FUNDAÇÃO CASA DE RUI BARBOSA
CENTRO DE MEMÓRIA E INFORMAÇÃO
SERVIÇO DE ARQUIVO HISTÓRICO E INSTITUCIONAL
PROGRAMA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA (PIC) – 2013/15
PROJETO
Tipologia documental na família Barbosa de Oliveira
LUCIA MARIA VELLOSO DE OLIVEIRA
RIO DE JANEIRO
2013
SUMÁRIO
1
2
3
4
5
6
7
8
8.1
8.2
8.3
INTRODUÇÃO
OBJETIVOS
JUSTIFICATIVA
METODOLOGIA
CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
EQUIPE RESPONSÁVEL
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PLANO DE TRABALHO DO BOLSISTA
PERFIL DO BOLSISTA
EMENTA
CRONOGRAMA
02
04
04
07
07
08
09
12
12
12
12
1.INTRODUÇÃO
A análise tipológica de documentos tem sido utilizada, em especial pela escola
arquivística de parte da Espanha, para muitos objetivos no escopo do processamento dos
arquivos e inclusive na gestão de documentos. Esse método tem encontrado eco na
Arquivologia brasileira, e pesquisadores como Bellotto, Camargo e Rodrigues têm mantido
o método como uma questão de pesquisa.
Dentro do escopo do Grupo de Pesquisa Patrimônio Documental, Informação e
Acesso, que inclui a tipologia documental como dispositivo de acesso e difusão, temos
investigado a tipologia documental como método de abordagem dos arquivos visando
contribuir para a descrição arquivistica e consequentemente ampliar o uso dos arquivos. Já
desenvolvemos um projeto de pesquisa, que relacionava a tipologia documental às
representações de eventos marcantes na vida privada: nascimento, morte, bodas e grandes
viagens. Nesse projeto já concluído, foi possível identificarmos 16 tipos documentais que
se referem às Bodas, 19 tipos documentais que se referem à Morte, 3 tipos documentais que
se referem ao Nascimento e 7 tipos documentais que se referem às Grandes viagens. A
análise dos documentos considerou as normas sociais divulgadas por meio dos manuais,
uma vez que, no cenário privado, da vida pessoal, não existem os instrumentos reguladores
e normatizadores que existem no ambiente corporativo.
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Os documentos produzidos e reunidos por indivíduos em sua vida registram suas
emoções, idéias, e também seus diferentes papeis na sociedade. E essa variedade que se
espelha na documentação que é preservada na vida privada configura-se como rica fonte
para a compreensão da história em um determinado período de tempo. A inclusão do
método da tipologia documental como um dos métodos de pesquisa que são adotados na
descrição arquivística possibilita a identificação dos mecanismos formalizados na
sociedade para a comunicação entre as pessoas. E é na riqueza da vida pessoal que
pretendemos dar continuidade a pesquisa que coloca a tipologia documental no centro do
problema da ampliação da compreensão dos acervos e do acesso.
Dentro da aplicação da metodologia da área para abordagem de um acervo
arquivístico, a análise tipológica é fundamental. Sobre o tipo documental, Heredia Herrera
(2002) esclarece que o mesmo não deve ser confundido com o ítem documental. O tipo é
Um elemento decisivo para a identificação e para a descrição dos
itens documentais e como conseqüência das séries documentais.
Tipo documental é um modelo que permite reconhecer outros
documentos de iguais características que são testemunho de uma
ação ou ato determinado (HEREDIA HERRERA, 2007, P. 45)
O processo de produção dos arquivos pessoais não é inserido em um contexto de
normas ou padrões, seus documentos traduzem códigos ou referências do momento
histórico e do meio social em que estão inseridos. Esses códigos ou sinais são relevantes
para a compreensão do arquivo e dos personagens que redigem, recebem ou são
mencionados nos documentos. As características dos documentos em seu suporte e sua
estrutura reproduzem uma época, sua etiqueta e as regras de convivência social.
Para pesquisarmos a tipologia documental nos séculos XVIII e XIX vamos utilizar a
Coleção Família Barbosa de Oliveira como universo empírico que já se encontra
organizada e descrita, e disponível para o público.
3
2. OBJETIVOS
Objetivo geral: identificar a tipologia documental produzida nos séculos XVIII e
XIX a partir da Coleção Família Barbosa de Oliveira (CFBO).
Objetivos específicos:

Elaborar bibliografia de referência para a questão da tipologia documental;

