FACULDADE DE
EDUCAÇÃO
FaE informa
ANO 30 - MARÇO/ABRIL DE 2014 - Nº 229/230
30 anos de boas ideias
e debates
p. 6 e 7
FaE Informa completa três décadas e entrevista seu idealizador, o
professor Tomaz de Andrade
1984•2014
FaE informa
O dinamismo de uma iniciativa...
FaE integra Pacto Nacional
pelo Fortalecimento do
Ensino Médio p. 4
Transformação de escolas
públicas em militares, em
Goiás, é tema de Artigo do
professor Lúcio Alves de
Barros p. 3
Aula inaugural inicia as
atividades dos cursos de
Pedagogia a Distância p. 5
1984•2014
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Editorial
Março/Abril de 2014
2
Editorial
50 anos do Golpe Militar de 1964: conhecer para não esquecer!
No dia 31 de março de 1964 os militares
apossaram-se do Estado Brasileiro
através de um golpe que durou até
1985. Os setores conservadores da
sociedade brasileira, empresariais,
políticos e religiosos, organizaram
em diversos estados a “Marcha da
Família com Deus pela Liberdade”
para impedir a reforma agrária no país,
justificar o golpe militar e depor o
presidente eleito, João Goulart.
A partir do AI-5, em 1968, instrumento
que deu ao regime poderes absolutos,
o Congresso Nacional foi fechado
por quase um ano e os opositores do
regime militar passaram a ser tratados
como terroristas, com base na Doutrina
da Segurança Nacional.
Durante todo o período do regime
militar, milhares de ativistas sociais
foram presos, torturados e mortos nos
porões da ditadura militar, e outros
foram exilados do país. Ainda hoje,
centenas de pessoas permanecem como
desaparecidas.
As mulheres foram as primeiras a
organizarem um movimento pela
anistia dos presos políticos através
do Movimento Feminino pela Anistia
(MFPA), em 1975, cuja organização
mineira era liderada por Dona Helena
Greco. A partir desses movimentos, no
final dos anos 1970 foi desencadeada
uma grande campanha nacional
intitulada “Anistia Ampla, Geral e
Irrestrita”, com diversos comitês
espalhados pelo país e no exterior.
O crescimento do movimento
pressionou o governo militar a
enviar ao congresso um Projeto de
Lei de Anistia, que, no entanto, não
atendia às expectativas, pois anistiava
também os torturadores. Entretanto,
o debate em torno daquele projeto
ajudou a popularizar o movimento
pela democratização e, no dia 28
de agosto/79, o Congresso votou e
aprovou a lei que permitiu a libertação
de presos políticos e o retorno de
exilados.
Em 1984, milhões de pessoas ocuparam
as ruas do país exigindo “Diretas
Já!” para presidente, mas acabaram
frustradas frente à derrota imposta pelo
Congresso Nacional. Coube, mais uma
vez, ao Colégio Eleitoral (deputados
e senadores) a tarefa de eleger o
presidente. A vitória foi de Tancredo
Neves, que morreu antes da posse, e
José Sarney, seu vice, assumiu o cargo
de presidente da república.
Em 1988, uma nova Constituição
Brasileira abriu possiblidades para
uma maior participação popular. O
movimento de familiares de mortos
e desaparecidos políticos, organizado
desde os anos 70, conseguiu, em
1995, no âmbito do governo federal,
a constituição da Comissão Especial
sobre Mortos e Desaparecidos Políticos.
Diferentemente de outros países
latino-americanos que tiveram golpes
militares e apuraram os fatos com
responsabilização dos culpados pelos
crimes de tortura e morte, no Brasil,
somente em 2011 foi instituída a
Comissão Nacional da Verdade,
responsável por investigar violações de
direitos humanos ocorridas entre 1946
e 1988, no país, por agentes do Estado.
Passados 50 anos do golpe militar,
deparamos com algumas situações
que causam estranhamento, como,
por exemplo, a atualização da Portaria
Normativa 3461/MD, de 19 de
dezembro de 2013, do Ministério da
Defesa, intitulada “Garantia da lei e
da ordem”, que procura enquadrar os
ativistas sociais e as manifestações
populares como “forças oponentes”.
