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A
CASTRAÇÃO
E
Camila
Carla
Paula
Michaella Carla Laurindo
SUA
RELAÇÃO
Lermen
Patrícia
Andrea
COM
A
ANGÚSTIA
Ferreira
Radtke
Rauber
A CASTRAÇÃO E SUA RELAÇÃO COM A ANGÚSTIA
Camila Lermen Ferreira1
Carla Patrícia Radtke2
Paula Andrea Rauber3
Michaella Carla Laurindo4
Resumo
Considerando que a constituição do sujeito do inconsciente se dá pelos processos de
alienação e separação, partimos de uma revisão bibliográfica, de autores da psicanálise,
com o objetivo de analisar o processo de separação, considerando a intervenção da
função paterna, bem como a angústia na criança durante este momento. Para pensarmos
na forma como a criança introjeta a lei, discutimos a noção de função, pois transcende a
ideia de pai real. A função paterna pode ser expressa pelo agente materno ou algum
representante desta função ou por qualquer evento que venha a separar a díade mãebebê, como quando a mãe passa a desejar para além da criança e esta deixa de ser o seu
único objeto de satisfação. Lacan (1958/ 1999) discorre sobre a importância da função
paterna na história da análise, tendo em vista que esta se encontra em torno do Édipo.
Essa função possui o objetivo de promover a interdição da mãe e é somente com o
desenrolar deste processo de separação que a criança pode se compreender como um ser
castrado, dando origem ao Sujeito do inconsciente. Sujeito que é barrado pelo desejo e
que permanece em uma eterna busca da completude, a qual jamais será plenamente
satisfeita, gerando assim sofrimento e angústia decorrentes da castração.
Palavras-chave: Psicanálise. Complexo de Édipo. Função paterna. Constituição do
sujeito. Angústia.
Abstract
1
Acadêmica do 5º ano de Psicologia PUC - Pontifícia Universidade Católica – Toledo/PR.
Acadêmica do 5º ano de Psicologia PUC - Pontifícia Universidade Católica – Toledo/PR.
3
Acadêmica do 5º ano de Psicologia PUC - Pontifícia Universidade Católica – Toledo/PR.
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Professora Ms. no Curso de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica – Toledo/ PR.
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2
Considering that the constitution of the unconscious subject is given by the processes of
alienation and separation, we start with a literature review of the authors from
psychoanalysis aiming to turn our eyes to how the process of separation occurs, the
intervention of the paternal function to accomplish it, as well as the child’s anxiety
during this moment. To think about the way that the child introjects the law, it’s
necessary to make clear the notion of the paternal function, this idea that transcends the
real father. The paternal function can be expressed by the maternal agent or any
representative of this function or any event that will separate the mother-baby dyad, as
when the mother start desiring beyond the child and this ceases to be the unique object
of satisfaction. Lacan ([1958] 1999) discusses the importance of the paternal function in
the history of analysis, considering that this is the core of Oedipus question. This
function has the objective of promoting the interdiction of the mother and it is only with
the progress of the process of separation that the child can comprehend himself as a
castrated being, giving origin to the unconscious subject, Subject which is barred by the
desire and remains in a eternal search for completion, which will never be fully
satisfied, thereby generating suffering and anguish revealed by castration.
Keywords: Psychoanalysis. Oedipus complex. Paternal function. Subject’s Constitution.
Anguish.
Ao refletir sobre as angústias vividas pelo sujeito, não se pode deixar de falar da
falta. Esta que faz parte do homem desde o início de sua vida e o acompanha por todo o
seu percurso, no campo simbólico, não podendo ser mensurada ou suprida por mais que
façamos uso de objetos na tentativa - sem sucesso – de escamoteá-la.
Para que possamos entender sobre como o sujeito se relaciona com a falta, se faz
necessário compreender como se da a constituição do sujeito. Nesse processo, de
constituição do sujeito, as funções parentais, segundo a psicanálise, não precisam
necessariamente ser expressas pelos genitores, pois, como já dito, tratam-se de funções
simbólicas. Desta forma, a paternidade encontra-se calcada essencialmente nos
sentimentos que derivam do desejo pelo filho e não apenas pelo aspecto biológico
(Borges, 2005).