Identificar as espécies documentais produzidas no séculos XVIII e XIX no
Brasil, dentro do contexto histórico e social representado na Coleção Família
Barbosa de Oliveira;

Identificar os tipos documentais produzidos no séculos XVIII e XIX no
Brasil, dentro do contexto histórico e social representado na Coleção Família
Barbosa de Oliveira;

Contribuir para a produção de conhecimento na área referente a Tipologia
documental aplicada aos arquivos pessoais

Difundir os resultados do trabalho de pesquisa em fóruns da área como os
congressos e seminários.
3. JUSTIFICATIVA
A análise tipológica é um método utilizado na metodologia arquivistica que permite
aprofundar o conhecimento que temos das ações, e atividades que dão origem ao
documento em si. No cenário das organizações, a forma dos documentos é usualmente
estabelecida pelas regras de produção documental adotadas no ambiente de trabalho. As
regras de comunicação traduzem os protocolos e as convenções estabelecidas por
regulamentos, portarias, etc. No entanto, quando nos direcionamos para os arquivos que são
produzidos na intimidade da vida privada e pessoal são outros os elementos reguladores
que fornecem os indicadores da produção de documentos. Em geral, são as convenções
sociais vigentes em determinado período histórico e em determinados grupos a que o
produtor do arquivo faz parte. Nesse caso, outras serão as fontes para pesquisar sobre essas
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convenções como os manuais de postura ou mesmo os canais da mídia, que ditam o
protocolo do convívio e de posição em sociedade. Seguir ou não esses protocolos indicam
pertencer ou não a um segmento social ou a uma determinada camada na pirâmide social.
Nesse projeto Tipologia documental na família Barbosa de Oliveira pretendemos
usar a Coleção como campo empírico, porque alem de não existir a figura do produtor de
arquivo, trazendo para a documentação reunida por seu colecionador um conjunto muito
variado de documentos, temáticas e tipos documentais, mas também porque é uma coleção
com um conjunto documental significativo, nos dando a expectativa de conseguirmos
identificar um número variado de tipos documentais.
A Coleção Família Barbosa de Oliveira (CFBO) foi doada para a Fundação Casa de
Rui Barbosa (FCRB) em 1993, pela família de Américo Lourenço Jacobina Lacombe.
Lacombe foi o responsável pela reunião de documentos valiosíssimos. A coleção retrata em
seus documentos um modo de viver e de se relacionar por mais de dois séculos, cobrindo o
período de 1778 a 1965.
No decorrer do processo de arranjo e de descrição da Coleção foram previamente
identificadas espécies documentais e os tipos documentais já consagrados na área, mas a
partir dessa pesquisa será possível identificar e nomear tipos documentais que eram
produzidos na vida privada e que fazem parte de arquivos e coleções pessoais, e ainda não
consgrados.
Camargo (2008), já sinaliza que um dos maiores problemas no decorrer da descrição
dos arquivos pessoais está a variedade de tipos documentais ainda não reconhecidos na
área, assim esperamos poder contribuir para ampliar o conhecimento sobre os tipos
documentais produzidos.
Belotto (2002), na análise tipológica é necessário ter pleno conhecimento:
da estrutura orgânico-funcional da entidade acumuladora;
das sucessivas reorganizações que tenham causado supressões ou
acréscimos de novas atividades e, portanto, de tipologia/séries;
das funções definidas por leis/regulamentos;
das funções atípicas circunstanciais;
das transformações decorrentes de intervenções; dos processo, pois
eles têm uma tramitação regulamentada. (BELLOTO, 2002, P. 95)
5
Podemos perceber que nos elementos listados pela autora reconhecemos o cenário
dos arquivos organizacionais, e não o processo de produção na vida privada.
Um exemplo interessante de espécie documental que merece toda a nossa atenção
quando estudamos um arquivo pessoal é a carta. A carta muitas vezes é identificada como
tipo documental, mas na realidade é uma espécie. Será a atividade ou ato relacionado a
motivação de sua elaboração que indicará a qual tipo documental pertence: carta de amor,
carta de alforria, carta de sesmaria, etc. A identificação do relacionamento entre o
documento arquivístico e a atividade ou função que representa ou registra, fundamenta a
identificação dos tipos documentais. Diferente dos documentos diplomáticos os
documentos produzidos dentro do universo da intimidade nos desafiam a compreender o
seu processo de produção. O universo que vamos trabalhar nesta pesquisa está concentrado
em documentos não diplomáticos, ou seja, “destituídos de rigor na elaboração decorrente da
representação de um ato administrativo ou jurídico são os mais difíceis de serem estudados,
uma vez que são poucos os elementos formais em sua estrutura” (OLIVEIRA, 2012, p.83).
A realização desse projeto deverá contribuir para a Arquivologia conforme
ressaltado anteriormente, uma vez que a área carece de estudos de Tipologia Documental, e
em especial, estudos aplicados aos arquivos pessoais.
O estudo do tipo documental permite analisar aspectos não
explicitados na estrutura do documento, fornecendo elementos para
compreender o comportamento da sociedade, ou de seus segmentos
em determinadas situações (...). a identificação dos tipos
documentais adequada, demonstrando seu vínculo com a atividade
ou ato que dá origem à criação do documento oferece aos usuários
amplas possibilidades de abordagem dos arquivos, seja para a
história social, a psicologia ou a cultura. (OLIVEIRA, 2012, p.8384).
Esperamos, consequentemente, a partir dos resultados dessa pesquisa disponibilizar
para os pesquisadores de tipologia um conjunto inédito de modelos de registros e de formas
de comunicação entre as pessoas, reguladas pelas normas sociais de civilidade e polidez.
4. METODOLOGIA
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A metodologia a ser empregada na pesquisa está centrada na revisão de literatura da
área sobre os principais temas: arquivos pessoais, tipologia documental, manuais de postura
e etiqueta; e no estudo tipológico que visa estabelecer um padrão de registro documental a
partir de elementos como a origem; a relação com as funções e atividades do titular do
arquivo; a vinculação entre a espécie documental e o tipo de documento; o conteúdo
estruturado no documento e a sua datação.
O período histórico que iremos trabalhar é século XVIII e XIX, considerando os
documentos da Coleção família Barbosa de Oliveira.
Para cumprir os objetivos deste trabalho, serão obedecidos os seguintes passos:

