A Crise na Economia Brasileira – Breve Análise II
Nilson Pimentel (*)
O sistema econômico brasileiro passa por fase extremamente complicada, haja vista o processo de desequilíbrio
havido em passado nem tão recente desde o 2º governo Lula e agravado no governo Dilma o que levou a
economia brasileira a total descontrole de sua Politica Econômica (PE).
E, para melhor entendimento, a situação brasileira está às voltas com os três principais instrumentos de PE, que
são a Política Monetária (PM), a Política Fiscal (PF) e a Política Cambial (PC), senão vejamos: O Comitê de Política
Monetária (COPOM) acaba de decretar mais um aumento da taxa básica de juros prime da economia – SELIC –
em mais 0,50 ponto percentual, elevando-se os juros para 14,25% ao ano, sem nenhum viés.
Essa decisão do governo federal é mais um aperto imposto à sociedade (mercado) justificando-se como
necessário, avaliando o cenário macroeconômico, as perspectivas para a inflação e o atual balanço de risco da
economia brasileira.
A adoção desse instrumento econômico é especifico de Política Monetária, porém a manutenção de patamar
elevado da taxa básica de juros por período prolongado é necessário para se trabalhar a convergência da taxa
inflacionária para a meta final de 2016, justifica-se a autoridade monetária do Brasil, representada pelo Banco
Central (BACEN).
Contudo, esse é um dos ciclos de maior aperto monetário da história do COPOM desde 2006 quando a SELIC
estava em 7,25% e tendo aumento hoje (29/07) de 97% e nesse mesmo período a taxa de inflação (oficial) que
era de 2,4% passou para os atuais 8,4%.
Como reflexo dessa decisão que impacta mais ainda a economia, como um ‘remédio amargo que provoca efeitos
colaterais no paciente’, encarece muito mais o capital de giro das empresas, tende a diminuir investimentos
produtivos, provoca queda acentuada no consumo e com isso provoca recessão às atividades econômicas e
desindustrialização.
Sendo a taxa inflacionária o foco dessa política, ela ainda reflete os aumentos dos preços administrados pelo
governo e não pelo excesso de demanda, pois o que é tendência é corte na oferta de certos bens o que leva ao
aumento ou manutenção de preços, mas pressionados pela taxa cambial alguns preços se elevam, o que
favorece o crescimento da inflação.
Por outro lado, a economia apresenta uma significativa elevação da taxa cambial, está sim, por algum grau
influenciado e por reflexos da macroeconomia globalizada, principalmente provocada pela economia chinesa,
reduzindo a capacidade competitiva das commodities brasileiras no mercado internacional, mesmo tendo o
Brasil, o segmento de agrobusiness o mais fortalecido da economia.
E, nessa Política Cambial, com acentuada desvalorização do REAL, o BACEN costuma atuar com leilões da moeda
dólar, em mercado aberto, no objetivo de minimizar a valorização dessa moeda, utilizando-se para tal as
reservas cambiais brasileiras, o que não é a mais correta aplicação desses recursos pelo governo federal.
Fora toda essa gravidade, ainda se tem as questões fiscais no sistema, o que provoca uma elevação acentuada
da dívida pública e penaliza mais ainda o contribuinte brasileiro, pois enquanto o governo não cortar na própria
carne seus gastos indevidos e desnecessários toda a sociedade paga essas gastança governamental e, para tal
deveria promover as reformas tributária e política, sem que tenham de aumentar tributos para cobrir os
elevados custeios da ‘máquina pública’, ou mais ainda reduzir o tamanho desse estado brasileiro gigantesco (40
ou 39 ministérios, dezenas de empresa/instituições fundações, autarquias publicas inúteis, milhares de cargos
comissionados, apadrinhamento político, corrupção endêmica, etc, etc, etc).
O novo Ajuste Fiscal que atualmente se discute e tem reflexo negativo na economia brasileira em nova escala,
pois o governo estava prometendo economizar em 2015 para o pagamento dos juros da dívida pública 1,1% do
PIB, ou R$ 66,3 bilhões, mas já consideravam a meta inviável tendo em vista a queda na arrecadação de quase
3% no primeiro semestre/2015 e as estimativas de que o PIB deveria ter uma contração de 1,5% a 2% este ano,
muito embora, as expectativas dos economistas era que a nova meta fosse de 0,4% ou 0,5% do PIB.
E, para alerta do mercado, os ministros J. Levy e N. Barbosa revelaram que não só o governo reduziu sua
promessa para uma economia de apenas 0,15% do PIB, ou R$ 8,7 bilhões, este ano, porém ainda há a
possibilidade de que isso acabe sendo revertido em um déficit de R$ 17,7 bilhões (ou seja -0,3% do PIB).
Entretanto, para alguns especialistas, "a revisão das metas de 2016 e 2017 também foi vista como muito radical
e abrupta", explica Marcos Mollica, da Rosenberg Partners.
O que corre sobre esses dois ministros é que Levy sempre foi visto como o gerente de um ajuste fiscal duro,
enquanto Barbosa seria o defensor de uma abordagem mais gradualista, mas essa tese do ministro da Fazenda,
na visão de economistas ortodoxos, é que um ajuste contundente poderia gerar um "choque de credibilidade"
na economia brasileira, criando as condições para uma retomada do investimento em curto prazo, pelo visto o
tiro saiu pela culatra.
De um lado, seus críticos argumentam que um corte muito drástico nas contas públicas poderia lançar a
economia em uma espiral recessiva em que esses cortes ampliam a recessão e ela derruba a arrecadação,
levando à necessidade de mais cortes adiante.
Portanto, com essa revisão da meta fiscal deu força às apostas de que as agências de classificação de risco iriam
tirar do país o grau de investimento nos próximos meses, o que ocorreu em 28/07 (BBB-), o que complica ainda
mais a retomada do crescimento econômico, paga-se mais para se financiar no mercado, e fica mais difícil atrair
investidores - há fundos de investimentos externos que não podem colocar recursos em países que não são
graus de investimento positivos.
Para muito economistas, existe uma série de incertezas sobre a economia chinesa e mercado do Euro que está
afetando o preço das commodities brasileiras e faz com que os investidores estrangeiros estejam muito sensíveis
a qualquer instabilidade em países emergentes, assim como, a sensação é de que uma “tempestade econômica”
pode estar a caminho na economia internacional e que o teto econômico do Brasil está cheio de furos.
Não estamos preparados.
(*) Economista, Engenheiro e Administrador de empresas, com pós-graduação: MBA in Management (FGV), Engenharia Econômica (UFRJ),
Planejamento Estratégico (FGV), Consultoria Industrial (UNICAMP), Mestre em Economia (FGV), Doutorando na UNINI-Mx, Consultor Empresarial e
Professor Universitário: [email protected]
Download

A Crise na Economia Brasileira – Breve Análise II O