farmacotécnica
Medicamentos
Efervescentes
Uma oportunidade de ser diferente
Vamos imaginar que um médico prescreveu uma grande quantidade de vitaminas e
minerais. Ao medir as densidades aparentes dos pós, você percebe que os mesmos
não poderão ser acomodados no volume de uma cápsula. A solução mais simples é
dobrar – ou até mesmo triplicar – o número de cápsulas.
Mas, seria esta a conduta correta? O paciente é capaz de utilizar a formulação
manipulada assim manipulada de modo confortável e que propicie a adesão do
paciente ao tratamento?
Uma das possíveis abordagens para solucionar este problema é a manipulação de
doses unitárias na forma de um pó efervescente. Neste artigo iremos esclarecer
alguns pontos sobre a manipulação destas formas farmacêuticas.
Prof. Luis Antonio Paludetti
Rx Consultoria / Universidade de Santo Amaro - Unisa - SP - Brasil
Robson Miranda da Gama
Laboratório Semi-Industrial da Faculdade de Farmácia da Unisa - SP - Brasil
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Revista Rx - Nº2 - Março/Abril - 2007
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Introdução
Existem várias situações em que os efervescentes, além
de necessários, podem se tornar um bom diferencial para a
prática farmacêutica. As oportunidades mais comumente
exploradas são aquelas em que tentamos melhorar o sabor
desagradável de fármacos.
Por exemplo, o ácido ascórbico é utilizado em concentrações de até 2 gramas. Normalmente, esta quantidade está
apresentada em uma forma efervescente, porque mesmo
com a reconstituição de um pó aromatizado e edulcorado,
formar-se-ia uma solução extremamente ácida, cuja ingestão pode não ser muito agradável. Com a efervescência, a
acidez da solução continua presente, mas sua intensidade
relativa fica diminuída, uma vez que as células sensoriais
da mucosa bucal precisam processar também a informação
geradas pelas borbulhas. A informação combinada (borbulhas + acidez + aroma + dulçor) fornece ao cérebro uma
sensação final agradável.
Assim, esta técnica permite melhorar o sabor de fármacos
muito ácidos ou muito amargos ou muito salgados, como é
o caso de diversos nutrientes. Outra oportunidade está na
veiculação de fármacos em quantidades muito grandes, cuja
administração em cápsulas seria impraticável. Por fim, os
efervescentes constituem-se em um grande diferencial, já que
uma boa parte das farmácias ainda não prepara efervescentes
como uma forma farmacêutica corriqueira.
Oportunidades certas do jeito certo
Como vimos, os efervescentes são formas farmacêuticas
interessantes, com excelentes aplicações e grande potencial
de gerar diferenciais para a farmácia.
Entretanto, alguns cuidados se fazem necessários.
O primeiro deles refere-se ao paciente. O paciente pode
usar uma forma efervescente? Essa é a primeira pergunta
a ser respondida quando se propõem a preparação de
um efervescente. Para alguns pacientes em particular
(gastroplastizados, hipertensos, pacientes com problemas
estomacais ou intolerantes aos componentes responsáveis
pela efervescência) os efervescentes podem ser contra-indicados, ou indicados com restrições.
Por esse motivo, devemos estabelecer critérios objetivos
para definir a opção pelo uso de uma forma efervescente:
1) O paciente pode fazer uso do efervescente? Em caso
positivo, a forma farmacêutica poderá ser preparada. Em
qualquer outro caso, as relações entre vantagens e desvantagens do tratamento devem ser avaliadas e o uso do efervescente deve ser discutido conjuntamente com o médico.
2) O fármaco é irritante direto do trato gastrintestinal? Caso
o fármaco seja irritante do trato gastrintestinal, é preciso
avaliar o grau de irritação e se os efeitos serão suportáveis
e transitórios. Em caso negativo, a melhor opção é utilizar
outras formas farmacêuticas, entre elas os supositórios.
Quadro 1: A química da efervescência
Reação Ácido Cítrico / Bicarbonato
H2O
C6H8O7.H2O + 3NaHCO3 —> 4H2O + Na3C6H5O7 + 3CO2
Reação Ácido Tartárico / Bicarbonato
H2O
C4H6O6 + 2NaHCO3 —> 2H2O + Na2C4H6O6 + 2CO2
3) O fármaco sofre decomposição no estômago? Em caso
positivo, a forma farmacêutica não poderá ser preparada.