Elaboração de levantamento bibliográfico sobre arquivos pessoais, tipologia
documental, manuais de postura e etiqueta;

Seleção das fontes bibliográficas e respectiva análise;

Identificação das espécies documentais que fazem parte da Coleção em
estudo;

Identificação dos tipos documentais com base na relação entre a espécie
documental e a respectiva atividade;
5. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
Para a realização da pesquisa proposta no âmbito dos arquivos e coleções sob
custódia do Serviço de Arquivo Institucional da FCRB referente ao tema do projeto serão
desenvolvidas as seguintes etapas ao longo de dois anos:
1. Seleção de bolsista;
2. Treinamento do bolsista;
3. Elaboração de levantamento bibliográfico sobre arquivos pessoais, tipologia
documental, manuais de postura e etiqueta;
4. Seleção das fontes bibliográficas;
5. Análise das fontes bibliográficas;
6. Identificação das espécies documentais que fazem parte da Coleção em estudo;
7
7. Identificação dos tipos documentais com base na relação entre a espécie documental
e a respectiva atividade;
8. Sistematização dos tipos documentais analisados.
9. Elaboração de relatório de conclusão do projeto.
Atividade
Mês 01
Seleção de
X
bolsista
Treinamento X
Levantamento
bibliográfico
Seleção de
fontes
bibliográficas
Análise de
fontes
bibliográficas
Identificação
das espécies
documentais
Identificação
dos tipos
documentais
Sistematização
Relatório
Final
Mês 02 a 06
Mês 07 a 12
Mês 13 a 18
Mês 18 a 24
X
X
X
X
X
X
X
X
X
6. EQUIPE RESPONSÁVEL
A coordenação do projeto será de Lucia Maria Velloso de Oliveira, chefe do
Serviço de Arquivo Histórico e Institucional da FCRB.
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Lucia Maria Velloso de Oliveira
Doutora pela Universidade de São Paulo, do programa de Pós- Graduação em História
Social. Possui graduação em Historia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1986),
graduação em Arquivologia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (1992),
mestrado em Ciência da Informação pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e
Tecnologia e Universidade Federal Fluminense (2006). Chefe do Serviço de Arquivo
Histórico e Institucional da Fundação Casa de Rui Barbosa, desde 2002.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARQUIVO NACIONAL. Dicionário brasileiro de terminologia arquivística. Rio de
Janeiro: Arquivo Nacional, 2005. 232p. Publicações técnicas,n.51.
BELLOTTO, Heloísa Liberalli. Arquivos permanentes: tratamento documental. 2ed. rev.e
ampl. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2004. 304 p.
______. Como fazer análise diplomática e análise tipológica de documento de
arquivo.São Paulo : Arquivo do Estado, Imprensa Oficial do Estado, 2002. 120p. (Projeto
como Fazer, 8)
CAMARGO, Ana Maria de Almeida. Sobre arquivos pessoais. Arquivo &Administração.
Rio de Janeiro:AAB, v.7, n.2, jul./dez. , p. 5- 10, 2008
COOK, Terry. What is past is prologue: a History of Archival ideas since 1898, and the
future paradigm shift. Archivaria, v.43, Spring, p.17-68,1997.
_______. Arquivos pessoais e arquivos institucionais: para um entendimento arquivístico
comum da formação da memória em um mundo pós-moderno. Estudos Históricos, Rio de
Janeiro, v.11, n.21, p.129-149, 1998.
DURANTI, Luciana. Diplomática:usos nuevos para una antigua ciencia. Tradução de
