Julio Lilo y 56 78 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo otros s/ rec. de casación e inconstitucionalidad y M.2335.XLII 'Mazzeo, Julio Lilo y otros s/ rec. de casación e inconstitucionalidad”. Julgado em 13.07.07. Disponível em: http://www.derechocomparado.org/sentencias/argMazzeoCorte.htm. 73 Corte Constitucional, Sentencia C-578/02, Control de Constitucionalidad de Tratado Internacional y Ley Aprobatoria. Disponível em: http://www.fiscalia.gov.co/justiciapaz/Documentos/Normativa/Sentencia_C578_02_Estatuto_Roma.htm. 74 Supra citada. 75 Declaração sobre a proteção de todas as pessoas contra os desaparecimentos forçados. Adotada pela Assembléia Geral das Nações Unidas através da Resolução 47/133 de 18 de dezembro de 1992. Disponível em: http://www.dhnet.org.br/direitos/sip/oea/oeapess.htm. 76 Convenção Interamericana Sobre o Desaparecimento Forçado de Pessoas. Adotada em Belém do Pará, em 06.09.94. Disponível em: http://www.oas.org/juridico/portuguese/treaties/a-60.htm. 77 Supra citado. 78 Convenção Internacional para a Proteção de Todas as Pessoas contra o Desaparecimento Forçado, adotada pela Assembléia Geral da ONU em 20.12.06. O Brasil assinou o tratado em 06.02.07. A ratificação ocorreu em 29.11.10. O tratado entrou em vigor no plano internacional em 23.12.10. Disponível em: http://pfdc.pgr.mpf.gov.br/atuacao-e-conteudos-de-apoio/legislacao/direito-a-memoria-e-averdade/convencoes/convencao-internacional-desaparecimento-forcado 79 Supra citado. 80 Supra citado. 81 Supra citado. 82 Supra citado. 83 Supra citado. 84 Supra citado. 85 Prosecutor v. Tihomir Blaskic (Trial Judgement), IT-95-14-T, International Criminal Tribunal for the former Yugoslavia (ICTY), 3 March 2000. Disponível em: http://www.unhcr.org/refworld/docid/4146f1b24.html. 86 Supra citado. 87 Supra citado. 88 Supra citado. 89 Supra citada. 90 Supra citada. 91 Supra citada. 92 Op. cit., p. 113 (“... it may noted that with respect to this crime the ICC Statute has not codified existing customary Law but contributed to the crystallization of a nascent rule, evolved primarily out of treaty Law (that is, the numerous treaties on human rights prohibiting various acts falling under this heading), as well as the case Law of the Inter-American Commission and Court of Human Rights, in addition toa number of UN General Assembly Resolutions. These various strands have been instrumental in the gradual formation of a customary rule prohibiting enforced disappearance of persons. The ICC Statute has upheld and laid down in a written provision of the criminalization of this condut.”). 93 http://www.un.org/documents/ga/res/33/ares33r173.pdf 94 Supra citada. 95 Disponível em: http://www.unhchr.ch/huridocda/huridoca.nsf/(Symbol)/a.conf.157.23.en 96 Supra citada. 97 Supra citado. 98 Supra citado. 99 Tribunal Constitucional, Sentencia Exp. n.º 2798-04-HC/TC, Gabriel Orlando Vera Navarrete. Disponível em: http://www.tc.gob.pe/jurisprudencia/2005/02798-2004-HC.html. 100 Supra citada. 101 Supra citado. 102 Supra citada. 103 Camila Akemi Perruso, O Desaparecimento Forçado de Pessoas no Sistema Interamericano de Direitos Humanos – Direitos Humanos e Memória. Dissertação de mestrado, Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010. 104 Supra citado. 105 Corte IDH, Caso Ibsen Cárdenas e Ibsen Pena vs. Bolívia, sentença de 01.09.10 (Fondo, Reparaciones y 79 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo Costas). 106 Supra citado. 107 Supra citado. 108 Supra citado. 109 Supra citada. 110 Supra citada. 111 CIDH, Trujillo Oroza Vs. Bolivia, Sentencia de 27 de febrero de 2002 (Reparaciones y Costas). 112 Supra citado. 