O CANTO CORAL AMPLIANDO O ACESSO À EDUCAÇÃO
MUSICAL: UMA EXPERIÊNCIA DO PIBID MÚSICA
Aline Dallazem1 - UNIPLAC
Grupo de Trabalho – Educação, Arte e Movimento
Agência Financiadora: CAPES
Resumo
Este artigo tem como objetivo socializar as experiências e resultados adquiridos com a
realização da oficina de canto idealizada pelos acadêmicos do curso de licenciatura em música
da Universidade do Planalto Catarinense - UNIPLAC, bolsistas no Programa Institucional de
Bolsa de Iniciação à Docência - PIBID, financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior - CAPES. Esta oficina teve como objetivo ampliar o acesso à
educação musical, às pessoas pertencentes a escola em que o Pibid acontecia, atendendo
comunidade interna e externa. O ensino de música no Brasil percorreu diversos caminhos,
sendo que em momentos este presente no contexto escolar e em outros apenas em espaços não
formais de educação. Assim, compreendeu-se que grande parte da população brasileira não
teve a oportunidade de vivenciar experiências musicais no contexto escolar, e embora se
compreenda que a vivência musical ocorre por outros espaços também, ensino regular tende a
formar de forma contínua, consistente e reflexiva. Para contemplar o público da comunidade
escolar interna e externa que não fazia parte das atividades do Pibid, o grupo de bolsistas
optou por proporcionar a prática de canto coral a estas pessoas, por dois motivos iniciais: a
facilidade de acesso, pois todos possuem voz e assim dispensa a aquisição de outros
instrumentos, e a vontade da equipe gestora daquela escola em constituir um grupo de canto
coral que a representasse. A intervenção afirmou a percepção dos bolsistas no sentido de
promover experiências musicais a um público cada vez maior, sendo que ficou evidente a
satisfação dos participantes, e as ações que se originariam a partir daquela primeira iniciativa.
Desta forma, a experiência foi considerada exitosa, quando se compreende que a mesma
motivou pessoas a buscarem o contato com a música, em seus diversos manifestos culturais.
Palavras-chave: Educação Musical. Canto Coral. Pibid.
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Mestre em Educação pela UNIPLAC, Professora do curso de Licenciatura em Música da UNIPLAC. Membro
do Corpo Editorial da Revista Virtual Graduação UNIPLAC. Membro do Setor de Projetos e Apoio Pedagógico
da UNIPLAC. Coordenadora do PIBID Música UNIPLAC. Realiza estudos sobre educação musical, egressos
licenciados e formação docente. E-mail: [email protected].
ISSN 2176-1396
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Introdução
Neste artigo relataremos a experiência do grupo Pibid Música, que envolveu cinco
acadêmicos do curso de Licenciatura em Música da Uniplac, uma coordenadora de área,
professora do mesmo curso, e uma supervisora, que é professora na escola de educação
básica.
O projeto foi realizado na Escola Municipal de Educação Básica - EMEB Aline
Giovanna Schmidt, que se localiza junto ao Centro de Apoio e Integração a Criança - CAIC
Irmã Dulce no período de julho de 2012 a julho de 2013.
No decorrer das atividades e discussões do grupo de bolsistas, os mesmos avaliaram
que era necessária a realização de oficinas que pudessem envolver um maior número de
pessoas no processo educação musical, iniciado por eles na escola, pois poucos são aqueles
que tiveram a oportunidade de estudar música enquanto alunos da educação básica, o que se
justifica pelo histórico do ensino de música no país.
No Brasil, a educação musical percorreu diversos caminhos, nos quais, ora a música
estava presente nas escolas e era entendida como responsabilidade do Estado, ora estava
ausente, sendo que nas últimas décadas (aproximadamente de 1970 até os anos 2000), esteve
fora do contexto escolar em diversos sistemas educacionais.
Em 20 de dezembro de 1996, foi publicada a Lei 9.394, que estabelece as Diretrizes e
Bases da Educação Nacional. Em relação ao ensino de arte, encontra-se no Art. 26, § 2º desse
documento: “O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos
níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos”
(BRASIL, 1996); no entanto, em 2010, este trecho recebeu nova redação completada pela Lei
nº 12.287: “O ensino da arte, especialmente em suas expressões regionais, constituirá
componente curricular obrigatório nos diversos níveis da educação básica, de forma a
promover o desenvolvimento cultural dos alunos” (BRASIL, 2010). A alteração deste artigo
refere-se à perspectiva de valorização do caráter regional no ensino de arte, assim, este ensino
deve propiciar o conhecimento da cultura local, suas manifestações artísticas e tradições.
