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AUTO-AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL: instrumento norteador efetivo de
investimentos da IES
Silvana Alves Macedo1
Reginaldo de Oliveira Nunes2
RESUMO
O processo da Auto-Avaliação Institucional ainda é um desafio para profissionais de IES, ao ser utilizado como
ferramenta estratégica de gestão democrática. No processo da Auto-Avaliação 2006 da Faculdade de Ciências
Biomédicas de Cacoal - FACIMED foram utilizados alguns critérios de avaliação da prática pedagógica na
opinião do corpo discente. Considerando à média sete como critério de aprovação do desempenho da
aprendizagem dos acadêmicos da instituição, não atingimos a meta esperada na avaliação do desempenho
docente em dois dos quatro itens. Após a auto-avaliação institucional 2006, o maior investimento da IES foi à
gestão pedagógica. O destaque na Assembléia de divulgação dos resultados da Auto-Avaliação Institucional
2007 foi o resultado do desempenho do Corpo Docente que, comparado com o resultado do ano anterior,
apresentou melhora significativa.
INTRODUÇÃO
A Faculdade de Ciências Biomédicas de Cacoal – FACIMED vem promovendo desde
2005, o processo de Auto-Avaliação Institucional de acordo com a concepção e princípios do
Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – SINAES. Em sua proposta, inclui a
participação de toda a comunidade acadêmica: dirigentes, discentes, funcionários, egressos e
agentes da sociedade procurando, assim, integrar a educação superior numa visão de mundo
atual em que insere a construção do saber na intervenção social, com vistas a promover a
inclusão social e ainda se configura como elemento fundamental da proposta de mudanças
que se impõem às IES contemporâneas.
Entretanto, nessa proposta, apresentamos apenas o desenvolvimento e análise dos
dados referente à coleta da opinião do corpo discente sobre a prática pedagógica, levando em
consideração que, na Auto-avaliação Institucional, o retorno de informações sobre o
desenvolvimento das ações é amplo o que nos impossibilita de trabalharmos com todos os
dados nesse momento, e optarmos pela seleção de um dos grandes itens que é o Desempenho
Docente.
_______________________________________
1
Presidente da Comissão Própria de Avaliação – CPA da Faculdade de Ciências Biomédicas de Cacoal –
FACIMED.
2
Representante Docente da Comissão Própria de Avaliação – CPA da Faculdade de Ciências Biomédicas de
Cacoal - FACIMED
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A Proposta de Auto-Avaliação da Faculdade de Ciências Biomédicas de Cacoal FACIMED: “AÇÃO – REFLEXÃO – AÇÃO” foi elaborada com o objetivo de sistematizar e
organizar o processo avaliativo da Faculdade, de forma contínua, integrada, participativa
constituindo, assim, um dos componentes básicos do SINAES - Sistema Nacional de
Avaliação da Educação Superior, criado pela Lei n° 10 861, de 14 de abril de 2004, e
regulamentado pela portaria 2.051, de 09 de julho de 2004.
Acreditamos que a preocupação fundamental do projeto de Auto-Avaliação
Institucional deve ser com as condições para a elevação do padrão de qualidade do ensino e
da aprendizagem oferecidos pela Faculdade traduzindo a realidade e os desafios que cada
instituição se propõe atingir e contribuir para as discussões das questões relacionadas à
avaliação enquanto compromisso de todos.
A competência na educação superior, assim como nos demais níveis escolares, aparece
devido à necessidade imposta pelos pressupostos contemporâneos em relação ao
trabalho, que levam o indivíduo a tomar decisões e assumir responsabilidades pessoais
e profissionais frente as novas situações, o que implica numa atitude que mobiliza a
inteligência e a intuição das pessoas. Estas condições trazem para a noção de
competência a necessidade de tomada de decisão ou responsabilidade na resolução de
problemas. Por sua vez, estas condições, visam ainda aliar a concepção de
competência com a de empregabilidade no contexto organizacional. (RAIES, 2005, p.
107)
Efetivamos, então, esse processo, visando contribuir com a definição de políticas da
IES e construção de uma cultura de valorização dos resultados da avaliação como prérequisitos para o planejamento do seu desenvolvimento e promoção da qualidade do ensino.
Dentro desse contexto, selecionamos o tópico “Desempenho Docente” para ser
abordado nessa proposta levando em consideração a relevância que o mesmo representa
dentro de uma instituição que trabalha com ensino e aprendizagem.
METODOLOGIA E RESULTADOS
O processo da Auto-Avaliação Institucional, no seu sentido mais amplo, ainda é um
desafio para muitos profissionais de IES, ao ser utilizado como ferramenta estratégica de
gestão, que permiti a percepção de possibilidades e limitações dos diversos setores da
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instituição e ao mesmo tempo aponta caminhos para melhoria das políticas educacionais de
forma participativa.