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9
EASTWOOD, Terry. Putting the parts of the whole together: systematic arrangement of
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Archivaria,
Fall,
v.50.
p.
93-116.
2000.
Disponível
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ELIAS, Norbert. O processo civilizador. Rio de janeiro:Jorge Zahar Ed., 1994. 2v. 1994.
277p.
FOOTE, Kenneth E. To remember and forget: archives, memory, and culture. In:
JIMERSON, Randall C. (Editor). American Archival Studies: readings in theory and
practice. Chicago: The Society of American Archivists. 2004. p.29-46
HEREDIA HERRERA, Antonia. En torno al tipo documental. Arquivo &Administração.
Rio de Janeiro:AAB, v.6, n.2, jul./dez. , p. 25- 50, 2007
NOUGARET, Christine. Les archives privées, éléments du patrimoine national? Des
sequesters révolutionnaires aux entrées par voies extraordinaires un siècle
d´hésitations.
p.737
a
750.
Disponível
em
http://www.archiviodistato.firenze.it/nuovosito/fileadmin/template/allgati
media/libri/150/archivi storia/150 nougaret.pdf
Acesso em: 15 out. 2012
OLIVEIRA, Lucia Maria Velloso de. Descrição e pesquisa: reflexões em torno dos
arquivos pessoais. Rio de Janeiro: Móbile, 2012. 171p.
RODRIGUES, Ana Célia. Diplomática contemporânea como fundamento metodológico
da identificação de tipologia documental em arquivos. 258f. Tese (Doutorado em
História Social)-Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008. Orientação: Heloisa Liberalli
Bellotto.
ROQUETTE, J.I.Código do Bom-Tom, ou, Regras da civilidade e de bem viver no
século XIX. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.400p.
TAYLOR, Hugh. The archivist, the letter, and the spirit. Archivaria, v.43, p. 01-16.
Disponível em http://journals.sfu.ca/archivar/index.php/archivaria/article/view/1217413887-1 Acesso em: 19 abr. 2007
10
YAKEL, Elizabeth. Archival representation. Archival Science, 3. Netherlands: Kluwer
Academic Publishers. p.1-25, 2003.
YEO, Geoffrey. Concepts of Record (1): evidence, information and persistent
representations. The American Archivist, Chicago:The American Archivist, v. 70, n.2, p.
315-343, 2007.
____________. Concepts of Record (2): prototypes and boundary objects. The American
Archivist, Chicago:The American Archivist, v. 71, n.1, p. 118-143. 2008.
11
8. PLANO DE TRABALHO
Para o desenvolvimento das atividades pertinentes ao projeto de pesquisa proposto
será fundamental a participação de um bolsista.
8.1.Perfil do bolsista:
Aluno (a) da graduação de curso de Arquivologia do 2ª período em diante.
8.2.Ementa
Ao aluno (a) caberá o levantamento bibliográfico pertinente as temáticas que fundamentam
o projeto, que possibilitará a elaboração de bibliografia específica sobre Tipologia
documental, bem como a identificação das espécies e dos tipos documentais que são objeto
da pesquisa.
O seu trabalho será avaliado constantemente por meio de reuniões com o orientador e de
relatórios (um parcial ao final de 6 meses de trabalho e o de conclusão após 12 meses).
8.3. Cronograma
Atividade
Seleção de bolsista
Treinamento
Levantamento
bibliográfico
Seleção de fontes
bibliográficas
Análise de fontes
bibliográficas
Identificação das espécies
documentais
Identificação dos tipos
documentais
Mês 01
X
X
Mês 02 a 06
Mês 07 a 12
X
X
X
X
X (inicio)
12
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Tipologia documental na família Barbosa Oliveira