FUNÇÕES PSÍQUICAS
PENSAMENTO
PROFESSOR WILSON KRAEMER DE PAULA
Livre Docente – Enfermagem Psiquiátrica
Pensamento
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Pensamento é a capacidade de unir uma e outra idéia
com um sentido pleno de significado.
O Pensamento é, portanto, qualquer atividade mental
consciente, que representa
o conjunto dessas
atividades, as quais se incluem no estudo dos processos
de conhecimento.
O Pensamento pode ser controlado e dirigido para um
fim, como no raciocínio, ou então liberado para seguir
seu próprio curso, como na fantasia.
Pensamento
Para McKellar, existem dois tipos de pensamento: o
pensamento ‘R’ e o pensamento ‘A’.
 O pensamento ‘R’ é lógico e ajustado a realidade
 O pensamento ‘A’, que não é racional, não está sujeito
à confrontos com os acontecimentos externos. O
pensamento do tipo ‘A’ é claramente visto em sonhos,
fantasias e algumas formas de pensamentos psicóticos.
Uma grande parte dos pensamentos diários são
compostos de fantasia.
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O pensamento se caracteriza por exigir períodos mais
ou menos longos de latência, durante os quais as
atividades internas são suspensas ou interrompidas, ou
seja, ocorre um período de inatividade entre um
estímulo e a resposta por ele provocada.
As imagens, representações mentais de um objeto ou
situação que pode ter sentido consciente ou
inconsciente, podem ser: visuais e auditivas,
cinestésicas.
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Muitos pensamentos ocorrem sob a forma de palavras,
por isso, são utilizadas mais as imagens auditivas do que
as visuais, mas podem ocorrer pensamentos sem o uso de
qualquer forma de imagem.
A manifestação máxima do pensamento é o raciocínio,
pelo qual se chega as novas verdades a partir de outras
anteriormente conhecidas, relacionando-se com a
resolução de problemas. O raciocínio envolve, além do
pensamento, a memória e a aprendizagem.
O pensamento começa quando o problema é reconhecido e
continua até que ele seja abandonado ou resolvido.
Pensamento Racional
O pensamento racional, a concentração e a
memória são geralmente perturbados pela
presença
de
fatores
emocionais,
particularmente, a tensão. Um distúrbio
psíquico sério também distorce o pensamento
racional
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O raciocínio se caracteriza por um pensamento
controlado e intencional, que exclui pensamentos ou
informações irrelevantes e distrações. A necessidade de
resolver o problema fornece o impulso que motiva a
seqüência de idéias.
A fantasia e o pensamento estão interligados, a resposta
para um problema que até então parecia insolúvel pode
vir repentinamente durante um momento de
relaxamento, quando se permite que as idéias voem sem
rumo, já que a fantasia está intimamente ligada à
criatividade.
Fantasia
A fantasia ocorre sem controle ou direção consciente.
Pode ser que a fantasia represente alguma linha básica
de atividade do cérebro, como durante o sono
independente de sua profundidade e pode aparecer
sempre que ocorre algum tipo de sonho. Freud encarava
os devaneios e os sonhos como a “insatisfação dos
desejos” feita de maneira inconsciente.
A fantasia fornece uma válvula de escape para a
agressividade e as frustrações contidas.
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A fantasia se desenvolve na criança junto com a
memória e na puberdade atinge seu auge revestindo-se
de um colorido sexual ou relaciona-se com ambições.
As fantasias sexuais, que se ligam à masturbação e às
relações sexuais são de particular interesse, pois
refletem traços visíveis da personalidade.
As Fantasias são importantes para a compreensão dos
desvios sexuais para as relações sexuais normais e as
dificuldades que podem surgir, inclusive, no casamento.
A fantasia é intensificada pela ansiedade ou por
qualquer condição que interfira no pensamento
racional.
Distúrbios do Pensamento
O pensamento pode estar alterado quanto a
produção, qualidade, quantidade, curso e conteúdo.
Distúrbios Quantitativos do Pensamento
Distúrbios quantitativos: aceleração e lentificação ou retardo
Aceleração
O curso do pensamento esta aumentado, mais
das vezes associado a uma excitação
psicomotora primária. Ocorre geralmente em
lesões cerebrais onde toda atividade mental se
encontra numa aceleração primária incluindo o
pensamento.
Lentificação ou Retardo
O curso do pensamento esta diminuído,
freqüentemente associado a uma lentidão
psicomotora. Ocorre geralmente em estados
depressivos.