O direito de livre manifestação,
conquistado com sangue, suor e luta
durante os 514 anos de colonização,
permanece em disputa. Conhecer
a resistência dos últimos cinquenta
anos é imprescindível para impedir
a sanha dos setores conservadores,
seja do campo político, econômico ou
religioso que tentam criminalizar os
movimentos sociais.
Abaixo a repressão! Ditadura nunca
mais!
EXPEDIENTE
FaE Informa é uma publicação da Faculdade de Educação do Campus de Belo Horizonte da UEMG – Edição: Equipe do Centro de Comunicação/
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3 Artigo
Março/Abril de 2014
1984•2014
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Educação Policiada
Lúcio Alves de Barros*
Contra toda discussão acerca da
desmilitarização da polícia militar
no Brasil, a qual resultou na PEC51, é curiosa a saída encontrada pelas
autoridades do Estado de Goiás para
diminuir a violência nas escolas.
Naquele Estado, as autoridades optaram
por transformar dez escolas públicas
em colégios militares ainda em 2014. O
governo de lá simplesmente aumentou
para 19 o número de escolas que terão
a mesma hierarquia e disciplina que,
guardadas as devidas proporções,
não funciona tão bem nos quartéis. A
ação, contudo, dentre outras, levanta as
seguintes questões.
Em primeiro lugar, aparentemente as
autoridades públicas (a Secretaria de
Segurança Pública - SSP afirma que
a mudança de comando das escolas
é um pedido da população) estão
desinformadas acerca do fenômeno da
violência nas escolas. Tenho dúvidas
se houve alguma pesquisa ou se os
policiais militares desejam o controle do
fenômeno. A indisciplina, por exemplo,
na maioria das vezes, não resulta em
uso da força desmedida e inegociável,
podendo ser uma mera linguagem de
adolescentes, crianças ou jovens com
hormônios à flor da pele. Mais que
isso, conflitos necessariamente não
resultam em violência dura ou ações
enérgicas por parte dos mais fortes. A
lógica militar certamente não levará
tais relações em consideração, pois no
mundo dos coronéis, “manda quem
pode, obedece quem tem juízo” e não
se deve ponderar.
Em segundo lugar, é óbvio que a “parte
pedagógica” não vai ficar por conta
dos professores e/ou dos pedagogos.
As autoridades podem até mostrar
papéis que comprovem isto, mas é
lícito duvidar se, no dia a dia da escola,
determinadas patentes da polícia
deixariam nas mãos de pedagogos e de
professores conteúdos que defendem
a diversidade, a diferença e o respeito
ao outro. O que fazer com o aluno
homossexual? O que fazer com os
alunos usuários de drogas? Em quartéis
e na cultura militar estas condutas não
são toleradas. Nas escolas públicas
e privadas, professores e gestores,
há anos, lidam com este problema e
muitos têm literalmente salvado boa
parte dos alunos. A lógica militar não é
a mesma que a lógica civil, e dizer isso
é um truísmo gigantesco que dispensa
novas linhas.
Em terceiro e último lugar, além de
caminharmos fortemente para uma
“pedagogia policial” em resposta
positiva ao Estado Penal, o Estado vai
de encontro à Constituição de 1988 e da
LDB que apregoam a democratização
da educação na tentativa de unir esforços
da comunidade, dos professores e
gestores no bom andamento das
instituições escolares. Em quartéis
a coisa é diferente. A despeito da
“polícia comunitária”, a última palavra
na caserna sempre é a de um “comando
superior” e “não existe discussão com
quem tem estrelas quentes nos ombros”.
Não por acaso os pais têm reclamado
das altas taxas que os colégios daquele
Estado passaram a cobrar e certamente
mais recursos serão despejados para a
manutenção dos colégios, inclusive no
que se refere ao pagamento de policiais
e coronéis que dificilmente aceitariam
o piso salarial pago a um professor.
A iniciativa do Estado de Goiás pode
até ser uma boa solução para muitos.