113 Tribunal Constitucional de Bolivia, Caso Trujillo Oroza, Sentencia constitucional nº. 1190/01-R, de 12 de noviembre de 2001, Sucre, 2001-03164 - 07-RAC. Partes: Antonia Gladys Oroza vda. de Solón Romero por José Carlos Trujillo Oroza contra José Luis Dabdoub López y Jacinto Morón Sánchez, Vocales de la Sala Penal Primera; Hernán Cortez Castillo y Limberg Gutiérrez Carreño, Vocales de la Sala Penal Segunda de la Corte Superior del Distrito Judicial de Santa Cruz y Alaín Núñez Rojas Ex - Juez Quinto de Instrucción en lo Penal de la Capital; Materia: Amparo Constitucional; Distrito: Santa Cruz; Magistrado Relator: Dr. Willman Ruperto Durán Ribera. Disponível em: http://www.tribunalconstitucional.gob.bo/gpwtc.php?name=consultas&file=print&palabra=&id=3350. 114 Supra citado. 115 Corte CIDH, Almonacid Arellano y otros Vs. Chile, Sentencia de 26 de septiembre de 2006 (Excepciones Preliminares, Fondo, Reparaciones y Costas). Disponível em: http://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_154_esp.pdf) 118 Supra citado. 119 Supra citado. 120 Supra citado. 121 Supra citado. 122 Supra citado. 123 ECHR, Judgment of January 17, 2006. Applications No. 23052/04 and 24018/04. 124 Supra citado. 125 Supra citado. 126 Corte de Apelaciones de Santiago, 30.09.1994. 127 Disponível em: http://www.bcn.cl/actualidad_legislativa/delitos-contra-derechos-humanos/derechoshumanos. 128 Alexy, op. cit, p. 207 (“Ahora bien, lo que no puede aceptarse, siquiera en su forma refinada, es la fundamentación aducida para ello. Si una muerte en la frontera interior alemana, como por ejemplo la del primer caso de los centinelas del muro resuelto por el Tribunal Supremo Federal, y también la que aquí nos ocupa, se mantiene dentro del marco del tenor literal de las determinaciones legales justificantes, y si la aceptación de esta justificación refleja la práctica interpretativa totalmente dominante, entonces el recurso a una interpretación favorable a los derechos humanos –que quizá fuera posible según el tenor literal, pero que contradecía el derecho entonces vigente en la RDA– supone vadear el art. 103 de la Ley Fundamental a través de un maniobra interpretativa retroactiva, lo cual constituye una retroactividad encubierta.)” 129 Peter E. Quint, “Judging the Past: The Prosecution of East German Border Guards and the GDR Chain of Command”, The Review of Politics, v. 61, n. 02 (Spring 1999), p. 313. 130 ECHR, A 335 C. C.R. v. The United Kingdom, Application, Referred by Comission, Date of reference by Comission 09/09/1994, Date of Judgment Articles 22/11/1995. (“The European Court of Human Rights held that the guarantee enshrined in Article 7 occupied a prominent place in the Convention system of protection, as was underlined by the fact that no derogation from it was permissible under Article 15 in time of war or emergency. It should be construed and applied in such a way as to provide effective safeguards against arbitrary prosecution, conviction and punishment. It entailed that only the law could define a crime and prescribe a penalty; that the criminal law should not be extensively construed to an accused's detriment; and that an offence ought to be clearly defined in law. Nonetheless, however clearly drafted a legal provision might be, in any system of law there was an inevitable element of judicial interpretation, elucidation of doubtful points and adaptation to changing circumstances. Article 7 could not be read as outlawing this process, provided that the resultant development was consistent with the essence of the offence and could reasonably be foreseen.”). 131 ECHR, Streletz, Kessler and Krenz v. Germany, Applications nos. 34044/96, 35532/97 and 44801/98). Julgado em 22.03.01. 80 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo 132 Decision do Bundesverfassungsgericht de 24 de outubro de 1996, EuGRZ 1996, 538, tradução citada em Herman Lott, “A Lei Penal e o Estado Democrático de Direito”, Jus Navigandi, Teresina, ano 13, n. 1753, 19 abr. 2008. Disponível em: <http://jus.uol.com.br/revista/texto/11178>. 133 Corte Suprema: Caso del Homcidio Calificado José Matías Ñanco. Recurso de Casación. Rol No 26662004. 18 de enero de 2007. 134 Supra citada. 135 Robert Alexy, Teoria de los Derechos Fundamentales (Theorie der Grundrechte), Madrid, Centro de Estudios Constitucionales, 1997, p. 86. 