Em relação ao ensino de música, a lei n. 9.394/96 também sofreu alterações em sua
redação, por meio da Lei n. 11.769, de 18 de agosto de 2008, em seu Art. 26, § 6o “A música
deverá ser conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, do componente curricular de que trata o §
2o deste artigo” (BRASIL, 2008).
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Este é um fator importante, pois devido a esta redação o ensino de música não ocorre
necessariamente por inserção de uma disciplina específica de música no currículo escolar,
podendo ocorrer por outros meios como projetos extracurriculares.
Mas, por que música na escola? A música possui influência individual em cada ser
humano, dentro de suas potencialidades e capacidades físicas, emocionais e psíquicas, e estas
se constroem coletivamente por meio dela, em práticas grupais, ensaios em conjunto, e tantas
outras interações musicais possíveis, possibilitando ao indivíduo encontrar-se em “seu
mundo”, tempo e espaço, pois “[...] praticar a música e experimentar a música são maneiras e
modos especiais de encontrar-se no mundo e aí orientar-se [...]” (BASTIAN, 2009, p.33).
O acesso à música enquanto instrumento de mídia e de cultura de massa tem
aumentado nas últimas décadas. No entanto o acesso ao ensino de música, ou à iniciação
musical não atingiu percentuais tão elevados. Historicamente, o ensino de música manteve-se
enquanto privilégio de uma minoria elitizada, que possuía condições de financiar aulas em
escolas e conservatórios particulares.
O ensino da música vem lutando pelo seu espaço no contexto institucionalizado. A
sua prática, infelizmente, continua sendo privilégio de uma minoria que dispõe de
recursos materiais e financeiros para sustentar um ensino desenvolvido em poucas
escolas especializadas (LOUREIRO, 2003, p.146).
Desta forma, entendendo que este acesso precisa ser oportunizado cada vez mais, é
que se buscou apoio da direção para que o projeto se tornasse possível, culminando na
realização de oficina de Canto Coral.
O Pibid Música na escola: a origem do processo
O Pibid é um programa que oportuniza o aperfeiçoamento e a valorização da formação
de professores para a educação básica, mas também oportuniza aos alunos da educação
básica, o contato com a educação musical, que embora esteja instituído por lei, nem sempre
tem sido uma realidade nas escolas.
O programa concede bolsas a alunos de licenciatura participantes de projetos de
iniciação à docência desenvolvidos por Instituições de Educação Superior (IES) em parceria
com escolas de educação básica da rede pública de ensino. Várias universidades do país
contam com o programa e este geralmente é subdividido em projetos conforme as áreas dos
cursos de licenciatura oferecidos pelas universidades.
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Os projetos devem promover a inserção dos estudantes no contexto das escolas
públicas desde o início da sua formação acadêmica para que desenvolvam atividades didáticopedagógicas sob orientação de um docente da licenciatura e de um professor da escola.
O Pibid tem como objetivos: incentivar a formação de docentes em nível superior para
a educação básica; contribuir para a valorização do magistério; elevar a qualidade da
formação inicial de professores nos cursos de licenciatura, promovendo a integração entre
educação superior e educação básica; inserir os licenciandos no cotidiano de escolas da rede
pública de educação, proporcionando-lhes oportunidades de criação e participação em
experiências metodológicas, tecnológicas e práticas docentes de caráter inovador e
interdisciplinar que busquem a superação de problemas identificados no processo de ensinoaprendizagem; incentivar escolas públicas de educação básica, mobilizando seus professores
como co-formadores dos futuros docentes e tornando-as protagonistas nos processos de
formação inicial para o magistério; e contribuir para a articulação entre teoria e prática
necessárias à formação dos docentes, elevando a qualidade das ações acadêmicas nos cursos
de licenciatura (PIBID, 2015)
Esta experiência envolveu cinco acadêmicos do curso de Licenciatura em Música da
Uniplac, uma coordenadora de área, professora do mesmo curso, e uma supervisora, que é
professora na escola de educação básica, e ocorreu em uma escola pública municipal, no
período de 01 (um) ano.
Os principais objetivos do projeto Pibid Música eram: proporcionar o acesso a
diferentes vivências musicais ampliando o repertório musical das crianças; aproximar os
estudantes da educação musical considerando a sua realidade; inserir os conhecimentos
básicos da música de forma lúdica; explorar e resgatar cantigas de roda, músicas folclóricas,
cirandas e músicas infantis; desenvolver a percepção musical, a sensibilidade, a criatividade, o
senso crítico, a participação e a liberdade de expressão; exercer a prática pedagógica;
oportunizar às crianças o conhecimento de instrumentos musicais; contribuir no
desenvolvimento de sua expressão oral e corporal; oportunizar condições apropriadas para o
processo de socialização e do trabalho em grupo.