No entanto, é um tiro no pé. Uma
doutrina que obriga estudantes a
agirem como soldados de infantaria
é perigosa, especialmente quando
um simples juramento à bandeira
e uma “rígida hierarquia” não são
atividades passíveis de argumentação.
Nos quartéis “ordem dada é ordem
cumprida” e ai daqueles que operam
contra o sistema. Além disso, nada
comprova que a cultura militar melhora
ou diminui a violência escolar. A
violência também está fora das escolas
e já se sabe que pode ganhar vida em
outros campos simbólicos onde a
disciplina é uma norma irrecusável aos
corpos, as regras passam como verdade
absoluta - sem o devido contraditório
-, a meritocracia da docilidade ganha
vida em detrimento da força e da
criatividade dos adolescentes e, por
fim, a necessária quietude dos pais que
devem “nadar de costas em rio que
tem piranha”. Além disso, é preciso
apontar para as muitas dificuldades de
pesquisa em organizações militares,
que historicamente são recalcitrantes à
entrada de pesquisadores.
*Professor na FAE/UEMG/BH e co-autor
do livro Polícia, política e sociedade. São
Paulo: Ed. Delicatta, 2014.
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Notícias
Março/Abril de 2014
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Pacto Nacional pelo Fortalecimento
do Ensino Médio
O Pacto Nacional pelo Fortalecimento
do Ensino Médio é um projeto do
Ministério da Educação em parceria
com as secretarias estaduais e
distrital de educação que assumem
o compromisso pela valorização da
formação continuada dos professores e
coordenadores pedagógicos que atuam
no Ensino Médio das escolas públicas,
nas áreas rurais e urbanas.
A Universidade do Estado de
Minas Gerais aderiu ao Pacto pelo
Fortalecimento do Ensino Médio em
Minas Gerais, realizado conjuntamente
pela Secretaria de Educação Básica
do Ministério da Educação e pela
Secretaria do Estado de Educação
de Minas Gerais, em parceria com
Universidades Públicas sediadas em
Minas Gerais.
Na Faculdade de Educação/CBH/
UEMG, foram indicadas a professora
Inajara Neves, como Coordenadora
Geral, e a professora Liliana Borges,
como Coordenadora Adjunta. A
coordenação organizará a equipe de
formação dos profissionais que atuarão
como professores formadores do
PACTO Nacional pelo Fortalecimento
do Ensino Médio no Estado de Minas
Gerais e serão responsáveis também
pela gestão, supervisão, monitoramento
da formação no âmbito da rede
estadual e pelo apoio à implementação
das ações de formação continuada
nas escolas estaduais de ensino médio
Plano Nacional de
Educação
O Plano Nacional de Educação (PNE 2011/2020), que tramita no
congresso desde 2010, encontra-se em fase de votação final, o que deverá
ocorrer entre março e abril. Depois de votado na Câmara, o projeto foi
enviado para o Senado. No final de 2013 foi analisado pelas comissões do
Senado. Agora, terminada a votação no Senado, voltou para a Câmara, que
dará a palavra final.
Em Nota Pública, o Fórum Nacional de Educação - FNE dirige-se à
Câmara dos Deputados em defesa dos conteúdos do Documento Final da
CONAE 2010 no Projeto de Lei do novo Plano Nacional de Educação, pois
considera que o Substitutivo do Senado Federal à matéria contrapõe -se às
proposições centrais daquela conferência, dedicada, entre outras tarefas,
a determinar diretrizes para o próximo plano. Para o FNE, a proposta
que retorna à Câmara dos Deputados é privatista, segregacionista e não
contribui para fortalecer o sistema nacional de educação. Resguardada a
importância do debate da matéria, o fundamental é que o PNE seja votado
imediatamente.
vinculadas à Secretaria de Estado de
Educação de Minas Gerais.
Os professores do Ensino Médio, que
participarão do processo de formação,
deverão atuar como docentes em
sala de aula ou como coordenadores
pedagógicos no Ensino Médio em
escolas da Rede Estadual, em efetivo
exercício no ano de 2014, e ainda
constar no Censo Escolar de 2013.