Outra restrição refere-se a fármacos extremamente instáveis, que não seriam capazes de suportar o curto espaço de
tempo entre a reconstituição do pó e a administração.
4) O fármaco é solúvel em água? O ideal é que a forma
efervescente seja utilizada com fármacos solúveis em água.
Entretanto, é possível preparar formas efervescentes para
fármacos pouco solúveis ou insolúveis em água. Neste
caso, a efervescência poderia manter o fármaco em suspensão por tempo suficiente para ingestão, mas é preciso considerar que sempre há perdas, devido à adesão do fármaco
às bordas do recipiente (copo, xícara). Essas perdas serão
muito mais sentidas quando as doses forem menores.
5) O fármaco é muito ácido, salgado ou amargo? Esta é
uma condição em que a forma efervescente é fortemente
indicada, conforme explicamos anteriormente.
6) A dose posológica é maior que 500 mg? Esta também
é uma condição ideal para a preparação de uma forma
efervescente ou de reconstituição. Em geral as farmácias
dispendem grande quantidade de tempo para preparar
cápsulas que necessitam conter duas, três e até quatro vezes
o volume de pós que poderiam comportar.
7) A dose posológica é menor que 50 mg? Embora não haja
impedimentos técnicos para a preparação de medicamentos
efervescentes com pequenas doses de fármacos, há algumas
considerações. A solubilidade do fármaco precisa ser bem
avaliada; caso o fármaco seja insolúvel pode haver perdas devido à adesão do fármaco nas bordas do recipiente e, como a
quantidade é pequena, a perda poderá ser proporcionalmente
considerável. Mesmo para fármacos solúveis – onde não há
perdas consideráveis – o volume a ser ingerido é bastante
grande (cerca de 100 mL de líquido), o que, em função da
dose, pode não ser o mais adequado para o paciente; neste
caso formas líquidas convencionais (gotas, xaropes) podem
ser mais efetivos na liberação do fármaco.
Mas afinal, o que é um efervescente?
Um efervescente é uma forma farmacêutica que contém
componentes que liberam rapidamente dióxido de carbono quando em contato com a água.
A efervescência é obtida ao se reagir um ácido com um
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Quadro 2: A anatomia de uma formulação.
Uma prescrição solicita um medicamento efervescente.
A dose do fármaco é 900mg por unidade posológica.
O paciente pode utilizar adoçantes, corantes e aromatizantes.
Como preparar esta formulação?
6) A quantidade de ácido cítrico é então obtida pela proporção
AC = (4,1 g x 1 g Ac. Cítrico) / 6,4 g = 0,64 g Ac. Cítrico
7) Analogamente, o mesmo cálculo é realizado para obtermos a
1) Inicialmente devemos definir o tamanho do material de acondi- quantidade de ácido tartárico:
cionamento desta dose. No caso, definiremos que cada dose será
acondicionada em um sachê de 5 g.
AT = (4,1 g x 2 g Ac. Tartárico) / 6,4 g = 1,31 g Ac. Tartárico
2) O segundo passo é calcular a quantidade total de base efer- 8) Por fim, da mesma maneira, a quantidade de bicarbonato de
vescente que será utilizada. Neste caso, optaremos por uma base sódio será:
efervescente constituída de uma mistura de ácido cítrico, ácido
BS = (4,1 x 3,4 g Bic. Sódio) / 6,4 g = 2,2 g Bic. Sódio
tartárico e bicarbonato de sódio
3) Iremos adotar uma mistura efervescente cujas proporções são, Assim sendo, formulação final a ser preparada será:
respectivamente, 1 : 2 : 3,4. Caso utilizemos esta proporção en
gramas, teremos 1 g de ácido cítrico, 2 g de ácido tartárico e 3,4 g Princípio-Ativo:.................... 0,900 g
de bicarbonato de sódio, obtendo 6,4 g de base efervescente.
Ácido Cítrico:....................... 0,640 g
Ácido Tartárico..................... 1,310 g
4) O proximo passo será calcular a quantidade de base (QB). A Bicarbonato de sódio............ 2,200 g
quantidade de base será obtida subtraindo-se a quantidade de Aromatizante....................... 0,150 g
fármaco (F) do peso total do sachê (S):
Sucralose............................. 0,100g
Corante............................... qs
QB = S - F = 5,0 g - 0,9 g = 4,1 g de base efervescente.