Desde os primeiros momentos da sua vida o sujeito entra em contato com a falta,
pois não é completo, há uma ausência instintiva e também simbólica. Deste modo, o
homem é definido por duas faltas: a primeira, uma falta real por ser incapaz de se auto
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reproduzir, em virtude de ser um organismo sexuado (Laurindo e Farinha, 2011).
Ademais, o homem também difere dos demais animais por não nascer com instintos
prévios que lhe assegurem a sobrevivência o que determina que se estabeleça uma
relação com um outro, que irá responder aos estímulos emitidos pelo bebê.
Corroborando com esta ideia, Elia (2010) afirma que o homem é submetido desde o
início de sua vida a esta condição de desamparo fundamental.
A segunda falta, diz respeito ao campo simbólico, pois tendo em vista que a
criança é fruto do desejo da mãe, já vem ao mundo inserida em uma relação simbólica,
sendo que ao prestar os cuidados necessários para sobrevivência da criança, a mãe
também a introduz no mundo da linguagem e estabelece com ela uma relação simbólica.
Conjectura-se então, que o homem é um ser de fala, fala que não lhe pertence, é
aprendida, o campo da linguagem atravessa-o quando ainda é uma criança. Desde os
primeiros momentos de sua vida as ações e objetos que inicialmente apenas serviam
para satisfazer suas necessidades se ligam a representantes inconscientes. Para Elia
(2010), devemos ter em vista também que o representante materno vai enlaçar seu
desejo e inscrever na criança suas próprias faltas subjetivas.
Sobre a função materna, diremos que se trata-se da pessoa que será responsável
por agenciar respostas específicas em atenção às demandas da criança, que vem para
mediar estes estímulos, para proporcionar uma experiência de satisfação e introduzi-la
no campo da linguagem, é aquela que irá desejar a criança. Através dessas respostas
específicas que visam a satisfação do filho, a relação entre elas terá base em uma
periodicidade – ausência (relação com a falta) e presença (resposta agenciada pelo
outro) – que acaba por estabelecer uma certa ordenação simbólica para que o sujeito
consiga dar conta de seu corpo (Farinha, 1999).
Essa periodicidade é quebrada quando a mãe falta e o sujeito não recebe a
resposta necessária para a experiência de satisfação. Nesse momento se altera o modo
de apreensão do sujeito, provocando-se uma divisão simbólica entre o eu e o não eu,
concebe então que há algo que lhe falta, que está para além dele. A mãe, que antes era
simbólica passa a ser real e possuidora do dom, enquanto os objetos passam de reais à
simbólicos e representantes do dom (Thá, 1986), isto é, os objetos passam a ser
representantes do amor do Outro. Tais objetos então passam a ser responsáveis por
promover a satisfação do sujeito, mas acabam por promover apenas sua satisfação
parcial, não há possibilidade de aniquilarem sua falta, pois esta é constituinte ao sujeito.
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Nesse contexto, é no Complexo de Édipo que a constituição do Sujeito está
amparada, pois é através do mito de Édipo Rei que Freud embasa a construção de sua
teoria. Para ele, “o complexo de Édipo revela sua importância como o fenômeno central
do período sexual da primeira infância” (Freud, 1924/1996, p. 193).
Inicialmente, Freud acreditou que havia uma equivalência entre o complexo de
Édipo no menino e na menina, supunha então que o primeiro objeto de amor das
meninas era o pai e dos meninos a mãe. Posteriormente, retificou a sua ideia afirmando
que haveria diferenças no processo de acordo com o sexo da criança. A menina, ao se
decepcionar com relação à mãe ao constatar a falta de pênis pressupõe que esta seja
responsável por tê-la feito castrada, voltando-se então para o pai. Já o menino, por
consequência da ameaça de castração que vem anunciada pelo pai ou por perceber a
falta do falo no corpo feminino, renuncia ao seu objeto de amor, que inicialmente era a
mãe. O caminho do menino em direção ao amor pelo pai, que faz com que ele se
identifique com a figura paterna passa pela angústia de perder seu objeto mais precioso,
o pênis. Assim, o complexo de Édipo é finalizado à medida que esta angústia termina
com a ligação amorosa com o pai e com a ligação erótica com a mãe5.