As atividades contempladas foram de vivências musicais dentro da prática coral,
(afinação, respiração e canto), percussão corporal e musicalização infantil, e ocorriam
semanalmente no espaço escolar.
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O Canto Coral ampliando o acesso à educação musical
À medida que o trabalho foi desenvolvido surgiram algumas inquietações em relação
aos demais espaços e públicos não atendidos pelo projeto. Assim, além das atividades
propostas semanalmente na escola, com as séries iniciais, entendemos necessária a realização
de oficinas que pudessem envolver um maior número de pessoas no processo de ensino
aprendizagem da Música. Assim iniciamos o movimento para esta ação.
A oficina escolhida foi a de Canto Coral, devido a facilidade de execução, se
comparada a outras atividades musicais, possíveis de serem realizadas no espaço escolar, e
também devido ao desejo da direção da escola em constituir um grupo de Canto,
representativo da mesma.
É preciso considerar que a prática coletiva de canto é capaz de realizar inúmeros
benefícios aos envolvidos, seja motivando ou alegrando aqueles que cantam, e também
destacar a sua função social quando esta prática oportuniza a integração de diversas pessoas,
independente de idade, classe, raça, cor ou religião.
O canto coral se constitui em uma relevante manifestação educacional musical e em
uma significativa ferramenta de integração social. Os trabalhos com grupos vocais
nas mais diversas comunidades, empresas, instituições e centros comunitários pode,
por meio de uma prática vocal bem conduzida e orientada, realizar a integração
(entendida como uma questão de atitude, na igualdade e na transmissão de
conhecimentos novos para todas as pessoas, independente da origem social, faixa
etária ou grau de instrução, envolvendo-as no fazer o “novo”) entre os mais diversos
profissionais, pertencentes a diversas classes socioeconômicas e culturais, em uma
construção de conhecimento de si (da sua voz, de cada um, do seu aparelho fonador)
e da realização da produção vocal em conjunto, culminando no prazer estético e na
alegria de cada execução com qualidade e reconhecimento mútuos (enquanto
fazedores de arte e apreciados por tal, por exemplo, em apresentações públicas)
(FUCCI AMATO, 2007, p.77)
A oficina foi realizada no período noturno envolvendo alunos, professores e
comunidade, contemplando quarenta e cinco participantes.
A escolha do canto como abordagem da oficina para se trabalhar a música foi
embasada em pelo menos dois autores e educadores musicais do século XX, um deles é o
suíço Émile Jaques-Dalcroze (Suíça, 1865-1950), que elaborou um sistema o qual o ponto de
partida para o aprendizado musical é o corpo. Dalcroze apostava na rítmica, na audição
musical unida a movimentos básicos do corpo O outro, o alemão Carl Orff (Alemanha, 18951982) traz uma proposta pedagógica de educação musical elementar ou básica, a qual
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oportuniza vivências significativas ao educando. Para Orff era preciso unir ritmo com
movimento, melodia com fala.
O início do século XX, época em que esses dois educadores viveram, foi marcado por
uma mudança nas atitudes da moral, da política, da sociedade e da economia, o que refletiu
numa mudança também nas artes, e por consequência na música. Essa mudança recebeu o
nome de “a nova música”. Tudo isso acarretou numa prática musical nacionalista a qual,
segundo Palisca e Grout (1994, p. 698), “[...] Procedeu-se a um estudo muito mais sistemático
do material popular e com métodos científicos rigorosos”.
O uso da voz e do canto na educação musical é de suma importância principalmente
quando estamos falando de educação musical no Brasil, devido à precariedade das escolas
públicas do país, se tratando dos espaços físicos e da falta de material para um efetivo e
consistente trabalho, entre outras coisas. De qualquer forma, o canto é uma ferramenta eficaz
no ensino da música, pois a voz e o corpo são um meio comum e natural a todos nós, e este
recurso deve ser o primeiro a ser estimulado musicalmente.
