UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - UEL PARANÁ

I CONGRESSO INTERNACIONAL
DE POLÍTICA SOCIAL E SERVIÇO SOCIAL:
DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS

PROMOVIDO COM APOIO DOS PROGRAMAS DE
PÓS GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ E PUC-SP
LONDRINA – 9 A 12 DE 2015
TRABALHO COM FAMÍLIAS E POLÍTICA
SOCIAL:
UM DEBATE A PARTIR DESSA RELAÇÃO NO
SERVIÇO SOCIAL
ELEMENTOS INTRODUTÓRIOS
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Ressurgimento surpreendente da família como instância de
proteção e integração, tanto internamente, como para o
conjunto da sociedade
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Deslizamento generalizado da Política Social para a
priorização da luta contra a pobreza, em prejuízo da
ambição anterior, universalista, de extensão de direitos
sociais, civis e políticos
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Fato notável se considerarmos sua afirmação como Welfare
State - “Estado Social”: o que assume responsabilidades
públicas quanto à Seguridade Social dos cidadãos ,desde a
primeira metade do século XX
O LUGAR DA FAMÍLIA NA POLÍTICA SOCIAL
(TOMADO COMO DESCRITOR DA SITUAÇÃO)
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Permite caracterizar esse lugar, dentro da perspectiva
comparativa que sempre ocupou, em seu papel estratégico
para análise dos fenômenos da PS, proporcionando a
compreensão das diferentes realidades de participação da
família na proteção social– sua intensidade;
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Diferença variável no grau dessa participação, por regiões
geográficas ,na medida em que o Estado assume mais a
proteção da família, ou esta última está mais a cargo dessa
proteção, ou ainda há formas paralelas de acesso a bens no
mercado.
RESULTADOS
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

“Regressão” em relação à política anterior praticada
pelo Estado;
Consequência: “privatização” da proteção social;
Questão a superar acerca da família:
sua prática conservadora anterior;
ausência de elementos conceituais renovados numa
exigência transdisciplinar;
OBSTÁCULOS TEÓRICOS AO TRABALHO COM
FAMÍLIAS
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Uma QUESTÃO ANTERIOR ao COMO FAZER:

Necessidade ainda de elaboração complexa da família como objeto
do conhecimento científico

Importância da avaliação das consequências da modernidade sobre
ela = perda de suas funções

Importância do fato da questão da Política Social ser em geral
considerada só entre Estado e mercado, sem visão do papel da
família

O tratamento da família presente só no nível micro: o das relações
pessoais, sem sua contextualização na sociedade.
CONCEPÇÕES MARCANTES:
Década de 50 (USA): concepção de uma família
menor e ágil- estrutura própria à organização da expansão
econômica e de seus agentes, com mobilidade espacial
dado seu tamanho;
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Antes
: passagem da família monogâmica em sua
transição relativa à propriedade privada, à civilização,
segundo ele;

= Ambas as formas: significam retirada de qualquer
autonomia da família no nível conceitual
OUTRAS CONCEPÇÕES CORRENTES
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Economistas neoclássicos: a família é situada
no nível micro: considerada como um conjunto
de interações sociais a partir de preferências
individuais;
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Soma de indivíduos minimizada, dependente
de decisões nos níveis macro da sociedade
OUTRAS CONTRIBUIÇÕES CIENTÍFICAS
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Desenvolvimento particularmente fértil na área psi Psicologia, Psicanálise – Teoria de Sistemas como
bases da terapia familiar;
x Risco da supervalorização das relações subjetivas vistas
no contexto fechado do grupo familiar. Consequente mau
uso da própria teoria sistêmica;
x Risco de patologização da família.
RISCOS POLÍTICOS
RECEIO de um passado autoritário:
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Itália - tradição fascista: família usada para apoio aos
valores do regime, reforço à autoridade e busca de
reversão de tendência à baixa natalidade (Saraceno);
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Alemanha – governos nazistas: sustentação do regime
de Hitler e objetivos natalistas (Shulteis);
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Espanha – política franquista, natalista e antifeminista
(Valiente)
OUTROS PAÍSES

França – “Polícia das famílias” – controle e repressão
(Donzelot);