No mesmo sentido, Lacan (1958/1999) aponta que a menina se angustia por já
ter sido castrada enquanto o menino teme pela castração, porém ambos se interrogam
pela falta. De acordo com Freud (1926/1996), o complexo de castração nas meninas é o
que torna possível o complexo de Édipo, enquanto no menino ele vem para encerrá-lo.
Em tempo, vemos, sob o olhar de Lacan (1958/1995), que o complexo de Édipo
se constitui em três tempos lógicos, sendo que seu início se dá ao mesmo tempo em que
o estágio do espelho - o bebê ao ver sua imagem refletida no espelho não se vê mais
como um ser fragmentado, passa a ter a concepção de unidade e o eu se constitui como
objeto, reconhece a si e aos objetos. O Estágio do Espelho “é quando se produz para a
criança uma relação à sua própria imagem” (Wisniewski, 1989a, p. 31), a qual
proporciona-lhe uma forma de totalidade, uma saída para a sua incompletude.
Entretanto, esta mesma imagem não se relaciona com o que é vivido, não há
incompletude que a criança não experiencie, assim, falta algo onde a imagem é formada.
Por conseguinte, o Outro será afetado com a falta e a criança poderá escolher preenchêla no Outro com a sua falta colocando-se na posição de objeto. Esta posição o coloca
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É fundamental citar que Freud reformula a questão sobre a falta do pênis em termos de representante do
falo – um significante que simboliza o lugar do gozo.
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como ocupante do lugar imaginário do todo, do falo, construindo uma relação ternária,
triangular, entre criança-falo-mãe.
O primeiro tempo lógico do Édipo, “ser ou não ser o falo”, trata-se de quando a
criança se identifica como objeto de desejo da mãe, buscado suprir a falta desta. O
segundo tempo lógico do Édipo, “ter ou não ter o falo”, vem marcado pela intervenção
do pai nessa relação triangular, o pai assume o papel de quem vai interditar a criança de
ser o objeto de gozo da mãe, sendo ele quem vem reorganizar as posições nesta relação
mãe-criança-falo (Farinha, 1999). Desta forma inicia-se o processo de castração, com a
possiblidade do pai ser visto pela criança como o objeto de desejo da mãe, que ela o
reconheça como lei. No terceiro tempo lógico do Édipo, “ter ou não ter o dom”, ocorre
o declínio do complexo de Édipo, é neste momento que há a simbolização da lei, o que
permite a identificação. Onde o menino passa a se identificar com aquele que
supostamente detém o falo – o pai – e a menina com a mãe.
É a partir de uma sucessão de processos mentais inconscientes influenciados
pela compreensão do mundo e suas próprias interpretações subjetivas – estas que estão
no campo simbólico – que a criança irá se constituir como sujeito. Dentre eles, estão o
processo de alienação e separação, sendo-lhes imprescindível a participação do
representante materno. Segundo Ferreira (2000), é este, o agenciador, que realiza a
função materna. Função que é efetivada por quem realiza ações específicas que
possuem a finalidade de reduzir os impulsos desagradáveis experimentados pela
criança, além perpassarem o campo da linguagem e significação, suscitando na criança
marcas referentes às próprias faltas e desejos da mãe (Farinha, 1999).
De acordo com Lacan (1963/ 2005), toda relação a dois é marcada pelo
imaginário em maior ou menor grau e para que esta ostente seu valor simbólico é
preciso à mediação de um quarto elemento. Hurstel (1999) afirma que é o pai que fará a
função de corte na relação da criança com a mãe, sendo assim, “o pai é, na teoria
psicanalítica, colocado primeiro (mas não exclusivamente) como um princípio
separador” (p. 61).
A função paterna só é realizada se mediada pela palavra da mãe, é função do
desejo-da-mãe a transmissão do Nome-do-Pai, tendo em vista que ela é o primeiro
agente de simbolização na criança (Lacan, 1958/1999). Se o filho vem para suprir a falta
da mãe, o pai vem responder ao desejo da mãe para intervir sobre ele, produzindo assim
a significação fálica. Segundo Laurent (1997), o desejo diz respeito à falta da mãe, mas
não como ideal e sim como objeto.
