CONSELHO MUNICIPAL DO MEIO AMBIENTE RIO DAS OSTRAS GESTÃO 2009 - 2011 JULHO 2011 Câmara Técnica Coleta Seletiva Apresentação “Não há como deixar de produzir lixo em sociedade”. “ O lixo é um problema definitivo e crescente nas cidades”. A partir destas assertivas, usuais no senso comum, podemos iniciar nossa reflexão. Constatamos que ainda hoje grande parte reutilizável do lixo é desperdiçada pela ausência da coleta seletiva. Reduzir e reutilizar o lixo se tornaram uma necessidade das cidades contemporâneas, independente do seu tamanho. A coleta seletiva é uma alternativa politicamente correta que retira dos aterros sanitários resíduos sólidos que poderiam ser reaproveitados, economicamente. Jogar o lixo no seu devido lugar não polui o ambiente, proporciona a reciclagem e conscientiza a população de sua responsabilidade social. Estamos com este projeto-piloto propondo o engajamento de todos – sociedade civil, poder público, empreendedores etc – em torno desta proposta . Vamos fazer a Coleta Seletiva em Rio das Ostras! Introdução A Câmara Técnica da Coleta Seletiva de Lixo do CMMA/RO foi aprovada conforme resolução da VI Conferência Municipal do Meio Ambiente, sendo composta por entidades da sociedade civil e pelo setor governamental. Esta Câmara Técnica foi instituída a partir da legislação vigente sobre a temática e com a perspectiva de construir uma proposta para o desenvolvimento da coleta seletiva na cidade de Rio das Ostras. A criação da Câmara Técnica da Coleta Seletiva tem o desafio de problematizar e construir uma proposta – piloto que, sendo experimental, dará início a uma ação junto a sociedade para beneficiar a cidade com este importante e necessário serviço de conservação ambiental. Foram convocadas 08 reuniões da Câmara Técnica da Coleta Seletiva, sendo 06 ( seis) efetivadas com quórum. Os (as) conselheiros(as) debateram e construíram uma proposta sobre o tema e elaboraram um relatório à luz de outras experiências em curso e da legislação em vigor: Lei nº 12.305, de 02 de agosto de 2010 (Política Nacional dos Resíduos Sólidos), que altera a lei 9.605,de 12 de fevereiro de 1998. Breve Histórico O município de Rio das Ostras pratica sua gestão de resíduos sólidos desenvolvendo a coleta, o transporte , em alguns casos o tratamento e a disposição final de todos os resíduos de maior volume em geração: entulho, galhada , pneus , materiais inservíveis e lixo hospitalar. O lixo domiciliar é apenas coletado e disposto no Aterro Sanitário, localizado em Vila Verde, não sofrendo qualquer tipo de tratamento ou segregação para aproveitamento. Em 2006, Rio das Ostras lançou o Projeto Coleta Seletiva Solidário desenvolvido pelo NEAM (Núcleo de Educação Ambiental) diretamente nas escolas públicas. Este projeto teve como iniciativa sensibilizar a população local junto aos estudantes, pais e responsáveis, estabelecendo um elo entre a escola e a parceria com catador da comunidade. Atualmente o projeto amplia sua ação envolvendo outros setores como ONGs e condomínios etc. Esta demanda para implantação da coleta seletiva está sendo debatida e já foi aprofundada na Conferência Infanto - Juvenil do Meio Ambiente (2005) e com destaque na última Conferências Municipal do Meio Ambiente de Rio das Ostras (2009). Definição “Coleta Seletiva é o processo de separação e recolhimento dos resíduos conforme sua constituição: orgânico, reciclável e rejeito”. Da teoria à prática Para se proceder à Coleta Seletiva, é essencial que o material seja separado e acondicionado. Os vasilhames (vidro, lata e plástico) devem ser enxaguados após o uso. Assim, evita-se o surgimento de cheiro e o aparecimento de animais, aumentando o valor de revenda. Os papéis deverão