Vale lembrar que as quantidades de aromatizante e sucralose
5) Sabemos que as proporções entre as quantidades de ácido podem ser alteradas, conforme discutido no texto. Além disso, as
cítrico (AC), ácido tartárico (AT) e bicarbonato de sódio (BS) são quantidades referem-se ao volume de reconstituição final de cerca
respectivamente 1:2:3,4.
de 100 mL.
carbonato ou bicarbonato. A reação do ácido com o carbonato produz o sal do ácido, água e libera CO2 para a solução. Como o gás é pouco solúvel em água, ele acaba por ser
liberado da solução, formando borbulhas.
Em princípio, qualquer ácido poderia produzir
efervescência, mas, na prática, opta-se pelo uso de ácido
cítrico, tartárico ou uma mistura de ambos. As reações químicas envolvidas estão descritas no quadro I. Normalmente se utiliza uma mistura de 1:2 de ácido cítrico:tartárico.
Esta mistura oferece uma efervescência consistente e de
evolução controlada.
A razão pela qual se usa uma mistura de ácidos é simples:
as partículas de ácido cítrico são relativamente mais duras
e densas que as partículas de ácido tartárico.
Por esse motivo, ao serem adicionadas à água, as partículas de ácido cítrico tendem a ir para o fundo do recipiente,
produzindo borbulhas que se propagam do fundo para a
superfície, dissolvendo-se de modo mais lento e produzindo uma efervescência mais lenta e controlada. Já as partículas de ácido tartárico tendem a ficar mais na superfície,
reagindo rapidamente, produzindo uma efervescência rápida e intensa. Estes dois efeitos combinados provocam no
paciente uma “sensação de efetividade”, além de propiciar
uma mistura homogênea do fármaco.
Uma vez definidos os componentes da formulação,
pode-se iniciar a preparação do medicamento. O quadro
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2 apresenta uma sugestão de prescrição e todos os cálculos
necessários para prepará-la.
Você faz medicamentos ou travesseiros?
Quando se manipulam medicamentos efervescentes, um
dos problemas mais comuns é o que podemos denominar
de “efeito travesseiro”. Na verdade, o efeito travesseiro decorre da formação de gás no interior do material de acondicionamento; essa formação de gás decorre de reações
químicas provenientes da reação química responsável pela
efervescência. Conforme podemos verificar no quadro I,
a reação ocorre em presença de água (H2O). Ao entrar em
contato com a água, o ácido cítrico e o bicarbonato reagem, produzindo 3 mols de CO2 e 4 mols de água. Raciocínio semelhante ocorre com o ácido tartárico.
Assim, caso haja traços de umidade, a reação de
efervescência se inicia no interior do material de acondicionamento e produz o gás que causa o inchaço do saquinho, que
assume a forma de um travesseiro. Para evitar este problema,
é necessário uma técnica de preparação apurada:
1) Calcular a quantidade de cada componente, de modo a
preparar todas as doses.
2) Dessecar os componentes em dessecador, no mínimo
por 24 horas.
3) Secar toda a vidraria em estufa.
4) Eliminar qualquer resquício de umidade das bancadas.
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5) Reduzir a umidade do local de manipulação ao mínimo.
6) Se possível, colocar sobre a bancada uma pequena capela e dentro dela uma quantidade suficiente de sílica
dessecante e esperar pelo equilíbrio.
7) Se isto não for possível, manipular rapidamente.
8) Pesar cada componente individualmente.
9) Transferir todos os componentes para um frasco de vidro com tampa, perfeitamente seco.
10) Misturar exaustivamente por cerca de 2 minutos.
11) Tamisar em tamis de número 30 ou 20. Reprocessar
rapidamente, se necessário.
12) Misturar novamente em frasco de vidro, por cerca de
2 minutos.
13) Pesar as doses individuais.
14) Acondicionar e rotular.
Aditivos que podem melhorar a preparação
Embora sejam necessários apenas o fármaco, os ácidos
e carbonato para produzir a efervescência, alguns aditivos
podem melhorar em muito o desempenho da formulação.
Os aditivos mais importantes serão tratados em seguida.
Dessecante
O dessecante mais utilizado é o dióxido de silício coloidal. Ele tem a propriedade de melhorar o fluxo dos
pós e eliminar pequenas quantidades de umidade residual que porventura estejam presentes nos pós. A concentração de uso fica entre 1 e 2 % do total de pó total
colocado em cada dose.