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5 Notícias
Março/Abril de 2014
1984•2014
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Imagens da aula inaugural do curso de Pedagogia online
Curso de Pedagogia online – EAD/
UEMG/UAB
A aula inaugural do curso de Pedagogia
a distância, ofertado pela Faculdade de
Educação da UEMG e a Universidade
Aberta do Brasil/UAB aconteceu em
fevereiro/14 nos polos de Ubá, Frutal,
Nanuque e Taiobeiras, com a presença
das coordenações de curso, tutoria,
diretores e secretários de educação dos
municípios e polos, professores(as),
tutores(as) e estudantes universitários.
O objetivo do curso é formar professores
para a Educação Infantil e para os
Anos Iniciais do Ensino Fundamental,
representando a continuação da
responsabilidade histórica da Faculdade.
Atualmente, são duzentos estudantes,
cinquenta em cada polo.
A coordenação e tutoria presencial são
o ponto de apoio para mediação do
curso de Pedagogia a distância. Ao todo
são mais de vinte e cinco profissionais
envolvidos no desenvolvimento de
objetos de aprendizagem, conteúdos
por disciplinas em material impresso
e digital, desenho do curso virtual,
manutenção das plataformas e redes
sociais online, tutoria a distância e
presencial.
Tese de Doutorado
A professora da FaE/UEMG Daniela
Amaral Silva Freitas concluiu o
doutorado em Educação na UFMG,
em janeiro/2014, com a defesa da
tese Literatura infantil dos kits de
literatura afro-brasileira da PBH:
um currículo para ressignificação
das relações étnico-raciais? que
foi orientada pela Drª. Marlucy
Alves Paraíso. A banca examinadora
contou com as presenças de Marlécio
Maknamara da Silva Cunha, Santuza
Amorim Silva, Aracy Alves Martins
e Shirley Aparecida de Miranda.
O trabalho procurou analisar os livros
de literatura infantil que compõem
os kits de literatura afro-brasileira
organizados pela Prefeitura de Belo
Horizonte e distribuídos a todas as
escolas da rede municipal como
artefatos culturais envolvidos na
produção de sujeitos educados para
a ressignificação das relações étnicoraciais. Isso porque tais kits fazem
parte de uma política pública que visa
a atender às leis nº 10.639/03 e nº
11.645/08 que tornam obrigatório o
ensino de história e cultura africanas,
afro-brasileiras e indígenas no ensino
fundamental e médio das escolas
brasileiras.
O ambiente virtual de aprendizagem
(AVA) pode ser acessado por meio
de login e senha dos alunos, tutores e
coordenadores do curso no endereço
http://ead.uemg.br. Além dos encontros
presenciais, a comunidade educativa
se encontra virtualmente por meio
dos grupos fechados de trabalho no
Facebook https://www.facebook.com/
groups/Pedagogiaonline e no Canal
com mais de 100 vídeos na plataforma
do Youtube http://www.youtube.com/.
Para saber mais acesse a http://www.
uemg.br/cursos.php?id=60.
1984•2014
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FaE informa
Entrevista 6
Março/Abril de 2014
30 anos do Pedagogia
Informa/FaE Informa
Entrevista: Prof. Tomaz de Andrade Nogueira
Este periódico completa 30 anos de
circulação. Ainda que, a partir de 2012
tenha passado a se chamar FaE Informa,
o processo histórico exige um registro
para o conhecimento da comunidade
acadêmica. Entrevistamos o professor
Tomaz que esteve à frente do periódico
por 27 anos, desde a primeira edição.
Como e quando surgiu a idéia
de fazer um jornal do Curso de
Pedagogia do IEMG?
Como afirmei no Editorial da primeira
edição do Pedagogia Informa/PI,
“Há alguns semestres, teve início,
aqui no Curso de Pedagogia, um
trabalho inovador com os alunos
dos semestres I e II, ...resolveu-se
que cada uma das turmas teria seu
órgão de informação...”. Mais adiante
continuava: “... a excelente aceitação
da proposta e o seu resultado prático...
professores de outras áreas passaram,
até, a explorá-lo em suas aulas... outro
aspecto positivo do trabalho: o de
integração de disciplinas...e uma maior
integração com a comunidade”.