Fuga de Idéias
Na Fuga de Idéia, a idéia principal é desviada
por constantes associações colaterais tênues ou
livres. Acontece quando há aceleração do curso e
se caracteriza pela incontinência verbal.
Os pacientes em fase de mania, por exemplo, são
desatentos e raramente se fixam em uma idéia
por muito tempo.
Distúrbios Qualitativos do Pensamento
Distúrbios qualitativos:
bloqueio, perseveração,
desagregação, prolixidade e idéias obsessivas, entre
outros.
Bloqueio do Pensamento
É uma interrupção brusca do fluxo de idéias
lançando o indivíduo num vazio ideatório e
deixando-o completamente perplexo, parado, como
se toda sua atividade mental ficasse paralizada.
Após um certo tempo retorna a pensar, dando
continuidade a idéia anterior ou produzindo uma
nova idéia.
Desagregação do Pensamento
O pensamento sofre uma ruptura e se
continua com outro pensamento que nada tem a
ver com o outro anteriormente, inclusive na
temática. Quando é mais intenso torna o
pensamento do indivíduo imcompreensível.
Intercepção do Pensamento
O pensamento é bruscamente interrompido
por outro, que penetra na consciência da forma
imposta.
Fragmentação do Pensamento
São fragmentos, nunca chegam ao seu final e
o seguinte pode ter uma semelhança temática
com o anterior.
Inibição do Pensamento
Ocorre quando há lentidão do curso. É uma
dificuldade
de
elaboração
intelectual,
acompanhado
de
empobrecimento
expressional.
Pode ocorrer em síndromes depressivas.
Prolixidade
Comum na epilepsia, o pensamento prolixo é
caracterizado pelo detalhismo irrelevante e
apego a coisas insignificantes.
Perseveração
É a aderência passiva, automática e obstinada
a determinados temas, ou frases, ou palavras,
muitas das quais o paciente não consegue se
desligar. Ocorre em quadros de deficiência
mental e demências.
Leitura
O paciente acredita que pode ler o
pensamento dos outros. Ocorre principalmente
na esquizofrenia.
Inserção
O paciente acredita que outras pessoas
inserem pensamentos em sua mente. Também
ocorre na esquizofrenia.
Publicação
O paciente acredita que os outros podem ler
seu pensamento. Apresenta distúrbios na
consciência do eu.; ocorrendo principalmente
na esquizofrenia.
Coerência do Pensamento
É quando as partes de um conjunto se integram para
formar um todo único. É o pensamento que define a
coerência do mundo interno e, portanto, também do
indivíduo.
Os transtornos mais comuns onde o pensamento é
incoerente são as psicoses em geral. São um selo
característico das psicoses paranóides e, em especial, nas
esquizofrenias, onde o mundo interno do indivíduo é
incoerente em todos os sentidos.
A Lógica do Pensamento
Define o modo como se processam as
associações de idéias, propriamente exclusivas
da linguagem.
Curso do Pensamento
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Pensamento circular: segue sempre uma trajetória
lógica de dedução-indução de tal forma que ele sempre
retorna ao seu início.
Pensamento linear: é simples, direto e não apresenta
nenhum desvio. Em geral curtos e de sintaxe primária.
Curso do Pensamento
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Pensamento sinuoso: o indivíduo faz volteios, impregna
o pensamento de observações paralelas insignificantes à
guisa de ilustrações inúteis. Mesmo que a conclusão
esteja evidente, nunca perde o seu fio principal.
Pensamento arborizado: tipicamente detalhista,
perfeccionista. Introduz, a todo instante, idéias
secundárias que despertam novas idéias terciárias e daí
por diante. Sempre à guisa de ilustrações, raramente
perde o seu caminho original e termina.
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Pensamento ramificado: é aquele onde o pensamento
central é impregnado de associações secundárias, um
pensamento desperta novos pensamentos, numa
seqüência sucessiva, com freqüência mudando
completamente de assunto e perdendo o seu caminho
original.
Pensamento perseverante: adere à consciência e sempre
retorna, mesmo que se tenha mudado de assunto.
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Pensamento reverberante: se repete insistente e
repetitivamente.
Idéias fixas: são um tipo de idéias perseverantes que
são impregnadas de importância para o indivíduo e que
o acompanham por um período da sua vida.