Cargas e opacificantes
As cargas e opacificantes tem como função tornar o produto opaco. Isto pode ser interessante em produtos que contenham fármacos pouco solúveis ou quando se deseja que o
produto fique mais parecido com um suco, ou que lembre
refrigerantes industriais. Entre os produtos podemos citar a
celulose microcristalina (entre 1 e 3%), o dióxido de titânio
(entre 0,5 e 1%) e o próprio dióxido de silício coloidal.
Excesso de ácido
Como vimos na estequiometria da reação, todos o ácidos
reagirão com o bicarbonato, até completa neutralidade. Entretanto, esta neutralidade pode não ser fisiologicamente o
mais agradável. Culturalmente, estamos habituados a ingerir
produtos efervescentes que possuem um sabor ácido (refrigerantes, vinhos espumantes, etc). Assim, é interessante manter
um pequeno excesso de ácido cítrico na formulação, em geral
para um pH final entre 4,5 e 5. Após realizar os cálculos, o
farmacêutico poderá preparar um lote piloto e verificar a
quantidade de ácido cítrico necessária para obter o pH final
desejado. Vale lembrar que a acidez desejada deve estar em
harmonia com o aromatizante utilizado.
Acondicionamento
Como vimos anteriormente, a umidade é o principal
problema na manipulação de efervescentes. A principal
preocupação do farmacêutico deve ser manter a umidade
longe da preparação, inclusive após o acondicionamento.
Como se sabe, os saquinhos plásticos comuns – geralmente produzidos com polietileno ou polipropileno – não
são capazes de proteger da umidade (vapor de água), do
CO2, do oxigênio do ar e da luz.
Para obter êxito na proteção, seriam necessárias embalagens de vidro ou de metal, o que tornaria a manipulação
em farmácias impraticável.
Felizmente, já existem embalagens compostas por um
laminado de alumínio plastificado, geralmente com PVC.
Esta embalagem permite a proteção completa do pó acondicionado e garante a estabilidade física do medicamento.
Após o acondicionamento, esta embalagem pode ter parte
de seu ar removido e ser selada em seladora térmica, para
total estanqueidade.
Vale lembrar que este tipo de material de acondicionamento não deve ser confundido com outras embalagens
plásticas aluminizadas, que são produzidas com plástico e
que receberam uma pintura com alumínio. Estas embalagens aluminizadas não são efetivas na proteção da umidade e são permeáveis aos gases, protegendo apenas da luz.
Uma dica interessante é utilizar um sachê que caiba pelo
menos o dobro do volume do pó que foi manipulado. Essa
prática torna possível selar o sache o mais próximo possível
do limite e remover o ar do conteúdo do sachê, utilizando
uma dobra antes da operação de selagem.
Corretivos de Aroma e Sabor
Outro aspecto importante dos efervescentes é a correção do aroma e sabor. Como vimos anteriormente, após
a reconstituição, a solução resultante apresenta um valor
de pH levemente ácido. Assim, a aromatização do produto
deve ser feita com aromas que combinem com o sabor ácido. Vale lembrar que a efervescência em si é uma forma de
auxiliar a mascarar o sabor.
Outro aspecto importante a ser considerado na escolha
do aromatizante é que a cultura ocidental naturalmente
associa o efervescente a bebidas gaseificadas, do tipo refrigerante. Assim, mesmo que nós farmacêuticos saibamos
que se trata de um medicamento, ao ver a efervescência se
desenvolver, muitos pacientes esperam encontrar o sabor
de um refrigerante.
Todos estes fatores devem ser considerados na escolha do
aromatizante. Em linhas gerais, o corretivo de aroma deve:
1) Estar na forma de pó.
2) Combinar com o sabor do fármaco e com o pH final da solução. Mesmo que um fármaco seja amargo, não é lógico adicionar neste medicamento um aroma de café ou chocolate (visto
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Quadro 3: Orientações ao paciente
• Guardar em local seco e fresco
• Após aberto usar todo o conteúdo
• Verter o conteúdo de uma vez, em um copo grande com cerca
de 100 mL de água.
• Aguardar o término da efervescência inicial e ingerir imediatamente.
• Não utilizar como suco ou refrigerante.
que não existe o “café efervescente”). Para fármacos amargos,
reduzir um pouco o pH final do efervescente e adicionar um
aroma de limão pode ser mais efetivo.