E, aí, “uma idéia puxa outra: se
um grupo de alunos podia redigir/
preparar/imprimir um jornal, por que
o Curso de Pedagogia não podia fazer
o mesmo?”
Ou seja, a partir de uma mera atividade
com meus alunos, resolvi apresentar
a proposta para um informativo do
curso à Diretora da época, profª. Dalva
Cifuentes Gonçalves, que prontamente
abraçou a idéia.
Pouco tempo antes, já havia
apresentado a mesma proposta à
Faculdade de Filosofia, Ciências e
Letras da Universidade de Itaúna, que
passou a publicar o Jornal sem Título.
E o “nosso”, agora, completa 30 anos
de publicação ininterrupta, o que
comprova o acerto da ousada iniciativa
à época.
1984•2014
FaE informa
Qual foi a repercussão da idéia na
comunidade acadêmica da época?
Desde a primeira edição, o PI foi muito
bem recebido, pois sempre esteve
aberto à comunidade acadêmica, que
ali percebeu um espaço para divulgar
suas promoções, reivindicações, ideias.
Na primeira edição, por exemplo, a
Profª. Anna Edith Bellico da Costa
apresentou as propostas do recémformado GEP – Grupo de Estudos e
Pesquisas. E o saudoso prof. Otto
Baunmgart divulgou seu trabalho sobre
“Os ciclos do capitalismo”. A profª.
Dalva também escolheu o informativo
para expor suas propostas e sugestões
para a revitalização do CP. Houve,
ainda, uma primeira contribuição
de uma professora que se tornou
uma das mais importantes de nossas
colaboradoras, seja com suas poesias
ou crônicas, a profª. Vera Macedo.
Mas se não houvesse a colaboração
FaE informa
7 Entrevista
de nossos diretores/professores/alunos,
o jornal não teria conseguido uma
publicação tão duradoura. Parece-me
que não existe nenhum informativo de
escola pública com uma periodicidade
tão duradoura.
Fale da montagem das matérias
para a publicação do primeiro
número
Toda primeira vez é mais difícil. Mas
depois da aprovação da proposta
pela diretoria, fiz um trabalho de
apresentação da mesma e solicitação
de sugestões/matérias para a primeira
edição. Isso facilitou também a adesão
de colaboradores, pois a maioria
dos professores não só conheciam a
atividade que fazia com os alunos dos
primeiros semestres, como utilizavam
o jornal em suas aulas. É claro que não
ficou nenhuma obra prima, mas era
apenas uma primeira edição do jornal
e a partir de suas deficiências fomos
sempre procurando aperfeiçoá-lo. E
isto vem ocorrendo até hoje, com a
nova coordenação do CenC.
Quais foram os desafios e obstáculos
para manter a periodicidade da
publicação do jornal?
Foram muitos os desafios e obstáculos:
estávamos em 1984, ou seja, sem as
“facilidades” tecnológicas de hoje.
De tecnologia, contávamos apenas
com uma Olivetti usada. Cedida pela
Secretaria do curso...
Bom, mas o maior desafio foi –
e até a última edição sob minha
responsabilidade – o seu financiamento.
Embora sempre contando com o apoio
incondicional de todas as diretoras do
CP e, posteriormente, os da FAE, a
cada edição tinha que me desdobrar
para conseguir liberação da verba para
sua publicação. E os diretores também
sofriam comigo, pois muitas vezes
não tinham possibilidade de resolver o
problema sozinhos.
Eu nem podia imaginar ficar sem
publicar uma edição na periodicidade
programada. Para que isso não
ocorresse, tive que recorrer a um
patrocinador externo: a mineração
J Mendes, de Itaúna, que se
responsabilizou pela ... edição. Valeu
a pena, pois a periodicidade não foi
interrompida e com muita paciência
Março/Abril de 2014
e persistência consegui que o PI nunca
deixasse de ser publicado.