estar secos e de preferência não amassados, pois ocupam menos espaço e têm mais valor. As latas, além de limpas, deverão ter as tampas pressionadas para dentro e os materiais cortantes, como vidro quebrado e outros, devem ser embalados em papéis grossos (jornais, por exemplo) para evitar acidentes. Este sistema de separação traz mais vantagens para o processo da reciclagem pois: melhora a qualidade dos materiais, evitando-se a mistura de componentes diferentes no lixo que podem tornar muitos materiais potencialmente recicláveis inúteis; facilita o controle de impactos ambientais; gera uma menor quantidade de rejeitos; necessita de menor área de instalação das usinas; proporciona menos gastos com esta instalação e com os equipamentos de separação, lavagem e secagem. Objetivo, Missão e Visão Objetivo O objetivo do projeto – piloto é a conscientização do cidadão e cidadã acerca da importância da coleta seletiva do lixo e da separação, por ele próprio, dos materiais recicláveis do restante do lixo. Missão Despertar na sociedade a necessidade de contribuir e de participar ativamente de ações que tenham por finalidade preservar o meio ambiente e melhorar a qualidade de vida, sejam elas desenvolvidas no seu local de trabalho, condomínio, comunidade ou bairro, além de desenvolver o exercício da cidadania e a responsabilidade social. Visão Adotar num futuro próximo ações permanentes de cidadania voltadas para a preservação do meio ambiente e para a melhoria da qualidade de vida no município de Rio das Ostras Fatores que contribuem na implementação da Coleta Seletiva Sanitários Contribui decisivamente para a melhoria da saúde pública. Ambientais Evita a poluição do ambiente (água, ar e solos) provocada pelo lixo; Econômicos Aumenta a vida útil dos aterros sanitários, pois diminui a quantidade de resíduos a serem dispostos; Representa uma grande atividade econômica indireta, tanto pela economia de recursos naturais, quanto pela diminuição dos gastos com tratamento de doenças, controle da poluição ambiental e remediação de áreas degradadas e uso de espaços de reserva; Diminui a exploração de recursos naturais, muitos não renováveis como o petróleo; Gera empregos para a população nãoqualificada; Reduz o consumo de energia; Estimula o empreendedorismo , uma vez que produtos fabricados a partir dos recicláveis são comercializados em paralelo àqueles feitos a partir de matérias-primas virgens (Economia Solidária); É um grande passo para a conscientização de inúmeros outros problemas ecológicos. Melhora a produção de compostos orgânicos, a partir da reciclagem de resíduos orgânicos (compostagem). Fatores que contribuem na implementação da Coleta Seletiva Sociais Educacionais Educação Ambiental Políticos e Institucionais A reciclagem garante ganhos sociais imensuráveis. Por exemplo: Tem-se a geração de empregos diretos, a possibilidade de união e organização da força trabalhista mais desprestigiada e marginalizada (em cooperativas de reciclagem) e a oportunidade de incentivar a mobilização comunitária para o exercício da cidadania, em busca de solução de seus próprios problemas. Contribui para a diminuição da exclusão social , pois auxilia a retirada das pessoas dos lixões, e a melhoria da qualidade de vida da população marginalizada. As atividades de reciclagem, quer industrial ou artesanal, bem como as centrais de triagem (ECOPONTOS) ou usinas de compostagem, têm fortes vínculos com a formação e educação ambientais de crianças, jovens e adultos. Essas instalações, além de servirem como unidades de tratamento do lixo, podem funcionar como grande laboratório de ciências para que professores e alunos tenham aulas práticas e discorram sobre as várias áreas