136 Alexy, “Derecho injusto, retroactividad y principio de legalidad penal., op. cit., p. 215. 137 Idem, pp. 216-217. 138 Supra citado. 140 In Kai Ambos e Ezequiel Malarino (eds.), Jurisprudência Latinoamericana sobre Derecho Penal Internacional, p. 33. 141 Supra citado (“The European Court of Human Rights held that the guarantee enshrined in Article 7 occupied a prominent place in the Convention system of protection, as was underlined by the fact that no derogation from it was permissible under Article 15 in time of war or emergency. It should be construed and applied in such a way as to provide effective safeguards against arbitrary prosecution, conviction and punishment. It entailed that only the law could define a crime and prescribe a penalty; that the criminal law should not be extensively construed to an accused's detriment; and that an offence ought to be clearly defined in law. Nonetheless, however clearly drafted a legal provision might be, in any system of law there was an inevitable element of judicial interpretation, elucidation of doubtful points and adaptation to changing circumstances. Article 7 could not be read as outlawing this process, provided that the resultant development was consistent with the essence of the offence and could reasonably be foreseen.”). 142 Corte EDH, Cantoni v. France, Judgment of 15 November 1996. 143 Special Court for Sierra Leone, case n. SCSL-2004-14-AR72(E), Decision on Preliminary Motion Based on Lack of Jurisdiction, decision of May 31, 2004, pars. 38 e 50, disponível em <http://www.sierraleonelii.org/caselaw/2004-scsl-18>. Em sentido contrário, o voto dissidente do Juiz Robertson observa que “it is precisely when the acts are abhorrent and deeply shocking that the principle of legality must be most stringetly applied, to ensure that a defendant is not convicted out of disgust rather than evidence, or of a non-existent crime.” 144 Supra citado. 145 “Não resta nenhuma dúvida de que decisão de arquivamento de inquérito policial por reconhecimento de anistia produz coisa julgada material. Isso porque, assim como a prescrição, a anistia é causa de extinção da punibilidade prevista no artigo 107 do Código Penal. A matéria é de mérito, sem dúvida, pois as causas de extinção da punibilidade geram como efeito jurídico a extinção do poder-dever de punir do Estado, poder-dever esse nascido quando da prática do crime. Nesse sentido, nos mesmos moldes do que ocorre com o arquivamento de inquérito policial por reconhecimento de prescrição, e ao contrário do mero arquivamento por falta de provas, o arquivamento por reconhecimento da anistia transita em julgado, não se admitindo posterior reabertura da investigação. Em qualquer caso de extinção da punibilidade da qual não mais caiba recurso, o efeito jurídico deve ser o mesmo, produzindo-se a coisa julgada material. A intrigante questão que surge, neste passo, é se, em matéria penal, produz-se coisa julgada material se a decisão favorável ao investigado ou réu, aqui se tratando de decisão declaratória de extinção da punibilidade, é exarada por juízo ou tribunal incompetente. (…) A resposta a essa questão há de ser positiva, não se admitindo nova abertura da mesma investigação. O problema, na verdade, resume-se no conflito entre norma constitucional que prevê competência e norma constitucional que estabelece a inviolabilidade da coisa julgada (artigo 5o, inciso XXXVI, da Constituição brasileira de 1988). Esta última, sem dúvida, possui mais pujante força, por se tratar se garantia individual fundamental, alçada, inclusive, ao elevado patamar das cláusulas pétreas (artigo 60, parágrafo 4o, inciso IV, da Constituição da República). Nesse contexto, e em se tratando de coisa julgada material em favor do investigado, não se pode senão considerá-la prevalente e válida, malgrado a incompetência exposta. A jurisprudência vem se orientando no mesmo sentido, conforme se pode verificar no seguinte aresto do Superior Tribunal de Justiça: Processo: RHC 17389/SE RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS 2005/0034308-8 Relatora: Ministra LAURITA VAZ Órgão Julgador: QUINTA TURMA Data do Julgamento: 20/11/2007 Data da Publicação/Fonte: DJ de 07.04.2008 Ementa: “RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. PEDIDO DE TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. ARQUIVAMENTO DO FEITO. RECONHECIMENTO DE CAUSA EXCLUDENTE DE 81 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Procuradoria da República no Estado de São Paulo ILICITUDE. DECISÃO PROFERIDA POR JUÍZO ABSOLUTAMENTE INCOMPETENTE. INSTAURAÇÃO DE AÇÃO PENAL PERANTE O JUÍZO COMPETENTE. IMPOSSIBILIDADE. COISA JULGADA. PRECEDENTES. 1. A teor do entendimento pacífico desta Corte, o trancamento da ação penal pela via de habeas corpus é medida de exceção, que só é admissível quando emerge dos autos, de forma inequívoca, a inocência do acusado, a atipicidade da conduta ou a extinção da punibilidade. Precedentes do STJ. No caso, resta evidenciada essa excepcionalidade. O arquivamento do inquérito policial no âmbito da Justiça Militar se deu em virtude da promoção ministerial no sentido da incidência de causa excludente de ilicitude. 3. Embora o inquérito policial possa ser desarquivado em face de novas provas, tal providência somente se mostra cabível quando o arquivamento tenha sido determinado por falta de elementos suficientes à deflagração da ação penal, o que não se verifica na espécie. Precedentes. 4. Ainda que se trate de decisão proferida por juízo absolutamente incompetente, nos termos do disposto no art. 9.o do Código Penal Militar, porquanto praticado por militar fora do exercício da função, produz coisa julgada material.” 146 Supra citado. 147 Supra citado. 148 CSJN, L.L. 26-6-08, nro. 112.610. Mayoria: Lorenzetti, Highton de Nolasco, Maqueda, Zaffaroni Voto: Disidencia: Abstencion: Fayt, Petracchi, Argibay. M. 359. XLIII; REX Menéndez, Luciano Benjamín y otro s/recurso de casación y de inconstitucionalidad. 12/06/2008 T. 331, P. 1432. 149 Principio “Non Bis In Idem”. Expediente D-40-41. El ciudadano Santiago Acevedo Martelo demanda la inconstitucionalidad de la norma del Código de Procedimiento Penal que regula la acción de revisión (artículo 220 numeral 3° parcial de la Ley 600 de 2000 o Código de Procedimiento Penal). Sentencia C004/03 (Corte Constitucional, 2003): del 20 de enero del 2003. 150 Supra citado. 152 Ezequiel Malarino (Jurisprudência Latinoamericana sobre Derecho Penal Internacional, op. cit., p. 443), a propósito, é bastante critico a respeito do que chama de “direito penal diferenciado”, adotado pela jurisprudência majoritária dos países latinoamericanos, para ele “un derecho penal que corre por carriles diferentes a los del derecho penal normal y que se caracteriza por la restricción de derechos del autor o imputado y, paralelamente, el aumento de los derechos de la víctima. En este derecho penal diferenciado: no existe la prescripción; no son admisibles las disposiciones de amnistías, indultos y otras exenciones similares de la responsabilidad penal; • no opera la cosa juzgada (ne bis in idem), sea para posibilitar el renacimiento de una acción fenecida por una ley de amnistía, indulto, etcéte- ra, sea para reabrir un proceso finalizado con sentencia absolutoria por el descubrimiento de nuevos hechos o nuevas pruebas luego de la sentencia; no rige el principio de legalidad o, cuando sí lo hace, este principio es concebido de una manera tan débil que para su satisfacción basta una norma consuetudinaria previa al hecho (nullum crimen sine iure) —esta es la posición mayoritaria—, o bien un delito en el ordenamiento inter- no que abarque la sustancia —y sólo eso— de la infracción del crimen internacional que dicho ordenamiento no contiene (por ejemplo, el tipo de homicidio serviría para satisfacer la legalidad del crimen de lesa hu- manidad), o bien, finalmente, quienes optan por el camino de la since- ridad —que son los menos— defienden una aplicación retroactiva de la ley penal justificada en la gravedad de los hechos.” 153 Idem. 82