Idéias prevalentes: são idéias impregnadas de intensa
carga afetiva e, sempre que possível, se imiscuem no
pensamento
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Idéias parasitas: são um outro tipo de idéia
perseverante que ocorrem por períodos relativamente
curtos de tempo.
Inibição do pensamento: não há interrupção de um
pensamento, mas, num determinado momento, o
indivíduo simplesmente para o pensamento, ele se
torna monoideico e a idéia fica estacionada na
consciência, até algumas horas.
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Superficialização do pensamento: é próprio das manias
graves e tem uma certa semelhança com o pensamento
ramificado. O pensamento jamais se conclui e ele é
desviado por associações irrelevantes de sonoridade,
rima, e atributos secundários. irrelevantes
Tipos de Pensamentos
Pensamento Crítico
Pensamento crítico: é decidir no que acreditar ou não
acreditar.
 É usar o pensamento para obter melhores resultados
nas atividades que desenvolvemos no mundo. É saber
julgar proposições, argumentos e opiniões.
 O pensamento critico também é uma das principais
formas de obtenção de conhecimento e serve para evitar
que a manipulação dos outros.
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Pensamento de Grupo
A tendência dos membros de grupo que tomem decisões para
suprirem suas próprias opiniões discordantes no interesse do
consenso do grupo, desta forma produzindo um processo
inadequado de tomada de decisões.
 É estabelecido quando um grupo coeso de determinadores da
decisão junta-se isolado de influências externas e sem
procedimentos sistemáticos, para o consideração dos prós e dos
contras de diferentes cursos de ação.
 Os sintomas do pensamento de grupo incluem ilusões
compartilhadas de moralidade e unanimidade entre os
membros, auto-censura sobre a divergência, racionalização
coletiva, vigilância mental auto-apontada.
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Pensamento Verbal
O indivíduo vivencia o pensamento como se
estivesse ouvindo sua voz.
Através da linguagem, o individuo traduz
sentimentos e relatos em palavras, num
contexto semântico e sintáxico.
Pensamento Conceitual
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Algumas das coisas pensadas por uma pessoa são
especificas como pensar na casa em que se viveu quando
criança, no jogo de futebol no próximo dia.
Grande parte do pensamento que as pessoas tem na vida
diária, e especialmente o pensamento exigido na
universidade, se refere a abstração: política, economia,
aprendizagem, motivação e assim por diante.
O pensamento que as pessoas tem quando os conceitos
são processos simbólicos é denominado pensamento
conceitual.
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Um conceito é o processo mental das pessoas que
corresponde a alguma propriedade ou algumas
propriedades de objetos.
A propriedade comum forma o conceito, e este é a base
para fazer classificações. Como o numero de
propriedades comuns que encontramos no mundo que
nos cerca é praticamente ilimitado, praticamente não
existe limites para o numero de classes ou de conceitos
que podem ser formados.
Delírios
O fenômeno de perceber algo através dos sentidos,
(percepção de objeto inexistente) é a Alucinação
propriamente dita.
A idéia que se produz a partir de uma Alucinação
faz parte do DELÍRIO.
O Delírio, freqüentemente, acompanha a
Alucinação.
Ouvir vozes, por exemplo, é uma alteração da
sensopercepção e atribuir a elas algum significado é um
distúrbio do pensamento.
Para compreender o Delírio é necessário começar
entendendo da Lógica e do Juízo.
A lógica estuda e argüi o juízo e se interessa,
particularmente, por sua concordância com as leis
formais do pensamento, seus aspectos dialéticos e seu
conteúdo.
Para que a lógica seja correta interessa apenas a
correção da forma do pensamento (aspectos formais do
pensamento).
Do ponto de vista da lógica, portanto, o juízo
consiste na afirmação ou negação de uma relação entre
conceitos.
A palavra delírio etimologicamente significa "sair
dos trilhos" (de: fora; e liros: sulcos).
Por definição o conceito de delírio consiste em
alteração do juízo de realidade (capacidade de
distinguir o falso do verdadeiro) e implica em lucidez
da consciência.
Para que se use o termo "delírio" Jaspers propõe
que esta alteração do juízo não seja decorrente de uma
perturbação da inteligência nem que seja secundário a
um estado de consciência momentaneamente alterado.
Quando existe um distúrbio da consciência
produzindo uma alteração de juízo, denomina-se este
fenômeno, de "delirium".