No processo da Auto-Avaliação Institucional de 2006, a Faculdade de Ciências
Biomédicas de Cacoal - FACIMED utilizou quatro itens como critérios de avaliação da
prática pedagógica: 1- Didática dos professores, 2 - Domínio e atualização de conteúdos, 3 –
Critérios de Avaliação e 4 – Relacionamento professor-aluno/IES-professor-aluno. Cada item
contava com cinco opções de resposta: ótimo, bom, regular, ruim e não sei avaliar. Na opinião
do corpo discente dos cinco cursos oferecidos, contamos com a participação de 63% dos
1.058 acadêmicos regularmente matriculados, de forma geral, obtivemos o seguinte resultado,
no item ótimo: 1- 69,85% dos acadêmicos; 2 – 74,76% dos acadêmicos; 3 – 69,70% dos
acadêmicos e 4 – 73,87% dos acadêmicos, respectivamente. Levando em consideração à
média sete como critério de aprovação do rendimento da aprendizagem dos acadêmicos da
instituição, ficou abaixo da expectativa a avaliação da prática docente em dois dos quatro
itens.
A grande preocupação das IES, com relação à qualidade do ensino, ainda está focada
na formação técnica do seu quadro de profissionais docentes, principalmente para as
instituições que atuam na área da saúde.
Durante o exercício do ano de 2006 alguns investimentos foram realizados no setor
pedagógico, entretanto, após o resultado da Auto-Avaliação Institucional de 2006, no
exercício do ano de 2007, a FACIMED investiu, principalmente, na gestão pedagógica da
instituição, contratando profissionais da área da educação, implementando setores
pedagógicos, promovendo eventos de formação continuada, realizando semana de
planejamento pedagógico todo início de semestre com momentos de estudos sobre temas
específicos à prática docente, aquisição de bibliografias na área da educação, incentivando a
participação de profissionais a eventos externos com incentivos financeiros, promovendo
encontros bimestrais para análise do rendimento acadêmico e revisão do plano de ensino,
entre outros.
A avaliação da IES pode constituir-se num relevante instrumento de gestão, através de
uma análise diagnóstica da organização, ou seja, descrição objetiva e sistemática da
instituição, subsidiando a elaboração do planejamento institucional e sua constante
revisão, (por meio de um ciclo continuo de reflexão-ação-reflexão) sobre as atividades
executadas, desde que considere as condições existentes, as demandas econômicas e
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sociais, os objetivos a serem alcançados, as dificuldades e os potenciais a desenvolver,
entre outros indicadores. (RAIES, 2005, p.112).
Em termos práticos, a primeira fase da coleta de informações da Auto-Avaliação
Institucional e sua análise foram realizadas com a participação dos segmentos de toda a
comunidade acadêmica e de agentes da sociedade, à luz da missão ou projeto da instituição,
através de instrumentos de pergunta e resposta: questionários específicos para cada grupo.
Os acadêmicos da graduação foram conduzidos até a sala do laboratório de
informática, pelo docente que ministrava a aula no horário de participação da turma, conforme
cronograma em anexo, onde se encontrava um membro da CPA para conduzir o processo da
Auto-Avaliação da IES, através de um questionário on line, onde os acadêmicos responderam
questões referentes ao atendimento dos setores e a qualidade da infra-estrutura da IES, ao
desempenho dos docentes, a gestão da coordenação de curso e ao seu perfil acadêmico, anexo
instrumento de avaliação.
Todas as participações foram registradas em lista de presença.
As informações coletadas nos questionários foram para um banco de dados onde é
filtrado pelos profissionais do Centro de Processamento de Dados – CPD e posteriormente,
liberado para a CPA emitir os relatórios para, efetivamente, serem analisados e divulgados.
Etapa de consolidação - Ainda que se desenvolva em processo, a avaliação
institucional apresenta análises e resultados durante todas as suas etapas, e atinge momentos
de consolidação de resultados de caráter mais geral e abrangente. Essa etapa deve possibilitar
a elaboração de propostas de políticas institucionais e, ainda, de redefinição da atuação ou da
missão institucional.
Algumas atividades e produtos são fundamentais para a efetiva consolidação da
avaliação:
Relatórios O relatório do processo de avaliação é um texto composto pela análise dos
dados e da interpretação das informações. Portanto, considerando a diversidade de leitores,
este documento deve ter clareza na comunicação das informações e possuir caráter analítico e
interpretativo dos resultados obtidos.
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Este relatório deve contemplar não só os resultados da auto-avaliação, como também os
resultados da avaliação de cursos e de desempenho discente.