e atividades relacionadas com a reciclagem do lixo urbano; Mobilização e participação comunitária; Dá oportunidade aos cidadãos de preservarem a natureza de uma forma concreta. Assim, as pessoas se sentem mais responsáveis pelo lixo que geram. A criação de um programa institucional seria um importante mecanismo para mobilizar as comunidades, criar parcerias com o poder público e ressaltar a participação indispensável do cidadão no sucesso e alcance dos objetivos do processo, além de destacar seus vários benefícios para a coletividade. PROJETO DE COLETA SELETIVA SOCIAL Tendo em vista a demanda circulante no município de Rio das Ostras, a Câmara Técnica de Coleta Seletiva indica a necessidade da implementação do Projeto Piloto Coleta Seletiva Social a fim de organizar conjuntamente com a população novas formas de agir localmente sobre a questão do seu lixo produzido. Sua criação se dará por meio de 05 ( cinco) Ecopontos de coleta de lixo nas comunidades de maior concentração populacional . Este projeto se desenvolverá em parceria com as Associação de Moradores, ONGs, Igrejas, escolas, empresas etc. PROPOSTA DE TRABALHO ( Sugestão da Câmara Técnica de Coleta Seletiva) ECOPONTO Coleta Seletiva Solidária ONGs Igreja CATADORES Escola Empresas Associação de Moradores Beneficiários O resíduo coletado pelos ECOPONTOS será destinado às entidades que atuarem em parceria , desenvolvendo um trabalho que resultará em dois fatores importantes: a diminuição do volume do lixo a ser aterrado com reflexos diretos no meio ambiente e a ressocialização dos catadores de lixo, que desenvolvem suas atividades em condições degradantes e passarão a receber recursos a partir da venda dos materiais recicláveis da coleta seletiva. O objetivo deste projeto é contribuir para a elaboração de um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, no município de Rio das Ostras, com a finalidade de se adequar à Política Nacional dos Resíduos Sólidos (Lei 12305/10). Planejamento O planejamento deverá ser feito do fim para o começo da cadeia. Ou seja: primeiro pensar em qual será a destinação, depois (e com coerência) a logística e por fim o programa de comunicação e educação ambiental. Metodologia Tipos de Lixo ( classificação) A Coleta Seletiva se restringirá, inicialmente, à separação de papel, plástico, vidro e metal. Ficando sobre a responsabilidade da Prefeitura os resíduos descartados pela fonte geradora em maior escala e a separação dos resíduos provenientes do hospitais, pneus etc Campanha Educativa ( Educação Ambiental) Fundamentação teórica Plano Nacional da Política de Resíduos Sólidos. Sensibilização da comunidade Produção de material Formação de agentes multiplicadores LOGÍSTICA Equipamentos e infra-estrutura - parte humana e social ( técnica) Definição das equipes de trabalho Organização e mobilização Relação política e institucional Levantamento das áreas públicas Levantamento de recursos materiais e financeiros ( Fundo municipal do meio ambiente) LEGISLAÇÃO Resoluções CONAMA - Conselho Nacional de Meio Ambiente . Deve-se estar atento para considerar as legislações estaduais e municipais, quando houver, devendo ser obedecida a que for mais restritiva. Resolução CONAMA 005 de 05 de agosto de 1993: Estabelece definições, classificação e procedimentos mínimos para o gerenciamento de resíduos sólidos oriundos de serviços de saúde, portos e aeroportos, terminais ferroviários e rodoviários. Resolução CONAMA 6938 de 31 de agosto de 1981: Estabelece o código de cores para os diferentes tipos de resíduos, a ser adotado na identificação de coletores e transportadores, bem como nas campanhas informativas para a coleta seletiva. Resolução CONAMA 283 de 12 de julho