3) Aromas de frutas cítricas são os mais indicados.
4) Os aromas mais bem recebidos lembram refrigerantes:
lima-limão, tangerina, Uva, Guaraná, Coca-cola, tangerina, tutti-frutti e abacaxi.
5) Calcular a quantidade de aroma em função do volume
final após reconstituição. Normalmente, utilizam-se
concentrações entre 0,1 e 0,2% do volume final.
6) A adição de corantes, desde que o paciente possa fazer
uso deles, é fator que colabora na adesão ao tratamento
Corretivos de dulçor
O corretivo de dulçor deve ser pensado em função do sabor
do fármaco. Fármacos ácidos podem receber uma quantidade
menor de adoçante e fármacos amargos podem necessitar de
mais adoçante. Ao contrário do que se pensa, fármacos salgados necessitam de menos adoçante pois o sabor adocicado
intensifica o sabor salgado e vice-versa. Entre os adoçantes
de escolha para produtos efervescentes podemos citar a sucralose (em concentrações entre 0,05 e 0,2%), o aspartamo
(entre 0,1 e 0,2%) e a sacarina sódica (entre 0,05 e 0,1%).
Vale lembrar que a sucralose e o aspartamo não possuem
sabor residual e que o dulçor e a sensação proporcionada
pela sucralose é virtualmente idêntica ao açúcar.
Bases efervescentes
Alguns farmacêuticos acham mais prático utilizar misturas comercialmente disponíveis que proporcionem a
efervescência sem a necessidade de se preparar ou calcular
os componentes da base.
Entre estas bases, destacamos a Baseffer (Embrafarma),
constituída por partículas revestidas de bicarbonato de sódio e ácido cítrico, além de outras partículas inertes.
A Baseffer proporciona rapidez e estabilidade no preparo, visto que o revestimento impede o início da reação de
efervescência, uma vez que as partículas revestidas impedem o
contato direto entre os reagentes e a película de água ou umidade presentes. Para um melhor resultado, a base não deve ser
triturada, preservando a integridade da película.
Além desta vantagem, a Baseffer já possui a quantidade
balanceada de ácido cítrico, dispensando adição de ácido
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para início da reação. O ácido cítrico pode ser adicionado
para correção do sabor e do pH. O uso deste tipo de base
melhora bastante o desempenho do produto, auxiliando a
evitar o “efeito travesseiro”.
É bom, mas em certos casos...
As formas farmacêuticas efervescentes são uma oportunidade considerável na prática farmacêutica e proporcionam a
adesão do paciente e a solução de muitos problemas. Entretanto há algumas casos que podem restringir seu uso.
Pacientes submetidos a dietas com redução da ingesta de
sódio podem utilizar formas efervescentes, mas a fórmula
deverá ser ajustada de modo a não ultrapassar as doses diárias recomendadas (DDR). A DDR de sódio fica entre 2000 e
2400 mg/dia, dependendo da referência consultada. Pacientes
hipertensos devem ter uma ingesta máxima de sódio de até
1000 – 1500 mg/dia. Uma formulação típica efervescente pode
conter cerca de que 900 mg de sódio por dose. Essa quantidade
não seria problema caso o paciente utilizasse apenas uma dose ao
dia. Entretanto, caso o paciente utilize mais de uma dose, a quantidade máxima (1500 mg/dia) será facilmente ultrapassada. Além
disso, é importante lembrar que, mesmo uma dieta de restrição
de sódio tipicamente oferece 750 mg de sódio, mineral presente
em frutas, legumes, vegetais e cereais.
Por fim, os pacientes gastroplastizados não toleram muito bem formas efervescentes, uma vez que o volume do
estômago foi em muito reduzido e a evolução do gás presente no líquido ingerido continua ocorrendo, causando
desconforto e eructação.
Orientação ao paciente
Um dos aspectos mais importantes do uso de efervescentes é a orientação ao paciente. Essa orientação deve ser
ativa e reativa: o farmacêutico deve explicar ao paciente as
informações e depois pedir a ele que repita, certificando-se
de que o mesmo entendeu o modo de uso e o armazenamento. O quadro 3 apresenta um modelo de orientação a
ser dada ao paciente.
Considerações finais
O preparo de formas efervescentes é um desafio gratificante, pois garante à farmácia a oportunidade de ser
realmente diferente. Cabe ao farmacêutico, a coragem de
enfrentar este desafio: a recompensa será proveitosa.
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