Os indivíduos acometidos tanto de delirium como
de delírio têm alterações do pensamento no que se
refere à compreensão dos fatos. Estas alterações
terminam por comprometer a interação com outras
pessoas.
Jaspers define o Delírio com sendo um juízo
patológicamente falseado e que deve, obrigatoriamente,
apresentar três características:
- 1. Uma convicção subjetivamente irremovível e
uma
crença
absolutamente
inabalável
com
impossibilidade de sujeitar-se às influências de
correções quaisquer, seja através da experiência ou da
argumentação lógica.
- 2. Um pensamento de conteúdo Impenetrável e
incompreensível psicologicamente para o indivíduo
normal.
- 3. Uma representação vivencial sem conteúdo de
realidade que não se reduz à análise dos
acontecimentos vivenciais.
CARACTERÍSTICAS DAS IDÉIAS DELIRANTES
Irrefutabilidade – A argumentação racional e lógica não
deve afetar a realidade de quem delira,
independentemente da capacidade convincente e da
perseverança daquele que se empenhar nesta tarefa
infrutífera.
Convicção Extraordinária - Para ser delírio a convicção
deve ser sempre extraordinária, inabalável, irremovível
Inverossimilhança - se trata sempre de um absurdo.
O Delírio é irremovível e inabalável porque, diante
do paciente delirante não se consegue demover o
conteúdo de seu pensamento mediante qualquer tipo de
argumentação.
Caso o paciente se deixe convencer pela
argumentação lógica razoavelmente elaborada,
decididamente não estaremos diante de um delírio, mas
de um engano ou de uma formação deliróide.
É essencial, no entretanto, o fato de que o delírio diz
respeito ao próprio relacionamento entre o paciente e
as outras pessoas.
No delírio esta relação se deforma grotescamente e o
doente se exclui da comunidade, ele se afasta da
Concordância Cultural que deveria permear a vida
gregária num determinado sistema, portanto, pode-se
dizer que o delírio tende ao autismo.
O delirante experimenta uma convicção doentia
sem se preocupar, de forma alguma, com outros pontos
de vista, interesses e juízos.
O paciente delirante quase exclui o outro, ou quase
se exclui dos outros, não sente necessidade de
comprovar sua convicção diante da realidade, não se
preocupa em fundamenta-lá nem para si, nem para os
demais.
Tipos de Delírios
Erotomaníaco: o delírio habitual se refere ao
amor romântico idealizado e a união espiritual,
mais de que a atração sexual. Acreditam ser
amados por pessoa do sexo oposto que ocupa
uma posição de superioridade mas, pode
também ser uma pessoa normal e estranha.
Ciúme: a pessoa esta convencida, sem motivo justo ou
evidente, da infidelidade de sua esposa ou amante.
Pequenos pedaços de “evidência”, como roupas
desarranjadas ou manchas nos lençóis podem ser
coletados e utilizados para justificar o delírio.
 O paciente pode tomar medidas extremas para evitar
que o companheiro (a) proporcione a infidelidade
imaginada, assim exigindo uma permanência no lar de
forma tirana ou obrigando que nunca saia de casa
desacompanhado.
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Grandeza: a pessoa é convencida, pelo seu
delírio, possuir bens e patrimônio irreais, algum
grau de parentesco ou ligação com
personalidades importantes ou, quando não,
possuir algum grande e irreconhecível talento
especial, alguma descoberta importante ou
algum dom magistral.
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Persecutório: o delírio costuma envolver a crença de
estar sendo vítima de conspiração, traição,
espionagem, perseguição, envenenamento ou
intoxicação com drogas ou estar sendo alvo de
comentários maliciosos.
Somático ou Hipocondríaco : caracteriza-se pela
ocorrência de várias formas de delírios somáticos e, neste
caso, com maiores possibilidades de alucinações que
outro tipo de paranóia.
Exemplos:
 a pessoa sente que emite odores fétidos de sua pele,
boca, reto ou vagina
 a pessoa sente que esta infestada por insetos na pele
ou dentro dela, esdrúxulos parasitas internos
 a pessoa sente deformações de certas partes do
corpo ou órgãos que não funcionam ou portador de
doenças inexistentes.
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Místico: a pessoa tem a idéia de é ou sofre a
influência de entidades espirituais. Acredita, por
exemplo, que é Jesus Cristo, Nossa Senhora ou até
mesmo um demônio.
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Pensamentos - Wilson Kraemer de Paula