de 2001: Dispõe sobre o tratamento e a destinação final dos resíduos dos serviços de saúde Resolução - RDC nº. 33, de 25 de fevereiro de 2003: Aprova o Regulamento Técnico para o Gerenciamento de Resíduos de serviços de saúde Resolução CONAMA 334 de 3 de abril de 2003: Dispõe sobre os procedimentos de licenciamento ambiental de estabelecimentos destinados ao recebimento de embalagens vazias de agrotóxicos. Resolução CONAMA 314 de 29 de outubro de 2002: Dispõe sobre o registro de produtos destinados à remediação e dá outras providências. Resolução CONAMA 316 de 29 de outubro de 2002: Dispõe sobre procedimentos e critérios para o funcionamento de sistemas de tratamento térmico de resíduos. Resolução CONAMA 06 de 15 de junho de 1988: Disciplina que no processo de licenciamento ambiental de atividades industriais, os resíduos gerados ou existentes deverão ser objeto de controle específico. Resolução CONAMA 264 de 26 de agosto de 1999: Aplica-se ao licenciamento de fornos rotativos de produção de clínquer para atividades de co-processamento de resíduos. Resolução CONAMA 20 de 1986: Que trata da classificação das águas e estabelece limites para emissão de efluentes. Resolução CONAMA 263 de 12 de novembro de 1999 "Pilhas e Baterias" - Inclui o inciso lV no Art. 6º da resolução Conama n.º 257 de 30 de junho de 1999. Lei 12.305, de 02 de agosto de 2010 (Política Nacional dos Resíduos Sólidos) Câmara Técnica da Coleta Seletiva Órgão / Entidade Nome Função CEPRO Guilhermina L. da Rocha Coordenadora Sindserv-RO Renê Dutra Relator Renascer Helena Carmen Carvalho Membro Pólen José Luiz Membro SEMED Gabriela Membro SEMAP Max Membro SEMUOSP Carlos Roberto Membro Colaboradores Órgão / Entidade Nome Função REBIO Susi Rodrigues Pinto Membro CEPRO Rosaldo Bezerra Peixoto Membro SEMAP Flávio Carvalho Membro Conclusão Pelo apresentado, a Câmara Técnica da Coleta Seletiva dá como concluído o seu trabalho no sentido de encaminhar ao pleno deste Conselho uma proposta de projeto-piloto para implementação da coleta seletiva com vista à melhoria da qualidade de vida da população, em geral , e do segmento dos catadores , em particular , enquanto um desafio a se superar em favor da preservação do meio ambiente no município de Rio das Ostras. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: AB’SABER, A. N. (Re) conceituando Educação Ambiental. RJ: CNPq, MAST, 1991. BRANDÃO, C.R. (Org.). Pesquisa participante. 8ªed. São Paulo: Brasiliense, 1990. CANDAU, V.M.(Org.). Ruma a uma nova didática. 2ª ed.Petrópolis: Vozes, 1989. DIAS, G. F. Educação Ambiental Princípios e Práticas, São Paulo. Global, 1998. FIGUEIREDO, P.J.M. A sociedade do lixo: os resíduos, a questão energética e a crise ambiental. 2a ed. Piracicaba: Editora Unimep, 1995. FREIRE, P. Conscientização: Teoria e Prática da Libertação: uma introdução ao pensamento de Paulo Freire. São Paulo: Moraes, 1984. GRIMBERG, E., BLAUTH, P. (Org.) Coleta Seletiva: Reciclando materiais, reciclando valores. São Paulo, Polis, 1998. (Publicações Polis) GRUN, M. Ética e Educação Ambiental: a conexão necessária. Campinas, SP:Papirus, 1996. GUIMARÃES, M. A Dimensão Ambiental na Educação. Campinas: Papirus,1995. KLOETZEL,KURT. O que é Meio Ambiente. São Paulo:Brasiliense,1998 LEFF, E. Saber Ambiental. Sustentabilidade, racionalidade, complexidade, poder. Petrópolis: Vozes, 2001 SIQUEIRA,JOSAFÁ CARLOS ( Org.). Rio das Ostras: Educação Ambiental – Resgate dos valores ético – ambientais. Rio de Janeiro: Petrobrás:PUC-RIO,2002. Pensamento “A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar". Eduardo Galeano Rio das Ostras, julho de 2011 Câmara Técnica da Coleta Seletiva Conselho Municipal do Meio Ambiente de Rio das Ostras