A voz é a utilização inteligente dos ruídos e sons musicais produzidos no interior da
laringe com o impulso da expiração controlada, ampliados e timbrados nas
cavidades de ressonância e modelados pelos articuladores no tempo, no meio e no
estado pulsátil de cada pessoa. A esta definição de caráter eminentemente fisiológico
e acústico acrescenta-se o conteúdo psíquico e emocional; isto é, a voz é, também, a
expressão sonora da personalidade do individuo e o reflexo de seu estado
psicológico (COELHO, 1994, p. 13).
Escolhida a abordagem, agora era preciso definir o repertório a ser trabalhado.
Entendemos que era importante levarmos um repertório com o qual os participantes se
identificassem, reconhecessem e até mesmo gostassem, e assim despertaríamos a sua
motivação e interesse.
Oportunizar diferentes experiências musicais, das mais variadas formas, com os mais
variados estilos e gêneros aos nossos estudantes, é fazê-los um convite à curiosidade,
levando-os a lugares inimagináveis de diferentes épocas, com diferentes contextos sociais.
Cada ser se identifica com determinadas músicas, pelos mais variados motivos, como por
exemplo, por lembrar-se de um lugar por onde esteve, ou de uma pessoa, ou de sensações e
emoções vividas.
O professor deve oferecer uma diversidade de músicas e culturas, para que os alunos
tenham o acesso a diferentes gêneros e estilos e possam ampliar seus gostos musicais, seu
“encantamento” pela música. Moraes (2001, p. 16) afirma que “(...) apenas o fato de não se
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compreender certa proposta musical não justifica a postura radical do gênero: ‘Mas isso não é
música! ’ Gostar é uma coisa; reconhecer a importância é bem outra”.
Assim, discutimos a importância de ampliar as escutas e vivências musicais dos
participantes.
[...] a função do ensino de música na escola é justamente ampliar o universo musical
do aluno, dando-lhe acesso à maior diversidade possível de manifestações musicais,
pois a música, em suas mais variadas formas, é um patrimônio cultural capaz de
enriquecer a vida de cada um, ampliando a sua experiência expressiva e
significativa. Cabe, portanto, pensar a música na escola dentro de um projeto de
democratização no acesso à arte e à cultura (PENNA, 2010, p.27).
A arte é entendida como um modo de promover a inclusão social, pois propicia acesso
aos bens culturais da humanidade. Também desenvolve o espírito de equipe, a retidão, a
estabilidade emocional, a criatividade e a sensibilidade, conforme discutido anteriormente.
Usufruir, conhecer, fazer, criar e experimentar música são maneiras e modos especiais de
encontrar-se no mundo e aí orientar-se, transformar-se. A transformação social é uma
realidade por meio da música, e por isso a importância do acesso a ela ser para todos.
A escolha de repertório é sempre muito difícil, pois precisaríamos também ponderar o
nível de complexidade das peças, as técnicas necessárias, o material a ser utilizado e o tempo
que teríamos para a realização da atividade. A ideia era que o trabalho fosse envolvente e que
as pessoas presentes sentissem prazer ao realizar as atividades propostas.
Pensando em tudo isso elegemos algumas músicas para o repertório a ser utilizado na
oficina, e então nos deparamos com a Ciranda. A ciranda é uma dança de roda típica do
nordeste brasileiro, porém muito conhecida e difundida por todo o Brasil. A ciranda consiste
nos cirandeiros, ou seja, os participantes da roda, que com as mãos dadas rodam no sentido
anti-horário marcando com o pé esquerdo o tempo forte da música. Essa prática de marcar o
tempo forte da música se torna uma ação quase que natural já que o movimento de caminhar
rodando o induz a pisar no tempo da música. Esta atividade abre um leque de oportunidades
para se trabalhar elementos da música, como por exemplo: compasso, ritmo, andamento,
pulsação.
Além das três cirandas, também trabalhamos obras de compositores brasileiros como
Milton Nascimento e Braguinha. E ainda buscamos preservar e valorizar a cultura musical
nacional, trazendo uma obra de Edino Krieger, denominada “Baião de Ninar”.
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O baião é uma espécie de coreografia desenvolvida ao mesmo tempo em que se
canta ao som deste ritmo, popular especialmente no Nordeste brasileiro. Ele provém
de uma das modalidades do lundu – estilo musical gerado pelo retumbar dos
batuques africanos produzidos pelos escravos bantos de Angola, trazidos à força
para o Brasil (SANTANA, 20113, s/p).