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Lacan (1958/1999) afirma que a função paterna encontra-se no centro da questão
do Édipo, tendo um papel importante na história da análise, pois é seu objetivo
interditar a mãe e promover o processo de separação. Desta forma, o Nome-do-pai
caracteriza-se por ser a figura e o representante da lei – o agente de castração - pois é ele
quem/o que cria a possibilidade do superego surgir na criança.
Entretanto, é necessário que o sujeito saiba servir-se do Nome-do-pai, pois não é
o bastante apenas tê-lo inscrito no inconsciente pelo desejo da mãe. O destino e o
resultado de toda a história do sujeito baseia-se nisto, visto que "o essencial é que o
sujeito, seja por que lado for, tenha adquirido a dimensão do Nome-do-Pai" (Lacan,
1958/1999, p.162).
As
funções
parentais
estão
calcadas
na
relação
de
desejo.
Tais funções são responsáveis pela constituição subjetiva da criança tendo em vista que
a função da mãe caracteriza-se por um interesse particularizado no cuidado desta,
marcando-a com suas próprias faltas subjetivas, enquanto aquele que exerce a função de
pai leva consigo o vetor da encarnação da lei no desejo (Lacan, 1958/1999).
É necessário, então, a introdução de um quarto elemento nesta relação para fazer
a reorganização de todas as posições. O agenciador desta intervenção possui a função do
Pai, como aquele que irá fazer com que aquela Mãe deseje além da criança. É nesta
intervenção que a criança ocupará uma outra posição no mundo, reordenação que
permitirá uma nova entrada do Sujeito na relação simbólica, que é pela “via da Dialética
do Desejo” (Farinha, 1999). Esta via tem por base a premissa de que o ser humano é
incompleto, há uma falta e é devido a essa impossibilidade de completude, que é razão
de sua existência, que o homem tem de ser um sujeito faltante, e portanto, desejante.
Toda relação do ser com um Outro se estrutura através da dimensão simbólica,
pois este lhe dá significante porém não o completa, por ser o Outro também um ser
faltante de estrutura. Assim, não há um único significante que o defina, que o complete,
o que leva o Sujeito – Sujeito este barrado, divido, faltante, castrado – a um infinito
mover em cadeia de significantes (Wisniewski, 1986). Portanto, o que une o ser humano
ao Outro é a falta, em uma constante busca da completude.
Mas é digno de nota averiguar que a função de corte ou interdição não é uma
noção da modernidade. Freud (1913/1996), ao fazer uma análise sobre a relação dos
povos primitivos com as idéias do totemismo e com os tabus estabelecidos neste
momento da civilização, relata que os povos mais primitivos já formulavam deuses ou
representações de um poder externo que lhes impunham regras e restrições. Mesmo
7
diante do fato desses elementos não serem tangíveis, eram respeitados, temidos e
amados, o que demonstra que desde os primórdios o homem já intencionava "impor as
leis que regem a vida mental às coisas reais” (p. 101). Neste sentido, ao refletir sobre
constituição de uma criança e sua relação com o representante paterno, podemos
observar que a lei nela introjetada transcende a ideia de um pai real, ou seja, pode ser
expressa pela fala do agente materno, pelo seu olhar que se desvia do filho como objeto
único de satisfação, por uma idealização da criança ou por algum representante desta
função.
Sobre isso, sabe-se que em toda a vida do sujeito e em todas as relações que este
vir a estabelecer, haverão reimpressões e repetições das posições que foram tomadas na
passagem pelo Complexo de Édipo (Freud, 1926/1996). Portanto, o processo que aliena
o sujeito ao Outro e posteriormente o separa, estará em todas as relações de objeto que o
ser estabelecerá em uma constante busca de completude. Estes processos são produtores
de angústia para o sujeito.