Um outro desafio, sobretudo em
seus primeiros 15 anos, era a sua
composição/redação que dependia
apenas de seu “editor”.
Mas, em contrapartida, desde o
início pude contar com professores
altamente qualificados e que sempre
acreditaram na proposta, apresentando
suas produções em cada edição. Dentre
estes, destacaria o também saudoso
E, aí, “uma
idéia puxa
outra: se
um grupo
de alunos
podia redigir/
preparar/
imprimir um jornal, por que o
Curso de Pedagogia não podia
fazer o mesmo?”
prof. Jack Siqueira, colaborador desde
a sétima edição, a profª. Vera Viana de
Macedo, desde a primeira edição, e a
profª. Santuza Abras. Esta, inclusive,
participou daquela atividade jornal de
classe, que deu origem ao jornal..
Comente algum(s) fato(s) curioso(s)
(se é que houve) na história do
jornal.
Existe um bastante pitoresco: ainda
à época em que não se comunicava
através de e-mail, estava atrasadíssimo,
o que não era nenhuma novidade,
para encaminhar as matérias para a
gráfica e faltava uma das matérias de
fundo do jornal. Entrei em contato
telefônico com o responsável pela
matéria e este informou-me que a
matéria já estava pronta e que iria
entregá-la no dia seguinte. A minha
urgência era tamanha que perguntei se
não podia ditar-me a matéria. Então,
vagarosamente, passou-me a matéria
e pude encaminhar o rascunho para a
gráfica.
No entanto, tenho quase absoluta
certeza que a matéria não estava
pronta e que ela foi composta naquele
momento, devido à minha pressão.
1984•2014
FaE informa
Houve incentivo por parte do IEMG
e da Secretaria de Educação para a
manutenção do jornal?
Para a manutenção do PI nunca tivemos
incentivo, seja do IEMG, seja da SEE.
Mas, a bem da verdade, tal incentivo
nunca foi solicitado por nós.
Houve mudanças na publicação do
jornal a partir da criação da UEMG
e da FaE? Quais as contribuições
dessa produção para a comunidade
acadêmica da FaE e da UEMG?
Não mudamos em profundidade,
mas sobretudo no enfoque, pois
passaríamos a ter como público-alvo
não apenas uma unidade, o CP, mas
um universo bem mais amplo, ou seja,
a UEMG e as instituições a ela ligadas.
Procurou-se possibilitar a abertura de
espaços para essas instituições. E até
para a própria Reitoria. Para tanto,
houve a necessidade de se repensar
várias de nossas atividades/promoções,
tais como o Concurso de Contos e o
Sarau Lítero-Musical, a fim de que
atingissem, inicialmente, as instituições
do Campus BH e, posteriormente,
sobretudo o primeiro, as instituições
do interior.
Acredito que essa foi uma das maiores
e expressivas vitórias do PI, pois
realmente contribuiu para a integração
da universidade como um todo. Haja
vista que nos saraus quase sempre
havia a participação de alunos da
ESMU, da Guignard ou da Design.
Quanto ao Concurso de Contos, sua
abertura foi gradativa: inicialmente,
apenas a comunidade acadêmica do
CP podia participar; posteriormente,
com a UEMG, as escolas do Campus
BH também podiam participar. Numa
última etapa, foi aberto também às
instituições do interior. E houve contos
premiados dessas instituições.
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1984•2014
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Diversos
Março/Abril de 2014
8
Homenagens aos que se “encantaram”
“A gente não morre. Fica encantado” –
afirmou Guimarães Rosa três dias antes de
morrer, em discurso de posse na Academia
Brasileira de Letras. Assim o FaE Informa,
toma de empréstimo o sentido alinhavado
pelo grande escritor para render homenagem
a duas pessoas que “ se encantaram” no início
deste ano.