Foram escolhidas obras de compositores brasileiros com baixa complexidade, por se
entender que o grupo que se envolveria nesta atividade talvez, nunca tivesse vivenciado uma
experiência musical orientada. Como não sabíamos a quantidade exata de pessoas que
participariam, pois foram oferecidas entre 20 e 40 vagas, e ainda se a maior representação era
do sexo feminino ou masculino, o repertório precisou ser compatível com todos os
imprevistos que pudessem surgir. O objetivo era realizar um trabalho que mostrasse um pouco
de como seria a formação de um Coral, dando início a um futuro projeto, pois se tratava de
um desejo da gestão à época e de alguns professores de se constituísse esse grupo na escola.
No encontro trabalhamos a importância de um bom aquecimento antes de qualquer
atividade musical, assim desenvolvemos os seguintes passos: Alongamento, Técnica para
soltura da língua e impostação de voz, Exercícios de respiração, Vocalizes para afinação e o
reconhecimento da letra das peças exercitando a leitura e a interpretação do texto.
Trabalhamos canções de fácil aprendizado e exercícios necessários para executar as peças.
O desenvolvimento de exercícios respiratórios e de manobras de estratégia
respiratória para a produção vocal cantada é outro fator essencial para o trabalho
musical e vocal no coro, já que o desenvolvimento do controle dos músculos
abdominais, do diafragma e dos músculos intercostais é a chave de um bom controle
respiratório e da manutenção da pressão da coluna de ar durante o ato de cantar,
(FUCCI AMATO, 2007, p.86)
O grupo inicialmente estava tímido, mas, logo se sentiu confortável e o nosso trabalho
começou a fluir melhor tornando a aula mais divertida. A música é também uma forma de
interação entre as pessoas. Os presentes permaneceram ativos durante a oficina proposta,
podendo assim realizarmos as atividades elaboradas para a intervenção. Participaram os
alunos do programa de Educação de Jovens e Adultos - EJA, professores, pais, direção e
funcionários.
A intervenção realizada por meio da oficina de canto foi muito significativa para os
acadêmicos de licenciatura em música, pois assim pudemos reforçar nosso aprendizado com a
prática adquirindo experiências com alunos de maior idade, vindo a somar em nosso
aprendizado. Acreditamos que também propomos aos presentes um pouco da prática musical
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de uma forma divertida envolvendo-os no processo de educação musical com a utilização do
canto.
A escola tinha a intenção de formar um coral e no final da noite três pessoas se
apresentaram para participar do mesmo. Este trabalho possibilitou o acesso à educação
musical a um número maior de pessoas na escola e à comunidade externa também. Assim,
ficou a expectativa de que este trabalho pudesse ter continuidade e permanência naquele
espaço, no entanto, passados dois anos, sabemos que este projeto não se consolidou.
Possivelmente seja pela ausência de profissional habilitado para esta prática. No
entanto, o sentimento é de que todo trabalho é válido, se o objetivo dele for oportunizar,
qualificar e melhorar a educação de todo cidadão.
Considerações Finais
Este texto teve por objetivo relatar a experiência obtida pelo grupo de bolsistas do
Pibid Música da UNIPLAC, que pelo projeto original trabalhava com educação musical
somente com crianças que freqüentavam as séries iniciais do ensino fundamental, mas que
após intervenções e constantes discussões sobre o contexto da educação musical do país,
compreendeu a necessidade de oportunizar esta rica experiência com um público ainda maior.
Consideramos que a iniciativa foi exitosa em vários aspectos, a considerar, por
exemplo, que o Pibid é um programa que contribui para a formação do futuro profissional de
educação, e que como futuro educador precisa formar-se autônomo, crítico, inovador e
incentivador. Nesta perspectiva, a ação contribuiu efetivamente, pois para que a oficina se
tornasse realidade o grupo de bolsistas precisou negociar, organizar e divulgar a mesma à
comunidade interna e externa, comprovando a preparação atitudinal necessária a todo
professor.
Para os participantes a contribuição foi no sentido de oportunizar o conhecimento,
embora pequeno, mas consistente, em canto coral, bem como a ampliação do repertório
musical que os mesmos obtinham. Embora o grupo de Canto Coral da escola não tenha sido
oficializado, após a iniciativa tivemos notícia de participantes que buscaram aulas de música
em outros espaços para dar continuidade a seu estudo, o que comprova que a sua realização
foi importante para os mesmos, e assim sendo, o objetivo do trabalho foi alcançado.
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______. Lei nº 11.769, de 18 de agosto de 2008. Altera a Lei nº 9394/96, de 20 de dezembro
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______. Lei nº 12.287, de 13 de julho de 2010. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de
1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, no tocante ao ensino da
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COELHO, Helena de Souza Nunes Wöhl. Técnica vocal para coros. São Leopoldo: Sinodal,
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