Segundo Freud (1926/1996), a angústia, assim, se dá como uma forma de reação
aos perigos que ocorrem em diferentes períodos da sua vida e que posuem a capacidade
precipitar-lhe uma situação traumática. Tais períodos, como o nascimento, a perda da
mãe como objeto, a perda do pênis, do amor do objeto e do amor do superego, existem
desde o início da vida e perpassam o período edípico. Dentre todos os perigos citados,
“o perigo da castração com seus efeitos devastadores constitui sem dúvida o mais
familiar de todos esses perigos” (p. 86), sendo possivelmente nessa passagem que
ocorre o primeiro indicativo do conceito de ansiedade proveniente da separação.
Entretanto, a situação pela qual a criança deseja ser protegida é a da não satisfação e de
uma tensão que aumenta tacitamente a qual ela não consegue reagir.
Com o passar do tempo, os perigos internos mudam, mantendo a característica
de implicar na perda ou separação de um objeto de amor ou a própria perda de seu
amor, situações que ocorrendo repetidas vezes conduzem a uma situação de desemparo
em virtude do acúmulo de desejos insatisfatórios que geram (Freud, 1926/1996).
Desta maneira, ter conhecimento da ausência de um objeto de desejo que venha
a lhe completar dá origem a angústia do sujeito, o que o motiva a procurar se posicionar
com relação a objetos, que fantasmaticamente vem a lhe completar.
A medida que o ego permanece se desenvolvendo, as situações de perigo
modificam-se. Situação antigas possuem a característica de perder seu poder com o
tempo, sendo deixadas de lado, sendo posteriormente substituídas por outro
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determinante que será o agenciador da ansiedade no sujeito naquele momento em
específico. Vê-se então, que alguns períodos da vida possuem perigos, de certa forma,
equivalentes: o perigo de desamparo de vida ao perigo da vida quando o ego do
indivíduo é imaturo; o perigo da perda de objeto até a primeira infância; o perigo de
castração até a fase fálica; e o medo do próprio superego até o período de latência. No
entanto, é importante ressaltar que as situações de perigo citadas podem ocorrer
simultaneamente ou fazer com que o ego reaja com ansiedade em outro em um perigo
diferenciado, ou mesmo que "haja uma relação razoavelmente estreita entre a situação
de perigo que seja operativa e a forma assumida pela neurose resultante" (Freud,
1926/1996, p. 140).
O objeto causa do desejo que busca tamponar a falta do sujeito pode ser o mais
variado, se apresentar de diversas formas, porém nunca será suficiente para suprir esta
falta, tendo em vista que se trata de uma falta constituinte a cada nova imersão do
desejo, o objeto se mostrara insuficiente.
O objeto se apresenta, inicialmente, em uma busca do objeto perdido. O objeto é
sempre o objeto redescoberto, o objeto tomado ele próprio numa busca, que se
opõe da maneira mais categórica à noção do sujeito autônomo, onde desemboca
a ideia do objeto acabado. (Lacan, 1958/1995, livro 4, p. 25).
Sendo assim, a falta sempre se mostrará presente, gerando angústia e fazendo
que com que Sujeito permaneça em uma eterna busca de satisfação pulsional, a qual
como vemos será no máximo satisfeita parcialmente, tendo em vista que possuímos uma
falta em nível estrutural e simbólico.
Assim vemos que, o homem, na travessia de sua constituição, se depara o tempo
todo com a falta e é a partir e através dela que o sujeito irá se posicionar perante o
mundo. Para evitar a angústia produzida pela falta, o Sujeito utilizará mecanismos que
apenas postergarão seu encontro com sua falta, apesar das sucessivas tentativas de
rejeitá-la o Sujeito encontrar-se-á com sua falta. Então, o sujeito irá buscar maneiras de
não se deparar com a falta elegendo objetos que venham preencher a fenda deixada por
ela, mas tais objetos serão sempre parciais, pois somos seres pulsionais, há algo no
corpo que se agita, que nos faz buscar por um objeto para tamponar o buraco da falta,
fazendo que com que este permaneça em sua eterna e, assim, interminável busca de
satisfação pulsional seguida de angústia.
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A questão da análise com crianças. Curitiba: Publicação da Coisa Freudiana.
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