Dona Valdete da Silva Cordeiro, criadora das
Meninas de Sinhá, partiu aos 75 anos, em
Belo Horizonte, em 14/01/14. O Meninas de
Sinhá (criado em 1989) concretizou-se como
grupo cultural de resgate de cantigas de roda,
com cerca de 30 mulheres, dos 50 aos 90 e
tantos anos, com um sucesso deslumbrante.
O primeiro CD (“Tá Caindo Fulô”, 2007)
ganhou o prêmio TIM de Música Brasileira
em 2008, o 6º prêmio Rival Petrobras de
Música e o reconhecimento de patrimônio
cultural brasileiro pelo Ministério da Cultura
no prêmio Cultura Viva 2007. “Roda da
Vida”, o segundo CD, 2011, é belissimo. Em
março de 2012, o 64° Sarau do CenC/FaEUEMG, em homenagem ao Dia Internacional
da Mulher, pode cantar, dançar e relembrar
canções com o grupo Meninas de Sinhá.
Naquela noite, nós, professores, professoras,
estudantes da FaE tivemos uma aula de muita
sabedoria de vida, de criatividade resiliente.
Eduardo de Oliveira Coutinho (Rio de
Janeiro, 2/02/2014), cineasta, considerado
um dos mais importantes documentaristas
da atualidade, faleceu aos 81 anos. Com
mais de duas dezenas de filmes, incluindo
longas, médias e curtas-metragens, e com
mais de uma dezena de prêmios no Brasil e
no exterior, o trabalho de Eduardo Coutinho
caracterizava-se pela sensibilidade e pela
capacidade de ouvir o outro, registrando sem
sentimentalismos as emoções e aspirações das
pessoas comuns, fossem camponeses diante
de processos históricos (Cabra Marcado
para Morrer), moradores de um enorme
condomínio de baixa classe média no Rio de
Janeiro (Edifício Master), metalúrgicos que
conviveram com o então sindicalista Luiz
Inácio Lula da Silva (Peões), entre outros.
O programa de Mestrado em Educação da
FaE/UEMG realizou, em 14 de fevereiro,
um debate sobre a obra de Coutinho com a
exposição do professor José de Souza Miguel
a partir do documentario Edificio Master.
Aos dois militantes encantados: obrigado,
por tudo!
Acompanhe...
Reflexões sobre a Ação do Pedagogo
O evento “Reflexões sobre a Ação do Pedagogo” está programado, conforme o Calendário da FaE/UEMG, para
realizar-se nos dias 19, 20 e 21 de maio de 2014. O seminário vem se consolidando como um importante espaço
para a socialização de saberes, possibilitando reflexões que extrapolam a sala de aula. As Coordenadoras do Curso
de Pedagogia, Cristina Olandim e Neide Portes, contam com a participação de colegas professores e pesquisadores
no processo de organização das atividades e dos debates. Dessa forma, as propostas de palestras, painéis, oficinas e
outras modalidades que se fizerem significativas para a formação da identidade acadêmica e profissional de discentes/
pedagogos deverão ser encaminhadas à Coordenação de Curso. Contato: Coordenação do Curso: coordenacao.
[email protected]
Adiamento da Conae 2014
A Conferência Nacional de Educação - CONAE 2014, prevista para ter acontecido entre 17 e 21 de fevereiro deste
ano, em Brasilia, foi adiada para 19 a 23 de novembro de 2014. O Fórum Nacional de Educação - FNE, organizador
da II CONAE lançou Nota Publica que expressa a posição das diversas entidades sobre o adiamento como prejuízo,
dadas a tramitação do PNE no Congresso Nacional e toda a preparação vivenciada no ano de 2013.
O Forum Ampliado de Conselhos de Educação divulgou a Nota Pública que foi referendada pelo Conselho Municipal
de Educação de BH, na plenária de 27 de fevereiro/14, em que esteve presente a Conselheira Lavinia Rosa Rodrigues,
representante da UEMG. A professora destacou que os conselhos reiteraram que todo o esforço empreendido neste
amplo debate deve continuar de maneira comprometida, por parte de toda a sociedade na luta pelo direito à educação
de qualidade social para todos e todas. O momento exige mobilização pela imediata aprovação do Plano Nacional de
Educação.
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