Brasil – “Estatuto da Família” – decreto presidencial
de 1941: ”um meio de soldar a sociedade”: locus de
brasileiros fortes, aprimoramento da raça para uma
grande nação. Família de 4 filhos.
Revivência atual pelo “Estatuto Familiar”, ora em
discussão legislativa

DISPOSIÇÕES CONTEMPORÂNEAS
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Desde os anos 90: mantra do deficit público, ou seja =
menor poder e tamanho do Estado;
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Expectativa de uma atuação da família em substituição à do
Estado. Neofamilismo (de Martino) = transformação da
unidade familiar em solução para a realidade do modelo
global, reprivatizando atividades pelo acesso à família;

“Redescoberta” da família, de seus recursos para saldar o
deficit generalizado de proteção social da sociedade atual
(Pereira).
OBSTÁCULOS INTERNOS À PROFISSÃO

O Serviço Social nasceu contemporâneo ao Estatuto da
Família sob o conservadorismo católico;
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Objetivo de criação dos Centros Familiares: prevenir a
desorganização e a decadência
das famílias proletárias mediante a assistência social e
a educação.

Tom de moralização, de reorganização da família
(Iamamoto e Carvalho)
RESULTADOS
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Superação desse modelo inicial do SS pela
adoção das perspectivas de reconceituação
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“Quase” abandono da família como objeto
científico e campo de atuação pelo SS na
impossibilidade de “recuperá-la” na
perspectiva de seu protagonismo na
transformação social
CONSEQUÊNCIAS
Insuficiência da pesquisa a respeito das particularidades
das ações profissionais, inseridas nos espaços tradicionais
das políticas públicas, nos processos socioassistenciais
ligados à prestação direta de serviços à população
Desorganização
desse campo de pesquisa
Aprisionamento
da intervenção nas formas tradicionais
Falta
de prontidão do profissional de SS nas respostas
sobre sua participação nas equipes multiprofissionais
ATENÇÃO

A dificuldade de elaboração dos parâmetros
para o trabalho com família está
correlacionada ao problema recorrente da
explicitação profissional do SS, quando focada
na questão técnico-operativa.
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É DELA UM CASO PARTICULAR
CAMINHOS DE EXPLICITAÇÃO
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CONSTRUÇÃO CONFLITUOSA
DA FAMÍLIA
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NA TEORIA
E

NA PRÁTICA
DIRETRIZ

EXIGÊNCIA DE NOVA ABORDAGEM EM
RELAÇÃO A UM TEMA DESQUALIFICADO:

A FAMÍLIA
O BRASIL ESTÁ ENTRE OS PAÍSES QUE COLOCAM
GRANDES ENCARGOS NA FAMÍLIA
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MEDIANTE A ESTRUTURAÇÃO DO SEU
SISTEMA DE PROTEÇÃO SOCIAL
=
DE ORIENTAÇÃO CHAMADA “FAMILISTA”
PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIDADE (DO
ESTADO EM RELAÇÃO À SOCIEDADE

FAMÍLIA: “ABSORVEDORA DE CHOQUES” =
FATOR PROVÁVEL DE BLOQUEIO DO DESENVOLVIMENTO DE
UMA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL PÚBLICA (esta também é
uma “absorvedora de choques” para seus membros: concorrência na
área da REPRODUÇÃO SOCIAL)
ALIADO À BAIXA CAPACIDADE DE
INOVAÇÃO DO ESTADO em SUA PRÓPRIA ESTRUTURA DE
ASSISTÊNCIA SOCIAL(FERRERA, M.)

SUBSIDIARIDADE: segue o princípio de não tolher, mas de ajudar, o
desenvolvimento dos “corpos intermédios” da sociedade civil em sua ação
na sociedade. O Estado´só deve entrar na falta desses corpos.
CONCLUSÕES

Exigência do debate: aproximação interdisciplinar e
atenção à subjetivação

Análise da qualidade da elaboração do papel da família
nas atuais políticas sociais

Família desvendada em seu campo interno, não tida
apenas como pacote homogêneo e harmonioso

Superação do tradicionalismo.
FIM
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FAMÍLIA: UM DEBATE A PARTIR DE SUAS RELAÇÕES COM