A CHINA ATUAL - I
Nilson Pimentel(*)
Como economista e pesquisador da área de Desenvolvimento Econômico, não posso deixar passar em
‘brancas nuvens’ a atmosfera cinzenta do céu de Beijin, pesada que arde nos olhos daqueles não
acostumados com a poluição do ar urbano em que vive, mas encanta o ‘clima’ das atividades
econômicas que fervilham nas cidades em lá estive, além da capital, a cidade portuária de Tianjin, com
seus 12,5 milhões de habitantes, não poderia deixar escapar a oportunidade inquietante que me
assolou enquanto estive lá.
Nada normal aos olhos desse ocidental amazônida, apesar de viver nessa imensidão espacial da
Região Amazônica, nada se compara com que se pode deparar nessa majestosa economia chinesa.
Como pesquisador, tudo que vi, senti, experimentei e comprovei me deixou muito inquieto e
pensativo com o que pode acontecer em futuro próximo, quando essa gigantesca economia assumir o
controle mundial, o que poderá alterar eixos de poder, econômico, financeiro, influindo
consubstancialmente no management político mundial, corroborado pelas outras economias
adjacentes, como da Coreia do Sul, Japão, Indonésia, Singapura e Emirados Árabes Unidos, dentre
outras.
O antigo capitalismo ocidental declina vertiginosamente e perde poder? Poderá suplantar suas graves
crises (Europa e Estados Unidos)? Quais as alterações (consequências) passarão pelo mundo se os
eixos de poder mudar de polo, do ocidente para a Ásia?
Com um passado histórico glorioso das dinastias, começando na era do ferro, com grandes conquistas
e a construção da Grande Muralha, suplantando outros impérios existentes no mundo, em todos os
tempos, a China não é mais aquele “gigante adormecido” do passado, mas uma gigantesca economia,
em rápido crescimento econômico que cria turbulências na economia mundial, afetando indústrias e
comércios do mundo todo.
Como outros analistas declaram a China, como potência econômica mundial está entre os mais
dramáticos acontecimentos econômicos das últimas cinco décadas, desde a fundação dessa nova
China em 1949, a economia chinesa vem se desenvolvendo numa rapidez espantosa, especialmente
desde 1978, ano em que começou a reforma e abertura econômica, chegando a manter um ritmo de
crescimento médio de 9% ao ano.
No período que vai de 1980 até 2004, o Produto Interno Bruto (PIB) chinês registrou média de
crescimento econômico real de 9,5%, transformando na sexta maior economia mundial.
Crescimento Econômico da China
Fonte: Departamento nacional de estatística da China
Com seu vertiginoso ímpeto comércio de exportação, a integração econômica chinesa à economia
mundial passou de 1% em 1980 para cerca de 6% em 2003, sendo que já em 2004, a China tornou-se a
terceira nação mundial a fazer negócios em dólar, somente atrás do próprio, Estados Unidos e da
Alemanha, saltando à frente do Japão.
As mudanças provocadas pelas reformas e abertura à economia mundial, as quais permitiram esse
rápido crescimento econômico resgatou milhões de chineses do estado de miséria e da pobreza,
contudo, ainda existem outros tanto de pobres no país.
Vejam que em 2004, o PIB per capita (a relação proporcional entre o PIB e a população total) já era de
US$ 1.100,00 de acordo com o Banco Mundial, fazendo com que o país constasse da lista de “países
com renda média baixa”, empatado com o Paraguai e abaixo de países como Guatemala (US$
1.910,00), registrados as devidas proporcionalidades.
Como pode ser constatada, atualmente, a China ainda continua mais pobre (renda per capita) do que
muitos de seus vizinhos, incluindo a Coréia do Sul (US$ 12.020,00) e Singapura (US$ 21.230,00).
Com a admissão da China, em 11 de dezembro de 2001, na Organização Mundial de Comércio (World
Trade Organization—WTO), contribuiu para o processo de integração do país à economia mundial,
demonstrando indicativos em converter-se em economia de mercado.
Haja vista, os resultados já esperados do 18º Congresso do Partido Comunista Chinês, tendo como
novo dirigente maior, o presidente Xi Jinping, ainda há muitos obstáculos a ser superado, no campo
econômico, em relação à economia mundial, Independentemente do cenário positivo atual, a China
ainda tem muitos desafios a enfrentar antes de atingir seu potencial de crescimento forte, equilibrado
e sustentável, e se integrar de vez à economia mundial, mesmo a despeito de hoje, ser a 2ª maior
economia do mundo.
Nesses próximos anos, deverão continuar sendo implementados planos para o desenvolvimento dos
principais setores de prestação de serviços como telecomunicações, seguros e serviços financeiros,
assim como, em ações estratégicas para melhoria do mercado de trabalho e estabelecimento de
garantias sociais, bem como, seus legisladores poderão ainda, abordar a flexibilização das taxas de
câmbio.
De forma geral, conforme as reformas forem sendo implementadas o papel da China na economia
mundial provavelmente continuará a se tornar cada vez mais importante.
(*) Economista, Engenheiro e Administrador de empresas, com pós-graduação: MBA in Management (FGV), Engenharia Econômica
(UFRJ), Planejamento Estratégico (FGV), Consultoria Industrial (UNICAMP), Mestre em Economia (FGV), Consultor Empresarial e Professor
Universitário: [email protected].
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