Divulgação - A divulgação deve oportunizar a publicação dos resultados com a
utilização de diversos meios, tais como: assembléias, reuniões, documentos informativos
(impressos e eletrônicos), seminários, projetos, entre outros. A avaliação institucional precisa
ser um momento crucial de exposição pública da instituição e de comunicação transparente
com a comunidade interna e externa. Essa interação deve produzir um dos insumos mais
preciosos do processo avaliativo capaz de fertilizar, através da autoconsciência valorativa, a
capacidade da instituição planejar-se para o futuro com maior qualidade acadêmica e
pertinência social.
Balanço crítico - O processo de auto-avaliação proporciona o autoconhecimento, que
em si já representa grande valor para a IES e se caracteriza como um balizador da avaliação
externa, prevista pelo SINAES.
Análise dos resultados – Como finalização de cada fase da avaliação, a reflexão sobre
o processo é necessária, visando a sua continuidade. Assim, uma análise das estratégias
utilizadas, das dificuldades e dos avanços que se apresentaram durante o processo, permitirá
planejar ações futuras.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sem a pretensão de traçar aqui algo inovador, cabe ressaltar que esses dados estão
sendo divulgados com o intuito de contribuir com o fortalecimento da gestão democrática da
IES e com a execução do planejamento de suas ações a partir dos resultados da AutoAvaliação Institucional.
No final do ano de 2007, a Auto-Avaliação da IES foi desenvolvida utilizando os
mesmos instrumentos do ano anterior, contando com 12 cursos, com 75% de participação dos
1.322 acadêmicos regularmente matriculados. O resultado do desempenho do Corpo Docente
avaliado pelo corpo discente, comparado com o resultado do ano anterior (2006) apresentou
crescimento significativo e foi o destaque da Assembléia de divulgação dos resultados da
Auto-Avaliação Institucional de 2007 da FACIMED. Veja quadro abaixo:
157
Quesito
Didática dos professores
Domínio e atualização de conteúdos
Critérios de Avaliação
Relacionamento Professor-aluno/Instituição
-professor - aluno
Percentual de
Acadêmicos em
2006 que
escolheram a
opção: ótimo
Percentual de
Acadêmicos em
2007 que
escolheram a
opção: ótimo
69,83 %
74,76 %
69,70 %
73.50 %
78,48 %
73,85 %
73,87 %
76,94 %
O processo da Auto-Avaliação Institucional é uma atividade participativa, geradora de
novos conhecimentos e impulsionadora da reflexão coletiva, elementos que conduzem ao
ideal de aprimoramento de todas as atividades institucionais. Na avaliação de 2007, tivemos a
felicidade de perceber o quanto à cultura da Auto-Avaliação Institucional já é uma realidade
para todos da FACIMED. Confirmamos isso com a participação de todos “comunidade
acadêmica” durante o processo da avaliação e na Assembléia, e, efetivamente, com a reflexão
que cada equipe tem realizado - durante o processo e após os resultados - sobre as ações do
dia-a-dia dos setores/atividades; efetivando assim a proposta da CPA: Ação-Reflexão-Ação.
É imprescindível que todos da instituição estejam envolvidos no processo da AutoAvaliação, inclusive os gestores, para que tornem possíveis as mudanças a partir do
diagnóstico da Auto-Avaliação. Assim, teremos uma estratégia de gestão democrática
dinâmica, mais participativa e transparente, onde o envolvimento de todos é que vai assegurar
os resultados positivos do processo que visa à busca contínua de propostas que sanem as
fragilidades detectadas.
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Referências Bibliográficas
Avaliação.
Rede
de
Avaliação
Institucional
da
educação
Superior
–
RAIES.
V.10,n.1,mar.2005. Campinas–SP.
BRASIL, Lei n. 10.861, de 14 de abril de 2004. Institui o Sistema Nacional de Avaliação da
Educação Superior – SINAES e dá outras providências. Brasília, 14 de abril de 2004; 183º da
Independência e 116º da república. Publicação no DOU. N. 72, de 15.04.2004, Seção 1, p. 34.
DELORS, Jacques. Educação: um tesouro a descobrir. Ed. 10ª, Cortez, Brasília-DF, 2006.
______________.Diretrizes Para a Avaliação das Instituições de Educação Superior.
CONAES. Brasília, 2004.
______________.Roteiro de Auto-Avaliação Institucional – Orientações Gerais –
INEP/SINAES/CONAES.Brasília-DF, 2004
______________Seminário de Auto Avaliação da Região Norte – Recife-PE: agosto de
2006.
______________ Propostas de Auto Avaliação Institucional: Planejamento e Execução.
FACIMED. Cacoal-RO, 2005/2006
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